
Minúcias e Pormenores
Minúcias e Pormenores
Marcos 2.18–3.6
Introdução
Vamos começar hoje lendo Marcos 2.18–3.6:
Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando. Vieram alguns e lhe perguntaram: Por que motivo jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam? Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Durante o tempo em que estiver presente o noivo, não podem jejuar. Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; e, nesse tempo, jejuarão. Ninguém costura remendo de pano novo em veste velha; porque o remendo novo tira parte da veste velha, e fica maior a rotura. Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos. Ora, aconteceu atravessar Jesus, em dia de sábado, as searas, e os discípulos, ao passarem, colhiam espigas. Advertiram-no os fariseus: Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábados? Mas ele lhes respondeu: Nunca lestes o que fez Davi, quando se viu em necessidade e teve fome, ele e os seus companheiros? Como entrou na Casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, os quais não é lícito comer, senão aos sacerdotes, e deu também aos que estavam com ele? E acrescentou: O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado. De novo, entrou Jesus na sinagoga e estava ali um homem que tinha ressequida uma das mãos. E estavam observando a Jesus para ver se o curaria em dia de sábado, a fim de o acusarem. E disse Jesus ao homem da mão ressequida: Vem para o meio! Então, lhes perguntou: É lícito nos sábados fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá-la? Mas eles ficaram em silêncio. Olhando-os ao redor, indignado e condoído com a dureza do seu coração, disse ao homem: Estende a mão. Estendeu-a, e a mão lhe foi restaurada. Retirando-se os fariseus, conspiravam logo com os herodianos, contra ele, em como lhe tirariam a vida.
Os fariseus eram profissionais em se preocupar com pormenores e minúcias da Lei; já fazia séculos que faziam isso. Eles haviam pego as instruções claras da lei mosaica e desenvolvido o que chamavam de “gerações da lei.” Como resultado, o sistema mosaico acabara se transformando numa prisão, cujas barras e celas eram tradições e regulamentos humanos que colocavam o povo judeu em escravidão.
Temos estudado o Evangelho de Marcos, o evangelho das ações. Hoje, chegamos ao que é nada mais do que um confronto frente-a-frente entre Jesus e os fariseus. Jesus era um indivíduo um tanto revolucionário, pois apresentava ao povo judeu sua declaração de independência. Os fariseus não ficariam apenas assistindo inertes.
Agora, essa passagem gera alguns problemas porque Jesus escreve o documento de independência do povo. Vamos observar esses problemas mais detalhadamente.
- O primeiro problema é o da piedade.
Veja Marcos 2.18:
Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando. Vieram alguns e lhe perguntaram: Por que motivo jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam?
Enquanto observavam os discípulos, os fariseus fazem esse questionamento. Por não jejuarem, os discípulos criaram um problema tremendo na mente dos fariseus. Então, eles dizem a Jesus: “Olha, os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, mas os Seus não. Por que você não se enquadra no sistema?”
Jesus responde com uma ilustração interessante. Ele diz: “Podem, por acaso, os convidados jejuar enquanto o noivo está com eles? Claro que não. Enquanto o noivo estiver com eles, os convidados não jejuam.”
Agora, conforme a lei mosaica, o jejum era exigido apenas um dia por ano, que era no Dia da Expiação. Os fariseus, contudo, começaram a caprichar mais nesse quesito, a ponto de, nos dias de Cristo, jejuarem toda segunda e quinta. E eles deixavam óbvio que estavam jejuando para que as pessoas os vissem como piedosos. Eles aplicavam pó branco no rosto, vestiam roupas velhas e ficavam com um semblante deprimido, como que dizendo: “Estão vendo? Estou jejuando.” Isso impressionava as pessoas. Isso é tão impressionante quanto dizer a alguém que você se levanta às 4 da manhã para orar.
Existe, porém, uma diferença grande entre piedade e intimidade—e os fariseus não entenderam isso. Eles se depararam com Jesus Cristo e Seus discípulos não estavam jejuando; os fariseus ficaram confusos. Então, Jesus os leva de volta ao Antigo Testamento e fornece uma ilustração poderosa.
Entenda bem que, naquela cultura, quando um homem se casava, ele passava uma semana em festa. Casais recém-casados não saíam de lua-de-mel como nós fazemos hoje; eles passavam uma semana em casa. O noivo convidava seus amigos mais chegados para celebrar com ele durante uma semana de festa. Naquela vida dura, cheia de trabalho pesado e labuta, essa era uma semana em que se alegravam e festejavam.
