
O Trabalho de Um Discípulo
O Trabalho de Um Discípulo
Marcos 6.7–13, 30
Introdução
Abra sua Bíblia em Marcos 6 e acompanhe a leitura dos versos 7–13:
Chamou Jesus os doze e passou a enviá-los de dois a dois, dando-lhes autoridade sobre os espíritos imundos. Ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, exceto um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro; que fossem calçados de sandálias e não usassem duas túnicas. E recomendou-lhes: Quando entrardes nalguma casa, permanecei aí até vos retirardes do lugar. Se nalgum lugar não vos receberem nem vos ouvirem, ao sairdes dali, sacudi o pó dos pés, em testemunho contra eles. Então, saindo eles, pregavam ao povo que se arrependesse; expeliam muitos demônios e curavam numerosos enfermos, ungindo-os com óleo
Na passagem de hoje, os discípulos experimentam algo pela primeira vez. É aqui que Jesus Cristo, pela primeira vez, os envia numa missão sozinhos.
Os doze acabaram de completar 2 anos de treinamento intensivo. Agora, Jesus convoca uma reunião e diz: “Homens, irei enviá-los agora em duplas.”
Imagino Tomé quase desmaiando e Filipe chorando. Pedro deve ter sido o único a dizer: “Já estava na hora, Senhor! Faz 2 anos que espero por isso!”
Apesar da animação de fazer algo pela primeira vez, este deve ter sido um momento intimidante em sua experiência como discípulos de Jesus; essa é a primeira vez que saem sem o Mestre. Eles é que farão o ensino e tomarão o controle da situação. Jesus está pronto para enviá-los.
Quando observamos essa passagem, descobrimos alguns princípios excelentes para aplicar às nossas próprias vidas. Esses são princípios válidos não somente ao povo do século primeiro, mas a nós também que vivemos no século 21.
Talvez você seja um novo discípulo de Cristo, ou um que já tem vivido para o Senhor há muitos anos. Juntos, descobriremos princípios que nos ajudarão em nosso discipulado.
As Qualidades que Discípulos Devem Evidenciar
Veja Marcos 6, novamente, começando no verso 7: Chamou Jesus os doze.
Lucas 10.1 nos informa que o Senhor designou ainda outros 70 e os enviou em duplas. O verbo grego traduzido como enviá-los é apostello, do qual derivamos nosso termo “apóstolo.” Todo discípulo, num dado momento, se torna um apóstolo. Um apóstolo é, simplesmente, um discípulo enviado ou comissionado.
Agora, para que alguém fosse um apóstolo, precisaria ter sido uma testemunha ocular de Cristo ou de Sua ressurreição. A famosa passagem de Atos 1.21–22, onde os 11 buscam um substituto para o traidor Judas Iscariotes, deixa bem claro quais são os requisitos mínimos necessários para que alguém se torne um apóstolo:
É necessário, pois, que, dos homens que nos acompanharam todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre nós, começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição.
Portanto, nem eu e nem você, nem outra pessoa qualquer, quer seja um líder ou pregador famoso, pode ser chamado de apóstolo no mesmo sentido em que esses homens são apóstolos.
No verso 7, lemos que Jesus passou a enviá-los de dois a dois, dando-lhes autoridade sobre os espíritos imundos. Permita-me destacar três qualidades que descobrimos nessa passagem que um discípulo deve evidenciar.
- A primeira qualidade é disposição.
Todo discípulo teve a oportunidade de dizer: “Senhor, tenho estado contigo até agora, mas não, obrigado; não quero ser comissionado. Voltarei para a minha cidade, a Cafarnaum. Aprendi coisas maravilhosas contigo; esses foram dois anos excelentes, mas... obrigado. Para mim, o treinamento chegou ao fim.”
Entretanto, lemos nas Escrituras que todos os 12 concordaram; eles estavam dispostos.
- A segunda qualidade dos discípulos e que devemos imitar é a qualidade da renúncia.
Acho que podemos especular quanto ao motivo por que Jesus envia os discípulos em duplas.
- É possível que Jesus tenha enviado os discípulos em dupla, primeiramente, por uma questão de equilíbrio.
Temos Pedro, o impetuoso. Talvez Jesus tenha colocado Pedro, um homem de fé, com Tomé, um homem duvidoso, para que um pudesse complementar o outro. Creio que Jesus os alistou e formou cada equipe de maneira equilibrada. Não sabemos exatamente como Ele os enviou.
- Segundo, creio que Jesus os enviou em dupla por uma questão de encorajamento também.
