
O Dia após Sua Morte
O Dia após Sua Morte
O Silêncio do Céu—Parte 7
Jó 11–14
Introdução
Recentemente, a revista Christianity Today trouxe entrevistas com pessoas muito idosas. Confesso que minha definição de “idoso” está sempre mudando!
Perguntaram a uma senhora de 102 anos quais eram alguns benefícios da idade. Ela pensou por um momento e disse, “Bom, uma coisa é certa, não sofro pressão de colegas.”
Outra senhora que foi entrevistada era, na época, a pessoa mais velha na terra; ela estava com 120 anos. Apesar da idade, ela ainda estava cheia de energia. Pediram que ela descrevesse sua visão do futuro. Ela respondeu, “Bem curto.”
Gosto muito da determinação de outra senhora que foi entrevistada. Ela nunca se casou e pediu que seu pastor lhe assegurasse de que não haveria ninguém para carregar seu caixão. Ele perguntou, “Mas por que você me pediria isso?”
Ela respondeu, “Eles não me levaram para sair quando estava viva, então também não vou deixa-los me levar embora quando eu morrer.”
Sinceramente, para a maioria das pessoas, a conversa sobre a morte não é tão engraçada, não é verdade?
De fato, cada vez mais pessoas têm se convencido de que, de alguma forma, conseguirão enganar a morte.
Um artigo publicado em fevereiro de 2006 trouxe a notícia de que pelo menos doze americanos multimilionários planejam, agora, voltar depois à vida para uma vida ainda melhor. Eles estão tão confiantes com o progresso da ciência e medicina que até já organizaram tudo a fim de que seus corpos sejam congelados com líquido criogênico. Eles até criaram um “fundo para reavivamento pessoal” designado não somente para garantir, mas também para expandir sua riqueza a fim de que ela espere por eles no banco quando forem ressuscitados dentro de 100 ou 200 anos.
Um milionário chamado David Pizer, de 64 anos de idade, foi entrevistado alguns meses atrás. Ele disse que os dez milhões de dólares que deixou para si mesmo—após todos os juros e montantes que forem acumulando no decorrer dos anos—fariam dele o homem mais rico do mundo quando ressuscitasse.
Na realidade, eu não culpo esse descrente. Existe algo no coração do homem que crê que a vida não termina.
Em seu livro intitulado Céu, Randy Alcorn fala sobre o sentimento inato e intuitivo que o ser humano tem de que viverá eternamente em algum lugar. Os aborígenes australianos retratam o céu como uma ilha distante além do horizonte ocidental. Os antigos mexicanos e peruanos e polinésios criam que iriam para o sol ou a lua após a morte. Índios americanos acreditavam que, no além, seus espíritos caçariam os espíritos dos búfalos. A lenda babilônica da antiguidade chamada a Epopeia de Gilgamesh se refere a um lugar de repouso dos heróis e até dá a entender que haverá uma árvore da vida. Os romanos criam que os justos fariam um piquenique nos campos de Elísia, enquanto seus cavalos estivessem pastando próximo.
É verdade, conforme a Palavra de Deus afirma em Eclesiastes 3.11, que Deus pôs a eternidade no coração do homem.
No decorrer da história, um dos temas comuns do coração humano é a curiosidade inerente a respeito da vida após a morte.
A pergunta não é tanto, “Iremos viver eternamente?” mas, “Onde viveremos eternamente?”
Deixe-me pergunta-lo da seguinte forma, “O que acontecerá a você no dia depois que você morrer?” Enquanto sua família estiver fazendo os preparativos para o seu funeral, o que você estará experimentando?
Essas são as mesmas perguntas apresentadas pelo livro mais antigo no registro bíblico. Jó fez as mesmas perguntas sobre a vida após a morte. Ele foi levado a fazer essas perguntas por causa de um dilema óbvio: ele pensava que sua vida terminaria em breve.
O Terceiro Conselheiro de Jó: Zofar
Temos visto que os amigos de Jó estão tornando os últimos dias de Jó ainda mais miseráveis. Abra sua Bíblia em Jó 11, onde o último dos três conselheiros de Jó se levanta para falar. Quero rapidamente observar a conversa deles antes de lidar mais detalhadamente com as perguntas que Jó faz sobre a vida após a morte.
