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Barnabé: O Construtor de Pontes

Barnabé: O Construtor de Pontes

經過 Stephen Davey

Barnabé: O Construtor de Pontes

Atos 9.19–31

Introdução

Hoje daremos continuidade ao nosso estudo no “livro das ações”, ou Atos, capítulo 9, após a dramática conversão de Saulo na estrada de Damasco. Saulo se tornou um discípulo de Jesus Cristo, o que é algo incrível de se considerar.

Sem dúvidas, os líderes religiosos de Jerusalém se enfureceram porque perderam o seu jovem fariseu brilhante para a seita dos Nazarenos. O aparente herdeiro do proeminente acadêmico Gamaliel se tornou, agora, um seguidor do Galileu.

Corajoso!

Saulo não desperdiça nem um minuto  tirando dúvidas a respeito de sua vida transformada. Veja os versos 19b e 20 de Atos 9.

Então, permaneceu em Damasco alguns dias com os discípulos. E logo pregava, nas sinagogas, a Jesus, afirmando que este é o Filho de Deus.

Você consegue imaginar a confusão que ele causou? Aqui está o homem que tinha vindo a Damasco para caçar e capturar os judeus traidores que tinham escolhido seguir a Jesus. Agora, ele declara que Jesus Cristo é o Messias!

 

 

Confundindo!

Acho que as pessoas ficaram confusas com a conversão de Saulo! Veja os versos 21 e 22.

Ora, todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é este o que exterminava em Jerusalém os que invocavam o nome de Jesus e para aqui veio precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais sacerdotes? Saulo, porém, mais e mais se fortalecia e confundia os judeus que moravam em Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo.

Uau! Que transformação! O tão temido caçador e carrasco dos cristãos é agora um cristão!

Apesar de não conseguirmos entender isso, isso seria tão dramático como pensarmos em Hitler fazendo estudos bíblicos em sua casa ou Sadan Hussein participando de uma reunião de oração na igreja local. Esse Saulo, agora, tinha sido capturado por Cristo!

Três anos de educação solitária

Agora, apesar de a narrativa prosseguir até o verso 23, existe uma mudança de eventos aqui. De acordo com o testemunho do próprio Paulo em Gálatas 1, Deus mandou que Paulo fosse imediatamente para a Arábia por dois ou três anos de isolamento. Deus matriculou Saulo num estudo pessoal e particular que o prepararia para os acontecimentos dos próximos anos. No verso 23, Lucas nos diz que, “Decorridos muitos dias...,” Saulo retornou para Damasco. “Muitos dias” literalmente significa oitocentos ou novecentos dias. E foi durante esse tempo nesse lugar obscuro que Saulo recebeu educação teológica profunda do próprio Deus.

Meu pensamento foi ainda mais despertado em relação a isso por um dos homens com quem tenho estudado através dos livros em minha biblioteca. Um comentarista fez uma pergunta intrigante. Ele escreveu:

Você está passando por algum período de deserto árabe, se sentindo perdido e inútil? De uma perspectiva humana, Saulo tinha um currículo impressionante. Embora seu nível educacional fosse altíssimo, aos olhos de Deus Saulo era completamente inútil até que se formasse na escola de Deus, a chamada, Escola de Desenvolvimento de Caráter do Deserto. Se você está matriculado nessa escola agora, encoraje-se. Essa é a forma de Deus tecer aço no pano de sua vida.

Outro comentarista concordou com essa linha de raciocínio e escreveu:

Todo crente que Deus já usou pagou uma ou duas matérias na universidade da Arábia – um treinamento no deserto. As mensalidades são altas, a disciplina é minuciosa e muitos desistem e trancam o curso. Para os que se formam, os resultados são total dependência em Deus e total independência em homens.

Portanto, o Espírito de Deus arrebata Saulo para essa escola particular  onde ele fica por três anos na obscuridade. A propósito, acho interessante que essa é a mesma área geográfica, próximo ao Monte Sinai, onde Moisés, o grande líder da nação, recebeu as tábuas da Lei. Será nesse mesmo lugar que esse novo líder de uma nova nação, que em breve emergirá, receberá de Deus a nova teologia da graça.

Desafiando a Morte!

Depois que Saulo se forma nessa escola solitária dos planos de Deus, ele volta para Damasco. Veja os versos 23 a 25.

