
A Igreja que Mudou
A Igreja que Mudou
Atos 11.1–18
Introdução
Em nosso último estudo no “livro das ações,” ou Atos, observamos Pedro numa mudança crucial. Mudança, para todos nós, nunca é fácil. Talvez você possa se identificar com algum tipo de mudança recente:
- Geográfica – talvez você tenha saído de uma cidade praiana para uma cidade mais no interior ou de um clima quente para um clima mais frio;
- Profissional – talvez você tenha saído de seu escritório na empresa para ficar mais em casa com sua esposa e seu filho recém-nascido;
- Familiar – de um ninho cheio para um ninho vazio; talvez seu filho ou sua filha tenha se casado ou ido morar em outra cidade a trabalho ou estudo.
Ainda consigo claramente me lembrar de uma mudança que ocorreu em nossa família alguns anos atrás. Eu fui levar nossa filha mais velha no seu primeiro dia de pré-escola. Se você estivesse nos vendo a uns vinte metros, teria tirado uma foto perfeita. Ela estava com seus sapatos novos e carregando seu lancheira bonita e eu estava segurando a mão dela enquanto fazíamos o trajeto do carro até a sala dela. Todavia, se você tivesse se aproximado mais um pouco, teria descoberto algo interessante: nós estávamos discutindo! Ela queria que eu ficasse no carro e dizia: “Papai, não preciso que você me leve até a sala, eu posso fazer isso sozinha!” e eu dizia: “Ouça bem, você pode estar se sentindo muito bem com tudo isso, mas eu não estou; então, deixe-me usar um pouco dessa minha insegurança, está certo?”
Lembro-me daquela mudança. Alguns de vocês podem estar envolvidos em mudanças como:
- De uma vida de solteiro para uma vida de casado;
- Um casal cuidando dos filhos para apenas você cuidando de seus filhos;
- De uma carreira profissional para a aposentadoria;
- De saúde para doença.
Nenhuma mudança é fácil. Todos nós buscamos evitar as águas empoladas, as tempestades, as emoções, as dificuldades e todas as outras coisas que as mudanças trazem consigo.
Uma das mudanças mias difíceis de se fazer são aquelas relacionadas a tradições de uma vida inteira e uma herança do passado. Vou ser mais específico. Mudanças são mais difíceis de se fazer quando são na igreja; quando envolve nosso relacionamento com Cristo; quando afeta nossa maneira de adorar. Deixe-me dar uma ilustração.
Nossa igreja envia cartões para pessoas que vêm de outras cidades nos visitar. Juntamente com o cartão, enviamos também uma carta de agradecimento por ter nos visitado. Pedimos por suas primeiras impressões da igreja e, como sempre, alguns respondem. Vou ler as impressões de duas pessoas que são da mesma cidade e aconteceu de nos visitarem no mesmo domingo. Suas respostas às perguntas do cartão foram completamente diferentes.
- 1ª pergunta – “Qual foi a sua primeira impressão da igreja?”
- Resposta da primeira pessoa: “Lotada!”
- 2ª pergunta – “Do que você menos gostou em sua visita à nossa igreja?”
- Resposta da primeira pessoa: “O sermão. Foi meio sem objetivo.” [Daí, essa pessoa faz um comentário que esclarece o motivo de sua resposta]. “Não teve apelo.”
- 3ª pergunta – “Qual foi sua experiência favorita em nossa igreja?”
- Resposta da segunda pessoa: “A profundeza do sermão. Foi uma experiência de um verdadeiro ensino bíblico.”
O que isso nos informa é que a nossa igreja representou uma mudança desconfortável para a primeira pessoa. Sinceramente, já fui perguntado a respeito do término da mensagem tanto quanto sobre outros assuntos. Muitos têm o costume de finalizar cada culto de domingo com um convite ou apelo à salvação. Contudo, nosso foco aos domingos não é no descrente, mas no crente. A igreja em Atos e nas epístolas se reunia não com o objetivo de evangelizar, mas de edificar. Na verdade, a descrição do meu trabalho conforme Efésios 4, verso 12, é:
com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo,
Meu título de “poimenos,” no grego, literalmente significa, “alimentador ou pastor.”
Sempre existem pessoas em nossa igreja que não conhecem a Cristo como Salvador. Por isso que geralmente terminamos nossos cultos com um convite para receberem a salvação em Cristo – ou para me ver depois do culto ou ligar para mim. Desejo muito que as pessoas venham à fé em Cristo como resultado de nosso ministério, mas o propósito primário de nossas reuniões está claro nas Escrituras. Hebreus 10, verso 25, diz:
Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.
