
Não É Culpa Minha!
Não É Culpa Minha!
Série Transformando A Fé numa Realidade na Terra – Parte 3
Tiago 1.13–18
Introdução
Poucos anos atrás, um grupo de pesquisadores suecos surpreendeu a comunidade quando conclui, após vários anos de pesquisa, que a imoralidade sexual depende da informação genética. Eles isolaram um gene que acreditam influenciar maridos a trair suas esposas. Pouco tempo depois, esse gene foi chamado de “o gene do pecado.” Ele até serviu como prova de que as pessoas estão sem esperança presas ao pecado. Um dos pesquisadores disse: “Esses resultados esclarecem o fato de que os nossos comportamentos são influenciados pela nossa natureza.”
Agora, com isso ele quis dizer que a ideia de comportamento pecaminoso deve ser descartada em favor de um entendimento do processo evolucionário. Em outras palavras, o pecado não é nossa culpa; não conseguimos agir de outra forma; o pecado está em nossa estrutura genética.
Isso é bem conveniente, não é? Agora podemos realmente colocar a culpa em nossos pais. Eu sou depravado por causa deles ou outra pessoa qualquer; e isso se encaixa perfeitamente com a sempre crescente desculpa da vitimização. Qualquer coisa ou pessoa pode receber a culpa pelo nosso comportamento errado; o motivo por que alguém comete um crime é o bairro onde cresceu; as outras pessoas com quem ele cresceu; sua educação; o seu patrão; seu cônjuge; seus filhos; o fato de terem muito ou pouco dinheiro; a correria ou a monotonia de sua vida. Esse alguém é simplesmente uma vítima de algo ou outras pessoas—a famosa vítima da sociedade.
Um poeta ilustrou a confusão na humanidade com uma rima. Ele usa a figura de um ovo como personificação ou símbolo da vida. O ovo, que está sentado sobre um muro, cai e se quebra, simbolizando o estado degradado da humanidade. Uma frase interessante escrita em grafite no centro de uma grande cidade reflete bem essa filosofia da vitimização. Ela diz: “O ovo não caiu sozinho, ele foi empurrado de lá.”
Mas, para começar, a verdade é que ele nem deveria estar lá em cima do muro! “Alguém me empurrou! Fui levado ou forçado a fazer isso.” E se existe sempre outra pessoa a culpar, podemos fazer como um comediante que disse: “O diabo me forçou a fazer isso.”
Agora, de uma forma bastante verdadeira, podemos traçar o problema de volta aos nossos pais, não é mesmo? Eles não nos levaram a pecar, mas agimos exatamente igual a eles quando pecamos; somos justamente iguais a Adão e Eva. Ambos comeram do fruto proibido da árvore do conhecimento do bem e do mal. Deus veio até eles exigindo uma explicação e Adão disse: “A culpa não é minha! Foi culpa da minha esposa Eva.” E Eva disse: “A culpa também não foi minha! Foi a serpente!” Até hoje, somos iguais a eles—todos pecadores—e uma das coisas mais difíceis para um pecador fazer é dizer: “Sou culpado. Foi culpa minha. Eu sou o errado!”
Vemos essa característica do ser humano todos os dias quando dirigimos. Você está na faixa da direita, mas precisa virar à esquerda um pouco mais à frente. Você nota um espaço pequeno na faixa da esquerda, coloca seu carro à frente de outro e diz a si mesmo: “Sou um bom motorista ou o que?” Não estou nem um pouco preocupado com o ataque cardíaco do senhor naquele carro; não é problema meu! Mas espere até alguém “jogar” o carro à sua frente. Ah, não! Você vira um leão furioso. Começa até a falar em línguas. Tomara que não tenha ninguém ao lado para interpretá-las!
