
O Promotor Interior
O Promotor Interior
Gênesis 42
Introdução
Chegamos, hoje, ao capítulo 42 de Gênesis. Mas antes de analisarmos este capítulo, permita-me destacar três coisas a respeito de nosso promotor interior—a consciência. A consciência possui três funções. Pode existir outras, mas quero chamar sua atenção para essas três.
- Primeiro, a consciência serve para discernir o correto do errado.
Agora, a consciência nem sempre está certa. Na verdade, ela é como um cachorro: você o treina para rolar no chão, vir para você ao som de um assovio, a esperar sua ordem antes de comer, etc. Ou seja, a consciência nem sempre está correta porque ela depende de como você a condiciona.
Contudo, Deus nos deu o presente da consciência a fim de discernirmos o correto do errado. Como resultado, um garotinho de 4 anos de idade, quer tenha nascido no Brasil, no Marrocos ou na China, sabe que, quando mente para seu pai ou mãe, faz algo errado.
Nós não precisamos ensinar nossos filhos a mentir; temos que arrancar o mentiroso de dentro deles por meio da disciplina. Por que? Porque Deus nos deu a capacidade de distinguir o correto do errado por meio de uma consciência treinada de forma justa.
É por esse motivo que é extremamente importante condicionarmos nossa consciência segundo as Escrituras e que a Bíblia determine o que é certo e o que é errado. Dessa forma, nossa consciência não será guiada pela cultura e sociedade cujos valores mudam, mas pela Palavra de Deus, a qual jamais muda.
- A segunda função da consciência é encorajar fazer o que é correto e desencorajar fazer aquilo que é errado.
Você alguma vez já se pegou conversando consigo mesmo dentro de sua mente, lutando se deveria ou não fazer determinada coisa por motivos morais? O que estava acontecendo? Simplesmente, você estava discutindo com sua consciência; ela estava dizendo que você não deveria colar naquela prova, ela estava desencorajando o erro. Por outro lado, sua natureza pecaminosa, sua carne, encorajava o erro. Essa luta ou resistência interior que você sente quando é tentado fazer algo errado é um presente de Deus e se chama “consciência.”
- A terceira função da consciência é produzir o sentimento de culpa quando se faz algo errado.
Mais uma vez, repito a importância de calibrarmos nossa consciência segundo o padrão bíblico do correto e do errado. Nossa consciência pode se tornar tão cauterizada a ponto de escolhermos fazer o erro e sentir pouca culpa. Estou convencido de que, independente da dureza do coração do indivíduo, ele ainda sente certa culpa, mas ele pode suprimi-la ao máximo.
Da primeira vez que você deseja fazer algo errado, sua consciência grita “Não!” Da segunda vez, alguns dias depois, você diz: “É o seguinte, consciência: sei que você disse ‘Não’ outro dia, mas existem duas razões para eu fazer isso.” Após ouvir seus motivos, a consciência diz novamente: “Não!” Na semana seguinte, você diz: “Consciência, sei que você disse ‘não’ por causa desses motivos em particular, mas tenho outras razões. Aqui estão mais alguns motivos lógicos por que eu deveria fazer isso.” Sua consciência repete: “Não!” Com o passar do tempo, você dá cada vez mais motivos racionais para cometer o erro; sua consciência, então, apenas sussurra um “não.” Mas é muito mais fácil ignorar um sussurro do que um grito. Eis a importância de permitirmos que nossa consciência seja transformada pela renovação de nossa mente através da Palavra de Deus.
Maneiras como Deus Desperta Uma Consciência Dormente
Essa terceira função da consciência—a de produzir o sentimento de culpa—será testemunhada em Gênesis 42. É aqui que vemos Deus despertando a consciência dos irmãos de José.
Por 25 anos, seus irmãos lutaram contra a consciência, lutaram para silenciar a culpa que sentiam por haverem procedido impiamente com José; eles ignoraram o grito da consciência por 25 anos e não disseram nada ao pai Jacó. Muito provavelmente, eles nunca mais sequer mencionaram o assunto entre si. Eles viviam sob um tremendo e pesado sentimento de culpa.
Conforme diz a profecia, esses irmãos descerão ao Egito e estabelecerão uma grande nação. Então, no vale de Gósen, essa pequena tribo nômade se transformará numa nação enorme: a nação de Israel. Isso não pode acontecer em Canaã; eles precisam da terra de Gósen para subsistência. O plano de Deus determinava que eles desceriam ao Egito.