Todavia, reconheço como deve ser diferente para muitas pessoas. Uma pequena mudança no formato do culto pode trazer uma grande confusão. Isso sem mencionar os instrumentos musicais ou as músicas que cantamos. Lembro-me de uma pessoa que respondeu o cartão simplesmente perguntando: “E cadê a sua batina?!”
Talvez você tenha tido dificuldades com alguma mudança doutrinária ou com alguma passagem bíblica que revela uma mudança necessária em sua vida. Se sim, você descobriu o conflito perturbador e miserável que segue uma mudança espiritual ou religiosa.
Felizmente, nós não somos os primeiros crentes a encararem mudanças. Em nosso último estudo no capítulo 10 de Atos, tivemos acesso aos bastidores e vimos um período doloroso e confuso na vida de Pedro. Algumas de suas crenças de uma vida inteira foram, pela primeira vez, desafiadas.
Revisando A Revelação de Deus a Pedro
Abra sua Bíblia em Atos 10. Iremos rapidamente rever nossa última discussão para refrescar nossa memória. Pedro está na casa de Simão, o curtidor. Enquanto está lá orando, os versos 11 a 16 nos dizem:
então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas, contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e come. Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda. Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres comum. Sucedeu isto por três vezes, e, logo, aquele objeto foi recolhido ao céu.
Há vários pontos a serem mencionados sobre essa passagem:
- Essa visão de Deus, se obedecida, iria entrar em conflito direto com a revelação anterior de Deus, i.e., as leis do Antigo Testamento;
- Essa visão de Deus, se seguida, mudaria drasticamente o curso do cristianismo do primeiro século, que é, a propósito, exatamente o que está acontecendo;
- Essa visão de Deus, se aplicada, desenvolveria um novo pensamento acerca dos gentios do mundo.
Agora, se você se lembra, após a visão, os servos de Cornélio chegaram à casa de Simão, o curtidor, e pediram para Pedro ir com eles. Cornélio era um homem gentio que temia a Deus, apesar de não ser ainda um crente. Ele também tinha recebido uma visão de Deus de que Simão Pedro viria para sua casa explicar a ele e a sua família os termos do cristianismo do Novo Testamento.
Como estudamos em nosso último encontro, Pedro foi até a casa de Cornélio e pregou para ele e os demais. Após terem recebido a Cristo pela fé, Pedro comeu e tece comunhão com eles.
Que desenvolvimento espantoso! Desenvolvimentos que a maioria de nós não aprecia plenamente porque não conhece a tradução, herança e estilo de vida que Pedro estava colocando de lado para obedecer a Deus.
Não demorou muito para que a palavra se espalhasse de que Pedro estava muito além dos limites. Veja Atos 11, versos 1 a 3.
Chegou ao conhecimento dos apóstolos e dos irmãos que estavam na Judéia que também os gentios haviam recebido a palavra de Deus. Quando Pedro subiu a Jerusalém, os que eram da circuncisão o argüiram, dizendo: Entraste em casa de homens incircuncisos e comeste com eles.
Em outras palavras, “Pedro, já tivemos que aturar você com suas presepadas antes. Sabemos que você é impulsivo e já aturamos demais, mas, Pedro, dessa vez você foi longe demais!”
Você percebeu que nesses versos eles não fazem perguntas a Pedro, não perguntam a perspectiva de Pedro e nem sequer citam um verso do Antigo Testamento? Ao invés disso, dá direto na jugular de Pedro. Enquanto Pedro estava longe, o júri já havia se reunido e decidido qual era o veredito – Pedro estava em pecado!
Agora, note o verso 4:
Então, Pedro passou a fazer-lhes uma exposição por ordem, dizendo:
Espere aí! É Pedro que estamos vendo aqui? Pedro – curto e grosso, emotivo Pedro?! Pedro – o que usou da espada e que cortou a orelha de um servo?!
Imagine essa cena hostil onde Pedro é acusado de hipocrisia e inconsistência e impiedade. Como você trata pessoas que acusam você quando elas estão erradas e você está certo?
Revisando A Resposta de Pedro à Igreja
Nunca imaginei aprender uma lição de tática com Pedro. Mas, antes de lermos a resposta de Pedro, deixe-me fazer três observações.
