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O Sujo Falando do Mal Lavado

O Sujo Falando do Mal Lavado

參考: Job 1–42

O Sujo Falando do Mal Lavado

O Silêncio do Céu—Parte 5

Jó 8

 

Introdução

Deus tem uma forma especial de nos relembrar de que Seus caminhos não são os nossos, e de que Seus pensamentos não são os nossos pensamentos. Com bastante frequência, Ele nos lembra disso ao revestir essa verdade nas vidas de Seus filhos e filhas. Que pode existir alegria na tristeza, contentamento na dor e confiança na tribulação é uma verdade melhor aprendida quando vista em prática nas vidas de crentes.

Você já parou para pensar que, quando Deus desejou encorajar e desafiar crentes a perceber que podem ter alegria na dor, contentamento no caos e confiança na tribulação, Deus não apresentou um tratado teológico, mas uma biografia—a qual chamamos de O Livro de Jó? O livro inteiro é dedicado ao sofrimento de um homem que vivia na terra de Uz.

É muito provável que Deus tenha colocado em sua vida pessoas que demonstraram a perseverança de Jó, que são biografias vivas da verdade de Deus. Elas deixaram marcas em sua vida, o inspiraram e o deixaram com um sentimento de culpa à luz da sua reação à vida.

Pense cuidadosamente nas coisas que essas pessoas ensinam. Pondere seriamente na maneira como sorriem e os motivos por que confiam.

Alguns dos testemunhos que mais impactaram a minha vida são de dois homens que serviram como capelães no Seminário Teológico de Dallas. Na época em que eu era aluno lá, o antigo capelão se aposentou e foi substituído por outro.

A liderança ilustre e cativante do Dr. Richard Seume na capela era um lembrete semanal a mim de que Deus era temível e de que adoração a Deus era um grande privilégio.

Como aluno, fiquei surpreso ao saber que esse líder gracioso e otimista precisava de hemodiálise várias vezes na semana por causa de problemas nos rins. Ainda me lembro de observar o Dr. Seume numa tarde caminhando pelo estacionamento do seminário em direção à clínica onde recebia o tratamento. Vestido como de costume em seu terno, de cabeça erguida e levando consigo alegria, esse homem singular vivia o que pregava, e impactou positivamente milhares de alunos.

No meu último ano em Dallas, outro capelão assumiu aquele ministério. Pense em uma pessoa positiva. Esse homem fez o Dr. Seume e todas as demais pessoas no seminário parecer que precisavam de uma injeção de adrenalina e uma boa dose de alegria e sorriso!

Seu nome era Bill Bryan e ele ainda serve como o capelão no Seminário Teológico de Dallas após vinte e poucos anos. Eu lembro de que ele gostava de conduzir os alunos em músicas e seu trompete geralmente servia de acompanhamento nos momentos de louvor na Capela Chafer. Também me lembro de sua risada alta e espírito jovial. Você nunca passava perto de Bill Bryan sem uma palavra de encorajamento e um forte aperto de mão.

Eu fui convidado a pregar para os professores e alunos na Capela Chafer daqui a alguns meses. Será um privilégio maravilhoso cantar sob a direção do capelão Bill Bryan—a única diferença é que, dessa vez, estarei no palco e sem a preocupação de passar em alguma prova de grego ou teologia.

Também fiquei surpreso quando soube do passado de Bill Bryan ao ler o comentário de Jó escrito por Charles Swindoll. Charles Swindoll tem servido como presidente e chanceler do Seminário Teológico de Dallas basicamente durante o mesmo período em que Bill Bryan tem atuado como capelão. Em seu comentário, Swindoll revelou uma realidade de bastidores e nos contou um pouco sobre a infância de Bill. Ninguém jamais imaginaria que esse seu espírito alegre poderia ter emergido de tão profunda tristeza.

Deixe-me compartilhar com você um pouco da conversa entre Swindoll e Bill na qual é revelado o que apenas poucas pessoas sabem a respeito do passado de Bill:

A história de Bill volta à época em que a depressão de seu pai o conduziu por um túnel emocional tenebroso. Na época, qualquer tipo de dificuldade emocional ou mental raramente era compartilhado, e a medicina tinha conhecimento limitado para tratar pessoas que sofriam dessa maneira.

