
As Últimas Palavras de João
As Últimas Palavras de João
João 20.24–25
Introdução
Nunca vou me esquecer da história de um homem que foi piloto de avião de caça durante a Segunda Guerra Mundial. Ele foi também o primeiro piloto naval a receber pessoalmente uma Medalha de Honra do Presidente dos Estados Unidos. Sua história foi ouvida e sua coragem vista por causa de uma decisão que mudou sua vida.
A época era a década de 1920 na cidade de Chicago, Estados Unidos. Um homem chamado Eddie era amigo do famoso gângster Al Capone. Eddie fazia sempre muitas manobras na justiça para manter Al Capone fora da prisão. De repente, e para a surpresa do mundo do crime e da sociedade, Eddie se tornou um informante contra Al Capone. O motivo? Eddie teve um filho e ele não queria que o seu filho se envolvesse com o mundo da criminalidade. Então, ele decidiu entregar todas as máfias. Uma das máfias tomou conhecimento da traição e matou Eddie com dois tiros de calibre 12 no peito.
Mas sua decisão trouxe resultados. Eddie limpou o nome da família e, anos depois, seu filho foi aceito na Academia Naval e futuramente recebeu a Medalha de Honra por sua bravura como piloto de caça. O honrado piloto também foi reconhecido pela cidade de Chicago e o aeroporto Internacional de Chicago recebeu o seu nome. Mais importante, tudo isso foi possível porque o seu pai, Eddie, morreu para dar uma chance de vida a seu filho.
Embora a analogia esteja longe da perfeição, estes temas são bem familiares no Evangelho de João, como temos estudado: escolher a morte ao invés da vida; morrer para dar a alguém a chance de viver; remover a mancha do mundo por meio de um sacrifício de morte e muito mais.
Pela última vez, convido você a abrir sua Bíblia no Evangelho de João. Como passei a amar a simplicidade do registro de João e como ele me revela o Salvador! Este é um momento bom e ruim ao mesmo tempo. Chegamos aos pensamentos finais desse texto bíblico inspirado, desafiador e encorajador.
As Palavras Finais de João
Abra no capítulo 21 e olhe comigo os últimos versos do Evangelho. Veja o verso 24:
Este é o discípulo que dá testemunho a respeito destas coisas e que as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
Pare por um momento. O autor João nos coloca numa posição incomum. Em sua mente, ele nos colocou na posição do corpo de jurados—somos o júri—e João coloca à nossa frente mais e mais depoimentos de uma testemunha.
O que ele tenta provar aqui? Bom, olhe mais uma vez João 20, versos 30 e 31:
Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados PARA QUE CREIAIS que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.
Em outras palavras, o julgamento gira em torno de Jesus Cristo. Será que ele é o Messias (o Cristo)? Será que ele é divino (o Filho de Deus)?
Agora, em qualquer tribunal, as testemunhas estão entre os personagens mais importantes. Elas chegam até à frente, viram-se e juram dizer a verdade, toda a verdade e nada mais que a verdade. E, de todas as testemunhas, a mais importante é a testemunha ocular. A evidência que elas fornecem é, em muitos casos, um fator determinante, uma evidência convincente para a decisão da corte.
Veja que no capítulo 20, verso 30, João nos diz que tudo o que ele testemunhou diante de nós é aquilo que fez Jesus diante dos discípulos. Ele declara: “Eu sou uma testemunha ocular. Eu estava lá!”
Volte para o capítulo 21, verso 24, e note o linguajar jurídico que João emprega:
Este é o discípulo que dá testemunho a respeito destas coisas e que as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
“Meritíssimo e toda a humanidade, eu, João, tomo a posição de uma testemunha ocular e meu testemunho é a verdade, toda a verdade e nada mais que a verdade.”
O que está em jogo no pensamento de João? A profissão de fé de todos aqueles que ouvem a verdade. João, o grande evangelista, tinha o enorme desejo de que todos os que ouvissem o seu testemunho acreditasse nele. Ele foi um autor com uma missão: testemunhar ao mundo como uma testemunha ocular.
Veja agora um dos versos mais poderosos no Evangelho de João—o último. O verso 25:
Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos.
João diz: “Vocês pensam que eu narrei fatos difíceis de acreditar; acham que registrei milagres incríveis e ensinos maravilhosos, mas eu não contei quase nada. Contudo, vocês, o corpo de jurados, possuem material suficiente para tomar uma decisão: vão acreditar?”