Eruditos bíblicos concordam que Zofar é possivelmente o mais novo, já que ele é o último a falar.
Veja Jó 11.1–2:
Então, respondeu Zofar, o naamatita: Porventura, não se dará resposta a esse palavrório? Acaso, tem razão o tagarela?
E veja o verso 5: Oh! Falasse Deus, e abrisse os seus lábios contra ti.
Obviamente, Zofar carece da cortesia de Elifaz que o levou a se desculpar antes de falar. E Zofar não tem a covardia de Bildade que se esconde atrás das tradições.
Com Zofar é assim: um ataque frontal e direto. Zofar o Zelote não segura nenhum golpe. Assim como os outros dois homens, ele está convencido de que Jó está sofrendo porque pecou contra Deus.
É interessante que somos mais parecidos com Zofar do que gostaríamos de admitir, não é mesmo?
Jó era um dos homens mais piedosos e sábios do Oriente, conforme Deus mesmo disse para Satanás no encontro celestial de Jó 1. Foi Deus quem disse, “Jó é reto, justo e abomina o pecado.”
Nós somos como Zofar, Elifaz e Bildade—não importa quão sábia e boa tenha sido a pessoa no passado, quando o infortúnio chega, temos a tendência de nos perguntar se foi devido a algum motivo como pecado escondido ou algum erro do passado.
- Uma criança foge de casa e pressupomos que os pais devem não ter sido tão bons em casa, nos bastidores, quanto aparentavam ser em público.
- Um homem sofre um ataque do coração e as pessoas presumem que ele estava trabalhando duro demais e até prejudicando o tempo com sua família.
- Um vizinho vai à falência e as pessoas deduzem que foi porque mereceu.
Naturalmente, supomos que algum tipo de erro, fracasso ou até mesmo pecado é a razão para qualquer que seja o sofrimento na vida de uma pessoa.
Zofar não perde tempo. Em Jó 11.6, ele até sugere que Deus não puniu Jó por todos os seus pecados. Ele diz: Sabe, portanto, que Deus permite seja esquecida parte da tua iniqüidade.
Em outras palavras, “Jó, para ser sincero, você ainda está escapando de algumas.”
Daí, Zofar lembra Jó de que ele não pode medir forças com Deus. Vemos um discurso pretensioso em Jó 11.7–11 sobre o fato de Deus ser “mais alto, profundo, mais comprido e mais largo” do que tudo o que conseguimos imaginar. No verso 11, Zofar relembra Jó do seguinte: Porque ele conhece os homens vãos e, sem esforço, vê a iniqüidade.
Ou seja, “Jó, Deus sabe que você é um hipócrita—Ele sabe!”
Em seguida, Zofar insulta Jó no verso 12:
Mas o homem estúpido se tornará sábio, quando a cria de um asno montês nascer homem.
O adjetivo hebraico traduzido como estúpido se refere a uma pessoa de moralidade oca, vazia—um homem irracional e sem bom-senso. Em nossa linguagem coloquial, chamaríamos esse homem de “cabeça-oca.” Podemos expandir a tradução a fim de captar melhor o insulto direto de Zofar a Jó, “Jó, um homem cabeça-oca e tolo como você adquirirá entendimento quando um burro der à luz um ser humano.”
Pare aqui por um instante e visualize esse cenário. Tente se colocar no lugar de Jó, sentado naquele montão de cinza no aterro sanitário da cidade. Você perdeu quase tudo; faz dias que não consegue dormir; sua pele coça descontroladamente e a febre é alta; você está arrasado e praticamente delirando por causa da perda de seus dez filhos, sua família; sua fonte de renda se foi e, agora, seus melhores amigos se viraram contra você.
Warren Wiersbe escreve com precisão, “Como é triste quando pessoas que deveriam servir com um ministério acabam criando miséria.”
Zofar diz em Jó 11.13–14, “Arrependa-se, Jó; seja honesto e confesse seu pecado. Se fizer isso, vai conseguir sua vida de volta. Se não,” ele termina dizendo em Jó 11.20: os olhos dos perversos desfalecerão, o seu refúgio perecerá; sua esperança será o render do espírito.