Bill disse que se recorda de ir semana após semana ao prédio de artes médicas de Springfield, Missouri, onde pegavam o elevador até o sexto andar. Ele se sentava e aguardava com sua mãe enquanto seu pai passava por longas sessões de aconselhamento com uma equipe médica.

Como menino ainda novo, ele não entendia o que estava acontecendo. A única coisa que sabia era que seu pai estava com problemas e que o [espírito] de seu pai estava frio e desolado.

Em uma ocasião, Bill se lembra de seu pai ser trazido para fora do consultório e pedido para ficar com seu filho Bill (o qual tinha apenas quatro anos na época), enquanto a mãe foi conduzida para dentro do consultório médico. Já que a depressão de seu pai apenas piorava, eles planejavam coloca-lo no que na época era conhecido como um “asilo mental.” Infelizmente, tudo o que era dito dentro do consultório podia ser ouvido no corredor, e seu pai ouviu a conversa. Na verdade, [um dos médicos fez o comentário infeliz de que “aquele homem provavelmente nunca sairá de lá.”]

Bill disse: “Lembro-me de que, quando minha mãe saiu do consultório com vários médicos, meu pai me pegou, segurou-me bem perto dele e disse: ‘Amo você, meu filho.’ Daí ele me colocou no chão e correu e pulou pela janela de vidro do sexto andar para a morte.”

Essas são as últimas e contínuas memórias que Bill tem de seu pai.

Daquele ponto em diante, Bill foi criado primariamente por seus avós e sua tia enquanto sua mãe tentava se recuperar da terrível tragédia.

Nesse ponto, Charles Swindoll escreve exatamente o que eu senti enquanto lia essa história:

Todos nós que conhecemos esse servo de Deus feliz jamais imaginávamos que um homem como o capelão Bryan havia surgido de um começo tão triste e doloroso.

Eu concordo. Não consigo imaginar como alegria, contentamento e confiança poderiam ser as características marcantes no espírito de um homem que experimentou tanto sofrimento.

Sinceramente, quanto mais aprendo sobre o sofrimento de Jó, e quanto mais estudo as palavras dos conselheiros de Jó, mais maravilhado fico diante da perseverança e persistência de Jó, mais perplexo fico com o fato de ele não ter corrido dali. O fato de ele não ter amaldiçoado Deus e de ter ficado ali muito me admira.

Além disso, Jó tem de lidar com o silêncio do céu—Deus permanece em silêncio; não há palavra alguma vinda do alto.

Não é surpresa alguma que Tiago resumiria o testemunho desse homem da antiguidade, dizendo, Tendes ouvido da paciência de Jó (Tiago 5.11).

Como o grupo de médicos insensíveis e sem tato cujas palavras geraram desespero e falta de esperança, Jó se encontra num consultório e um médico após outro o informa do diagnóstico.

O Dr. Elifaz foi o primeiro e o vimos deixando Jó ferido e abatido. Suas palavras insinuaram que a causa de tudo era o pecado secreto de Jó, e ele sugeriu que Jó se arrependesse e colocasse seu problema diante de Deus.

O segundo médico está agora pronto para apresentar o seu prognóstico. Se você pensou que Elifaz o Elefante já esmagou Jó demais, então você ficará chocado com Bildade o Bruto. Essa é a melhor maneira que consigo descrever o seu tratamento concedido a Jó.

Vamos dar continuidade ao nosso estudo no capítulo 8 de Jó.

 

O Conselho de Bildade

O conselho de Bildade pode ser dividido em quatro partes.

  • Primeiro: “Deixe-me dizer a você quem Deus é!”—Jó 8.1–7.

Veja Jó 8.1–2:

Então, respondeu Bildade, o suíta: Até quando falarás tais coisas? E até quando as palavras da tua boca serão qual vento impetuoso?

O antigo teólogo Moffat traduz a última frase da seguinte forma, “você está usando palavras selvagens e tempestuosas.”

Enquanto Jó respondia ao conselho de Elifaz, Bildade ficou furioso e tomado de sentimento de superioridade, esperando apenas Jó terminar para ataca-lo.

Elifaz pelo menos começou com um pouco de tato quando disse em Jó 4.2: Se intentar alguém falar-te, enfadar-te-ás? Quem, todavia, poderá conter as palavras?

Bildade, porém, não agiu com sensibilidade alguma.