Decorridos muitos dias, os judeus deliberaram entre si tirar-lhe a vida; porém o plano deles chegou ao conhecimento de Saulo. Dia e noite guardavam também as portas, para o matarem. Mas os seus discípulos tomaram-no de noite e, colocando-o num cesto, desceram-no pela muralha.

É interessante para mim que a igreja secreta de Damasco já desenvolveu um meio de comunicação. Provavelmente, a igreja já tinha tudo preparado para a vinda de Saulo, o qual havia ido a Damasco para prender os cristãos. Alguém de alta posição oficial e infiltrado no sistema ouve falar da armadilha e diz a um mensageiro: “Vai e avise Saulo – eles querem a cabeça dele.”

O mensageiro vai até Saulo e o alerta. Saulo escapa por pouco.

A palavra para “cesto” usada nesse verso se refere a um grande cesto de vime, talvez já preparado anteriormente para os cristãos fugirem do temido Saulo. E agora, o próprio Saulo o utiliza. Não perca a ironia aqui. Saulo desejava entrar e sair de Damasco cheio de orgulho e montando um cavalo alto, levando cristãos capturados. Agora, esse fariseu brilhante é um fugitivo comum, correndo por sua vida. Ele foge à noite e vai em direção a Jerusalém, onde ele espera encontrar apoio dos apóstolos e da igreja de Jerusalém.

 

Em Posição de Defesa!

Mas, Saulo encontra uma surpresa indesejada em Jerusalém. Veja o verso 26.

Tendo chegado a Jerusalém, procurou juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo.

O ponto de vista dos discípulos

Vamos olhar essa cena do ponto de vista da igreja. Os crentes viviam com medo desse homem sanguinário. Só o nome “Saulo de Tarso” arrepiava até o sangue deles. Eles ouviram dizer que Saulo saiu de Jerusalém e eles provavelmente já passaram a mão na testa, enxugando o suor em alívio porque, dessa vez, conseguiram escapar. Eles ouvem que ele está em Damasco e sentem pena dos irmãos de lá, mas provavelmente aliviados com o fato dele não estar mais em Jerusalém. Logo, eles ouvem um rumor de que Saulo agora é um cristão, mas não acreditam. Daí, ouvem que ele desapareceu por um tempo na Arábia e pensam, talvez, que não precisam mais se preocupar com ele.

De repente, contudo, Saulo aparece de volta em Jerusalém. O texto nos diz que ele tenta se associar com os discípulos ali. Você consegue imaginar aquela igreja? A igreja de Jerusalém já tem por volta de quatro ou cinco anos. Talvez eles estejam cantando quando, de repente, Saulo entra na reunião. Alguém o vê e dá uma cutucada na pessoa ao lado, perguntando: “Ei, quem é aquele? Você o reconhece?”

“Não, não sei quem é.”

“Bom, deve estar visitando pela primeira vez. Vamos pegar o livro de visitantes para ele assinar.”

Então, eles passam o livro para ele; ele assina seu nome e devolve. Eles olham para o nome que ele escreveu e suspiram: “Saulo de Tarso! Parem a música! Temos um intruso em nosso meio!”

Não nos é dado nenhum detalhe a respeito disso. não sabemos se Saulo foi para a igreja ou se encontrou algum crente na rua ou no mercado. O texto diz que ele tentou se associar com eles, mas eles não quiseram; estavam com medo. Eles o expulsaram da igreja, fecharam as portas no rosto dele e não acreditaram que ele era um crente agora. Talvez eles pensaram que Saulo era um agente disfarçado do Sinédrio. Estavam na defensiva, cautelosos e, talvez, ressentidos.

O ponto de vista de Saulo

Agora, vamos analisar o caso da perspectiva de Saulo. Imagine como ele deve ter se sentido quando bateu à porta da casa dos discípulos. Saulo está nervoso e até mesmo com medo. Ele deixou o mundo do judaísmo que ele tanto conhecia. Perdeu todos os amigos que conhecia – os grandes fariseus e escribas famosos. De repente, ele é o caçado e espera ser recebido pela igreja que ele costumava perseguir. Mas, toda porta que ele batia, as pessoas não abriam e o deixavam de fora. Saulo é um jovem crente em situação deplorável, desprezado por ambos os mundos. Por um lado, ele é um desertor do judaísmo e, por outro lado, é um desprezado pela comunhão dos santos cristãos.

Como você acha que Saulo se sentiu quando bateu àquelas portas pela primeira vez? Coloque-se nos lugar de Saulo e pense como deve ter sido. Seu coração batendo acelerado; suas mãos suadas. Ele é uma pessoa normal, assim como eu e você.