Outra noite eu estava na rua parado no sinal de um cruzamento. No carro à minha frente uma mulher estava dirigindo. Daí, o sinal abriu e ela não andou. Demorou um pouco e nada. Não sei o que ela estava fazendo; talvez mexendo no celular. Enfim, decidi tocar de leve na minha buzina; foi uma buzinada educada. Mas a mulher olhou direto para os meus olhos pelo retrovisor e buzinou de volta. Ela, buzinando para mim?! Finalmente, ela acelerou e foi embora; mas eu virei à direita e... bom, dei outra buzinada. Não foi uma buzinada do tipo “você ama a Jesus?” A última buzinada não teve nada a ver com Jesus. Depois disso, volto eu para casa para estudar o livro de Tiago! E o livro de Tiago fala sobre maturidade e crescer na fé mais do que qualquer outro autor no Novo Testamento. Ele deseja ver nossa fé madura demonstrada na vida, até mesmo nos cruzamentos.
Até o momento, descobrimos que a evidência da maturidade é revelada pela perseverança constante em meio às provações. Não escolhemos nossas cruzes, mas escolhemos nossas reações.
Agora, Tiago dará continuidade ao seu pensamento, argumentando que a maturidade espiritual é não somente evidenciada pela perseverança em face às provações, mas pela santidade durante as provações. Nos onze versos anteriores, Tiago nos revela a verdade sobre a provação. Agora, nos próximos seis versos, ele nos mostrará a verdade sobre a tentação. Tiago irá falar sobre uma palavrinha bem indesejada: pecado. E ele fará todo o possível para que entendamos que o verdadeiro problema no pecado é o ego ou o “eu.”
Leia comigo Tiago 1, versos 13 a 15:
Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.
Tiago começa a discussão já pressupondo que enfrentaremos tentações. Ele não diz no verso 13: “Se alguém for tentado,” mas: ao ser tentado. A verdade é que enfrentaremos tentações todos os dias de nossas vidas. Seremos confrontados por centenas de propagandas todos os dias, quer seja em outdoors, televisão, jornais, revistas, rádio, internet, redes sociais, família, amigos, colegas de trabalho, vizinhos e muitas outras coisas. E, num dado momento, alguém fará uma propaganda para você de algo sobre o qual não deve pensar, algo que não deve planejar fazer, algo que não deve ver, e algo que não deve dizer ou fazer.
Todos os dias quando levantamos da cama, enfrentaremos algum teste de integridade, cujo objetivo será decepar parte de nosso caráter, fervor santo e humildade. Assim como nossos filhos, especialmente se são pequenos. Eles se levantam pela manhã e imediatamente começam a nos testar de alguma forma. O negócio é que eles desejam saber se os limites foram expandidos durante a noite, se alguma coisa mudou enquanto estiveram dormindo. Era “não” ontem; hoje talvez seja “sim.”
De forma parecida, a tentação voltará novamente, e de novo, para ver se os portões ainda estão fechados, se as janelas ainda estão travadas e se a porta da frente permanece fechada para a rua. A tentação quer descobrir se um “não” se tornou um “talvez,” um “Vou pensar no assunto,” ou ainda um “Claro! Por que não?” A tentação nunca nos deixará em paz.
Então, Tiago não diz: “Agora, se acontecer de você ser tentado (mas crentes realmente bons nunca são tentados), aqui está o que fazer.” Não, Tiago diz: “Você será tentado e é assim que deverá pensar, caso deseje passar no teste.”
- Não Jogue O Jogo da Culpa
A primeira coisa que não devemos fazer é brincar do jogo da culpa. Note o verso 13 novamente: Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus.
Agora, Tiago está escrevendo para crentes. Nenhum crente deve jamais colocar a culpa em Deus, não é mesmo? Mas talvez isso não seja tão óbvio como parece. Muitos crentes dizem: “Ah, se Deus tivesse me dado um emprego melhor, eu não teria sido tão ganancioso e caído nesse pecado; se Deus tivesse intervindo antes, eu não teria ficado tão possuído de ira; se Deus tivesse apenas mudado algum traço na minha hereditariedade, ou meu ambiente, minha educação, minhas finanças, minha geografia, minha matéria, eu teria sido uma pessoa melhor.” Com isso, tornamo-nos tão contrários à Bíblia como os pesquisadores suecos que creem que o pecado é culpa de outra coisa, menos nossa natureza pecaminosa.