Duas perguntas a Jó

Imediatamente, Bildade faz duas perguntas a Jó.

  • A primeira pergunta de Bildade a Jó é simplesmente, “Quando você vai parar de falar?”

Com muita arrogância e despreocupação com seu paciente, Bildade, com efeito, chama Jó de “tagarela.”

Bildade ficou chateado porque Jó não aceitou o diagnóstico de Elifaz, o qual disse que Jó precisava se arrepender e colocar sua causa diante de Deus. Jó respondeu dizendo, “Deus parece não ser justo e a vida parece ser fútil.”

Daí, Bildade conclui que a perspectiva que Jó tem de Deus precisa ser corrigida—esse é o problema.

  • A segunda pergunta de Bildade a Jó é, “Quando você vai parar de falar mal de Deus?”

Veja Jó 8.3: Perverteria Deus o direito ou perverteria o Todo-Poderoso a justiça?

Em outras palavras, “Jó, você tem que parar de distorcer o caráter de Deus; Ele é sempre justo e reto. Então, alguém aqui deve ter pecado.”

Veja bem a brutalidade do conselho de Bildade a esse homem que se encontra em profunda tristeza diante da morte de seus filhos.

Veja Jó 8.4: Se teus filhos pecaram contra ele, também ele os lançou no poder da sua transgressão.

Ou seja, Bildade diz claramente, “Se Elifaz está errado e seus filhos não morreram porque você pecou, então está óbvio que eles morreram porque eles mesmos pecaram.”

Talvez você se lembre que essa era a grande preocupação de Jó. No capítulo 1, vemos Jó sacrificando por causa da possibilidade de seus filhos terem transgredido ao celebrarem suas festas de aniversário. Jó 1.5 nos diz que Jó oferecia ofertas queimadas cedo pela manhã por pecados intencionais de seus filhos e assim o fazia Jó continuamente.

A maior preocupação de Jó era se seus filhos estavam ou não andando com o Senhor.

Bildade sugere, “Jó, seus sacrifícios não adiantaram de nada. Você não satisfez Deus com suas ofertas queimadas a favor deles. Evidentemente, eles eram pecadores tão depravados a ponto de terem que ser entregues ao poder de suas próprias transgressões. É triste, Jó, mas não funcionou!”

Esse é um punhal enfiado no coração do pai Jó. Este é o desgosto de qualquer pai ou mãe piedoso: seus filhos se afastaram de Deus e encaram grandes consequências por causa de seus pecados. Todo pai comprometido, piedoso, que ora e se preocupa fica arrasado com o pensamento de que talvez o que fizeram não foi o suficiente.

Fico admirado que Jó não sai correndo e se joga de cima de um despenhadeiro.

Bildade diz, “Veja bem, Jó, você não pode perverter a justiça de Deus. Alguém está orando por uma imensidão de pecados.”

Em seu conselho arrogante, Bildade despacha os filhos de Jó à perdição—eles morreram em pecado e por causa de algum pecado terrível!

Daí, ele vai ainda mais além em sua arrogância e fala por Deus. Veja Jó 8.5–6:

se fores puro e reto, ele, sem demora, despertará em teu favor e restaurará a justiça da tua morada. O teu primeiro estado, na verdade, terá sido pequeno, mas o teu último crescerá sobremaneira.

Ou seja, “Jó, conheço tudo sobre Deus. Pode confiar em mim, sei o que Deus fará se você apenas seguir meu conselho.”

Então, primeiro Bildade diz, “Deixe-me dizer a você quem Deus é!”

Na segunda parte do seu conselho, Bildade fornece prova de que sabe bem o que está falando.

  • Segundo: “Veja no que nossos pais criam!”—Jó 8.8–10.

Veja Jó 8.8:

Pois, eu te peço, pergunta agora a gerações passadas e atenta para a experiência de seus pais;

E pule para o verso 10:

Porventura, não te ensinarão os pais, não haverão de falar-te e do próprio entendimento não proferirão estas palavras:

Bildade sugere que todos os antepassados concordariam com os conselheiros de Jó e testemunhariam que o justo não sofre e que Deus pune apenas os pagãos.

“Além disso, Jó,” diz Bildade no verso 9:

Nós nascemos somente ontem; não sabemos nada e a vida é curta demais mesmo para entendermos tudo (parafraseado).