Entretanto, para que os 10 irmãos, além de Benjamim e de Jacó, desçam ao Egito, é necessário que haja uma reconciliação com José. E, para que essa reconciliação aconteça, os 10 irmãos precisam reconhecer sua culpa. E, para que eles reconheçam sua culpa, sua consciência dormente precisa ser despertada.
Agora, alguns sugerem que José age de forma bastante severa com seus 10 irmãos. Eu, porém, creio que ficará claro que ele deseja somente despertar de maneira sábia a consciência culpada e suprimida de seus irmãos. E a consciência de seus irmãos será despertada de diversas maneiras.
- Primeiro por meio da associação.
Deixe-me explicar o que quero dizer com isso. Veja os versos 1–2 de Gênesis 42:
Sabedor Jacó de que havia mantimento no Egito, disse a seus filhos: Por que estais aí a olhar uns para os outros? E ajuntou: Tenho ouvido que há cereais no Egito; descei até lá e comprai-nos deles, para que vivamos e não morramos.
Isso é muito interessante porque mostra que eles eram culpados por associação. Eles estavam morrendo de fome; uma fome assola a terra. E onde existe comida? Todos sabem: no Egito.
Existe um provérbio antigo que diz: “Não se fala de corda em casa de enforcado.” A última coisa que você deve fazer é mencionar o Egito aos 10 irmãos de José. De fato, eles não queriam de jeito nenhum ser confrontados com o Egito. Fico imaginando que durante aqueles 25 anos, se algum viajante vindo do Egito precisasse de hospedagem, esses irmãos passavam longe. Eles não querem que o assunto venha à tona. Quem sabe, talvez o viajante conheça José por coincidência.
Agora, o pai Jacó diz: “Estamos morrendo de fome! Vão para o Egito em busca de comida.”
Os irmãos talvez começam a olhar uns para os outros desconfiados—Rúben olha de forma suspeita para Simeão. Egito! Essa palavra gerava terror em suas almas. Vão para o Egito! Esse é o último lugar na terra para o qual desejam ir. Toda aquela culpa começa a subir à superfície quando ouvem o temido nome do país ao qual venderam seu irmão como escravo. Egito.
Jacó diz: “O que estão fazendo olhando uns para os outros? Andem logo! Desçam para o Egito!”
Então, lemos no verso 3:
Então, desceram dez dos irmãos de José, para comprar cereal do Egito.
É impossível não deixar minha imaginação viajar com esses irmãos ao Egito. Imagine só: eles vão se aproximando do Egito, passando pelos campos agrícolas onde centenas de escravos trabalham e se perguntam: “Será que José está por ali?” Eles caminham mais um pouco e veem outros escravos realizando um serviço humilhante; eles olham mais de perto para ver se José está no meio deles. Como veremos mais adiante, esses homens estão tremendo de medo.
Veja o que diz o início do verso 4:
A Benjamim, porém, irmão de José, não enviou Jacó na companhia dos irmãos...
Se você se lembra, Benjamim é o único irmão de sangue de José; todos os demais são apenas meios-irmãos. Benjamim é 100% irmão de sangue de José e, sem dúvida alguma, todo o amor que Jacó dedicava a José agora dedica a Benjamim. Em certo sentido, então, Benjamim era um menino mimado. Como José, Jacó era totalmente parcial com ele.
Talvez a essa altura, Jacó já tenha começado a perder a confiança em seus filhos. É possível que depois de todo esse tempo ele sinta que foi enganado de alguma forma. Então, ele não manda Benjamim com os demais. Ele diz no verso 4: Para que não lhe suceda, acaso, algum desastre.
Lemos no verso 5:
Entre os que iam, pois, para lá, foram também os filhos de Israel; porque havia fome na terra de Canaã.
É interessante como Deus usa a culpa por associação em nossas vidas. Talvez exista um feriado que traz à sua memória sentimentos terríveis de culpa por causa de pecado não confessado. Não estou falando de pecados confessados a Jesus Cristo; esses não devem mais produzir nenhum sentimento de culpa; fomos perdoados em Cristo e nos esquecemos deles. Entretanto, pode ser que tenhamos retido algumas coisas, pecados que guardamos em nossa alma em rebelião associados, às vezes, a um acontecido, um local de férias, o nome de uma pessoa. Quando ouvimos o assunto, nosso sangue engrossa—somos culpados. É por isso que é tão interessante prestar atenção à maneira como reagimos e nos sentimos diante de determinadas coisas por associação.