Com essas últimas palavras, Zofar arranca a vida da alma de Jó. Ele o condena a morrer sem esperança de escape, ao menos que Jó siga seu conselho e se arrependa de seus pecados secretos.
Esse deve ser o momento mais baixo na vida de Jó.
Todos os três amigos já se pronunciaram. Um após outro afastou Jó para mais e mais distante da esperança.
A Resposta de Jó
Jó responde a todos os três conselheiros com suas próprias palavras amarguradas em Jó 12. Veja o verso 2: Na verdade, vós sois o povo, e convosco morrerá a sabedoria.
Ou seja, “Evidentemente, vocês três detêm toda a sabedoria do mundo. Quando morrerem, não haverá mais sabedoria alguma no planeta.”
E ele continua e retruca essa verdade dizendo no verso 3: Também eu tenho entendimento como vós.
Ele diz, “Não sou um cabeça-oca.”
E ele diz, “Sei que sou uma piada para vocês agora; você riem da minha tentativa de defender a integridade do meu caráter.”
Veja Jó 12.4:
Eu sou irrisão para os meus amigos; eu, que invocava a Deus, e ele me respondia; o justo e o reto servem de irrisão.
Jó diz, “Vão em frente e zombem da minha cara; podem me xingar—mas não sou inferior a vocês.”
Ele repete isso novamente em Jó 13.2: Como vós o sabeis, também eu o sei; não vos sou inferior.
Jó afirma, com efeito, “Conheço Deus tanto quanto vocês!”
Em seguida, Jó apresenta sua própria descrição do caráter e do poder de Deus em Jó 12.13–22:
…Com Deus está a sabedoria e a força; ele tem conselho e entendimento. O que ele deitar abaixo não se reedificará; lança na prisão, e ninguém a pode abrir. Se retém as águas, elas secam; se as larga, devastam a terra. Com ele está a força e a sabedoria; seu é o que erra e o que faz errar. Aos conselheiros, leva-os despojados do seu cargo e aos juízes faz desvairar. Dissolve a autoridade dos reis, e uma corda lhes cinge os lombos. Aos sacerdotes, leva-os despojados do seu cargo e aos poderosos transtorna. Aos eloqüentes ele tira a palavra e tira o entendimento aos anciãos. Lança desprezo sobre os príncipes e afrouxa o cinto dos fortes. Das trevas manifesta coisas profundas e traz à luz a densa escuridade.
Jó diz, “Eu sei de tudo isso!”
Ele fala em Jó 13.1: Eis que tudo isso viram os meus olhos, e os meus ouvidos o ouviram e entenderam.
“Nada disso é novidade.” E Jó chama seus conselheiros de médicos que não valem nada em Jó 13.4.
Em outras palavras, “Vocês usam tratamento que não ajuda nada. Os remédios que vocês receitam apenas pioram os sintomas. Contudo, não importa o quanto piore, não importa o que Deus faça comigo—na verdade, mesmo se Ele tirasse minha vida—eu ainda O chamaria de ‘Meu Deus’ e ainda esperaria nEle.”
Veja a declaração maravilhosa em Jó 13.15: Eis que me matará, já não tenho esperança; contudo, defenderei o meu procedimento.
Esse é o verso do qual as pessoas se lembram quando pensam na perseverança de Jó.
A essa altura, tendo estudado os 12 primeiros capítulos de Jó com você, fico ainda mais maravilhado e admirado com a reação de Jó.
Sim, Jó passou no teste! Ele clama, “Apesar de Deus me tirar a vida, minha esperança final se encontra nele.”
Em seu ponto mais baixo, Jó recusa blasfemar contra Deus.
Nós também podemos passar nesse teste! Se ele pode, nós podemos também!
- Confiança incondicional em Deus existe sim.
- Pode existir obediência sem garantias.
- Pode haver fé sem cura ou prosperidade.
- Apesar de não ser fácil, pode existir confiança em meio às tribulações mais difíceis.
Os Questionamentos de Jó:
Vida Após a Morte
Entenda que, apesar de Jó passar no teste, ele ainda está profundamente tomado do sentimento de que sua vida terminará em breve. Apesar de mais adiante ele declarar sua fé no Redentor vivo, neste momento, em Jó 14, em sua dor, Jó está muito perturbado e de seus lábios procedem perguntas profundas. Ele sinceramente não sabe se Deus irá ou não feri-lo com a morte.
