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A Última Ceia da Babilônia

A Última Ceia da Babilônia

A Última Ceia da Babilônia

Daniel 5

Introdução

Recentemente, li a seguinte história sobre um missionário da missão “Navegadores” que seguiu a direção de Deus e foi para a Uganda e iniciou um ministério. Após muita oração e conversa, ele e sua esposa se convenceram de que Deus queria que se mudassem para lá e começassem o trabalho do zero. Então, foram para o Quênia, onde deixou sua família num hotel e pegou um jipe para atravessar a fronteira e entrar na Uganda.

O missionário não fazia ideia do que encontraria ali. Ele disse ao autor que registrou esta história que, quando chegou ao vilarejo onde planejava passar seu primeiro dia, se deparou com várias crianças atirando com armas automáticas ao céu escuro. Enquanto dirigia, elas apontaram suas armas em sua direção e o encararam. Naturalmente, ele começou a se perguntar se Deus realmente estava de acordo com sua decisão.

Após um dia demorado e cansativo de exploração, ele estacionou o jipe num hotel sombrio e mal iluminado. O recepcionista falava pouco inglês, mas tinha um quarto disponível. O missionário subiu dois lances de escadas, abriu a porta, acendeu a luz e viu que o quarto tinha duas camas: uma arrumada e outra já desarrumada. Imediatamente, pensou: “Hum... estou dividindo este quarto com outra pessoa,” e sentiu um calafrio subindo em sua espinha.

Ele conta:

Caí de joelhos e exclamei: “Senhor, estou com medo; estou num país que não conheço, numa cultura totalmente estranha a mim e não faço ideia de quem é a pessoa dormindo no mesmo quarto que eu. Por favor, mostre-me que tu estás no meio dessa mudança de nossa família para cá.”

Logo que terminei de orar, a porta se abriu e lá estava um nativo da Uganda, de 1,95 metro, olhando para mim com a testa franzida. Em seguida, com um inglês britânico perfeito, disse: “O que você está fazendo em meu quarto?” “Estou com uma organização missionária chamada Navegadores.” “Navegadores?!” reagiu o homem. Daí, com um grande sorriso no rosto, pegou uma pilha de cartões para memorização das Escrituras, apontou com o dedo na parte de baixo da pilha e disse: “Olhe só—Navegadores, Colorado, Estados Unidos. Você é desse lugar?” Respondi: “Sou sim... mas tenho orado para mudar para a Uganda e iniciar um trabalho da nossa missão aqui.” Aquele homem enorme disse: “Já faz 2 anos que tenho orado para que alguém de sua missão venha para o meu país.” Ele me abraçou, me levantou e dançou no quarto, rindo de alegria. Esse crente ugandês se tornou meu aliado mais próximo. Ele nos ajudou a encontrar um lugar para morar, a aprender a língua e até se tornou membro do conselho da missão Navegadores na Uganda.

Que história maravilhosa, não é?

Foi impossível não pensar num outro servo fiel de Deus, um adolescente que, neste caso, foi levado para outro país contra sua vontade e não recebeu abraço nenhum no seu primeiro dia. Entretanto, porque confiou em Deus, tornou-se um dos maiores missionários a uma sociedade pagã. Seu nome: Daniel.

Quando o vimos pela primeira vez, ele tinha cerca de 15 anos de idade e arriscou sua vida ao recusar comer no refeitório do palácio real. Apesar de estar em outro país, de não saber o que aconteceria e de ter feito orações em desespero, ele recusou virar as costas para seus princípios morais e fé. Sua confiança no Senhor ficou evidente não somente para o rei e seus oficiais, mas ele e seus três amigos chegados se destacaram entre todos os demais exilados judeus, os quais rapidamente adotaram os costumes babilônios. Pouco tempo depois, Daniel, ainda adolescente, é promovido a um posto no governo entre os principais líderes da Babilônia.

Da próxima vez que Daniel aparece em cena é em Daniel 2–3, onde ele está com pouco mais de 30 anos, quando interpreta um sonho do rei Nabucodonosor. Ao fornecer a interpretação, ele profetiza o futuro dos reinos que governariam a terra. Após esse ato que revelou sabedoria e entendimento dados por Deus, Daniel foi promovido à posição equivalente a de um primeiro-ministro.