Recentemente, li um resumo biográfico interessante de Al Capone. Como você talvez sabe, Al Capone foi o líder de uma das mais famosas máfias nos Estados Unidos, assassinando mais de 500 homens; ele era um homem violento que montava uma metralhadora no porta-malas de seu carro. Ele montou em seu carro um sistema para que conseguisse operar a metralhadora enquanto dirigia sendo perseguido por outras gangues ou por policiais. Ele apertava um botão, a porta da mala abria e ele mandava bala no carro atrás dele; no processo, matava muitos inocentes. Em seus anos finais, Al Capone ficou tão obcecado e paranoico a ponto de ficar aterrorizado quando via um carro com vários homens dentro. Por que? Culpa por associação.
Quando lemos na Palavra de Deus que Pedro negou Jesus Cristo, o que você acha que Deus está fazendo? Ele está nos confrontado com a culpa por associação, trazendo à nossa memória o fato de ontem mesmo termos negado o Senhor no corredor de nossa faculdade; ou por termos permanecido calados no escritório ou loja enquanto colegas conversavam sobre religião. Nós negamos Cristo e, como resultado, nos sentimos culpados. Quando lemos que Pedro negou Jesus, Deus revela nossa culpa ao nos associar com Pedro.
- A consciência dos irmãos de José é despertada, primeiramente, pela associação. Em seguida, ela é despertada por circunstâncias semelhantes.
Concordo com o que o antigo pregador F. B. Meyer disse sobre a maneira como José apresenta, passo-a-passo, tudo o que seus irmãos lhe tinham feito. José repete palavras que antes foram proferidas contra ele; agora, ele coloca seus irmãos na mesma situação na qual eles o colocaram. Por que? Para ver se eles lidaram ou não com a culpa.
Vamos observar essa passagem juntos. Veja Gênesis 42.6:
José era governador daquela terra; era ele quem vendia a todos os povos da terra; e os irmãos de José vieram e se prostraram rosto em terra, perante ele.
É interessante que, em Gênesis 37.7, José sonha que seus irmãos se prostrarão diante dele; a mesma palavra hebraica é empregada aqui agora. Continue no verso 7: Vendo José a seus irmãos, reconheceu-os, porém não se deu a conhecer.
Lembre-se que José é o primeiro ministro do Egito; ele usa roupas egípcias dos pés à cabeça; ele está barbeado conforme determinava o costume egípcio, diferente do costume que os homens hebreus tinham de ter barba comprida. José não se assemelhava em nada com um homem hebreu. Ainda lemos no verso 7 que ele continuou seu ato e lhes falou asperamente.
Essa é uma situação semelhante. Em Gênesis 37.4, lemos que os irmãos de José não lhe falavam mais com shalom ou “pacificamente” porque o odiavam; eles sempre falavam asperamente com ele. Agora, José é quem fala sem shalom ou asperamente e diz no verso 7: Donde vindes? Responderam: Da terra de Canaã, para comprar mantimento.
José supervisiona toda a compra e venda de mantimentos nesse período de escassez; é por isso que seus irmãos se encontram diante dele. Continue nos versos 8–9:
José reconheceu os irmãos; porém eles não o reconheceram. Então, se lembrou José dos sonhos que tivera a respeito deles e lhes disse: Vós sois espiões e viestes para ver os pontos fracos da terra.
José dá aos seus irmãos exatamente aquilo que eles lhe deram: uma falsa acusação. Conforme estudamos anteriormente, os irmãos se sentiam incomodados porque José espionava o procedimento de seus irmãos e contava tudo ao seu pai Jacó. José levava más notícias de seus irmãos ao pai e eles o acusaram de ser um espião. Agora, de forma interessante, José os acusa da mesma coisa. Veja os versos 10–14:
Responderam-lhe: Não, senhor meu; mas vieram os teus servos para comprar mantimento. Somos todos filhos de um mesmo homem; somos homens honestos; os teus servos não são espiões. Ele, porém, lhes respondeu: Nada disso; pelo contrário, viestes para ver os pontos fracos da terra. Eles disseram: Nós, teus servos, somos doze irmãos, filhos de um homem na terra de Canaã; o mais novo está hoje com nosso pai, outro já não existe. Então, lhes falou José: É como já vos disse: sois espiões.
José não somente os acusa, mas também recusa ouvir o clamor de seus irmãos. E foi exatamente isso o que seus irmãos lhe tinham feito no passado. Leia os versos 15–16:
Nisto sereis provados: pela vida de Faraó, daqui não saireis, sem que primeiro venha o vosso irmão mais novo. Enviai um dentre vós, que traga vosso irmão; vós ficareis detidos para que sejam provadas as vossas palavras, se há verdade no que dizeis; ou se não, pela vida de Faraó, sois espiões.