A verdade é que nós, seres humanos caídos, temos a predisposição para pecar e nenhum pecado está além de nosso alcance porque somos pecadores caídos. “Foi assim que Deus me fez!” é simplesmente outra forma de culpar Deus, o que, a propósito, foi exatamente o que Adão fez.
Deus exigiu uma audiência e Adão disse: “A mulher que tu me deste, ela me deu do fruto e eu comi.” Percebeu aí? “Senhor, a mulher que o Senhor me deu... eu estava muito bem aqui, até que o Senhor a colocou na minha vida.” E ele viverá com isso pelos próximos 900 anos. Fico pensando quanto arroz queimado ele teve que comer! E Eva disse: “Foi a serpente que me enganou.” Implicação: “O Senhor criou a serpente também, não foi?” Adão e Eva se uniram na acusação de que Deus era o real problema.
E nós fazemos o mesmo. Tiago diz o que diz aqui porque ele sabe que, de acordo com a natureza pecaminosa, Deus é ou o objeto principal de nossa bênção, ou o elemento principal de nossa culpa. Ou bendizemos a Deus, ou culpamos Deus. Você está abençoando e bendizendo Deus hoje, ou lança a culpa sobre ele?
Tiago continua no verso 13 e diz: porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Em outras palavras, Deus não tem nada a ver com a tentação ao pecado. Na verdade, Tiago escreve que Deus não pode ser tentado pelo mal.
Daí, imediatamente surge uma interrogação em nossa mente, porque Hebreus 4, verso 15, nos diz sobre Jesus Cristo: foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. E ele foi. “Mas eu pensava que Jesus era o Deus encarnado.” E ele é. “Mas Jesus foi tentado durante 40 dias no deserto pelo diabo e, de fato, no decorrer de toda a sua vida.” E ele foi. “Mas Tiago diz que Deus não pode ser tentado.” Ele diz. “Mas se Jesus é Deus e Jesus foi tentado, e aqui o texto diz que Deus não pode ser tentado, isso levanta questionamentos.” Sim, levanta.
A expressão não pode ser tentado é a tradução do grego apeirastos, o qual é usado apenas aqui em todo Novo Testamento. Ele carrega a ideia de ser sem a capacidade para tentação; ou seja, quando tentado, ele não possui nada dentro de sua própria natureza que corresponda à tentação, por meio do que ele seja atraído a ela. Podemos traduzir como “invencível.” Entendido de forma literal, significa que Deus é “invencível à tentação.”
Como um autor disse: “Deus está ciente do mal, mas é intocável por ele; assim como o raio do sol que brilha forte sobre um amontoado de lixo e não é afetado pelo seu fedor.”
Outra pergunta que você talvez tenha é se Cristo tinha ou não a capacidade de pecar; não exatamente se ele não iria pecar, mas se ele não poderia pecar, que é o que os teólogos chamam de a impecabilidade de Cristo—Cristo não poderia pecar. Bom, se isso for verdade, então como Jesus, nosso Sumo Sacerdote tentado assim como nós somos, pode se compadecer de nós quando passamos por tentações? Será que ele foi, de fato, tentado? Sim, ele foi.
Precisamos entender que Jesus Cristo é totalmente Deus e perfeitamente homem. Ele tinha duas naturezas—uma natureza divina e uma natureza humana; não uma natureza pecaminosa, mas uma natureza humana. Ele era realmente o Deus encarnado e ele também era um ser humano. Nenhum dos dois era fingimento.
A questão é: como ele encarou as tentações? E digo que ele as encarou como homem. O teólogo Wayne Grudem escreve: “A natureza divina de Jesus Cristo não poderia ser tentada—i.e., ela não tinha nada em si mesma para que fosse atraída pelo pecado—, mas sua natureza humana poderia ser tentada e ela foi claramente tentada.”