Essa, a propósito, é uma experiência um tanto empolgante. Você está num país estrangeiro, servindo o poderoso imperador e é promovido à posição de segundo no comando, e isso dentro de somente 15 anos.

Daniel, todavia, não abandonou suas convicções ou fé nessa ascensão meteórica. Na verdade, 20 anos depois, começa o relato do capítulo 4 e, mais uma vez, Nabucodonosor tem um sonho com péssimo significado. Mas descobrimos que Daniel, agora com 50 anos de idade, não mudou nada. Ainda fiel em revelar a Palavra de Deus, ele diz ao rei qual é a má notícia da vez e o desafia a se arrepender e seguir a Deus. Sua honestidade poderia ter custado sua vida, ou pelo menos sua carreira, mas ele contou a verdade mesmo assim. Assim como predito, Nabucodonosor perde a sanidade por 7 anos quando Deus o humilha. No fim, o rei humilhado compreende e crê na mensagem que Daniel vinha há anos pregando.

Com esse pano de fundo histórico, começa o capítulo 5. Logo no verso 1, descobrimos que existe outro rei reinando na Babilônia. Isso porque os eventos narrados no capítulo 5 ocorrem cerca de 30 anos após os acontecimentos do capítulo 4. Eruditos estimam que Daniel já tem em torno dos 80 anos de idade na época do capítulo 5.

No verso 1, somos apresentados a esse novo rei, um homem chamado Belsazar. Nabucodonosor desapareceu sem deixar rastros na narrativa bíblica. Isso acontece porque Deus acelera a fita para nós. Ele nos mostrou o princípio do Império babilônio sob Nabucodonosor e agora, 75 anos depois, ele nos mostra o último ato do último regente babilônio. E o último ato é, na verdade, uma última refeição.

Contudo, antes de irmos para essa última ceia da Babilônia, deixe-me apresenta-lo a esse jovem rei chamado Belsazar. Por várias décadas, os liberais e críticos usaram esse rei como evidência principal para provar que o livro de Daniel é historicamente incorreto. Mas isso até a década de 1920, quando arqueólogos escavaram documentos babilônios que revelavam a historicidade de Belsazar e seus antepassados.

As descobertas revelaram que o filho de Nabucodonosor (Amel-Marduque) começou a reinar após a morte de seu pai. Apesar de Nabucodonosor ter reinado por 43 anos, seu filho reinou por apenas 2 antes de ser assassinado por seu cunhado. Depois de reinar por 4 anos, o assassino, Neriglissar, morreu e seu filho, Labashi-Marduque, assumiu o trono. Ele não passava de um garoto quando começou a reinar e, tragicamente, foi espancado à morte por conspiradores que instituíram no trono o indivíduo de sua escolha. E o indivíduo que escolheram foi Nabonido, o qual tinha se casado com a filha de Nabucodonosor. Ele reinaria até o final do Império Babilônio.

Evidentemente, o povo queria algum tipo de conexão com o grande rei Nabucodonosor e com os dias gloriosos da Babilônia. Nabonido não gostava muito de ficar na Babilônia. Na realidade, não fazia bem para a sua saúde; por isso, construiu um palácio na Arábia. Por causa de sua ausência, ele nomeou seu filho para ser seu corregente e o colocou no trono na capital da Babilônia, e o nome de seu filho acontece de ter sido Belsazar. Belsazar tinha em torno dos 14 anos quando seu avô morreu. Ele ouviu a história da loucura de seu avô e o testemunho de sua conversão ao Deus de Israel. Isso voltará para assombrá-lo; chegaremos lá daqui a pouco.

Outra coisa que precisamos esclarecer é que, pelo fato de Belsazar ser descendente direto de Nabucodonosor—sendo filho de sua filha—ele podia se referir a Nabucodonosor como pai, algo comum naquela cultura oriental. O termo denota simplesmente antepassado. Nós fazemos a mesma coisa no sentido espiritual; falamos da fé de nossos pais, isto é, nossos progenitores espirituais.

Então, com esse pano de fundo, somos inseridos imediatamente numa bela sala onde um banquete abundante é oferecido numa festa. E nenhum dos convidados—ninguém—sabe que esta será sua última refeição. Assim como nós, que também não sabemos quando comeremos nossa última refeição. Mas podemos nos preparar melhor, bem melhor, do que Belsazar.

