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De Portas Fechadas

De Portas Fechadas

經過 Stephen Davey

De Portas Fechadas

João 20.19–29

Introdução

Lembro-me de ver um jogo uma vez entre um time bom e outro bem fraco. O placar foi bem interessante: 222 a 0. Somente mesmo um milagre para fazer o time perdedor virar aquele placar e findar vencendo o jogo.

Bom, se fôssemos marcar o placar entre os discípulos e o mundo, o placar seria: “Mundo 222 x 0 Discípulos.” Os discípulos estão desmotivados, confusos e amedrontados; escondem-se atrás das portas—portas fechadas e trancadas a sete chaves—com medo dos líderes religiosos. A história de que os discípulos tinham roubado o corpo de Jesus já estava circulando. Possivelmente as autoridades iriam prendê-los e castigá-los; talvez Roma iria executá-los por terem arrombado o túmulo selado. Eles não sabiam, mas havia muita confusão e medo no ar. Os discípulos sabiam que o sepulcro estava vazio, uma vez que dois deles tinham acabado de chegar com a notícia de que Jesus apareceu a eles no caminho para Emaús. Os discípulos estavam, mais uma vez, à espera de um milagre. 

Quero chamar a sua atenção a um milagre. Encontra-se em João 20. É uma aparição miraculosa que proporcionará os discípulos a retomar a bola caída e correrem novamente, sem parar e sem medo. 

A Palavra Especial de Cristo

A Declaração do Senhor

Veja o verso 19:

Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!

Gosto demais dessas primeiras palavras de Jesus: Paz seja convosco!

Você pode imaginar as coisas que Jesus poderia ter falado? Essa é a sua primeira aparição aos discípulos depois que eles o negaram, abandonaram e recusaram se associar com ele; e a prova de que tudo isso é verdade é que nenhum deles participou do seu sepultamento. Além de João, as mulheres foram as únicas entre os discípulos que demonstraram coragem. Jesus poderia muito bem ter falado várias coisas—poucas e boas—a eles, como um pai que dá um sermão num filho (como eu faço de vez em quando com meus filhos). 

Por exemplo, quando eles deixam a bicicleta fora de casa debaixo da chuva, ou quando não cumprem com suas responsabilidades (que não são muitas). Eles se esquecem de alimentar o periquito por três dias; o bichinho quase morre—o que seria uma resposta de oração a essa altura. 

Enfim, assim como um pai, Jesus Cristo poderia ter dito poucas e boas aos discípulos: “Eu dediquei três anos de minha vida a vocês e não acredito na falta de lealdade, infidelidade e ingratidão!” Não ficaríamos surpresos se as últimas palavras de Jesus em João 20 fossem uma bronca severa aos discípulos, algo que jamais esqueceriam. Mas veja novamente as primeiras palavras que Jesus lhes diz: Paz.

De alguma forma, Jesus entrou na sala com as portas trancadas; seu corpo glorificado era capaz de transcender qualquer barreira física, capaz de comer e beber e carregar cicatrizes. Contudo, era diferente, uma vez que possuía a habilidade de aparecer e desaparecer, de estar em um lugar num momento e logo depois já estar em outro lugar. Os discípulos estão reunidos com pavor, tentando ouvir cada passo na escada e cada batida à porta, esperando ser presos e talvez mortos. Estão com medo e trancam as portas.

Mas que notícia maravilhosa! Mesmo em nossos maiores medos não podemos nos trancar e deixar Jesus do lado de fora! E ele proclama em meio ao nosso medo: Paz seja convosco!

A palavra paz teve um significado incrível para os discípulos. Significou muito mais do que um mero “oi.” Coloque-se na posição dos discípulos. Dois fantasmas os assombravam: primeiro, o fantasma da infidelidade—eles haviam abandonado e negado o Senhor no momento crucial; e segundo, o fantasma dos líderes judeus—essa corja havia matado o Rabino; com certeza, matará seus discípulos também. Jesus, porém, chega e diz: Paz! Que notícia maravilhosa! Ela garante não somente o perdão do Senhor, mas a certeza de sua presença em meio à perseguição dos judeus.