Então, Jesus diz: “Olha, eu sou o Noivo. Enquanto estiver aqui, por que deveria haver outra coisa que não festa e celebração? Por que alguém ficaria cabisbaixo? O Cristianismo é alegria!”
Essa foi uma revelação radicalmente nova para os fariseus. A fim de selar o ensino, Jesus fornece dois pensamentos adicionais. Veja Marcos 2.21:
Ninguém costura remendo de pano novo em veste velha; porque o remendo novo tira parte da veste velha, e fica maior a rotura.
Naquela época, seria tolice pegar um manto velho que precisava de um remendo e consertá-lo usando um pedaço de pano novo, isto é, pano molhado que ainda não havia secado e encolhido. Assim que o manto fosse lavado e secasse, a parte de tecido novo encolheria e rasgaria o manto velho. Dessa forma, o buraco ficaria maior do que antes fora; o remendo que deveria ter sido a solução acabou agravando ainda mais o problema.
Em seguida, Jesus fornece mais uma ilustração. Veja Marcos 2.22:
Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos.
Odres eram feitos de pele de bode cozida. As peles eram costuradas nas beiradas e na parte superior no formato de uma bolsa com uma boca pequena, a fim de se transportar líquidos, especialmente vinho. Quando vinho novo ainda não fermentado era colocado nesse depósito, o odre inchava com gases à medida em que o vinho ia envelhecendo. Odres novos eram flexíveis ou elásticos e expandiriam com o envelhecimento do vinho. Seria tolice colocar vinho novo num odre velho, cuja pele já tinha endurecido e ficado quebradiça. Assim que o vinho começasse a envelhecer e inchar com gases, o odre não expandiria e explodiria, desperdiçando seu conteúdo precioso.
Com essas ilustrações, Jesus Cristo deixa claro uma verdade. Ele afirma que não deseja revitalizar o sistema antigo, mas criar um sistema totalmente novo; Ele não veio para remendar o manto velho—a antiga aliança; Ele veio trazendo um manto novo—a nova aliança.
Os fariseus teriam, provavelmente, aceitado alguns dos ensinos de Cristo, pensando: “É, gostamos desse e daquele.” Com isso, teriam incorporado novos ensinos no manto velho da antiga aliança. Jesus, entretanto, diz: “De jeito nenhum. Eu trago um sistema totalmente novo.”
Pelo fato de serem tão piedosos e por terem o povo escravizado, os fariseus não conseguiram suportar a nova mensagem de Cristo.
- Mas havia outro problema. O primeiro era o problema da piedade; o segundo era o problema dos regulamentos.
Veja Marcos 2.23:
Ora, aconteceu atravessar Jesus, em dia de sábado, as searas, e os discípulos, ao passarem, colhiam espigas.
Naqueles dias, havia um sistema previdenciário que cuidava dos pobres, e era o seguinte: os pobres eram autorizados a caminhar pelas beiradas dos campos enquanto viajavam para catar o máximo que pudessem, a fim de comer. A lei, contudo, determinava que eles não podiam levar baldes e foices para os campos; deveriam pegar apenas a quantidade que conseguiam segurar em suas mãos.
Portanto, os discípulos não estão violando, necessariamente, alguma lei civil. Eles estavam famintos e cataram alguns grãos. Continue no verso 24:
Advertiram-no os fariseus: Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábados?
A questão aqui não era se podiam ou não catar as espigas, mas se deveriam ou não catar no dia de sábado.
Entenda que, para os fariseus e para o mundo religioso, o sábado tinha se tornado um objeto de adoração. Daí, chega Jesus e age como se não se preocupasse muito com o sábado, fazendo coisas de outro jeito, apesar de ter um propósito com tudo o que fazia. Os fariseus, então, O questionam.
O problema era que os fariseus também haviam adicionado algumas coisas à lei do sábado. Catar grãos não era ilegal. Veja o que Jesus responde em Marcos 2.25:
Mas ele lhes respondeu: Nunca lestes o que fez Davi, quando se viu em necessidade e teve fome, ele e os seus companheiros?
Davi era um herói para esse povo; um dos seus grandes líderes que eles tanto idolatravam. Se você quisesse provar algo para os fariseus, era só usar uma ilustração da vida de Davi. Mas veja o que Davi fez e Jesus relata no verso 25:
Como entrou na Casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição...
Isso foi quase blasfêmia; os pães da proposição estavam num lugar santo. Esses pães tinham o formato semelhante ao de uma broa. Todo sábado, pães frescos eram colocados sobre a mesa e os sacerdotes, somente os sacerdotes, poderiam comer esses pães. Ninguém tocava nisso; era coisa santa.