Veja Daniel 5.1–2:

O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus grandes e bebeu vinho na presença dos mil. Enquanto Belsazar bebia e apreciava o vinho, mandou trazer os utensílios de ouro e de prata que Nabucodonosor, seu pai, tirara do templo, que estava em Jerusalém, para que neles bebessem o rei e os seus grandes, as suas mulheres e concubinas.

Agora, esse detalhe por si só já é alarmante. Primeiramente, mulheres geralmente não banqueteavam junto com os homens. Talvez você lembra que Vasti e as mulheres realizavam um banquete particular enquanto o rei se embriagava com seus nobres. Para muitos eruditos no Antigo Testamento, a presença de todas essas mulheres confirma que esse banquete não passava de uma festa de orgia. Sabemos pela história que Belsazar tinha 36 anos nessa época. Ele era depravado, idólatra, imoral, ímpio e egoísta. Afinal, ele era rei.

Escavações arqueológicas nos informam que uma sala de banquete como esta era enorme; imagine ter lugar para sentar mil líderes políticos e militares, além de centenas de mulheres. A sala era sustentada por colunas esculpidas no formato de elefante; cada pilastra tinha 6 metros de altura e sustentava o teto. As mesas eram feitas no formato de ferradura; todos os nobres e líderes da Babilônia se sentavam ao redor juntamente com suas esposas. Pavões adestrados, usando arreios feitos de prata e ouro, arrastavam ao redor da sala miniaturas de carruagens cheias de taças de vinho. Servos treinados serviam as massas enquanto meninas dançavam numa plataforma elevada. Todos eles estavam alheios ao fato de que, dentro de poucas horas, seu reino terminará e todos estarão mortos.

Que retrato perfeito da humanidade perdida; que imagem trágica de nosso mundo hoje! Nossa própria sociedade é imoral, comprometida com os ídolos de sua fabricação pessoal, viciada no prazer e entretenimento, egocêntrica, rebelde, vive bêbada, em festa e fornicando, aproximando-se cada vez mais de um precipício, até que arrebenta a barreira de proteção e cai para uma eternidade de perdição. 6360 pessoas morrerão no planeta antes de eu terminar esta mensagem; 152 mil morrerão antes de você ir para a cama hoje à noite. A qualquer momento, o vale da sombra da morte se parecerá mais com uma avenida principal em horário de pico. Quantos indivíduos nesta festa da Babilônia pararam para pensar: “Hum... talvez esta seja minha última refeição”?

Agora, Belsazar fica entediado com o banquete; ele quer fazer uma declaração forte e profunda. No verso 3, vemos repetido por questão de ênfase:

Então, trouxeram os utensílios de ouro, que foram tirados do templo da Casa de Deus que estava em Jerusalém, e beberam neles o rei, os seus grandes e as suas mulheres e concubinas.

A princípio, podemos ficar com a impressão de que Belsazar apenas blasfema ao beber nos utensílios do templo do derrotado Deus de Israel. Ele blasfema, de fato. Mas existe mais envolvido nisso.

Segundo fontes históricas, o exército do rei Ciro—rei do Império Persa que derrotará a Babilônia nesta mesma noite—já cercou a Babilônia. Na verdade, já faz quatro meses que os soldados acamparam do outro lado dos muros da cidade.

Belsazar não somente glorifica seus deuses de ouro e prata e não somente blasfema o Deus de Israel, ele também diz, com efeito: “Você só serve para segurar meu vinho, nada mais!” Com isso, ele dá um passo a mais.

Mais adiante, Daniel mencionará que Belsazar sabia da loucura e da conversão de seu avô a Deus; Belsazar sabia que, na profecia, a Babilônia estava para cair para a Pérsia. Neste exato momento, ele está cercado pelo exército persa e cospe na cara de Deus: “É isto o que eu penso sobre sua profecia, sobre a predição por meio do profeta de que a Babilônia será conquistada pelo Império Medo-Persa. Você não pode me vencer!” Apesar de o exército da Babilônia ter sido derrotado recentemente e de todos os nobres, soldados e cidadãos importantes terem sido encurralados dentro da cidade, Belsazar conduz todos eles num coro em uníssono para menosprezar a profecia da derrota.