- A primeira observação é que Pedro retraiu suas atitudes e emoções.
Esses líderes simplesmente tinham “descarregado suas armas” em Pedro; eles tinham encurralado Pedro contra a parede e estavam totalmente equivocados! Ele teve a visão e falou com Deus.
Eu esperaria que o verso 4 começasse dizendo: “Mas Pedro começou a gritar com eles...”.
Mas não, o verso 4 nos diz que Pedro começou a explicá-los em ordem a sequência dos acontecimentos. Pedro está sob controle.
Provérbios nos diz:
- “...o que modera os lábios é prudente.” (10.19b);
- “A resposta branda desvia o furor...” (15.1a);
- “...o longânimo apazigua a luta.” (15.18b).
- A segunda observação é que Pedro demonstrou respeito para com o ponto de vista de seus acusadores.
Essa era um questão bastante complicada em si mesma. Deixe-me fornecer uma perspectiva histórica que revela quão tensa essa situação era.
A viagem de Pedro à Cesareia ocorre por volta de 40 a 41 d.C. Nessa época, a situação política em Jerusalém estava tensa. O nome do imperador romano era Calígula. Em 40 e 41 d.C., Calígula ficou maluco. Ele matou grande parte de sua família; torturou pessoas enquanto ele jantava; e, mais trágico, ele se declarou deus e construiu templos e sacrifícios feitos a ele. Ele declarou que uma estátua sua fosse colocada dentro do templo de Jerusalém. Ele enviou Petrônio e uma grande guarda até a Judéia com ordens de colocar sua estátua no templo e que poderiam usar a espada, caso necessário. Josefo, o historiador judeu que viveu nessa época, registra que, quando Petrônio chegou à costa da Galileia, dezenas de milhares de judeus se encontraram com ele e imploraram que não colocassem a estátua do imperador no templo. Eles tiveram êxito e convenceram Petrônio a escrever uma carta a Calígula, pedindo que sua ordem fosse revogada. Alguns meses depois, a potencial catástrofe do judaísmo foi evitada quando Calígula foi assassinado.
Eu estou contando isso para que você possa sentir, um pouco mais profundamente, o contexto desses eventos. Pedro não somente tinha se misturado com um gentio, p que em si já é ruim o bastante, mas está tentando introduzir na igreja um centurião romano! Cornélio era um oficial do exército romano; um homem que fazia parte do império que, naquele momento, talvez, marchava em direção a Jerusalém para profanar o templo e derramar sangue desnecessário.
As emoções estão nas alturas; religião e patriotismo foram ofendidos. O sentimento era: “Pedro, você não é somente infiel ao Deus de nossos pais, mas é um traidor também.”
Pedro, é claro, respeitou os motivos deles para estarem tão irados; ele entendeu o que aquilo parecia ser do ponto de vista dos outros irmãos.
- A terceira observação é que Pedro reconheceu a necessidade de prestar contas à igreja.
Se Pedro fosse o líder da igreja, infalível em suas decisões e atitudes, jamais teria que responder aos membros da igreja e aos demais líderes. Ele poderia ter dito: “Eu fiz o que fiz e disse o que disse; quem de vocês vai me acusar de ter feito algo de errado?”
Ao contrário, vemos Pedro dando uma explicação completo à família da igreja de Jerusalém. E ele não os repreendeu por terem agido com aspereza para com ele.
Agora, com isso em mente, vamos acompanhar Pedro cuidadosamente, mas de maneira direta, respondendo as acusações. Veja os versos 4 a 16 de Atos 11.
Então, Pedro passou a fazer-lhes uma exposição por ordem, dizendo: Eu estava na cidade de Jope orando e, num êxtase, tive uma visão em que observei descer um objeto como se fosse um grande lençol baixado do céu pelas quatro pontas e vindo até perto de mim. E, fitando para dentro dele os olhos, vi quadrúpedes da terra, feras, répteis e aves do céu. Ouvi também uma voz que me dizia: Levanta-te, Pedro! Mata e come. Ao que eu respondi: de modo nenhum, Senhor; porque jamais entrou em minha boca qualquer coisa comum ou imunda. Segunda vez, falou a voz do céu: Ao que Deus purificou não consideres comum. Isto sucedeu por três vezes, e, de novo, tudo se recolheu para o céu. E eis que, na mesma hora, pararam junto da casa em que estávamos três homens enviados de Cesaréia para se encontrarem comigo. Então, o Espírito me disse que eu fosse com eles, sem hesitar. Foram comigo também estes seis irmãos; e entramos na casa daquele homem. E ele nos contou como vira o anjo em pé em sua casa e que lhe dissera: Envia a Jope e manda chamar Simão, por sobrenome Pedro, o qual te dirá palavras mediante as quais serás salvo, tu e toda a tua casa. Quando, porém, comecei a falar, caiu o Espírito Santo sobre eles, como também sobre nós, no princípio. Então, me lembrei da palavra do Senhor, quando disse: João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo.