Mas Davi chega com seus homens famintos, pega esses pães da proposição e os devora. Deus, contudo, não os matou ali na hora como tinha feito, por exemplo, com Nadabe e Abiú.
A questão foi que Davi violou uma provisão cerimonial estabelecida por Deus. Mas, porque foi uma questão de necessidade, seu ato foi tolerado. Agora, Jesus Cristo viola uma regulamentação humana e diz aos fariseus: “Se Davi pôde fazer aquilo, então, acordem! Não há nada de errado em os discípulos fazerem isto!”
Mais uma fez, o problema era que os fariseus tinham inventado regulamentos extras em relação à guarda do sábado. Deixe-me fornecer alguns exemplos.
O sistema mosaico dizia: “Não trabalhe no dia de sábado.” Isso servia de proteção; as pessoas podiam descansar; naquele tipo de sociedade agrária, ninguém conseguiria trabalhar sete dias seguidos. E não é aconselhável que você trabalhe também—você precisa de descanso. As pessoas da época trabalhavam constantemente, mas quando chegava o sábado, tiravam um dia para relaxar. Portanto, a lei os protegia fisicamente e os protegia da avareza também.
Mas os fariseus vieram e adicionaram outras 39 categorias a essa lei de não trabalhar. Por exemplo: não trabalhar significava que você não poderia arar o solo—essa já foi uma lei filha. Em seguida, essa lei filha deu à luz uma lei neta, a qual dizia que, se você não podia arar porque isso seria trabalho, então não poderia criar um sulco ou ranhura no chão. Por conseguinte, essa lei neta deu à luz outra lei: você não poderia arrastar uma cadeira, já que as pernas da cadeira fariam uma ranhura no solo e isso seria o mesmo que cavar, e cavar seria o mesmo que arar.
A lei mosaica determinava que você não poderia carregar fardo. Os fariseus desenvolveram leis filhas e leis netas, a ponto de concluir que um alfaiate não poderia carregar sua agulha, ou um escriba sua caneta.
O povo, como vemos, estava escravizado. Jesus Cristo chega a fim de reajustar a perspectiva quanto às questões essenciais.
Mas deixe-me dizer algo rapidamente. Jesus não endossa nem age em sacrilégio; Ele não chega com um martelo para despedaçar o sistema mosaico. Chegou o momento de pôr fim ao sistema mosaico, mas existem várias maneias de se pôr fim a alguma coisa. Você pode ou despedaça-lo, ou fazer como Cristo fez, e deixar que o sistema chegue ao seu cumprimento sozinho.
Por exemplo, existem duas maneiras de pôr fim a uma castanha de caju: você pode esmaga-la com um martelo, ou plantar a castanha, a partir da qual brotará e crescerá um cajueiro. Assim, pela morte da castanha, ela cumpre algo muito mais maravilhoso do que se permanecesse uma mera castanha.
Os fariseus estavam adorando a castanha; Jesus Cristo veio e disse: “Olha, vou apresentar algo muito melhor—chama-se graça. Não ajunte castanhas (a lei); deixe-a morrer e se transformar num belo cajueiro forte que produz sombra.”
Os fariseus não suportaram isso; então, rejeitaram a mensagem de Cristo.
- É aqui que entra o terceiro problema, que é o problema das tradições.
Lemos em Marcos 3.1–2:
De novo, entrou Jesus na sinagoga e estava ali um homem que tinha ressequida uma das mãos. E estavam observando a Jesus...
O verbo estavam observando significa “olhar ardilosamente com o canto do olho.” Aqui estão esses homens barbados vestidos em seus mantos, sentados na sinagoga. Eles veem Jesus entrar e começam a observá-lO, pronto para fazer acusações. Veja o verso 3:
E disse Jesus ao homem da mão ressequida: Vem para o meio!
Isso é maravilhoso! Gostaria de poder voltar no tempo e ver isso de perto. Mas vamos tentar recriar o cenário. Um homem com uma mão ressecada seria considerado um pecador terrível. Apesar de poder adorar, teria que se sentar nos fundos, isso se o deixassem entrar na sinagoga. Os assentos principais, é claro, eram reservados a esses homens piedosos que vestiam mantos compridos—os fariseus e escribas.
Esses piedosos haviam inventado a lei neta de que não se poderia aplicar remédio ou unguento de qualquer espécie no dia de sábado, a não ser que a situação fosse de vida ou morte. Por exemplo, você não poderia colocar gelo no seu tornozelo torcido; teria que aguentar a dor até o dia seguinte. Nada de remédios ou tratamentos aos sábados—isso era contra a lei dos religiosos. Agora, eles olham para Jesus e pensam: “Será que ele violará nossa tradição?”