Os babilônios tinham todo motivo para se gloriar. A muralha externa tinha em torno de 25 metros de espessura e era cercada por um fosso—vala funda. Se um valente conseguisse escalar a muralha, quando caísse do outro lado se depararia com ainda outra muralha. Entre as duas muralhas, o invasor seria facilmente morto, já que sobre a muralha interior havia 100 zonas fortificadas das quais soldados atiravam suas flechas, e algumas dessas zonas tinham quase 100 metros de altura.

As muralhas dessa cidade nunca tinham sido rompidas antes. E os moradores também não podiam ser encurralados para morrer de fome e sede dentro da cidade por meio de um cerco. O rio Eufrates atravessava vários pontos da cidade, fornecendo suprimento infinito de peixe e água fresca. Portões enormes de ferro tinham sido projetados para afundar no rio nos pontos em que a água corria por debaixo das muralhas em direção à cidade. Historiadores contam que a Babilônia havia estocado grãos suficientes para alimentar sua população inteira por 20 anos.

Por esses motivos, apesar de os persas estarem cercando a cidade há 4 meses, Belsazar e seus nobres podem banquetear durante a noite. Agora, sua arrogância manda trazer os utensílios pertencentes ao Deus que ousou predizer sua derrota—“A Babilônia não será derrotada pela Pérsia. Somos invencíveis!”

Foi aí que algo aconteceu. Veja os versos 5–6:

No mesmo instante, apareceram uns dedos de mão de homem e escreviam, defronte do candeeiro, na caiadura da parede do palácio real; e o rei via os dedos que estavam escrevendo. Então, se mudou o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos batiam um no outro.

Enquanto o povo banqueteia e se prostitui, uma mão imaterial simplesmente aparece e começa a escrever na parede. Lemos que o rei arrogante e presunçoso perde o controle. A expressão as juntas de seus lombos se relaxaram é uma maneira de dizer que ele perdeu o controle de seu intestino. Seus joelhos tremem e seus pensamentos ficam alarmados. Por que? Porque apesar de não poder ler o que está escrito, o rei sabe muito bem que somente um ser divino poderia fazer aquilo.

Em seguida, lemos no verso 7:

O rei ordenou, em voz alta, que se introduzissem os encantadores, os caldeus e os feiticeiros; falou o rei e disse aos sábios da Babilônia: Qualquer que ler esta escritura e me declarar a sua interpretação será vestido de púrpura, trará uma cadeia de ouro ao pescoço e será o terceiro no meu reino.

Mais uma vez, os sábios caldeus decepcionam a coroa. Você percebeu que no decorrer do livro eles nunca conseguem interpretar nada? É porque o homem natural não pode compreender as cosias do Espírito de Deus, pois elas se discernem espiritualmente (1 Coríntios 2.14).

É neste momento que a rainha-mãe—mais provavelmente a filha de Nabucodonosor e mãe de Balsazar—ouve a comoção e entra na sala de banquete. Acho interessante que ela não está na sala festejando com os demais. E com base em seu testemunho sobre Daniel, ela possivelmente crê no Deus de Israel, assim como seu pai antes dela. A rainha-mãe diz no verso 11:

Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; nos dias de teu pai, se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria como a sabedoria dos deuses; teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos caldeus e dos feiticeiros,

A propósito, as duas frases espírito dos deuses e sabedoria dos deuses podem ser traduzidas como “espírito de Deus” e “sabedoria de Deus,” respectivamente. A tradução dessas frases por si só já exige uma interpretação do texto por parte dos tradutores. A maioria deles supõe que a rainha-mãe não seja crente, por isso traduzem as frases dessa forma, com conotações pagãs.

Eu creio que ela era discípula da fé de Daniel. Para começar, ela não participa desse fiasco de bebedice e idolatria; além disso, ela entra agora no salão somente para apresentar o filho a Daniel. E perceba como ela insiste em chama-lo por seu nome hebreu. Continue no verso 12:

porquanto espírito excelente, conhecimento e inteligência, interpretação de sonhos, declaração de enigmas e solução de casos difíceis se acharam neste Daniel, a quem o rei pusera o nome de Beltessazar; chame-se, pois, a Daniel, e ele dará a interpretação.

Como eu gostaria de saber um pouco mais sobre o testemunho dessa mulher que tira Daniel de sua aposentadoria e o introduz novamente no palácio. Josefo, o historiador judeu do século primeiro d.C., escreveu que o rei não queria mais ouvir coisa alguma da boca do velho profeta; por isso, a mãe teve que implorar que o rei mandasse trazer Daniel.