O exemplo clássico é a tentação de Cristo pelo diabo no deserto, conforme registrada em Lucas capítulo 4. Por quarenta dias, Cristo permaneceu sem comida. E Satanás disse em uma de suas tentações: “Veja só, eu sei que você se esvaziou de suas prerrogativas divinas a fim de viver como um homem e não como Deus. Por que não satisfazer sua fome agora, usando seu poder e natureza divinos para o benefício da sua natureza humana faminta? Transforme essas pedras em pães. Sirva a si mesmo por um instante... só uma vez. A fome é uma necessidade dada pelo próprio Deus; então, satisfaça essa necessidade da sua própria maneira.” Jesus, então, cita as Escrituras, dizendo ao diabo: “A vida não gira em torno da satisfação de necessidades. O objetivo da vida é obedecer à Palavra de Deus.”
Cristo enfrentou as tentações da mesma forma como nós as enfrentamos. Ele não descansou em sua divindade, mas resistiu à sua humanidade. E essa resistência foi pelo poder da Palavra de Deus. Jesus foi tentado três vezes e, nas três vezes, ele citou as Escrituras do livro de Deuteronômio para derrotar seu adversário. E nós devemos fazer o mesmo.
Tiago diz: Deus é invencível ao pecado e, segundo, Deus não está invisivelmente tentando as pessoas a pecar. Note a próxima frase no verso 13: porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta.
É interessante notar que as palavras “testar” e “tentar” possuem a mesma raiz no grego. Mas existe uma diferença. Satanás nos tenta a fim de nos derrotar; Deus nos testa a fim de nos desenvolver. Poderíamos traduzir essa frase como: “Deus nunca solicita que alguém faça algo moralmente errado.”
Um estudioso do grego explicou:
Deus permite as circunstâncias da tentação, mas ele nunca instiga alguém a pecar. Deus jamais deliberadamente conduzirá alguém a pecar, uma vez que isso seria contrário ao seu constante desejo de que seus [filhos] sejam conformados à imagem do [seu Filho].
Deus não o incita a ceder às tentações. Na realidade, Paulo escreveu aos crentes de Corinto que Deus fornece um escape das tentações (1 Coríntios 10.13). Então, se Deus não conduz o crente a pecar e também não podemos culpar o diabo quando decidimos pecar, então como o pecado possui esse poder tão forte que nos impulsiona ao pecado? Tiago responde: “Estou feliz que você tenha perguntado! O pecado age da seguinte forma.” Tiago desmascarará três ingredientes ao expor a verdade sobre a tentação e o pecado:
- O primeiro ingrediente é o desejo.
Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça...
A palavra para cobiça indica um forte desejo em direção a um objeto [proibido]. O que pode ser negligenciado é a primeira parte do verso, e essa parte é absolutamente fundamental ao entendimento do pecado. Tiago escreve: Ao contrário, cada um.
O idioma original significa literalmente, “cada um é tentado de forma singular.” Podemos entender melhor o que Tiago diz se ampliarmos nossa tradução do verso 14 em português para ler: “Cada pessoa é tentada individual e singularmente quando atraída e seduzida pelos seus próprios desejos individuais.” O significado disso é impressionante. A tentação para você será única, singular e diferente da tentação de outras pessoas.
Apesar de todos nós sermos predispostos ao pecado por causa de nossa natureza de Adão caída, uma pessoa se relaciona mais com um tipo de tentação, enquanto outra pessoa dificilmente tropeçaria na mesma coisa, mesmo que a tentação batesse à sua porta todos os dias.
Você pode dizer: “Isso soa bastante parecido com o resultado daquelas pesquisadores suecos que dizem que cada pessoa possui informação genética para um comportamento pecaminoso.” Não, não estou dizendo isso. Apesar de eu crer que somos criaturas singulares com informação genética, personalidade e temperamento peculiares que se relacionam com pecados específicos, não podemos usar isso como desculpa para pecar. Simplesmente, não podemos cometer o pecado e depois dizer: “Ah, eu sou assim mesmo!” O fato de Salomão ter a predisposição para amar mulheres não significa que ele não estava agindo em pecado ao ter uma coleção de esposas.