Precisamos entender que João estava bastante preocupado com o registro escrito das reivindicações de Jesus. Ele queria deixar registrado aquilo que Jesus reivindicava ser. Por quê? Porque, como um dos últimos sobreviventes dos doze apóstolos, ele escrevia para uma geração que não conhecia as testemunhas oculares da vida de Cristo. Quando o apóstolo Paulo escreveu um pouco antes no primeiro século, ele podia basicamente nomear quinhentas testemunhas que viram o Senhor ressurreto porque a maioria ainda estava viva. Veja 1 Coríntios 15, verso 6, que diz:
Depois, foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora; porém alguns já dormem.
Mas isso foi uma geração atrás e uma nova geração de convertidos era ameaçada pelos falsos ensinos que se infiltravam a igreja neo-testamentária. Havia um ensino popular chamado Gnosticismo. Um de suas doutrinas era a negação da divindade de Jesus; o Gnosticismo negava a ideia literal de um Deus encarnado, o Messias. João declara: “Aqui está o meu testemunho. Sou uma testemunha que viu e ouviu tudo.”
Para aqueles que me ouvem e que não creem em Cristo como o seu Salvador pessoal, esse registro demanda de você uma decisão agora. Para os que já creem, esse registro desenvolve sua fé e estimula sua caminhada cristã.
E João conclui dizendo: “Não escrevi uma biografia exaustiva! Vocês nem imaginam o quanto deixei de fora. Mas não tive escolha.” Veja de novo o verso 25:
Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos.
A ideia é: João não incluiu tudo o que gostaríamos que ele tivesse incluído em sua narrativa, mas, sob a direção do Espírito Santo, incluiu aquilo que precisamos saber, a fim de crermos que Jesus é o Messias, o Deus Poderoso em carne. E, ao crer nesse registro, chegamos ao ponto de reconhecer que ele morreu por nós naquela cruz terrível; morreu para retirar a mancha daquele mundo vil que estava permanentemente estampada em nós; morreu para que os nossos pecados, que eram vermelhos como o escarlate, pudessem ser lavados e feitos alvos como a neve.
Marco Polo foi um grande explorador italiano do século treze que viajou ao Oriente, Ásia central e China. Depois de morar por dezessete anos no Oriente, Marco Polo voltou para a Itália, a sua terra natal. Ele passou o resto de sua vida escrevendo e falando para qualquer um que quisesse ouvir a respeito das maravilhas que havia visto e as cidades magnificentes e os impérios orientais que tinha visitado.
Ele foi publicamente acusado de mentiroso, é claro, porque o que ele descrevia estava muito além da imaginação dos seu leitores e ouvintes. Descrença se transformou em ridicularização e até mesmo a igreja acusou seus ensinos de serem fantasiosos e míticos.
Marco Polo morreu em desgraça. Quando morreu, à idade de setenta anos, padres foram e pediram que ele confessasse seus pecados a fim de ser submetido aos rituais religiosos. Eles não queriam que ele enfrentasse a Deus com aquelas “lendas selvagens em sua consciência.” Ele se recusou e as suas últimas palavras registradas foram: “Nunca contei nem a metade do que vi.”
Então João, o apóstolo já idoso, coloca sua pena em cima da mesa e dá um suspiro: “Penso nas coisas que poderia contar a todos; os depoimentos que poderia dar da perspectiva de uma testemunha ocular; as coisas que ouvi Jesus ensinar, as coisas que o vi fazendo. Nem mesmo todos os livros do mundo seriam suficientes para transmitir todas as coisas que Jesus fez e ensinou. Mas o que escrevi será o suficiente.” Então, é hora de dar o seu voto, jurados e acreditar no testemunho de João.
Conclusão
Na minha conclusão irei ler os versos de um hino intitulado “O Amor de Deus.” É inspirado nesse verso que acabamos de estudar.
O amor de Deus é singular
ninguém jamais pode explicar;
É bem mais vasto que o céu
É mais sublime além do véu.
Aos nossos pais
que transgrediram
Deus prometeu Jesus;
Que amor sem par eles ouviram
lindas promessas na cruz.
O amor de Deus tão rico e puro
Ao homem vil salvou;
Jamais tem fim, é bem seguro
Ao céu de luz eu vou.
Se os mares todos fossem tinta
E o céu sem fim fosse papel;
Se aves todas fossem penas
E os homens todos escrivães;
Nem mesmo assim o amor seria
Descrito em seu fulgor.
Oh! Maravilha deslumbrante
Deste eternal amor.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 07/05/1995
© Copyright 1995 Stephen Davey
Todos os direitos reservados
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