Não é interessante que, mesmo quando a pessoa entra em contato com um evento sobrenatural inexplicável, ela prefere a explicação de outro pagão ao invés de alguém que crê no Deus de Israel? É por isso que os ímpios correm para todos os lados, menos para o crente e para a verdade da Bíblia. Eles talvez buscam o crente e a Bíblia quando se veem em total desespero e sem respostas.

Enfim, Daniel finalmente chega, entra na sala de banquete e o rei pergunta no verso 13: És tu aquele Daniel, dos cativos de Judá, que o rei, meu pai, trouxe de Judá? Por que perguntar? Ele já sabe que esse é Daniel, do exílio. Um erudito no Antigo Testamento afirmou que essa pergunta de Belsazar pode ser traduzida da seguinte forma: “Bom, então quer dizer que você é Daniel um dos exilados de Judá que meu pai trouxe de lá?”

Podemos até ouvir o sarcasmo e escárnio no seu tom de voz. “Hum... então você é o judeu exilado derrotado por meu pai, não é? É o seguinte, Daniel: se você conseguir interpretar esta mensagem na parede, serás vestido de púrpura, terás cadeia de ouro ao teu pescoço (essa corrente de ouro só podia ser usada se fosse presenteada pelo rei e era sinônimo de grande orgulho) e serás o terceiro no meu reino (v. 16).” Por que terceiro? Porque Nabonido era o primeiro, apesar de morar na Arábia; Belsazar era o segundo, coreinando na Babilônia. Daniel seria o terceiro.

Gosto da resposta de Daniel no verso 17:

Então, respondeu Daniel e disse na presença do rei: Os teus presentes fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outrem; todavia, lerei ao rei a escritura e lhe farei saber a interpretação.

Fico só imaginando Daniel, de cabelos brancos com 81 anos de idade, de pé no meio de milhares de pessoas. Estão todos em total silêncio e se espantam ao ver o profeta de Deus recusando a recompensa do rei. Daniel recusa o que nobres e magos sonhavam em possuir—a roupa de púrpura dos reis, ouro, riquezas, posição e poder.

Daniel trata essas coisas como bugigangas. Por que? Ele sabia muito bem o que estava prestes a acontecer. Além disso, ele não tinha garantia alguma da parte de Deus de que estaria vivo ainda na manhã seguinte. Se a Babilônia vai ser destruída, ele supõe que morrerá com ela. Ele já tem 81 anos de idade e não trabalha mais no governo. Mais importante do que isso, ele recusou os presentes porque não podia ser comprado. Ele era o embaixador de Deus nesta terra estrangeira e ele possuía uma perspectiva eterna.

Meu amigo, quando você estiver comendo sua última refeição, não importa o que veste, quanto dinheiro tem em sua conta bancária, o que tem estacionado na garagem, quantas joias possui penduradas no pescoço ou o que diz a placa pendurada na porta do seu escritório. Nada disso importa uma hora antes de sua morte.

Por isso, Daniel—o qual, a propósito, sobreviverá—não interpreta a escrita de imediato. Antes da interpretação, ele prega uma mensagem a todos os nobres da Babilônia e, em especial, a esse jovem rei de 36 anos. A pregação de Daniel aparece do verso 18–29:

Ó rei! Deus, o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu pai, o reino e grandeza, glória e majestade. Por causa da grandeza que lhe deu, povos, nações e homens de todas as línguas tremiam e temiam diante dele; matava a quem queria e a quem queria deixava com vida; a quem queria exaltava e a quem queria abatia. Quando, porém, o seu coração se elevou, e o seu espírito se tornou soberbo e arrogante, foi derribado do seu trono real, e passou dele a sua glória. Foi expulso dentre os filhos dos homens, o seu coração foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada foi com os jumentos monteses; deram-lhe a comer erva como aos bois, e do orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que conheceu que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens e a quem quer constitui sobre ele. Tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu coração, ainda que sabias tudo isto. E te levantaste contra o Senhor do céu, pois foram trazidos os utensílios da casa dele perante ti, e tu, e os teus grandes, e as tuas mulheres, e as tuas concubinas bebestes vinho neles; além disso, deste louvores aos deuses de prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não vêem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida e todos os teus caminhos, a ele não glorificaste. Então, da parte dele foi enviada aquela mão que traçou esta escritura. Esta, pois, é a escritura que se traçou: MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM. Esta é a interpretação daquilo: MENE: Contou Deus o teu reino e deu cabo dele. TEQUEL: Pesado foste na balança e achado em falta. PERES: Dividido foi o teu reino e dado aos medos e aos persas. Então, mandou Belsazar que vestissem Daniel de púrpura, e lhe pusessem cadeia de ouro ao pescoço, e proclamassem que passaria a ser o terceiro no governo do seu reino.