A Demonstração Viva

Agora, veja a sua demonstração no verso 20: E, dizendo isto, lhes mostrou as mãos e o lado. Jesus está dizendo: “Só no caso de haver alguma dúvida de que sou eu mesmo aqui, deixe-me mostrar algo a vocês.”

É muito interessante para mim que, na mente de Deus, o corpo ressurreto de Cristo era completamente perfeito. Contudo, foi decisão de Deus de que seu Filho manteria as cinco cicatrizes (Lucas nos diz no capítulo 24, versos 39 e 40, que ele também mostrou os pés). Cinco cicatrizes que servirão de eterna lembrança de que ele foi o Cordeiro sacrificado pelos nossos pecados.

 A palavra mostrou no verso 20 sugere que Jesus talvez arregaçou o manto folgado e mostrou aos discípulos o seu lado perfurado, bem como suas mãos e pés perfurados. Não foi uma demonstração numa forma de censura ou reprovação dos discípulos, como se Jesus estivesse dizendo: “Vejam pelo que vocês me fizeram passar; vejam o que eu tive que suportar por causa de vocês.” Não, foi mais como um soldado condecorado por sua bravura, que mostra aos seus filhos as marcas dos tiros e diz com alegria: “Foi pela segurança e liberdade de vocês, meus filhos!”

Então, Jesus também mostra suas cicatrizes ao bando de discípulos amedrontados: “Este é um lembrete da redenção paga por completo; estas são feridas para a sua cura, para a sua liberdade e segurança!”

Note, agora, a reação dos discípulos no verso 20: Alegraram-se, portanto, os discípulos ao verem o Senhor. “Realmente és tu, Senhor!” Creio que o ambiente ficou tomado de alegria. Com certeza houve abraço e não poucas lágrimas de alívio.

Uma Ordem para Toda A Vida

Agora, continue até o verso 21:

Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.

A ressurreição de Jesus trouxe consigo uma responsabilidade aos crentes. E ela é a seguinte: não devemos permanecer dentro da sala com as portas fechadas e trancadas.

O apóstolo Paulo nos chama de “o corpo de Cristo.” Somos seus pés, mãos e boca. Se existe uma época em que a mensagem simples e clara de Cristo é necessária—se existe um tempo em que a confusão reina—, esse tempo é agora. As pessoas estão famintas e sedentas em busca da verdade, mas bebem do poço vazio da experiência, prazer e bens materiais. Nós temos a água da vida e a guardamos dentro de um cofre seguro. Como Jesus disse no verso 21: Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.

Use sua imaginação um pouco. Suponha que eu esteja cavando um buraco no quintal de minha casa. De repente, acerto uma fonte que espirra água para todo lado. As plantas e árvores secas ficam imediatamente verdes e começam a brotar flores e frutos; um pouco dessa água molha a minha mão e ela fica macia e com a aparência de jovem; tomo um gole e fico imediatamente cheio de energia e disposição. Corro para dentro de casa e estou mais bonito do que nunca! (Use a sua imaginação). O que você acha que devo fazer agora? Para quem deveria contar sobre essa fonte de água milagrosa? Minha esposa! Com certeza! Na semana passada fomos ao oftalmologista e ela ouviu o que não queria: vai precisar usar óculos. Eu lhe disse: “Querida, estamos ficando velhos juntos!”

O Evangelho, a fonte da água da vida, não é nosso para o guardarmos ou vendermos; ele é de graça. Jesus Cristo disse: “Envio vocês a um mundo sedento. Deem-lhe um gole daquilo que vocês já experimentaram!”

O Ministério Especial de Cristo

Um Dom

Mas, como você sabe, não podemos fazer isso com nossas próprias forças. Aí jaz a grande significância do verso 22:

E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.