Teria sido muito desencorajador para os discípulos ir nessa missão sem Jesus Cristo, cada um sozinho. Se os tivesse enviado um a um, poderiam ter ido ao dobro de cidades que foram em duplas. Creio, porém, que o Senhor sabia que necessitavam do encorajamento um do outro, bem como que prestassem contas um ao outro no decorrer da missão. Um pode precisar que o outro o arranque da cama cedo pela manhã, ou que o encoraje em tempos difíceis.
Portanto, faz sentido dizer que Jesus os enviou em duplas possivelmente por uma questão de equilíbrio e encorajamento.
Perceba, contudo, a renúncia de cada discípulo compromissado com isso. Veja Marcos 6.8–9:
Ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, exceto um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro; que fossem calçados de sandálias e não usassem duas túnicas.
As sandálias mencionadas no verso 9 eram um tipo simples de calçado. Naqueles dias, havia dois tipos de calçados: havia a bota popularizada pelos romanos; e havia uma sandália simples com sola de capim batido ou couro, a qual tinha correias trançadas na parte superior que eram amarradas ao tornozelo. Esse era um calçado bastante simples—uma sandália comum. É isso o que Jesus mandou os discípulos usarem.
O alforje ou “saco de viagem,” dependendo da sua tradução no verso 8, é o termo grego pera, que se refere, de forma intrigante, à bolsa de um mendigo. Naqueles dias, era comum para um prosélito ou sacerdote de religião pagã carregar consigo uma pera, ou “bolsa de mendigo.” Ele andava pelas vilas e cidades na esperança que pessoas contribuíssem com sua causa. Por isso, sempre tinha a bolsa aberta, pronta para receber ajuda das pessoas.
Agora, Jesus diz a esses homens: “Vocês representam a mim e ao Cristianismo que compartilhamos, mas não os quero recebendo doações; não quero que sejam pedintes profissionais. Ao contrário, quero que tenham a atitude de dar, não de receber.”
Portanto, vemos essa ideia de profunda renúncia.
Todas as peças de roupa mencionadas nesse texto são interessantes. Não observaremos cada uma delas individualmente, mas quero destacar a túnica. Jesus instrui os discípulos a não levar duas túnicas.
A túnica era uma peça de roupa grande, com mais de 2 metros de largura. O usuário a dobrava ao meio e a colocava debaixo dos braços. Essa túnica era bastante simples; não passava de um tecido grande com três buracos: um para o pescoço e um para cada braço. Portanto, os discípulos fariam sua missão usando vestes simples. Não havia vestimenta profissional; apesar de existir coisas mais requintadas a vestir, a ordem de Jesus foi que se vestissem de forma simples. Imagino esses homens se vestindo como monges do passado, que viajavam por aí usando roupas simples.
Então, percebemos renúncia por parte dos discípulos.
- A terceira qualidade era a da ousadia.
Veja Marcos 6.12:
Então, saindo eles, pregavam...
- ...que os homens os valorizassem. Não.
- ...que deveriam ser pessoas populares. Não.
Então, saindo eles, pregavam ao povo que se arrependesse.
No idioma grego, existem duas palavras diferentes para os atos de “pregar” e “ensinar.” Uma delas é didaskalo, que se refere ao ato de transmitir uma verdade, apresentar os fatos—isso é ensinar. A outra palavra é kerysso, que fala do ato de apresentar a verdade e apresentar um veredito. Ou seja, “Muito bem! Vocês acabaram de ouvir os fatos sobre o reino, ouviram quem é Jesus Cristo, ouviram a mensagem. Agora, precisam entender que essa mensagem traz consigo um veredito; e o veredito é este: arrependam-se!”
Portanto, os discípulos tinham que ser homens ousados. E creio que as pessoas não iriam gostar muito dessa atitude.
Mateus 10 fornece um registro mais detalhado da missão dos discípulos. Jesus diz aos discípulos em Mateus 10.7:
e, à medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus.
Fica evidente que os discípulos não criariam a mensagem; eles não deveriam sair ao povo e pregar o que pensavam, pregar sua opinião pessoal; não deveriam juntar um grupo e ensinar o que pensavam ser o certo. Entenda bem que a mensagem era clara e foi dada pelo próprio Jesus: está próximo o reino dos céus.
Os discípulos não fabricariam uma mensagem, mas proclamariam uma mensagem que o próprio Jesus lhes deu. Em seguida, o Senhor diz em Mateus 10.8:
Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai.