Em outras palavras, como alguém disse, Pedro está dizendo: “Esse foi como um Pentecostes Gentio. Eles evidenciaram o mesmo dom de sinais que nós evidenciamos quando o Espírito Santo desceu.”
Isso era prova incontestável de que a igreja judaica e a igreja gentia eram uma só. Eles receberam o mesmo Espírito. Continue até o verso 17.
Pois, se Deus lhes concedeu o mesmo dom que a nós nos outorgou quando cremos no Senhor Jesus, quem era eu para que pudesse resistir a Deus?
Pedro declara: “Vocês queriam que eu atrapalhasse os planos de Deus?”
A questão era, como um escritor disse:
Será que eles abririam mão do passado e aceitariam o novo plano de Deus para os gentios? Será que reaprenderiam após séculos de prática e ensino?
Colocando de maneira bem simples, será que a igreja mudaria??
Você consegue imaginar esse momento na história da igreja? Foi um momento de definição. Os líderes judeus devem ter olhado uns para os outros, para Pedro e para as seis testemunhas que tinham vindo com Pedro da casa de Cornélio, o que, a propósito, era o dobro de testemunhas exigido pela Lei de Moisés. Essa foi uma história incrível, transbordando de mudanças inimagináveis. A fúria deles logo passou e sorrisos começaram a aparecer no rosto deles.
Acho interessante que Lucas escreve um período extenso de história da igreja do Novo Testamento nesse “livro das ações” buscando cobrir décadas de acontecimentos. Geralmente, ele fornece detalhes de maneira superficial; ele é forçado a ser breve; contudo, ele dedica quase dois capítulos a esse incidente. Por que?
Olhando além das razões óbvias, Lucas era um gentio. E esse momento na história da igreja revelou a verdade incrível e pessoal de que os gentios tinham acesso a Deus. Eles eram completamente membros da igreja de Jesus Cristo.
Note o verso seguinte, o verso 18.
E, ouvindo eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Logo, também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para vida.
Agora, quero deixar claro que nem todo mundo ficou feliz com isso. No meio disso, existe a tragédia de que algumas pessoas se recusaram a mudar; alguns recusaram a aceitar os privilégios dos gentios na igreja porque eles não tinham passado pela sinagoga. No capítulo 10, verso 45a, Lucas se refere aos judeus crentes como: E os fiéis que eram da circuncisão, que vieram com Pedro.
Uma designação mais específica ocorre no capítulo 11, verso 2b: os que eram da circuncisão o argüiram.
Literalmente significa, “aqueles da circuncisão.”
Aqui estão as sementes de dissensão na igreja. Esse grupo se tornará uma facção, à qual Paulo se refere posteriormente em Gálatas 2, verso 12, como “o partido da circuncisão.” Eles já tinham passado do ponto de resistir à mudança para, na verdade, formar um grupo dissidente ou uma facção na igreja do Novo Testamento. Eles queriam misturar judaísmo com o evangelho. Eles não desejavam mudar; portanto, jamais se alegrariam com a verdade do evangelho registrada em João 1, verso 17:
Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.
Aplicação
Vamos aplicar essa passagem de forma mais específica. Como:
- Não perdermos o equilíbrio em relação ao que cremos e como vivemos?
- Distinguir entre disciplinas piedosas e legalismo?
- Determinar o que segurar e o que mudar?
A propósito, esses não são problemas apenas deste século. No decorrer dos séculos, controvérsias sobre a vida cristã têm recebido mais atenção do que merecem. Por exemplo, no segundo século, um jovem perguntou a um pai da igreja como ele poderia seguir a Cristo mais diligentemente. Escrita segue a resposta:
Abandone as roupas coloridas... tire de seu guarda-roupas tudo o que não for branco...