Agora, outras passagens deixam bem claro que o Espírito Santo desceu finalmente somente após a ascensão de Cristo. Isso acontecerá dentro de cinquenta dias mais ou menos. Lemos em Atos 1, verso 8:

Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas...

Note que o verso diz: recebereis. O tempo verbal é futuro. A descida do Espírito ainda era um evento futuro.

Como outros pregadores, também creio que o que Jesus faz nessa passagem de João é dar aos discípulos uma provisão inicial, uma prévia da força que eles em breve receberão. Enquanto isso, o sopro do Espírito Santo seria um dom que os capacitaria e fortaleceria a esperar por quase dois meses pelo cumprimento da promessa de Cristo e do início da igreja neo-testamentária.

Se você já teve que esperar um tempo como esse por um evento transformador em sua vida, sabe muito bem como precisamos da força e graça de Deus. 

Uma Mensagem

Veja também o que Jesus diz em João 20, verso 23:

Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos.

Agora, esse verso aqui é utilizado pela Igreja Católica como base para a autoridade sacerdotal de perdoar pecados. Os privilégios especiais investidos aos sacerdotes católicos são retirados desse verso.

No entanto, a Bíblia ensina claramente a doutrina maravilhosa do sacerdócio individual de cada crente. Isso significa que cada crente tem acesso direto a Deus; cada cristão pode ir diretamente a Deus e pedir perdão pelos pecados e restauração de relacionamento. O grande Sumo Sacerdote, Jesus Cristo, eliminou qualquer necessidade de mediação humana secundária. O livro de Hebreus declara no capítulo 10, verso 19, que, com base no sangue do sacrifício de Cristo, podemos nos aproximar com confiança junto ao trono da graça. Posteriormente, Pedro também escreve as seguintes palavras maravilhosas a respeito dos crentes em 2 Pedro 2, verso 9: Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real.

A cruz destrói o pedestal do clero e cada crente ocupa uma posição igual diante de Deus. Apesar de os dons determinarem nossas funções na igreja e certas funções são investidas de autoridade, ninguém possui uma intimidade especial singular com Deus; ninguém possui acesso único e ninguém possui poder especial.

Mas o que o verso 23 ensina? Parece estar bastante claro. Primeiro, vamos pensar teologicamente por um instante. Sabemos que ninguém pode perdoar pecados senão Deus. Mateus, Marcos e Lucas registram que Jesus curou o paralítico e disse: Os teus pecados estão perdoados. Os escribas objetaram e disseram: quem pode perdoar pecados senão um que é Deus? E eles estavam certos; só não entenderam que Jesus Cristo era Deus. Teologicamente, temos alguns problemas se afirmarmos que podemos perdoar pecados uns dos outros, ou que sub-pastores debaixo do Pastor Jesus Cristo possuem autoridade para isso.

Digamos que, num belo domingo, você e sua esposa vão brigando dentro do carro a caminho da igreja. Daí, você estaciona seu carro, entra na igreja e os sorrisos começam a aparecer: “Oi, tudo bem?” “Olá, Deus abençoe!” E aí, gostou da ilustração? Daí, depois que seu pastor termina a pregação, você vai até ele e diz: “Pastor, quero que você saiba que eu e minha esposa brigamos hoje a caminho da igreja. Foi ela quem começou, mas eu terminei. Eu errei e quero que você me perdoe.”

Saiba que você estaria falando com a pessoa errada. O Novo Testamento é bastante claro que apenas duas pessoas estão envolvidas na sua confissão: a pessoa contra a qual você pecou e, já que todo o pecado é uma ofensa direta contra Deus, Deus também está envolvido. E você pode ir direto a ele para ser purificado de seus pecados.

Em segundo lugar, vamos pensar historicamente. Não existe nenhuma ocasião nos livros do Novo Testamento em que um apóstolo declara que tem autoridade para perdoar pecados. Além disso, nesse cenáculo onde Jesus apareceu, não havia somente apóstolos, mas vários outros seguidores de Jesus que não eram apóstolos, e eles receberam o mesmo desafio. Lucas nos diz no capítulo 24 que Cléopas e o outro discípulo no caminho de Emaús também estavam na sala. Portanto, essa declaração não foi direcionada somente aos apóstolos, mas a todos os crentes da igreja primitiva.