Ou seja, uma pessoa pode ser particularmente movida ao alcoolismo, ao vício em jogos, à pornografia, ao adultério, ao homossexualismo, à glutonaria ou outra coisa, mas existe uma grande diferença. Esse fato não muda o que Deus julga ser comportamento pecaminoso. O padrão de Deus continua sempre o mesmo, não importa qual seja sua tendência genética, sua personalidade ou o seu temperamento. E é importante entendermos isso por causa da forma como enfrentamos as tentações. O mundo, o diabo e a carne sabem para que lado você se inclina. E Tiago nos revela como o pecado acontece. Veja o verso 14 novamente:
Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.
Tiago usa palavras de um vocabulário de caça. O termo atrai significa ser engodado pelo cheiro de carne que vem de uma armadilha; e a palavra seduz se refere a uma isca de anzol usada pelo pescador. Apesar de Tiago não falar abertamente que Satanás arruma o anzol e a isca, ele fala sobre o envolvimento de Satanás em provocar um comportamento pecaminoso nos capítulos 3 e 4.
Mas não se esqueça de que nós providenciamos tudo a Satanás para que nós mesmos caiamos na armadilha. São nossas cobiças, nossos desejos; ele apenas coloca a isca no anzol no ambiente adequado, ou um encontro propício, ou usa um auxílio visual correto, ou as circunstâncias apropriadas, ou a medida certa de frustração, ou o momento oportuno de desencorajamento, necessidade ou anseio. Satanás usa tudo isso como chamariz para aumentar o cheiro, cativar nossos olhos com o movimento da isca no anzol que sussurra para o desejo que já carregamos no íntimo de nosso coração. A ideia é esconder a armadilha, mas expor a isca; disfarçar o anzol para que ele aparente ser outra coisa qualquer, menos um instrumento de captura e morte certa. Nenhum peixe nada pelo lago procurando um anzol: “Ah, aquele anzol ali parece ser puro aço inox. Vou morder aquele!” Não! Ele nada pelo mar, pelo lagoa em busca de uma refeição.
Satanás, o mundo e a carne disfarçam o anzol para nos levar a crer que estamos mordendo uma refeição de graça e que o sabor será maravilhoso. Daí, antes mesmo que perceba, você já foi pego pelo anzol ou preso pela armadilha.
Como o menino que foi pego comendo as bolachas que sua mãe tinha acabado de fazer e colocado sobre o balcão. Quando ela entrou na cozinha, ele estava dando uma bela mordida. A mãe disse: “Eu disse para você que os biscoitos eram para depois do jantar.” E o menino responde: “Mas, mãe, eu subi na cadeira só para sentir o cheiro do biscoito e a minha boca ficou presa.”
O primeiro ingrediente é o desejo.
- O segundo ingrediente é a desobediência.
Tiago escreve no verso 15: Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado. Ou seja, quando o peixe morde o anzol—quando ele age conforme a isca determina, quando sua vontade entra em ação para satisfazer seus desejos—, Tiago diz que é aí que o pecado ocorre.
Tiago muda sua ilustração, saindo de uma cena de caça e entrando numa sala de parto. Ele personifica a progressão da tentação para o pecado: o desejo é atraído pela desobediência e, finalmente, decide ir embora com ela. Daí, o desejo e a desobediência têm um filho juntos e lhe dão o nome de “Pecado.”
Quando sua vontade corresponde ao seu desejo e você escolhe pensar ou agir em desobediência, o resultado final é o pecado. Você diz: “Mas, não parecia ser pecado:
- Parecia ser algo popular;
- Parecia ser satisfação pessoal;
- Parecia ser algo de acordo com minha personalidade;
- Parecia ser amor verdadeiro;
- Parecia ser uma boa forma de quitar minhas dívidas;
- Parecia ser um bom jeito de conseguir alívio das pressões;
- Parecia ser o próximo passo para uma promoção;
- Parecia ser um passo lógico a dar;
- Parecia ser algo bem apreciado pelas outras pessoas;
- Parecia ser algo divertido;
- Simplesmente, parecia ser algo bom!”