Jesus, evidentemente, vê esse pobre coitado com a mão ressequida; parece até que os fariseus colocaram esse homem ali de propósito. Jesus vai ao meio e diz: “Sobe aqui. Venha para frente, no meio de todos esses homens.” É como se Jesus não quisesse que ninguém perdesse o que vai acontecer—todos precisam ver, quer doutores da lei ou adoradores comuns. Então, ele coloca o homem no centro das atenções.
A mão do homem está atrofiada e ele não pode usá-la. Um escrito extra-bíblico, o chamado Evangelho dos Hebreus—preservado em poucos fragmentos—diz que esse homem era um pedreiro e suas mãos eram seu ganha-pão. Então, com essa mão atrofiada, ele não podia trabalhar, de forma a se tornar um mendigo. Não sabemos se esse detalhe é verídico, mas Jesus Cristo o chama à frente.
Daí, o Senhor, com o homem diante de todos, para, olha para os fariseus e pergunta em Marcos 3.4: É lícito nos sábados fazer o bem ou fazer o mal?
Agora, eles estão encurralados; não podem dizer: “É lícito fazer o bem,” porque Jesus concordaria e diria: “Muito bem! Vocês concordam com isso” e curaria o homem. E se dissessem: “Não, não é lícito fazer o bem no sábado,” concordariam que é lícito fazer o mal no sábado. Jesus continua: É lícito... Salvar a vida ou tirá-la?
A coisa mais interessante nisso tudo é que Jesus sabia que, em seus corações, esses homens planejavam mata-lO. Ele expôs seus pensamentos, arrancou suas máscaras. Fico imaginando a confusão. Eles provavelmente ficaram meio inquietos, começaram a se mexer e a arrumar seus mantos, desejando sair dali. Jesus os encurralou contra a parede. Depois de fazer isso, lemos em Marcos 3.5: Olhando-os ao redor, indignado e condoído com a dureza do seu coração.
Esses homens estavam com o coração endurecido como mármore. Mármore é algo bonito, bem polido por fora, caro. Esses homens eram todas essas coisas e seus corações estavam endurecidos como uma pedra.
Depois desse diálogo, Jesus volta-se para o homem—que deve estar envergonhado lá no meio—e diz: Estende a mão. Ele estende a mão e, naquele exato momento, como se energia tivesse entrado em seus dedos, ele abre sua mão para todos verem-na. Ele deve ter virado a mão para ver a palma, as costas, os dedos; depois, ficou maravilhado e saiu pulando de alegria.
O problema é que as tradições humanas dos religiosos da época teriam proibido Jesus de realizar esse milagre tremendo. Essas tradições haviam cegado os religiosos de tal maneira que não conseguiram enxergar o homem curado diante de seus olhos. Suas tradições os haviam cegado para que não vissem, nesse milagre, o poder de Jesus. Eles não conseguiram ver que Ele era, de fato, quem dizia ser.
Por isso, eles saem dali em Marcos 3.6. E eles saem furiosos! Eles estavam presos ao passado, ao jeito que as coisas sempre foram e o que Jesus fazia estava arrancando suas vidas.
Eu entendo um pouco disso porque, quando ainda jovem, frequentei uma igreja presa ao passado. Enquanto estava na faculdade, ajudava a igreja realizando alguns ministérios. Pegava o carro de um amigo emprestado, dirigia 45 minutos e pregava para 15 pessoas. Meu alvo era manter todo mundo acordado; isso por si só já seria uma façanha.
Jamais me esquecerei de um senhor daquela igreja que havia estado lá já há 45 anos. Ele ensinava a turma de adultos na Escola Dominical e basicamente mandava em tudo e sua esposa tocava o piano. Logo que cheguei lá, comecei a perceber que ele era o cabeça, o cabeça titular da igreja... com um punho cerrado.
Na parede atrás do púlpito onde ficavam as cadeiras para o coral, havia uma faixa. Essa faixa, muito velha, já estava toda desgastada, amarelada e amassada; até rachada, na verdade. Baseado na sua aparência, fazia anos que estivera pendurada naquela parede. Então, saí com uma ideia boa para dar uma animada na igreja. Vamos mudar essa faixa, o logo e colocar uma nova.
Entrei em contato com um desenhista que logo começou a desenvolver uma faixa nova. Bom, na minha animação, não percebi que havia procedimentos apropriados a serem seguidos. Num domingo de manhã, tirei a faixa antiga e estava me preparando para colocar a nova, toda bonita com um novo logo. Nem me lembro de como era. Enfim, estava pregando a nova faixa quando aquele senhor entrou.