Vamos, agora, pensar gramaticalmente. Se você tem uma Bíblia de estudo, talvez esteja lendo sua nota de rodapé sobre o verso 23: Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados. Minha nota de rodapé diz: “...seus pecados já tinham sido perdoados antes...”. E o final do verso 23 diz: se lhos retiverdes, são retidos.

As duas construções verbais no verso 23, são perdoados e são retidos estão no tempo perfeito. O que precisamos entender é que o tempo perfeito se refere a algo ocorrido no passado, cujos resultados são ainda sentidos no presente. Então, o que essas pessoas no cenáculo recebem? Uma mensagem especial: eles e todos nós temos o poder e o privilégio de dar a certeza do perdão dos pecados e anunciar os termos para esse perdão. Lucas 24, verso 47, diz que é nossa responsabilidade pregar o arrependimento para a remissão de pecados.

Você já parou para pensar na autoridade que exerce cada vez que anuncia o Evangelho? Você percebe que, ao pregar o Evangelho, apresenta as condições por meio das quais outro pecador terá seus pecados perdoados e poderá ter comunhão com Deus? E eu já fiz isso muitas vezes. Eu já disse várias vezes: “Meu amigo, você deseja agora baixar sua cabeça e pedir que Cristo Jesus perdoe seus pecados e entre na sua vida?” Já vi muitos homens e mulheres orando a Deus, pedindo pelo perdão dos pecados e se arrependendo. Você sabe o que eu faço? Eu olho dentro de seus olhos e digo: “Deus ouviu sua oração e os seus pecados do passado, presente e futuro, foram perdoados.” Que autoridade incrível! Imagine estar falando da parte de Deus, declarando aos seres humanos na terra o que é feito no céu.

A Visita Especial de Jesus

Agora, em meio a toda essa alegria, veja o verso 24:

Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.

Tomé é muitas vezes chamado de “incrédulo.” Esse irmão gêmeo (é isso o que a palavra “Dídimo” significa) tem sido considerado por muitos séculos como o discípulo cheio de dúvidas. Não nos referimos a Pedro como o “Negador,” e acho que é uma infelicidade destacar apenas as falhas de Tomé.

Vamos voltar um pouquinho. Quero que você veja algo. Abra sua Bíblia em João 11. Lázaro morreu e Jesus diz que deseja retornar à Judeia. Veja o verso 8:

Disseram-lhe os discípulos: Mestre, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e voltas para lá?

Pule até os versos 14 a 16:

Então, Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu; e por vossa causa me alegro de que lá não estivesse, para que possais crer; mas vamos ter com ele. Então, Tomé, chamado Dídimo, disse aos condiscípulos: Vamos também nós para morrermos com ele.

O corpo de Lázaro estava em Betânia, a três quilômetros de Jerusalém. Humanamente falando, voltar a Jerusalém seria suicídio. A resposta de Tomé nos informa duas coisas a seu respeito:

  • sua coragem—o maior tipo de coragem não é a do otimista, porque o otimista está convencido de que tudo vai dar certo; a maior coragem é a do pessimista porque ele espera o pior e mesmo assim está disposto a ir. Tomé mostrou grande coragem.
  • seu pessimismo—ele estava sempre enfatizando o lado ruim das coisas. Mesmo sem Jesus ter mencionado algo sobre morrer, Tomé disse: “Está certo, vamos com Jesus cavar mais covas. O pior vai acontecer mesmo.”

Tomé sempre via o lado negativo da vida. Ele é bem caracterizado por aquele personagem de desenho chamado Charlie Brown. Um dia, Charlie Brown disse aos seus amigos: “Tenho uma nova filosofia de vida: vou temer apenas um dia de cada vez.”