Agora, Saulo vai se introduzir a um grupo de pessoas. Você já ficou na frente de muitas pessoas? Você já deu o seu testemunho? Dá um medo, não dá?

Li sobre um rapaz que ia falar para milhares de pessoas numa conferência e estava meio nervoso. Logo antes de sua participação, ele estava numa sala ao lado do auditório, andando de um lado para o outro. Uma mulher entrou na sala e reconheceu ser ele o preletor. Ela deu um sorriso e perguntou se ele estava nervoso. Ele disse: “Nervoso? Não. Estou acostumado a dar discursos.”

Ela respondeu: “Então, o que você está fazendo no banheiro das mulheres?!”

Saulo está com medo. A igreja está com medo. Mas, deixe-me fazer algumas perguntas agora. Aonde estava Pedro, o apóstolo da segunda chance? Aonde estava André, o que ficou conhecido por trazer estrangeiros a Jesus? Aonde estava a liderança da igreja? Estavam todos calados; estavam todos sendo reprovados no teste.

Saulo está desesperadamente necessitado de uma ponte que o conecte àquele mundo. E, nesse momento, algo acontece que é maravilhoso que Deus tenha desejado nos informar sobre isso. Um construtor de pontes chamado Barnabé se apresenta.

Diferente!

Veja o verso 27.

Mas Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos; e contou-lhes como ele vira o Senhor no caminho, e que este lhe falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus.

Talvez Barnabé tenha ficado esperando pela consideração dos apóstolos. Talvez ele não quisesse agir fora de lugar – essa decisão pertence aos líderes. Talvez ele estivesse esperando por outros da congregação que tinham o dom da misericórdia. Entretanto, ninguém parecia estar agindo nessa situação. Talvez Barnabé esteja com medo de Saulo também. Não sabemos.

Contudo, o texto implica que, num dado momento, Barnabé se encontra com Saulo e pessoalmente ouve sua história. Pode ser que o tenha visto no mercado e se aproximado dele, dizendo: “Você é Saulo, não é? Bem, eu sou Barnabé e faço parte da igreja de Jerusalém. Ouvi falar que você está dizendo ser um cristão agora. Vamos sentar um pouco e conversar. Quero ouvir sua história.”

Isso era tudo o que Saulo precisava. Acho que Saulo chorou o tempo inteiro. Finalmente, alguém desejava ouvi-lo.

Depois dessa conversa, Barnabé se convence de que Saulo realmente está em outro nível; ele realmente é um regenerado. A frase “Barnabé, tomando-o consigo” poderia ser traduzida: “Barnabé se interessou por ele.” Barnabé, literalmente, pegou Saulo pela mão e entrou na igreja com ele. Imagino que todo mundo parou de cantar. Barnabé conta ao povo a história de Saulo. Sabemos, por meio de outra passagem, que Barnabé conversou especificamente com Pedro e Tiago. “Tenho alguém que gostaria de apresentar a vocês. Esse é meu amigo, Saulo de Tarso. Se vocês não gostam dele, vocês também não gostam de mim. Se ele for embora, eu também vou.”

Quatro características de bons encorajadores

Agora, já nos encontramos com Barnabé numa outra ocasião em nosso estudo no livro de Atos. Talvez você se recorde que, no capítulo 4, Barnabé vendeu uma propriedade e deu o dinheiro para os apóstolos, a fim de que os irmãos pobres recebessem comida e abrigo. Você se lembra que ele era tão amado pelos apóstolos que lhe deram um apelido? “Filho da exortação.”

Eu estava lendo um livro de David Jeremiah intitulado Atos de Amor. Ele sugeriu pelo menos quatro características de bons encorajadores que refletem a vida de Barnabé.

  • Primeiro, bons encorajadores  têm que ser pessoas genuínas; eles não podem ser pessoas falsas.

Você nunca é encorajado por alguém que pergunta como você está, mas você sabe que ele não quer muito saber como você está.

Paulo iria no futuro escrever em Romanos 12, verso 9a: Seja o amor sem hipocrisia.

Havia uma igreja, um corpo de crentes, apóstolos, diáconos, anciãos, mas eles não se importaram.

  • Segundo, bons encorajadores são diligentes; são trabalhadores.
  • Terceiro, bons encorajadores são assertivos; eles tomam a iniciativa, se envolvem.