Ele caminhou até metade do corredor; eu me virei, olhei para ele e vi que estava ficando todo vermelho. Ele me disse: “Jovem, faz 25 anos que essa faixa está aí nessa parede!” Depois disso, saiu da igreja e bateu a porta com violência. Eu quase disse: “É, realmente dá para ver que faz esse tempo todo!”
A igreja não queria mudanças e eu aprendi uma lição valiosa; e foi a seguinte: se você adora o passado, perde o futuro.
A Reação dos Fariseus
Vamos observar rapidamente como os fariseus reagiram. E eles reagiram de três formas.
- Primeiro, eles saíram furiosos.
Eles ficaram tão indignados que Jesus os expôs e desmascarou suas tradições ridículas que foram embora irados.
- Segundo, eles começaram a planejar um assassinato.
Lemos em Marcos 3.6:
Retirando-se os fariseus, conspiravam logo com os herodianos, contra ele, em como lhe tirariam a vida.
- Terceiro, eles formaram uma aliança.
É interessante descobrir que os herodianos eram inimigos ferrenhos dos fariseus; eles não gostavam uns dos outros; não podiam suportar um ao outro. Contudo, vemos os fariseus formando uma aliança com o grupo politicamente zeloso dos herodianos.
Os herodianos, conforme o título indica, queriam Herodes de volta no trono. Os fariseus queriam se livrar de Jesus. Então, eles provavelmente disseram aos herodianos que Jesus representava uma ameaça política. Como resultado, eles uniram forças para acabar com Jesus.
É triste que eles não entenderam a lição que Jesus ensinou.
Aplicação
Como aplicação, veremos o que podemos aprender com os fariseus e o que podemos aprender com os ensinos de Jesus Cristo.
Com os fariseus
- Primeiro, aprendemos com os fariseus que piedade nunca será um substituto para espiritualidade.
Piedade é aquilo que você faz quando outros o observam; espiritualidade é aquilo que você é, independente de quem o observa.
Piedade jamais será um substituto para intimidade com Deus; não se pode conquistar intimidade.
- Segundo, aprendemos com os fariseus que regras podem servir de proteção, mas nunca para produção de frutos.
Não vá para o outro extremo—regras podem ser úteis para proteção. De fato, Deus deu à nação de Israel o sábado para a proteção do povo; existem determinadas regras que nós seguimos para o nosso bem. Entenda, porém, como regras funcionam, para que você não caia na mesma armadilha dos fariseus—apesar de serem úteis para proteção, regras não são úteis para produção do fruto da espiritualidade.
Com os ensinos de Jesus
- Primeiro, aprendemos com os ensinos de Jesus que o Cristianismo é um substituto, não uma adição.
O Cristianismo substitui o medo pela liberdade. Neste caso, jejum por festa, melancolia permanente por alegria permanente. Conforme Paulo escreveu em 2 Coríntios 5.17: as coisas velhas se passaram; eis que tudo se fez novo.
Não adicione Cristo à sua vida; não amarre o Cristianismo em seu trem e diga: “Faço tudo isso e vou para a igreja.” Cristianismo é um substituto, não uma adição; ele é a própria vida.
- Segundo, o Cristianismo não habita no passado, mas olha para o futuro.
Dou graças a Deus por Martinho Lutero que, um dia, saiu com a nova ideia que na época foi considerada heresia: o canto congregacional.
Dou graças a Deus por William Carey que saiu com uma nova ideia—missões estrangeiras; e foi para a Índia sem o apoio do mundo religioso de sua época.
Dou graças a Deus por novas ideias, não novas doutrinas; dou graças a Deus pela habilidade que temos de viver para o futuro sem adorar o passado.
Quero que você avalie sua caminhada com Cristo. Deixe-me fazer uma pergunta—você diz: “Eu costumava andar perto de Cristo, ler a Bíblia, estudar a Palavra, dizer às pessoas sobre Cristo, mas não faço mais isso hoje”?
Se sim, então está preso às experiências de seu passado, enquanto Jesus deseja que sua experiência esteja no presente e seja para o futuro. Para que isso aconteça, contudo, Jesus não pode ser uma adição à sua vida; Ele precisa ser a sua vida.
Jesus Cristo ofereceu liberdade às pessoas, perdão e satisfação, mas elas O rejeitaram. Ele oferece a você a mesma coisa hoje—liberdade, perdão e satisfação. Você O rejeitará?
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 08/11/1987
© Copyright 1987 Stephen Davey
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