Então, Jó pede a Deus em Jó 14.13 que me encobrisses na sepultura e me ocultasses até que a tua ira se fosse.
Jó se pergunta, “Se Deus fosse me lançar no Sheol [i.e., sepultura]; se eu fosse morrer, o que aconteceria depois?”
Nesse capítulo, Jó fará duas perguntas penetrantes que a humanidade desde então também se pergunta. Elas são perguntas sobre vida após a morte.
Quando uma pessoa morre, para onde ela vai?
Veja a pergunta de Jó em 14.10: O homem, porém, morre e fica prostrado; expira o homem e onde está?
Jó quer saber onde estará no dia após sua morte. Ele não está preocupado com a transição—ele deseja saber sobre o destino final.
Para o santo do Antigo Testamento, a morte era algo sombrio e o túmulo um assunto perturbador e desconcertante. Jó não possuía o registro da Escritura que possuímos hoje. Ele não podia abrir sua Bíblia na internet, por exemplo, e fazer uma busca pela expressão “vida após a morte.” Ele também não podia abrir a Concordância de Strong para ver as referências cruzadas, muito menos abrir um comentário exegético oferecendo-lhe observações inteligentes, nem mesmo abrir um léxico para estudar uma palavra.
Nós não somente temos acesso ao registro completo das Escrituras hoje, como também temos volumes e mais volumes de explicações detalhadas sobre o registro das Escrituras.
Nos dias de Jó, havia mais perguntas do que respostas. Então, com toda sinceridade de seu coração, Jó pergunta em 14.10, “Quando a pessoa morre, para onde ela vai?”
Onde estão as pessoas no dia após sua morte?
Em Jó 14.13, Jó menciona um lugar chamado Sheol, o qual é traduzido no português como sepultura. Talvez a pergunta de Jó não tenha tanto a ver com o destino em si, mas com os detalhes sobre o destino. O que é esse Sheol? Como é o Sheol?
O termo hebraico Sheol ocorre quase setenta vezes no Antigo Testamento. Grande parte da confusão em torno dessa palavra se dá porque algumas vezes ela é traduzida como “inferno,” enquanto outras vezes é traduzida como “sepultura,” como é o caso aqui em Jó 14.13.
O Sheol não é o inferno, e apesar de poder se referir à sepultura, Sheol também não significa “sepultura.”
Isaías escreveu em Isaías 14.9:
O além, desde o profundo, se turba por ti, para te sair ao encontro na tua chegada; ele, por tua causa, desperta as sombras e todos os príncipes da terra e faz levantar dos seus tronos a todos os reis das nações.
Precisamos entender algumas coisas sobre o Sheol.
- Primeiro, o Sheol e o túmulo são dois lugares diferentes.
O túmulo é o local onde o corpo é depositado; o Sheol é o local onde os espíritos dos mortos vivem.
- Segundo, o Sheol é composto de duas regiões.
O Antigo Testamento ensina claramente que tanto o justo como o injusto iam para o Sheol após a morte.
Na verdade, Davi teve uma revelação sobre a morte e a vida futura dos que morreram quando escreveu no Salmo 49.14–15:
Como ovelhas são postos na sepultura; a morte é o seu pastor; eles descem diretamente para a cova, onde a sua formosura se consome; a sepultura é o lugar em que habitam. Mas Deus remirá a minha alma do poder da morte, pois ele me tomará para si.
Em outras palavras, “Davi esperava ir para o Sheol quando morresse, mas não esperava permanecer lá eternamente.
No decorrer do Antigo Testamento, o termo Sheol foi usado para se referir à região dos espíritos que haviam deixado o corpo. B. B. Warfield, um grande teólogo de uma geração atrás, comentou:
Desde o princípio de sua história conforme registrada, Israel teve a firme convicção da continuação da alma na vida após a morte; o corpo é depositado na sepultura e a alma parte para o Sheol.