Quando fui tentado, mordi a isca. E é aí que a fantasia se torna realidade.
Tiago nos adverte dizendo que existirá mais problema à frente, se não lidarmos com o pecado de maneira decisiva. Partimos de um desejo para a desobediência e chegamos ao terceiro ingrediente.
- O terceiro ingrediente é a morte.
Tiago continua no verso 15: e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. Tiago sugere que esse pecado é guardado, amado, seguido e amadurece, trazendo uma destruição após a outra. Tiago não está falando apenas sobre morte física, uma vez que pecadores podem viver muito tempo antes de finalmente morrerem. E ele não está falando sobre morte espiritual porque crentes também pecam.
Creio que fala sobre uma vida com gosto de morte. Esse foi o tipo de autodestruição sobre a qual Davi escreveu ao dizer que estava sendo literalmente consumido por um coração e uma vida não arrependidos. Ele escreve no Salmo 32, versos 3 e 4:
Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio.
O alerta engloba todo o tipo de desintegração. Pode ser desespero, doença, depressão, perda de relacionamentos e de tudo o que seja honrável e querido. Mesmo que o pecado pareça trazer alívio, louvores, amizades e prazeres, Tiago diz: “É temporário. No fim, ele conduz à morte.”
Como qualquer outro pecado, o pecado sexual serve de ilustração. O que parecia ser apenas um prazer, acabou levando a uma miríade de doenças. Eu visitei um país na África no qual a maioria da população está infectada com aids. Um líder de uma igreja disse que, apesar disso, a brincadeira predileta dos jovens na comunidade é formar duas filas, uma de rapazes e uma de moças. Em seguida, cada um escolhe o seu parceiro para a noite. Esse país terá a maior parte da sua população varrida da terra em menos de 20 anos. E o que dizer de países desenvolvidos? Eles são mais sofisticados, não é? Apesar disso, em países como os Estados Unidos, sífilis, gonorreia e outras doenças semelhantes matam cerca de 15 milhões de pessoas todo ano com novas infecções ocorrendo a cada 45 segundos. E essas doenças trazem consigo dores, cegueira, infertilidade, danos cerebrais e insanidade.
Na verdade:
- o pecado o levará além do que você desejava ir;
- o pecado fará você pagar um preço além do que desejava pagar;
- e o pecado segurará você por mais tempo que desejava permanecer.
Tiago já apresentou a verdade sobre as provações e não segurou nenhum de seus golpes ao apresentar a verdade sobre a tentação. Ele começou essa seção dizendo: “Não jogue o jogo da culpa. São os nossos próprios desejos que colocam a isca no anzol; é a nossa desobediência que morde o anzol.”
A segunda coisa que Tiago diz é:
- Abra Seus Olhos
O verso 16 diz: Não vos enganeis, meus amados irmãos. A palavra enganeis significa permitir que a cobiça obscureça o pensamento de forma a abandonar a verdade e seguir a mentira. Acorde para a verdade!
Esse é um imperativo, outro ponto de exclamação de Tiago, mas no tempo presente. Ele diz: “Parem de ser enganados!” E ele escreve para crentes. “Fiquem alertas! É assim que a tentação funciona. Vigiem e abram bem os olhos!”
Nessa época do ano, os ratos saem do terreno de trás e começam a invadir a nossa casa. Outro dia, minha esposa abriu a despensa e uma das caixinhas tinha três buracos feitos por ratos. Então, saí para comprar ratoeiras. É algo sério. Comprei não somente um, mas vários métodos para acabar com aqueles ratos. Veneno, a tradicional ratoeira e outro tipo de ratoeira moderna que supostamente funciona melhor.