Gostaria de adicionar algo que ouvi alguns anos atrás. Lembro-me de um comediante de televisão. Num belo dia, alguém perguntou a ele sobre sua religião. Ele respondeu: “Sou um espectador de Jeová.”

Perguntaram: “Espectador de Jeová?! Como assim?”

“Ah, foi-me pedido para ser uma testemunha, mas não quis me envolver tanto assim!”

O apóstolo Paulo escreveu em Romanos 12 verso 13b: praticai a hospitalidade.

Essa é uma outra forma de dizer: “Seja assertivo, tome a iniciativa, envolva-se!”

  • Quarto, bons encorajadores são pessoas altruístas; preocupam-se primeiro com as outras pessoas.

Todos nós poderíamos dizer: “Ah, Senhor, preciso que o Senhor me dê um encorajador como Barnabé. Como preciso de alguém como ele agora.”

Não é errado pensar assim, mas, em nenhum lugar das Escrituras, Deus prometeu um encorajador como Barnabé além de Jesus Cristo. Todavia, em Sua Palavra, Deus desafia cada um de nós a sermos como Barnabé.

Despedido!

Agora, veja o resultado da introdução de Paulo à comunhão. Veja os versos 28 a 30 de Atos 9. Começando com o verso 28:

Estava com eles em Jerusalém, entrando e saindo, pregando ousadamente em nome do Senhor.

Não ignore o fato de que Paulo “estava com eles.” Finalmente, ele é aceito pelos irmãos; finalmente, ele é parte deles. Como ele deve ter gostado da comunhão dos santos! Continue até o verso 29: Falava e discutia com os helenistas; mas eles procuravam tirar-lhe a vida.

Os judeus helenistas eram os antigos amigos de Saulo que apedrejaram Estêvão à morte. Agora, Saulo está debatendo com eles e eles querem matar Saulo também. Continue até o verso 30.

Tendo, porém, isto chegado ao conhecimento dos irmãos, levaram-no até Cesaréia e dali o enviaram para Tarso.

Pela segurança de Saulo, eles o enviaram a sua cidade natal, Tarso. Apesar de rapidamente aparecer em cena e ganhar já certa proeminência, é como se ele já fosse despedido. Sua vida está em perigo, então eles fazem o que é o melhor para ele no momento.

Isso deve ter sido meio confuso para Saulo. Ananias ouviu do próprio Senhor que Saulo um dia falaria diante de reis. Agora, Saulo está sendo enviado à vila que ele havia deixado muitos anos atrás. Ele não entendeu, mas foi.

Deus tinha outros planos para o jovem Saulo, um homem com os seus trinta e poucos anos. Existem raízes que precisam ser aprofundadas e ele precisa começar a desenvolvê-las em casa.

Aplicação

O professor principal nessa passagem não é um apóstolos e também não é a igreja, mas Barnabé. Deixe-me fornecer algumas lições que podemos aprender com ele para sermos construtores de pontes também.

  • Primeiro, um construtor de pontes está disposto a ouvir.

Um cantor cego chamado Ken Medema escreveu uma música poderosa uns anos atrás. Ele estava se referindo à igreja quando escreveu essa música. Ouça as suas palavras.

Se esse não é o lugar onde lágrimas são compreendidas,

Então, onde irei chorar?

E se esse não é o lugar onde meu espírito pode tomar suas asas,

Então, onde irei para poder voar?

Eu não preciso de outro lugar para tentar impressionar você

Mostrando quão virtuoso e bom eu sou, não, não;

Eu não preciso de outro lugar para sempre estar em destaque.

Todo mundo sabe que isso é falsidade, é falsidade.

Não preciso de outro lugar para sorrir,

Mesmo quando não me sinto bem.

Eu não preciso de outro lugar para verbalizar as mesmas trivialidades antigas,

Todo mundo sabe que isso não é real.

Se esse não é o lugar onde minhas perguntas não podem ser feitas,

Então, aonde buscarei as respostas?

E se esse não é o lugar onde o clamor do meu coração pode ser ouvido,

Então, onde irei clamar?

E se esse não é o lugar onde lágrimas são compreendidas,

Para onde irei, oh, para onde irei para poder chorar?

Um construtor de pontes é alguém que faz a diferença na igreja. Na verdade, se você olhar o verso 31 de Atos 9, você lerá o resultado para a igreja.

A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número.