Antes de Jesus Cristo ter aparecido no planeta como o Salvador sofredor, o Antigo Testamento tinha sido traduzido para o grego. Essa tradução ficou conhecida como a Septuaginta, ou LXX, por causa dos supostos setenta tradutores que participaram da produção. Tanto o Senhor Jesus como os apóstolos usaram citações da Septuaginta. Quando a palavra Sheol aparecia, ela era traduzida com o termo “hades.” De fato, posteriormente, quando o Novo Testamento citava uma passagem do hebraico, a palavra sheol sempre era traduzida como “hades.”
O Hades e o Sheol são o mesmo lugar. Mais uma vez, o Hades não era uma referência à sepultura, mas ao lugar dos espíritos que tinham deixado o corpo.
O mistério em torno do Sheol e do Hades é esclarecido nas pregações de Jesus Cristo. Ele revelou um acontecimento envolvendo dois homens mortos cujos espíritos tinham ido para o Hades. O Evangelho de Lucas registra a morte de dois homens—um rico descrente e um pobre crente. Nessa pregação, Cristo confirma a perspectiva das duas regiões incluídas no Sheol e no Hades. Ele disse em Lucas 16, começando no verso 22:
Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio. Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos. E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós.
Agora, não entenda isso errado—o homem rico não findou no Hades porque era rico, mas porque não seguia a Deus; ele não demonstrou ter relacionamento com Deus por meio do arrependimento de seus pecados. Mais adiante ele mesmo diz isso. E também Lázaro não foi para a região de consolo—chamada “Seio (ou presença) de Abraão” porque era pobre, mas porque evidentemente havia confiado no Deus de Abraão.
A partir desse relato, vamos fazer algumas observações.
- Primeiro, essa passagem claramente confirma que o Hades era uma região dividida em duas partes.
Uma região era o local de sofrimento físico e a outra um local de conforto conhecido como Paraíso.
- Segundo, essa passagem claramente ensina que o Hades era um local no qual os sentidos físicos operavam em sua plenitude.
O descrente clama, “Quero somente uma gota d’água,” porque estou atormentado nesta chama (v. 24).
Fica óbvio que existe alguma forma de corpo intermediário concedido aos que morreram; doutra sorte eles seriam como fantasmas sem percepção sensorial—eles não precisariam comer ou beber, nem seriam afetados com as chamas do fogo.
O fato de que esse é um local de existência física e consciente não pode ser ignorado.
- Terceiro, essa passagem sugere que os que estão no Hades sabem que merecem estar no lado onde se encontram.
Um autor destacou o fato de esse homem nunca reclamar de injustiça. Ele nunca disse, “Eu não deveria estar aqui!” Ele reclama da dor, mas nunca de injustiça.
- Quarto, o Hades era um local de memória e emoções.
Esse homem, de fato, demonstrará grande fervor pelos perdidos. Ele tem alguns irmãos que ele sabe que estão indo pelo mesmo caminho. Veja Lucas 16.27–30:
Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna, porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de tormento. Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos. Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão.
Você acredita nisso? De repente, esse homem se preocupa com missões! Esse homem morto é mais fervoroso do que muitos crentes vivos.
Talvez seja porque agora ele conhece com certeza minha quinta observação.
- Quinto, o Hades não é mera imaginação.
Todo descrente que morre vai para o Hades e, depois do julgamento final, está condenado ao fogo eterno. Segundo Apocalipse 20, o Hades será esvaziado de seus habitantes antes do julgamento do Grande Trono Branco de Deus, no qual serão condenados e lançados ao lago de fogo que chamamos de inferno.
No momento, as almas dos que morreram sem fé em Deus através de Cristo vão para o Hades, onde sofrem tormentos e aguardam o julgamento final.
É de se esperar, portanto, que esse homem desejou que seus cinco irmãos escapassem daquilo. O Hades deixou de ser um local distante em sua imaginação—ele passou a ser real, um local físico; e ele ainda se encontra lá.
Entenda bem que esse local de tormento—Hades agora e o lago de fogo eterno—não é algo que a igreja inventou para motivar as pessoas a serem boazinhas umas com as outras, para assustar pessoas a fim de que sejam boas. Na verdade, esse não é um local que poderíamos sequer conceber em nossa própria mente independente do registro bíblico inspirado.
O inferno, assim como o Hades, é um local literal. Neste momento, o Hades abriga aqueles marcados para o julgamento final. O inferno, ou lago de fogo, é um local eterno de julgamento e tormento.