Na última frase, Jesus lhes diz simplesmente: “Não cobrem para pregar; proclamem de graça.”
Creio que a maior qualidade necessária a esses discípulos e a nós é a seguinte:
O discípulo deve depender totalmente do suprimento de Deus.
É como se Jesus dificultasse as coisas para que alguém fosse um discípulo. Ele diz, com efeito: “Não quero que façam malas; não levem roupas extras, nem sapatos.”
É interessante que Jesus os manda levar um bordão. Havia dois tipos de bordão na época: primeiro, um cassetete usado para proteção; e segundo, um cajado usado para caminhada. Ele diz: “Não quero nem que levem cassetete para proteção no caminho. Levem apenas um cajado para apoio em suas caminhadas. Não quero que algo seja de empecilho ao ministério de vocês. Simplesmente, partam pelas estradas sabendo que o Pai é com vocês.”
As Reações que Os Discípulos Devem Esperar
Vamos ver o que acontece quando os discípulos ingressam na missão. Volte para Marcos 6.
O Senhor é, provavelmente, diferente do gerente de vendas de sua loja. Após dar todas as instruções, o gerente diz a você: “Olha, o mundo espera por você. Tipo, as pessoas querem comprar alguma coisa. Se você usar suas palavras bem e usar direitinho as técnicas de venda, terá o mundo na palma de sua mão.”
Jesus não faz isso; Ele prepara os discípulos para uma reação mais realista por parte das pessoas. E existem duas reações possíveis.
- A primeira reação que os discípulos devem esperar é hospitalidade.
Veja Marcos 6.10:
E recomendou-lhes: Quando entrardes nalguma casa, permanecei aí até vos retirardes do lugar.
Lucas 10.5–7 amplia a passagem e nos informa que, quando chegassem a uma cidade, deveriam procurar alguém que temia a Deus. Esse indivíduo pode ainda não ter ouvido o programa do reino, mas conhecia a Deus, o Deus de seus pais; talvez era alguém leal à aliança abraâmica. Portanto, quando ouvisse os discípulos, seu coração abriria. Como resultado, lhes ofereceria hospitalidade.
Como podemos aplicar isso às nossas vidas? Bom, podemos oferecer hospitalidade aos que estão engajados no ministério integral da Palavra de Deus, talvez um missionário. É muito encorajador ver nossa pequena igreja sustentando três famílias da igreja envolvidas em ministério de tempo integral com universitários da região; eles não precisam trabalhar secularmente para sustentar suas famílias. Com isso, nós mostramos hospitalidade e contribuímos para a proclamação do Evangelho.
Os discípulos deveriam ir a cidades e vilarejos para pregar. A esperança era a de que, após pregarem um ou duas vezes, alguém os convidaria para se hospedar em seu lar.
Agora, Jesus dá aos discípulos três regras de hospedagem.
- Primeiro, os discípulos deveriam escolher cuidadosamente a casa na qual se hospedariam.
Em Lucas 10.5–6, lemos que deveriam se certificar de que havia naquele lar um “filho da paz.” Em outras palavras, não deveriam, necessariamente, aceitar logo o primeiro convite, mas confirmar e ter certeza que as pessoas daquela casa realmente estavam preocupadas com o Evangelho.
- Segundo, os discípulos deveriam se hospedar numa casa não com a mentalidade de receber, mas de dar.
Lemos em Marcos 6.10:
E recomendou-lhes: Quando entrardes nalguma casa, permanecei aí até vos retirardes do lugar.
Em outras palavras, “Não seja exigente; não entre numa casa com um cardápio na mão. Não diga: ‘Bom, se você vai me hospedar, então meu almoço preferido é feijão, arroz, bife e salada de alface, tomate e pepino. Ah, e o feijão tem que ser preto, nada de marrom! Para o café da manhã, gosto de ovo mexido, queijo, frutas e um suco de laranja. E não abro mão do meu cochilo da tarde.’”
Não. Os discípulos deveriam entrar numa das casas sem a expectativa de receber, mas com a atitude de dar. Se a casa onde havia um filho da paz fosse uma cabana na beirada de um rio, eles deveriam permanecer ali.
Veja, novamente, que Jesus diz permanecei aí até vos retirardes do lugar. Isso é interessante. Significa que, caso alguém rico da cidade se convertesse, alguém que possuía boas propriedades e instalações, eles não deveriam abandonar a cabana da beirada do rio para se hospedar nessa mansão.