Agora, se eu pudesse trazer todos os ratos que estão querendo se mudar para a nossa casa e colocá-los sentados no sofá, eu lhes mostraria essa ratoeira novíssima e moderna; faria uma demonstração para eles verem como ela funciona. Mostraria como ela é perigosa. Depois, diria que eu não estava brincando; era algo sério; eles deveriam parar de tentar morar em nossa casa. Casa são para humanos e a despensa pertence ao dono da casa. Depois, eu diria que, se ficassem lá fora durante o inverno, morreriam, mas se entrassem em minha casa, morreriam do mesmo jeito. Daí, eles sairiam tremendo de medo sem nenhum pingo de esperança.
Felizmente, Deus não nos trata como trataríamos os ratos. A primeira parte até que seria semelhante—aqui está a armadilha. É assim que ela funciona. Vejam como é perigosa. É melhor você ser cuidadoso porque ela causa danos seríssimos.” Mas em seguida Deus abre a porta e diz: “Ouça, eu tenho esperança para vocês. Na verdade, tenho algo melhor do que aquilo que a tentação oferece.”
- Concentrem-se na Verdade
Mas Tiago continua com uma palavra de esperança: “Quero que vocês se lembrem e se alegrem em duas coisas. Se assim fizerem, a chance de caírem numa armadilha ou morderem um anzol será menor.”
- Primeiro, alegrem-se na bondade de Deus
Note o verso 17: Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes. A verdade é que, quando estamos sob as garras da tentação, esquecemo-nos das promessas de Deus que nos fornece o que realmente é bom.
A tentação diz: “Coma o fruto... será melhor para você. Deus está privando você de algo bom. Por que esperar? Isso é tudo o que você tem desejado.” Tiago nos lembra: “Deus se comprometeu a nos conceder aquilo que é bom.” Se vem dele, nunca é uma armadilha; nunca é morte, mas sempre vida. Podemos confiar nele!
Na verdade, note a frase seguinte no verso 17: em quem não pode existir variação ou sombra de mudança. Tiago está se referindo à sombra produzida pelos movimentos da terra, do sol e da lua. Ele diz: “Deus é o Pai das luzes, ou seja, ele é o Criador das luzes no céu, mas elas nem sempre estão disponíveis. Ainda existem momentos quando não temos luz alguma.” Mas, com Deus, não existe variação alguma; nunca existe uma sombra, nenhuma variação, ou seja, ele nunca vira as costas para você. João escreveu em 1 João 1, verso 5: não há nele treva alguma. Deus não possui um lado tenebroso. Ele não muda. Você pode confiar em seu caráter para concedê-lo aquilo que é bom e justo.
Mas nós temos não somente esperança e alegria quando nos regozijamos na bondade de Deus, mas Tiago nos diz que devemos também nos regozijar com a graça de Deus.
- Segundo, alegrem-se com a graça de Deus
Veja o verso 18:
Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas.
Tiago se refere ao nosso nascimento espiritual realizado segundo vontade de Deus por meio da palavra da verdade, o Evangelho de Jesus Cristo.
A figura das primícias ou primeiros frutos vem da Lei do Antigo Testamento, a qual ordenava que a primeira porção da colheita pertencia a Deus. Essas primícias ou primeira porção dos frutos era oferecida a Deus em louvor e o restante da colheita era utilizada para fins comuns do dia-a-dia.
Em outras palavras, o texto diz: “Vocês não são comuns e ordinários. São muito mais do que um simples rato ou peixe. Vocês são uma oferta a Deus como sua possessão especial. Vocês pertencem a um Deus vivo e verdadeiro:
- que nunca irá mudar sua atitude para com vocês;
- que é confiável;
- que fornecerá a vocês o que é bom;
- que redimiu vocês para si mesmo;
- que é digno de toda a nossa lealdade e amor.
Parem de correr em busca de minhocas em anzóis! Vocês pertencem ao Criador, Redentor, que oferece bondade e misericórdia e vida.” Tiago nos desafia a começar a viver de acordo com o que somos.
Portanto, quando enfrentarmos provações, sejamos fervorosos na perseverança. Quando enfrentarmos tentações, sejamos fervorosos na pureza. O nosso Deus gracioso e redentor merece nada menos que isso de nossa parte.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no ano de 2010
© Copyright 2010 Stephen Davey
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