Pedro escreveu em 2 Pedro 2.9: o Senhor sabe livrar da provação os piedosos e reservar, sob castigo, os injustos para o Dia de Juízo.
Inferno não é uma favela; não é o trânsito em horário de pico; não é um relacionamento desastroso ou um dever complicado. O inferno não é pobreza ou alguma doença. Meu amigo, o inferno não existe aqui na terra. Não importa quão ruins sejam as coisas aqui, nada se compara a esse local eterno e literal de tormento.
Onde você estará no dia após a sua morte?
O apóstolo Paulo disse o seguinte para aqueles que creem no Evangelho de Cristo: …estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor (2 Coríntios 5.8).
Nós, também, receberemos alguma forma de corpo intermediário para que desfrutemos da presença de Cristo. Nós teremos lábios para falar e louvar; teremos emoções e capacidade sensorial, assim como o velho Lázaro.
Paulo diz, com efeito, “A alma, estando ausente do corpo, está presente com o Senhor.”
Paulo disse aos crentes tessalonicenses que, quando os crentes que morreram e que agora estão com Deus vierem com Cristo na ocasião do arrebatamento da igreja, seus corpos serão ressuscitados da sepultura e reunidos a seus espíritos. Então eles serão despidos do corpo intermediário e revestidos de um corpo glorificado permanente, junto com todos aqueles que estiverem vivos quando Cristo vier buscar Sua igreja.
Agora, o que aconteceu com todos aqueles que, assim como Lázaro, foram para o Hades, para o lado de consolo chamado Paraíso?
Por que os que morrem agora vão para o céu e não para o Paraíso?
João escreveu em Apocalipse 20 que os habitantes do Hades serão lançados no lago de fogo após o julgamento final. Portanto, não pode haver crentes lá, quer do Antigo ou do Novo Testamento. O que aconteceu com eles?
Paulo escreveu em Efésios 4.8: quando desceu [Cristo], levou cativo o cativeiro.
Em outras palavras, Cristo removeu esses crentes do Hades e os conduziu ao céu preparado por Sua palavra em questão de instantes.
Paulo diz ainda mais adiante em Efésios 4.9–10:
Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido até às regiões inferiores da terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas.
Colossenses 2 parece mencionar esse evento histórico quando Cristo desceu ao Hades, não para sofrer de alguma forma no inferno, mas com um propósito—proclamar a notícia de Seu triunfo sobre Satanás e, conforme Paulo escreve em Colossenses 2.15, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.
O Hades não é mais o local de espera dos crentes; eles se encontram no céu e todo aquele que morre em Cristo vai para o céu também.
Quando uma pessoa morre, será que ela viverá novamente?
A segunda pergunta penetrante de Jó se encontra em Jó 14.14: Morrendo o homem, porventura tornará a viver? A resposta é “Sim, e eternamente.”
Jesus Cristo forneceu uma resposta à pergunta intrínseca ao coração humano ao dizer em João 11.25: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá.
Aqueles que colocam sua fé em Cristo terão um futuro—uma vida eterna em um novo céu e uma nova terra como seu lar eterno.
A pergunta, portanto, não é, “Iremos viver eternamente?” A verdadeira pergunta é, “Onde viveremos eternamente?”
Existe, sim, vida após a morte! Jó sabia disso intuitivamente, e nós sabemos também.
Isso não é uma especulação filosófica, não mitologia religiosa, nem uma invenção para que as pessoas se sintam melhor. Essa é a resposta de Deus; essa é a Palavra do Criador. E Sua Palavra é totalmente confiável, totalmente digna de crédito e eternamente verdadeira. Ponto final!
Conclusão
Onde você estará no dia após sua morte?
Você estará plenamente consciente, ciente—você será você, mais vivo do que nunca, revestido em um corpo, quer em sofrimento no Hades aguardando a sentença eterna do inferno, ou desfrutando da presença, alegria, louvor e serviço de Cristo.
Para aqueles que creem no Evangelho, no dia após sua morte, você estará experimentando o fim das lutas da terra, algo pelo qual Jó ansiou tanto escapar, e talvez algo pelo qual você também agora anseia. Você será livre, pois a morte terá libertado você para vida.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 03/06/2007
© Copyright 2007 Stephen Davey
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