José lhes dá vários testes que estudaremos em nosso próximo encontro. Este é um deles, um teste de honra. José quer descobrir se eles se importam ou não com o irmão, assim que colocar Simeão na prisão.
A consciência desses irmãos vai sendo despertada por circunstâncias semelhantes. Deus geralmente usa essa estratégia conosco também. Somos culpados de alguma coisa e, por algum motivo, suprimimos a culpa e a ignoramos, até que vemos alguém passando por uma situação parecida. Talvez sejamos culpados de fofoca e ignoramos o pecado, até que alguém vem a nós com fofoca ou somos alvos de fofocas. É uma situação semelhante que, pela graça de Deus, desperta nossa consciência e dizemos: “Sou culpado disso também.”
- A consciência dos irmãos de José é despertada por associação, por circunstâncias semelhantes e, em terceiro lugar, por isolamento.
Veja o verso 17: E os meteu juntos em prisão três dias. José coloca seus irmãos numa situação semelhante à que ele passou ao lhes falar como eles tinham falado com ele e ao lhes jogar numa prisão, assim como eles o tinham lançado numa cisterna seca.
Entretanto, creio que José tem mais em mente aqui. Pela sabedoria que Deus lhe deu, ele coloca seus irmãos num lugar no qual a única coisa que podem fazer pelos próximos três dias é pensar, refletir. A única coisa que podem fazer é ponderar em suas mentes no que tinham feito enquanto sua consciência é despertada ao irem ao Egito, a terra de seu irmão que tanto desejam esquecer.
Agora, os irmãos de José estão presos e têm três dias para pensar no que fizeram. Eles devem estar imaginando se José ficou preso ali naquela cela também, se o nome de José está escrito nas paredes daquela prisão. Seus irmãos são atormentados com pensamentos dessa natureza.
Meu querido, um dos motivos por que Deus não consegue despertar nossa consciência é que não lhe damos tempo, nunca ficamos sozinhos. Entramos numa sala e já ligamos a televisão, o computador, o rádio; ligamos alguma coisa que faz barulho porque não suportamos permanecer sozinhos. Como Shakespeare escreveu: “Estar sozinho com minha consciência já é um inferno terrível demais para mim.”
Quando foi a última vez em que você esteve sozinho diante de Deus? Você tem medo de fazer isso porque sabe que, assim que estiver só, o Espírito de Deus incomodará sua alma, relembrando-o de coisas que você não resolveu? A verdade é que muitos de nós vivem com a culpa de pecado não confessado.
Aplicação: Reações de Uma Consciência Culpada
Desejo avançar agora para a aplicação, que é a reação de uma consciência culpada. Isso é algo tremendo. Pela simples lei da proporção, fica claro que existe muito ensino nesses capítulos; essa provavelmente é a história bíblica sobre a qual temos mais detalhes. E existe motivo para isso: ela não é para ser lida e esquecida; ela não é apenas uma história interessante; ela deve ser aplicada. Existem várias reações decorrentes de uma consciência despertada que traz consigo, é claro, a dor.
- A primeira reação de uma consciência culpada é o reconhecimento da culpa.
Veja os versos 18–20:
Ao terceiro dia, disse-lhes José: Fazei o seguinte e vivereis, pois temo a Deus. Se sois homens honestos, fique detido um de vós na casa da vossa prisão; vós outros ide, levai cereal para suprir a fome das vossas casas. E trazei-me vosso irmão mais novo, com o que serão verificadas as vossas palavras, e não morrereis. E eles se dispuseram a fazê-lo.
Em nosso próximo estudo, veremos por que José decide deixar apenas um preso e enviar os demais de volta. Mas podemos notar que José deseja fazer aqui uma reunião de família.
Fico imaginando esta cena: José tem diante de si seus 10 irmãos e, no meio, um intérprete, já que ele conversa, obviamente, em egípcio. Ele sabe o idioma dos hebreus fluentemente, mas se falasse na língua de seus irmãos, acabaria revelando sua identidade. Mas, agora, seus irmãos começam a conversar entre si sem saber que José entende tudo o que dizem. Veja o verso 21:
Então, disseram uns aos outros: Na verdade, somos culpados, no tocante a nosso irmão, pois lhe vimos a angústia da alma, quando nos rogava, e não lhe acudimos; por isso, nos vem esta ansiedade.