A igreja se aprofundou e aumentou ao mesmo tempo – amadureceu espiritualmente e cresceu em número. Não é nenhuma surpresa que uma igreja que podia passar por tudo isso se tornava ainda mais atraente. Seria vista como uma igreja pronta para perdoar e ouvir. E isso nos conduz à segunda lição sobre o construtor de pontes.

  • Segundo, um construtor de pontes está disposto a perdoar.

Eu imagino que Barnabé arriscou seu pescoço nessa aqui. Porque, ao ir até Saulo, ele estava sugerindo que os apóstolos estavam errados. Esse tipo de liderança provavelmente não recebe repreensão com muita frequência. Barnabé ajudou a igreja a evitar um erro trágico. Ele ajudou a igreja a abrir seu coração, não apenas para Saulo, mas para todos os crentes novos na fé, enquanto a igreja ainda estava descobrindo o que fazer com eles. Esses novos crentes haviam sido perseguidores dos cristãos, mas, agora, também eram cristãos; mas a igreja ainda tinha receio de deixá-los entrar na comunhão.

A igreja na Rússia passou por uma situação bem parecida, especialmente na Hungria. Um dos missionários que nossa igreja ajuda sustentar me contou que um dos maiores desafios  foi com as igrejas subterrâneas. Quando a lei mudou e permitiu que as igrejas tivessem liberdade, eles tiveram que decidir o que fazer com os que dantes os perseguiam, mas que agora haviam se tornado crentes em Jesus Cristo. Eles também tiveram que decidir o que fazer com os que eram crentes, mas mantiveram segredo a esse respeito e não se pronunciaram.

O que a igreja deveria fazer com antigos perseguidores seus? Essa igreja estava pronta para colocar grades de ferro e dizer: “Desculpe-nos, estamos fechados.”

Essa atitude de Barnabé ensinou a igreja como perdoar seu principal inimigo. E isso é o que construtores de pontes fazem.

  • Terceiro, um construtor de pontes está determinado a resolver.

Qualquer pessoa que deseja seguir o exemplo de Barnabé precisa estar ciente de que deve abandonar o luxo da fofoca e de dançar conforme a música tocada pelos demais irmãos. São pessoas que pessoalmente buscam conversar e resolver as disputas. Pelo nome e causa de Jesus Cristo, eles se envolvem e tomam a iniciativa. Encontrar problemas é fácil. Um construtor de pontes diz: “Como podemos resolver essa questão? Vamos dizer o que precisa ser dito. Vamos esclarecer tudo e colocar todas as cartas na mesa.”

A propósito, esse é um excelente conselhos para crentes em relacionamentos. Nos momento em que você pensa: “Talvez eu não devo dizer nada,” talvez você deve, na verdade, confrontar e advertir. Isso serve para famílias também, dizer as coisas difíceis de se dizer, especialmente quando existem crianças envolvidas.

Fiquei impressionado com a história de uma mãe sobre seu filho adolescente. Deixe-me ler essa história.

Eles ficavam cada vez mais distantes à medida que ele crescia. Palavras ficaram difíceis de se dizer, mas ela decidiu dizê-las mesmo assim.

Quando ela subia para o primeiro andar, tudo o que podia ouvir era o barulho alto da bateria de seu filho. Ela tinha uma mensagem que queria entregar, mas, quando batia à porta, recebia apenas frieza.

“Você tem um minuto?” ela perguntou, após seu filho abrir a porta.

“Claro, mãe.”

“Sabe, filho, eu... eu... eu gosto muito do jeito que você toca sua bateria.”

Ele disse: “É sério, mãe? Bom, obrigado!”

Ela começou a descer de volta à cozinha. No meio do caminho, percebeu que não havia realmente entregue a mensagem que deveria; então, retornou de novo à porta e disse: “É sua mãe de novo. Você tem um outro minutinho?”

Ele disse: “Mãe, já disse antes, claro.”

Ela foi e se sentou na cama. “Quando eu vim aqui antes eu tinha algo para dizer para você mas não disse. O que eu realmente queria dizer era, seu pai e eu... achamos que você é maravilhoso.”

Ele disse: “Você e o pai também?”

Ela disse: “Sim, eu e seu pai.”

“Beleza, mãe, obrigado.”

Ela saiu e de novo ciente de que chegou perto da mensagem que desejava, , mas ainda não havia dito a ele o que queria. Então, subiu de novo as escadas e se pôs à porta. Essa vez, ele a ouviu se aproximando.