Jesus simplesmente diz aos discípulos: “Não quero que surja inveja neste pequeno grupo. Não envergonhem meu nome. Fiquem no mesmo lugar até saírem definitivamente da cidade.”
- A terceira regra de hospedagem que Jesus dá aos discípulos é: os discípulos deveriam se preocupar com seus anfitriões.
Em Lucas 10.9, descobrimos que os ministérios de pregação e cura dos discípulos deveriam começar no lar onde hospitalidade lhes estava sendo fornecida.
Essas são, de fato, tremendas regras de hospedagem.
- Agora, o Senhor menciona a segunda reação possível que os discípulos deveriam esperar. Ele diz: “Quero que vocês saibam que não somente serão recebidos por alguns, mas serão também rejeitados por outros.”
Talvez você seja um novo convertido e algo que o surpreendeu e chocou foi que, quando voltou ao trabalho após ter recebido a Cristo, descobriu logo depois que pode falar sobre qualquer coisa, menos sobre Jesus Cristo. Você pode conversar sobre o clima, política e esportes; na verdade, pode levantar qualquer conversa, mas no momento em que menciona Cristo, geralmente não é bem recebido, mas rejeitado. Portanto, prepare-se.
Veja o que Jesus diz em Marcos 6.11:
Se nalgum lugar não vos receberem nem vos ouvirem, ao sairdes dali, sacudi o pó dos pés, em testemunho contra eles.
Em outras palavras, “Não se surpreendam se forem rejeitados; apenas sacudam o pó de seus pés.”
Deixe-me destacar duas coisas a esse respeito.
- Primeiro, Jesus parece dizer que os discípulos não devem levar a rejeição para o lado pessoal. As pessoas rejeitam Cristo Jesus, não os discípulos em si.
O costume naqueles dias para um judeu devoto que viajava por uma cidade ou região gentia era retirar suas sandálias antes de entrar de volta na terra santa e bater uma contra a outra. Isso limparia o pó para que não trouxesse poeira impura a Jerusalém. Eles sempre faziam isso.
Quando um judeu saía do lar de um gentio, ele tirava suas sandálias e limpava a poeira antes de voltar, como que dizendo: “Esse povo é desprezível e não quero a poeira de sua cidade impura na minha terra santa.”
É exatamente isso o que Jesus manda os discípulos fazer. Em outras palavras, “Se vocês pregarem numa cidade e forem rejeitados, entendam que a rejeição é contra mim. Então, trate-os como pagãos; eles são responsáveis. Se não os receberem, tirem suas sandálias e sacudam o pó, dizendo, ‘Vocês são responsáveis pela mensagem que rejeitaram. Não quero nem que minhas sandálias tenham associação com você’.”
Que afirmação forte!
- Segundo, Jesus também parece dizer que os discípulos devem encarar a rejeição com muita seriedade.
Então, Jesus diz: “Não levem a rejeição para o lado pessoal, pois o povo está rejeitando a mim. Mas levem a rejeição a sério.”
Veja o que diz Mateus 10.15:
Em verdade vos digo que menos rigor haverá para Sodoma e Gomorra, no Dia do Juízo, do que para aquela cidade.
Por que? Porque as pessoas dos dias de Jesus receberam mais revelação. Sem dúvidas, Sodoma e Gomorra tiveram alguma revelação. O povo dessas cidades tinha Abraão por perto, além de Ló que morava dentro da cidade, o qual, talvez, contou ao povo sobre Deus e a aliança. Mas o povo rejeitou e Deus o julgou. As pessoas dos dias de Jesus, contudo, estão ouvindo a mensagem do reino; se rejeitarem essa revelação adicional que afirma claramente que o Rei chegou, o juízo será muito mais severo.
Meu querido, isso significa que eu e você também somos responsáveis; temos ainda mais revelação. E todos os que ouvem esta mensagem e rejeitam Jesus Cristo, são responsáveis por aquilo que farão com ela. Se a rejeitarem, receberão julgamento mais pesado do que o de Sodoma e Gomorra.
E acredite—desceu julgamento sobre Sodoma e Gomorra conforme Deus prometeu. E Deus também prometeu que o julgamento para os que rejeitarem Jesus Cristo será mais terrível do que o fogo que esturricou as duas cidades. Esse julgamento envolve o nosso destino eterno.
Por isso, Jesus diz aos discípulos: “Preparem-se, não somente para hospitalidade, mas para hostilidade.”