Agora, ande um pouco mais à frente no Evangelho de João, até o capítulo 14. Jesus está falando aos discípulos sobre o céu. Veja os versos 3 a 5:

E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também. E vós sabeis o caminho para onde eu vou. Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho?

“Senhor, não sabemos aonde você está indo e não sabemos qual o caminho. Senhor, não nos deixe, nunca iremos encontrar o caminho certo!”

Daí, em João 19, Jesus é crucificado; quando ele morreu, a vida de Tomé desmoronou. Podemos até ouvi-lo dizendo: “Eu sabia! Todos os meus medos se tornaram realidade. Ele se foi e não sei para onde; ele morreu e eu não morri com ele. Nunca irei vê-lo novamente.”

Certa vez, li um livro que era bastante pessimista. No final, o mal vence. Alguns até sugerem que esse pessimismo foi o motivo que levou o autor a morrer enquanto ainda escrevia o livro. Veja o que ele escreveu. Posso até ver as palavras de Tomé:

Desde os anos de 1930, não existe no mundo nenhum motivo para o otimismo. Vemos apenas mentiras, ódio, crueldade e ignorância; e, muito além de nossos problemas atuais, existem outros muito maiores que estão apenas agora se tornando realidade na consciência europeia. É bem possível que um dos maiores problemas da humanidade “nunca” será resolvido... O verdadeiro problema agora é aceitar que a morte é inevitável. 

Para Tomé, o Senhor estava morto. Seu pessimismo era prova disso; a cruz no Calvário, o túmulo com uma pedra à porta, um selo novo e soldados romanos guardando a entrada eram prova disso. Acabou!

Peter Ustinov escreveu: “O otimista é uma pessoa que sabe como o mundo é triste. O pessimista está sempre descobrindo essa realidade.”

E veja o que Tomé perdeu, de acordo com João 20, verso 24:

Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.

Ele estava isolado em sua tristeza, enquanto os demais se acalentavam com a presença de Jesus Cristo. 

Meu amigo, quando a tristeza vem e a dor toma conta de sua vida, existe a tendência de você se fechar e se isolar dos crentes, deixando de lado a comunhão e a adoração. Mas essa é justamente a hora que mais precisamos de comunhão, porque é exatamente durante a comunhão e a adoração que encontraremos Jesus Cristo. O erro de Tomé foi buscar a solidão ao invés da comunhão.

Nos dias da perseguição contra os cristãos, Plínio escreveu para Trajano, o então imperador romano, e disse o seguinte sobre os crentes: “Eles se comprometem a se encontrar no primeiro dia da semana antes do nascer do sol e a cantar hinos a Cristo como se ele fosse Deus.”

Os demais discípulos encorajaram Tomé a se unir a eles no verso 25:

Disseram-lhe, então, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele respondeu: Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei.

Tomé, como talvez qualquer um de nós, sempre carrega sua fé em sua mão—acredito somente naquilo que toco e vejo. Continue até o verso 26:

Passados oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos, e Tomé, com eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!

Imagine isso! Eu teria dito: “Onde está Tomé? Tomé, venha aqui. Acredita agora?” Ah não. Jesus ainda está anunciando a sua vitória—vitória sobre a morte e sobre a dúvida!

Um dos versos que mais transborda em graça é o 27:

E logo disse a Tomé: Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega também a mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente.  

Tomé não foi expulso do rebanho por causa de sua dúvida ou pessimismo. Ao contrário, o grande Pastor se abaixou para pegar no colo aquela ovelha cheia de medo e deu a Tomé o presente inesquecível da graça. Jesus Cristo se comprometeu a tornar o fracasso em fidelidade. Jesus Cristo se dedica a transformar dúvida em declaração.

Veja o verso 28: Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu! Você sabia que essa é a primeira ocasião nos Evangelhos em que alguém se refere a Jesus dessa forma? Essa declaração representa profundo entendimento proveniente de fé, maior mesmo até do que o entendimento de Pedro em sua declaração de que Cristo era o Filho de Deus. Tomé disse: “Senhor meu e Deus meu!