Em outras palavras, “Não vivemos o suficiente para aprender o suficiente a fim de nos preparar para a vida.”

De certa forma, isso é verdade. Quando aprendemos o suficiente sobre criação de filhos a fim de fazermos um bom trabalho, os filhos já são adultos. Esse é um dos motivos por que aguardamos ansiosamente para sermos avós: temos experiência e podemos compensar os erros nos filhos com os netos.

Um tempo atrás, li a seguinte frase, “Experiência é o pente que recebemos depois que ficamos careca.”

Stephen Pile escreveu um livro intitulado, O Livro dos Fracassos. No livro, ele conta uma história interessante de quando o exército britânico assumiu o serviço dos bombeiros em 1978. Eles não tinham experiência, e isso ficou evidente. No dia 14 de janeiro, eles receberam o chamado de uma senhora no sul de Londres pedindo que eles resgatassem seu gato. Eles chegaram com rapidez impressionante, resgataram o gato cuidadosamente e com bastante habilidade e entraram no caminhão para ir embora. Mas a senhora ficou tão grata por aquilo que convidou os homens para uma xícara de chá. Mais tarde, quando estavam de saída com o caminhão e se despedindo da senhora acenando com os braços, eles atropelaram o gato e o mataram. Que vexame!

Alguém escreveu, “Experiência é o que se precisa para reconhecer um erro da segunda vez em que você o comete.”

Outro ainda disse, “O problema em se aprender com a experiência é que a mensalidade é alta demais.”

Bildade diz, “Jó, você pensa que sabe alguma coisa sobre Deus, a vida, sofrimento e tribulações? Você não sabe de nada. Você pensa que está passando por uma experiência única? Isso já é algo velho, amigo. Seus pais conheceram bem isso e seus antepassados também—esse julgamento é resultado de pecado.”

Toda a experiência das eras comprova: alguém pecou!

Deixe-me dizer quem Deus é!

Veja bem no que nossos pais criam!

E Bildade continua, “Quer mais evidência do que isso, Jó?”

 

  • Terceiro: “Veja o que a natureza ensina!”—Jó 8.11–19.

Essa terceira parte do conselho de Bildade começa em Jó 8.11 com três ilustrações vindas da própria natureza: Pode o papiro crescer sem lodo? Ou viça o junco sem água?

A resposta óbvia é, “Não.” E Bildade continua dizendo nos versos 12 e 13, “porque, sem água, eles secam; Jó, você é uma planta de papiro. Por um tempo, sua aparência era boa, mas a água evaporou. Jó, você está secando e morrendo porque se esqueceu de Deus.”

Bildade ainda diz no verso 14, “Além disso, Jó, uma teia de aranha tem uma aparência incrível, mas tente se apoiar nela que você cairá. Pensávamos que você era alguma coisa, mas está caindo porque sua força era apoiada por uma teia de aranha frágil.”

Finalmente, em Jó 8.16 e 18, Bildade diz, “Veja o junco, ele cresce sob o sol e suas raízes se espalham pelo jardim. Quando é arrancado, ele nega, dizendo, ‘Nunca te vi.’”

Ou seja, as folhas e as raízes apodrecem e somem totalmente, não deixando evidência alguma de que esteve no jardim.

O professor Bildade o Bruto diz, “Jó, preste atenção. Tenho três parábolas para você:”

  • Sua água acabou e você está secando.
  • Seu apoio era uma teia de aranha e você está caindo.
  • A planta que Deus arrancou é você, e toda a evidência de que você existiu está sumindo.

Veja o que a natureza nos ensina sobre a justiça de Deus e a pecaminosidade de Jó.

Muito obrigado, Bildade o Bruto!

Um dos incidentes de guerra mais esquisitos que li foi sobre a prisão, julgamento e sentença de um soldado americano durante a Segunda Guerra Mundial. Ele não atirou no inimigo, nem traiu seu país; ele apenas serviu de desencorajamento em um momento crítico na batalha. O destino de sua companhia estava por um fio e toda noite ele saía proferindo palavras de desencorajamento para as tropas em serviço: [“Não vamos sobreviver... seremos todos mortos... Essa guerra já era...,” etc.] A corte marcial julgou como um crime proferir palavras de desencorajamento em momentos tão críticos. Ele foi sentenciado a um ano de prisão militar.

Bildade também deveria ter sido preso!