A Alegria que Os Discípulos Deveriam Experimentar
Até agora, analisamos as qualidades que os discípulos devem evidenciar e as reações que devem esperar. Veja, em Marcos 6.30, a alegria que eles deveriam experimentar:
Voltaram os apóstolos à presença de Jesus e lhe relataram tudo quanto haviam feito e ensinado.
Você notou a ordem das coisas nesse verso? Os discípulos voltaram e relataram a Jesus tudo que tinham feito. Depois, disseram: “Ah, e ensinamos algumas coisas também.”
Conforme Mateus 10.6–8, Jesus expressamente mandou os discípulos pregarem e, depois, fazerem milagres, curas, exorcismos e ressurreições.
Perceba que os discípulos se encantaram com os resultados, assim como eu e você. Eles voltaram ao Mestre e a primeira coisa que dizem é: “Milhares de pessoas vieram e nos seguiram! Você não acredita! Ah, e o Senhor precisa saber também que ensinamos um pouco. Mas os resultados foram tremendos! Até os demônios se sujeitaram a nós pelo Teu nome!”
Existem dois tipos de alegria nesta passagem. Em Lucas 10, vemos a reação do Senhor aos discípulos. Veja o verso 17:
Então, regressaram os setenta, possuídos de alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome!
Será que Jesus reagiu, dizendo: “Que maravilha!”? Não. Veja o que Ele disse em Lucas 10.18–20:
Mas ele lhes disse: Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago. Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano. Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem...
Serpentes e escorpiões, a propósito, é, mais provavelmente, uma forma figurada para falar de demônios.
Os discípulos dizem a Jesus: “Veja o que fizemos! Os demônios se submeteram a nós, pessoas foram curadas... tudo isso é fantástico!”
Você sabe o que está acontecendo? O que ocorreu no coração dos discípulos é o mesmo que pode acontecer conosco: nos especializamos em experiência e minimizamos a importância da doutrina.
Agora, no verso 18, o Senhor diz que via Satanás caindo do céu como um relâmpago. Existem quatro interpretações desse texto. Contudo, apenas uma delas parece se encaixar melhor neste contexto. Os discípulos estão provavelmente cheios de orgulho e dizem: “Os demônios se submetem a nós! Centenas de pessoas nos seguem!”
Jesus Cristo responde: “Quero que vocês entendam que Satanás caiu do céu precisamente porque revelou a mesma coisa que sinto em vocês agora: orgulho. Não se regozijem nessas coisas.” Em seguida, ainda no verso 20, Cristo diz no que eles devem se regozijar:
...alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus.
Ou seja, “Se querem se regozijar, regozijem-se nisto: que seus nomes estão escritos no livro da vida do Cordeiro.”
Essa é a alegria duradoura e contínua, diferente da alegria passageira e instável baseada em resultados. E ela é duradoura porque, aquele que tem seu nome escrito no livro da vida do Cordeiro, não enfrentará a morte eterna. Conforme Apocalipse 20.15:
E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.
Meu querido, se você é salvo, houve um momento na história em que seu nome foi eternamente gravado no livro da vida do Cordeiro; a mão soberana de Deus escreveu ali o seu nome. Você quer se regozijar em alguma coisa? Então se alegre no fato de seu nome estar escrito nesse livro da vida. Essas são as palavras de Jesus.
O Descanso que Os Discípulos Deveriam Esperar
De volta a Marcos 6, vemos que Jesus convoca os discípulos e faz alguma coisa. Veja Marcos 6.30–31:
Voltaram os apóstolos à presença de Jesus e lhe relataram tudo quanto haviam feito e ensinado. E ele lhes disse: Vinde repousar um pouco, à parte, num lugar deserto...
O que Jesus nos mostra aqui é que deve existir um equilíbrio entre ministério e descanso.
Meu amigo, existem momentos em que tirar uma soneca é tão espiritual quanto orar, é tanto da vontade de Deus quanto evangelizar seu vizinho. A chave é o equilíbrio entre ministério e descanso. Dependendo da situação, não se sinta culpado por não fazer nada e apenas relaxar, descansar.
Alguém escreveu: “Existe uma grande diferença entre a linha fina do fanatismo e o chão firme do realismo.”
Jesus Cristo nos fornece aqui o princípio do equilíbrio entre ministério e descanso.
Meu querido, o desafio que emerge dessa passagem é o seguinte: você é crente em Jesus Cristo? Você é um discípulo de Cristo? Se sim, segue a Cristo e proclama a mensagem do Evangelho pela forma como vive e pela maneira como fala? Esse, afinal, é o trabalho de um discípulo.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 17/01/1988
© Copyright 1988 Stephen Davey
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