Antes mesmo que ela batesse à porta, ele gritou: “Sim, tenho um minuto.”

Mais uma vez, a mãe se sentou na cama. “Sabe, filho, já tentei duas vezes hoje, mas ainda  não consegui dizer. O que eu realmente vim aqui para dizer é isto: amo você. Amo você de todo meu coração.”

Ele deu um forte abraço nela e disse: “Amo você também, mãe.”

Ela estava no meio das escadas quando seu filho esticou a cabeça fora do quarto e perguntou: “Mãe, você tem um minuto?”

Ela riu e disse: “Claro.”

“Mãe”, ele perguntou, “você chegou agora de alguma conferência?”

Construtores de pontes, amigos, são aqueles que tomam a iniciativa e dão o primeiro passo.

  • Finalmente, um construtor de pontes é sensível ao potencial de outros.

Barnabé foi o único que disse: “Vamos dar uma chance a ele. Vamos ouvi-lo. Vamos perdoar e esquecer.”

A propósito, após o verso 30, Saulo irá desaparecer por um período de oito anos. Vai demorar oito anos até que Saulo retorne a sua cidade natal. Ele voltou como um fracassado aos olhos dos que costumavam se orgulhar de sua inteligência e de seu futuro promissor como estudante brilhante de Gamaliel.

A família de Saulo era rica o suficiente para financiar sua mudança para Jerusalém, apesar de ele ter morado com sua irmã casada. Seu pai também tinha condição financeira elevada o bastante para pagar a quantia necessária a fim de que Saulo estudasse com a mente mais excelente do mundo judeu.

Contudo, quando Saulo retorna, ele está fazendo tendas. Por que? A propósito, é daqui que surge a expressão “fazer tendas” que se refere àqueles que estão no ministério, mas que possuem outro trabalho para sustentarem-se financeiramente. Então, por que Saulo estava fazendo tendas se sua família era rica e proeminente? Alguns acreditam, incluindo eu, que Saulo foi desonrado por seus pais judeus; ele perdeu sua herança de família porque começou a seguir o Messias.

  Oito anos se passariam até que ouvíssemos novamente sobre Saulo. Até onde a igreja de Jerusalém sabia, Saulo não era o líder nem o professor que conhecemos. Eles não sabiam, como nós sabemos, que Saulo era o líder proeminente da nova igreja gentia. Não tenho dúvidas alguma que Saulo estava envolvido em algum ministério em Tarso, uma vez que cristãos começaram a surgir por lá alguns anos depois. Mas, tudo indicava que, por enquanto, ele não falaria a nenhum rei. Isso era fato, até que algo aconteceu. Acredite ou não, isso era verdade até que Barnabé resolveu entrar em ação de novo. Veja Atos 11 e note os versos 21 a 26.

A mão do Senhor estava com eles, e muitos, crendo, se converteram ao Senhor. A notícia a respeito deles chegou aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia. Tendo ele chegado e, vendo a graça de Deus, alegrou-se e exortava a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor. Porque era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor. E partiu Barnabé para Tarso à procura de Saulo; tendo-o encontrado, levou-o para Antioquia. E, por todo um ano, se reuniram naquela igreja e ensinaram numerosa multidão. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos.

Você já parou para pensar no fato que a razão por que a igreja, daquela época e de hoje, veio a ter o apóstolo como seu líder proeminente foi por causa da persistência de um homem que viu em Saulo algo que nenhuma outra pessoa viu? Um homem tão usado por Deus que, ao liderar um movimento em Antioquia, no meio desse movimento, ele diz: “Já sei quem se encaixaria perfeitamente aqui. Aquele jovem chamado Saulo que mandamos de volta a Tarso. Será que ele ainda está por lá?”

Então, um construtor de pontes chamado Barnabé foi a Tarso e finalmente encontrou Saulo, o qual provavelmente estava morando num quarto humilde e fazendo tendas. Barnabé veio e tomou Saulo pela mão de novo e disse: “A igreja precisa de você, Saulo. Eu preciso de você, Saulo. Venha comigo construir pontes nas vidas dos novos convertidos de Antioquia.”

Isso aconteceu por causa de um homem disposto a ouvir, perdoar, resolver, ver em Saulo o potencial que ninguém mais tinha visto. Vamos construir pontes em corações de pessoas que estão prestes a serem conhecidas como cristãos hoje.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 13/04/1997

© Copyright 1997 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

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