No momento mais crítico da vida de Jó—sob fogo de guerra—Bildade chega apenas para proferir palavras de desencorajamento. Ele acusou Jó de ser um tagarela; mas, deixe-me dizer uma coisa, o tagarela aqui é Bildade, não Jó.

O que vemos aqui é o sujo falando do mal lavado!

O sujo não tem razão nenhuma—ele está tão coberto de lama quanto o mal lavado. Essa é a pessoa com um tronco no olho que acusa o outro de ter um cisco. Que hipocrisia cega!

Bildade é o tagarela, não Jó. Bildade é quem não para de usar a língua:

  • Deixe-me dizer quem Deus é!
  • Veja no que nossos pais criam!
  • Veja o que a natureza ensina!

Finalmente, Bildade chega à quarta parte de seu conselho.

  • Quarto: “Pense no que o aguarda adiante!”—Jó 8.20–22.

Veja Jó 8.20: Eis que Deus não rejeita ao íntegro, nem toma pela mão os malfeitores.

Novamente, a equação de Bildade, assim como a de Elifaz é: pecado é igual a sofrimento.

“Jó, porque você está sofrendo, você está em pecado.”

“Como sabemos?” Deus não rejeita ao íntegro.

Simplesmente, é assim que as coisas funcionam!

Bildade diz em Jó 8.21, “Então, Jó, confesse logo seu pecado; se confessar, veja bem o que o espera adiante:” Ele te encherá a boca de riso e os teus lábios, de júbilo.

Em outras palavras, “Pode confiar em mim, Jó. Faça o que eu disser e logo logo você estará sorrindo!”

Quanta arrogância! Quanta falta de sensibilidade! Sorriso é a coisa mais distante do coração de Jó nesse momento. Na verdade, Jó está convencido de que nunca mais sorrirá novamente.

Bildade é como o médico que diz a um paciente com apendicite aguda que ele deveria se esforçar para não sentir tanta dor.

Mais uma vez, fico admirado que Jó não se levantou e saiu correndo.

Para aqueles que desejam analisar o falso conselho desse homem, ou o que podemos chamar de as brutalidades de Bildade, veja o seguinte:

  • A arrogância de Bildade o conduziu a uma abordagem cruel;
  • A falta de piedade de Bildade gerou uma séria falta de perspectiva;
  • O conselho presunçoso de Bildade ofuscou correção graciosa.

Análise do Conselho de Bildade

Vamos analisar as várias palavras de Bildade a Jó a fim de aprendermos algumas lições. Assim como Elifaz, muito do que Bildade disse é verdade, mas suas palavras transmitiram meias-verdades, verdades incompletas que pareciam ter discernimento, mas levaram ao erro.

Vamos começar com uma declaração falsa de Bildade.

  • A vida é curta demais para se tornar sábio.

Bildade propôs em Jó 8.9, “A vida é curta (e isso é verdade), você não tem tempo suficiente para adquirir sabedoria—especialmente em uma idade nova (isso é mentira).”

Salomão, outro homem sábio do oriente, com a direção da sabedoria de Deus, aconselhou com as seguintes palavras em Provérbios 2. 1, 6, 10:

Filho meu, se aceitares as minhas palavras e esconderes contigo os meus mandamentos… Porque o SENHOR dá a sabedoria, e da sua boca vem a inteligência e o entendimento… a sabedoria entrará no teu coração, e o conhecimento será agradável à tua alma.

Em Provérbios 8.15–17, a sabedoria diz:

Por meu intermédio, reinam os reis, e os príncipes decretam justiça. Por meu intermédio, governam os príncipes, os nobres e todos os juízes da terra. Eu amo os que me amam; os que me procuram me acham.

Não ficamos velhos a fim de ficarmos sábios.

Paulo disse a Timóteo com confiança que ele não deveria se envergonhar de sua juventude, mas se tornar exemplo na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza.

Em outras palavras, o jovem Timóteo podia demonstrar sabedoria—a aplicação da verdade à vida prática.

Não precisamos ser velhos para ser sábios.

Vamos ver outra declaração falsa de Bildade.

  • Apenas os perfeitos podem se aproximar de Deus.

Bildade desafia Jó a chamar a atenção de Deus ao se purificar antes de se aproximar de Deus (Jó 8.6).