Essa é a grande afirmação cristológica que desafia e silencia toda e qualquer seita, os “ismos” e loucuras dos que dizem que Jesus Cristo não é Deus. Tomé não foi repreendido. Sua adoração foi recebida.

Agora, para todo o leitor do Evangelho de João, seja do século primeiro ou do nosso presente século, veja o verso 29:

Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.

Você pode escrever o seu próprio nome no verso 29: “Bem-aventurado o José, a Maria porque não me viu e creu.”

A verdade é que nós também temos problemas com aquilo que não conseguimos entender, ou ver, ou tocar, ou provar. O verso 29 é um grande encorajamento e recomendação para mim e você.

Lembro-me da história de um homem que acordou no meio da noite com um alarme de incêndio em sua casa. Ele acordou sua esposa e ambos correram rapidamente para o quarto dos filhos. Eles os acordaram no meio de toda a fumaça e se dirigiram até à porta para saírem de casa. O pai carregava no colo a filhinha de um ano e meio e segurava a mão do filho de quatro anos. O filho, com medo do que acontecia, soltou a mão de seu pai e correu para o lugar onde pensava que ficaria seguro—o seu quarto no andar de cima. O pai saiu e gritou pelo filho. Debaixo da fumaça, o filho apareceu e pediu ajuda. O pai gritou de volta para ele e mandou que ele pulasse. O menino respondeu: “Mas eu não consigo ver você!” O pai gritou: “Não tem problema! Pode pular. Eu consigo ver você!”

Talvez, hoje, você esteja com dúvidas e desencorajado. Quer apenas segurar as mãos de Jesus, ver suas cicatrizes e seu rosto. Lembre-se: apesar de não poder vê-lo, Jesus pode ver você e ele aprova a sua fé na Palavra escrita, sabendo que um dia você verá a Palavra Viva.

Não sabemos muito sobre Tomé depois da ascensão de Jesus. Existe um livro apócrifo chamado Os Atos de Tomé que supostamente relata o seu ministério. Muito provavelmente, relatos verdadeiros acabaram sendo exagerados e, por fim, se transformaram em lenda. Está escrito que, após a ascensão de Jesus, Tomé foi pregar o Evangelho na Índia. O interessante é que a igreja na Índia declara que sua origem foi o ministério de Tomé. 

Conforme o relato desse livro apócrifo, o rei Gundaphourus confiou bastante de sua riqueza a Tomé para construir um palácio para ele. Contudo, Tomé estava tão entristecido com a pobreza enorme do povo que aos poucos deu aos pobres todo o dinheiro do rei. Um tempo depois, o rei mandou um mensageiro a Tomé, perguntando: “E aí, Tomé, você já construiu o meu palácio?” Ele respondeu: “Sim.” “Posso ver?” Tomé respondeu: “Você não pode vê-lo agora, mas, quando morrer, verá os frutos no céu.” A princípio, o rei ficou furioso, mas Tomé, no final, acabou ganhando o rei para Cristo.

Vamos fazer algumas perguntas a Tomé:

–– “Tomé, você está investindo em algum reino?”

–– “Sim.” 

–– “Onde?” 

–– “No céu.”

–– “Você já viu o céu alguma vez?”

–– “Não.”

–– “Você já foi lá?”

–– “Não.”

–– “Onde exatamente fica o céu?”

–– “Não sei.”

–– “Então cadê sua prova?”

–– “Não tenho nenhuma prova além desta: dentro de meu coração vive um Rei e, de acordo com suas promessas, um dia ele virá e me levará para morar com ele em seu reino maravilhoso.”

No momento, pode parecer que você esteja perdendo de 222 a 0. Mas a mensagem para você é a seguinte: “Pegue a bola e continue correndo, sem parar.” Pode ser que sofra algumas faltas e contusões no jogo da vida, mas, no final, haverá um milagre: nosso time vence! O time de Cristo é mais do que vencedor—é campeão!

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 19/03/1995

© Copyright 1995 Stephen Davey

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