O que o rei está fazendo aqui? Ele simplesmente contraria tudo o que Daniel acabou de falar. Ele diz: “Isso nunca irá acontecer! Tudo bem, posso até não ter explicação para a mão, mas agora que tive tempo para pensar melhor... duvido que seremos derrotados. E irei até promove-lo, Daniel. É o seguinte: estamos cercados por uma muralha de 25 metros de espessura, temos comida e água para sobrevivermos aqui dentro da cidade por 20 anos, o rei Ciro está acampado do outro lado do muro às margens do Eufrates e sabe que não conseguirá entrar... nossos portões de ferro afundam até o leito do rio. Não irei me arrepender, nem acreditar nessa história que seu Deus tem minha vida em suas mãos. Podem beber, pessoal! Daniel, querendo ou não, desfrute de sua púrpura e de seu colar de ouro.”

O historiador grego Heródoto nos informa que os engenheiros persas tinham encontrado uma solução para penetrar na Babilônia aparentemente impenetrável. Naquela mesma noite, eles desviaram o curso do rio Eufrates em direção a um canal antigo. Com isso, o nível de água do rio baixou, ficando até a altura da cintura, e os soldados caminharam na escuridão da noite até as passagens de água nos muros da cidade, as quais os babilônios, em sua confiança, não tinham trancado com os portões de ferro. Heródoto ainda conta que os soldados entraram no palácio onde o povo dançava e festejava (ou seja, a festa foi reiniciada assim que Daniel saiu dali). O exército inimigo invadiu o salão de banquete, onde, para sua conveniência, estavam reunidos todos os oficiais militares e líderes políticos do reino da Babilônia e matou todos ali mesmo. A Bíblia não fornece esses detalhes; relata apenas no verso 30 que Naquela mesma noite, foi morto Belsazar, rei dos caldeus.

Conclusão

Quero concluir nosso estudo de hoje com três comentários concisos que são válidos para todos os reinos e indivíduos, desde a Babilônia até hoje.

  • Primeiro: o governo de Deus pode até ser invisível, mas ele ainda governa.

Paulo proclamou essa mesma mensagem aos gregos orgulhosos morando em Atenas, conforme lemos em Atos 17.26: Deus estabeleceu o limite e duração na existência de cada nação para que o busquem. Deus estabeleceu as nações para que o busquem. Toda nação que ao invés de busca-lo o exclui, ignora e o deixa de lado se encontra em sérios apuros. Mas não se engane: Deus ainda governa.

  • Segundo: o julgamento de Deus pode até demorar, mas ele ainda julga.

Em sua sabedoria, Jó disse:

Porventura, não sabes tu que desde todos os tempos, desde que o homem foi posto sobre a terra, o júbilo dos perversos é breve, e a alegria dos ímpios, momentânea? Ainda que a sua presunção remonte aos céus, e a sua cabeça atinja as nuvens, como o seu próprio esterco, apodrecerá para sempre; e os que o conheceram dirão: Onde está?

“Belsazar, você está aqui hoje mas desaparecerá amanhã. O decreto foi escrito na parede. O julgamento está a caminho. Arrependa-se, siga o Deus de seu pai Nabucodonosor e, como ele, volte seu coração para o Deus de Israel enquanto ainda tem vida.” Mas Belsazar diz, com efeito: “Não... prefiro continuar na minha festa.”

  • E terceiro: a oferta de Deus pode até ser ignorada, mas ele ainda faz uma oferta.

Deixe-me encorajá-lo hoje a receber a oferta que Deus faz para a salvação pela fé através de Cristo somente. Sua próxima refeição pode muito bem ser sua última.

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 09/12/2012

©Copyright 2012 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

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