Esse conselho pode ser devastador para alguém que está desesperadamente tentando entender por que Deus parece não estar ouvindo suas súplicas.

Esse conselho deu origem a ordens monásticas, asceticismo, autoflagelação, penitência, purgatório e uma miríade de outros erros.

“Você precisa se ajeitar antes de andar com Cristo” é um ensino falso; seu lugar é no montão de cinzas junto com Bildade. Não buscamos perfeição a fim de chamar a atenção de Deus.

Jesus Cristo disse em Mateus 9.12, “Os sãos não precisam de médicos, mas os doentes.”

Se precisamos de uma consulta com o Supremo Médico, a única coisa que precisamos entender é que estamos doentes e necessitados.

Bildade o Desencorajador continua. Então, vejamos mais uma declaração falsa.

  • As coisas são do jeito que sempre foram.

Ou seja, “Jó, o passado determina o presente.”

Bildade disse, “Por favor, Jó, aprenda com as dicas das gerações passadas” (Jó 8.8).

“Se serviu para os nossos antepassados, então serve para nós também” é a mesma afirmação falsa que desencoraja igrejas e impede crescimento.

Essa é a pessoa que diz, “Nunca fizemos desse jeito antes,” como se existe algo de pecaminoso em tentar algo novo pela primeira vez.

Warren Wiersbe escreveu, “Deus nunca projetou o passado para servir de estacionamento. Deus deseja que o passado seja um local de lançamento.”

A verdade é que certas coisas do passado devem ser esquecidas.

Paulo, evidentemente, pensou dessa forma ao escrever em Filipenses 3.13–14:

…esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.

Vamos analisar mais uma declaração do arrogante, presunçoso e egocêntrico Bildade o Bruto.

  • Sempre recebemos o que merecemos.

Veja as palavras de Bildade em Jó 8.20: Eis que Deus não rejeita ao íntegro, nem toma pela mão os malfeitores.

Segundo Bildade, não há exceção a essa regra.

De fato, existe verdade no princípio de que colhemos o que semeamos. Contudo, existem exceções finais.

Nós somos a exceção, pela graça de Deus! Nós somos a exceção porque merecemos o inferno. Todavia, fomos redimidos por Cristo, o qual Ele mesmo foi uma exceção, recebendo em Seu corpo o castigo pelos nossos pecados. Como lemos em 1 Pedro 2.24:

...carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que... vivamos para a justiça...

Ele recebeu aquilo que não merecia para que recebêssemos aquilo que não merecíamos.

Bildade disse: Deus não rejeita ao íntegro.

Ah, mas Ele rejeitou, porque Cristo, o inocente, foi abandonado pelo Pai. Porque Ele foi abandonado, nós podemos ser perdoados.

Bildade, a graça abriu uma eternidade de exceções. Nós somos algumas delas hoje. Até mesmo agora, Cristo é a resposta final.

Um homem da região de Dundee, Escócia, no final dos anos de 1800, ficou confinado à sua cama por quarenta anos após ter quebrado seu pescoço em uma queda quanto tinha apenas quinze anos. Contudo, seu espírito permaneceu sadio, e seu ânimo e coragem inspiraram tanto as pessoas que havia sempre visitantes indo visita-lo.

Um dia, um visitante lhe perguntou, “Satanás nunca o tenta a duvidar de Deus?”

“Ah, sim,” respondeu o homem, “ele tenta sim. Eu fico aqui deitado vendo meus antigos colegas de escola dirigindo suas carruagens e Satanás sussurra em meu ouvido, ‘Se Deus é tão bom assim, por que Ele o tem confinado a essa cama todos esses anos? Por que Ele permitiu que seu pescoço quebrasse?’”

O visitante, então, perguntou, “O que você faz quando Satanás sussurra esse tipo de coisa?”

O homem respondeu, “Ah, eu o levo ao Calvário, lhe mostro Cristo e digo, ‘Está vendo? Ele realmente se importa comigo.’”

Bildade, você está errado—graças a Deus.

  • Não precisamos ser perfeitos para nos aproximar de Deus.
  • Não precisamos ser velhos para ser sábios.
  • As coisas nem sempre são do jeito que sempre foram.
  • Um dia, nós que cremos em Cristo somente pela fé, receberemos algo que jamais merecemos.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 29/04/2007

© Copyright 2007 Stephen Davey

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