(evidentemente, essa ideia foi retirada de Apocalipse, onde os crentes são retratados vestidos de branco)
...Pare de dormir com travesseiros confortáveis e tomar banho quente...
Se você é sincero em sua caminhada com Cristo, nunca faça sua barba. Fazer a barba é uma tentativa de melhorar aquilo que Ele já criou em nós.
A pergunta surge dessa passagem de Atos: “Como não sermos dirigidos por coisas não-essenciais – e, daí, ignorar as coisas essências?”
Como crentes, como determinamos o que devemos fazer e o que não devemos fazer? Deixe-me sugerir algumas coisas.
- Primeiro, se as Escrituras advertem sobre o assunto, não brinque com ele.
Não use essa passagem da visão de Pedro como licença; não coloque todas as suas coisas naquele lençol branco que desce do céu e diz: “Isso não é mais impuro; na verdade, nada é. Posso fazer qualquer coisa e ir a qualquer lugar e dizer o que quiser...”.
Cuidado para que você não permita que qualquer coisa entre na sua vida e você diga: “Bom estou debaixo da graça.”
Estar “debaixo da graça” não significa que você pode usar a graça para cobrir impureza, viver sem a prática das disciplinas espirituais ou tolerar pecado. Paulo disse em Romanos 6, verso 1b a 2a:
...Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum!...
- Segundo, se as Escrituras proíbem certa coisa, não tente justificá-la.
Por exemplo, 1 Tessalonicenses 4, verso 3, diz:
Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição;
A Bíblia proíbe a relação sexual fora do casamento, então, não justifique dizendo: “Nós nos amamos... iremos nos casar em breve... com certeza, Deus entende...”
- Terceiro, se as Escrituras silenciam sobre determinado assunto, não o torne público.
Não torne público algo que Deus tem feito em sua vida pessoal. Ou seja, alguma prática ou disciplina pode ser boa para a sua vida, mas não para a de outros crentes.
Aprenda a diferença entre uma ordem bíblica e uma preferência pessoal. Não há nada de errado com preferências pessoais – queria até que os crentes tivessem mais disso – mas, lembre-se somente que elas são pessoais.
Eu como pastor, por exemplo, uso um terno ao invés de uma batina. As pessoas me chamam de pastor ao invés de ancião ou bispo, não porque a Bíblia ensina um em particular. Na verdade, todos esses títulos estão biblicamente corretos. Mas eu tenho uma preferência pessoal.
Você sabia que, no segundo século, houve uma controvérsia em relação à postura física adequada no momento da oração? Vou ler um artigo rapidamente.
Em 220 AD, Tertuliano, um famoso pai da igreja, formulou certas diretrizes para o momento da oração. Ele disse que, se você ergue suas mãos ao céu durante a oração, elas não precisam ser lavadas todas as vezes antes da oração – já que são espiritualmente limpas. Tertuliano também cria que estava errado sentar-se durante uma conversa com Deus em oração. (Você já foi alguma vez a uma igreja onde, toda vez que chagava o momento da oração, as pessoas ficavam de pé? Bom, Tertuliano se ofenderia em ver você de pé lendo a Palavra de Deus, mas não se levantando para orar.)
Da mesma forma, ele cria que nunca se deveria ajoelhar para orar durante a Páscoa porque aquele era o dia de celebrar o Senhor ressurreto.
Outro pai da igreja bastante conhecido, Clemente de Alexandria, também no terceiro século, cria que deveríamos orar com olhos abertos para o céu. (Ele teria sérias dificuldades com a ideia de “cabeças curvadas e olhos fechados.”)
Outros crentes ensinavam que a oração se tornava mais espiritual se você estendesse seus braços horizontalmente na posição da cruz durante a oração, imitando a posição do Cristo crucificado.
Ajoelhamo-nos? Prostramo-nos? Levantamos as mãos – lavadas ou não?
A controvérsia em relação à postura na oração se arrastou por mais de cem anos, até que o Concílio de Nicéia declarou que a oração congregacional deveria ser oferecida com todos de pé.
- Quarto, se as Escrituras encorajam determinada prática, não a ignore.
Descubra mais e mais nas Escrituras; estude as implicações. Talvez Deus esteja tratando de alguma mudança necessária em sua vida.
- Quinto, se as Escrituras ensinam certa coisa, não tente viver sem ela.
Não tente viver sem ela!
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 08/06/1997
© Copyright 1997 Stephen Davey
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