Sem dúvidas, três dias presos numa cela para pensarem no que tinham feito acabou funcionando. É interessante que, quando são encurralados, esses homens reconhecem sua culpa. Contudo, Judá não diz: “Deus está fazendo isso porque sou culpado de incesto,” como era, de fato. Simeão não diz: “Deus está fazendo isso porque massacrei aquelas pessoas indefesas de Siquém,” como tinha feito. Rúben não diz: “Deus está fazendo isso porque dormi com a esposa de meu pai,” como ele, de fato, fez. Não. A única coisa que vem à mente desses homens e que produz tremenda culpa é: “Deus está fazendo isso por causa daquilo que fizemos ao nosso irmão José. Nós vimos o seu desespero enquanto nos suplicava por socorro.”
Você imagina o cenário enquanto José era acorrentado aos demais escravos e conduzido ao Egito? Suas mãos estão presas; ele se vira para os irmãos e diz: “Rúben, Simeão, não façam isso. Não deixe esses homens me levar!” E ele chora, chora e chora, até que seu choro não é mais ouvido.
É verdade que, quando fazemos algo com outra pessoa, nós mesmos carregamos seu desespero. Deus nos criou de tal maneira que acabamos nos tornando vítimas de nossas injustiças para com outros.
- A segunda reação de uma consciência culpada é fuga por meio de justificação.
No verso 22, Rúben tenta escapar da culpa ao se justificar:
Respondeu-lhes Rúben: Não vos disse eu: Não pequeis contra o jovem? E não me quisestes ouvir. Pois vedes aí que se requer de nós o seu sangue.
Rúben era tão culpado quanto os demais; ele esteva lá no meio deles 25 anos atrás; ele nunca disse nada a Jacó, nunca foi ao Egito para resgatar seu irmão. Agora ele quer se justificar? “Eu, culpado?! De jeito nenhum!”
Quando Deus desperta nossa consciência, podemos fazer duas coisas: ou admitir a culpa e dizer, “Senhor, pequei,” ou “Espere aí! Vocês não sabem com quem estão falando. Eu sou um cara religioso, sou crente!”
- A terceira reação de uma consciência culpada é um entendimento do envolvimento de Deus.
Veja os versos 23–24a: Eles, porém, não sabiam que José os entendia… E, retirando-se deles, chorou. Não consigo imaginar estar no lugar de José aqui, ouvindo os irmãos chorando e dizendo que estão passando por isso por causa do que tinham lhe feito no passado. Essa conversa despertou todo tipo de sentimento que teve 25 anos antes quando seus irmãos o abandonaram no deserto. José tem que sair da frente deles para chorar.
Por fim, lemos nos versos 24–25:
...depois, tornando, lhes falou; tomou a Simeão dentre eles e o algemou na presença deles. Ordenou José que lhes enchessem de cereal os sacos, e lhes restituíssem o dinheiro, a cada um no saco de cereal, e os suprissem de comida para o caminho; e assim lhes foi feito.
Veremos isso mais detalhadamente em nosso próximo estudo. Pule para o verso 28, quando um dos irmãos descobre o que há dentro dos sacos:
Então, disse aos irmãos: Devolveram o meu dinheiro; aqui está na boca do saco de cereal. Desfaleceu-lhes o coração, e, atemorizados, entreolhavam-se, dizendo: Que é isto que Deus nos fez?
Observe a última frase. Uma das coisas que Deus deseja fazer ao despertar nossa consciência culpada é nos levar a entender que ele está envolvido em nossas vidas. Ele deseja que percebamos que ele orquestra os acontecimentos de nossas vidas para nos aproximar dele, a fim de sermos purificados e perdoados. Esses irmãos dizem finalmente: “Deus está fazendo alguma coisa. Existe muita coincidência aqui. Tem que ser Deus.” Uma das reações de uma consciência culpada é o entendimento de que temos que prestar contas a Deus. No fim, os irmãos entendem que Deus agia nos bastidores.
Talvez o Espírito de Deus trouxe à sua memória alguma coisa; você pensa: “Sou culpado de certas coisas. O que devo fazer?” A Bíblia é bastante clara: você deve confessar seu pecado e abandoná-lo, clamando pela purificação que existe apenas no sangue de Cristo.
Meu querido, um dos maiores presentes que Deus nos deu foi o da consciência. Podemos desliga-la, gritar mais alto do que ela ou ignorá-la. Ou podemos, pela Palavra de Deus, deixar que Deus fale conosco através dela, de maneira que se torna um oráculo de Deus. Não viva sequer mais um dia com uma consciência culpada. Experimente a alegria de uma consciência leve e pura diante de Deus em Jesus Cristo.
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