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Um Everest de Verdades

Um Everest de Verdades

參考: Philippians 1–4

Um Everest de Verdades

Humildade—Parte 3

Filipenses 2.5–8

Introdução

Vivemos em um mundo no qual as pessoas buscam se beneficiar processando os outros; a verdade está abandonada nos becos e a injustiça reina suprema sentada sobre um trono.

Muitos são os exemplos de pessoas que processam outras alegando que seus direitos pessoais foram violados. Uma dessas pessoas foi um jovem de 19 anos, morador da cidade de Los Angeles, Estados Unidos. Ele recebeu de seu vizinho uma indenização de 75 mil dólares; seu vizinho deu ré com o carro contra sua mão e a feriu. Conforme os documentos do caso, o jovem não percebera que seu vizinho estava sentado ao volante enquanto tentava roubar as calotas de seu carro—e foi aí que o vizinho atropelou sua mão. Que vizinho desalmado! E eu poderia passar o dia inteiro dando exemplos de casos absurdos como esse.

O que ouvimos com mais e mais frequência é o ruído de pessoas que exigem seus direitos—seus direitos foram violados, elas precisam ser retratadas e indenizadas. Muito raramente, ouvimos falar de uma pessoa que voluntária e humildemente abnegou seus direitos a favor de alguém que não merecia.

Mas, houve Alguém que fez exatamente isso! De fato, houve Um que abriu mão de Seus direitos legítimos para o benefício de pessoas que não mereciam. Seu nome é Jesus Cristo.

Chegamos, hoje, àquele grandioso parágrafo de Filipenses 2 no qual a humildade de Cristo e a abnegação de Seus direitos são descritos de forma maravilhosa. Leia Filipenses 2.5–11:

Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.

Esse é um Everest de verdades! Diante desse parágrafo, todo falso mestre se enche de incerteza, e toda seita se silencia em temor.

Agora, poderíamos pregar uma mensagem em cada frase e, mesmo assim, nem teríamos começado a exaurir todas as implicações.

Nesse parágrafo, temos um vislumbre raro do Salvador na eternidade passada, e outro vislumbre raro da eternidade futura quando cada ser humano reconhecerá a divindade de Jesus Cristo e Seu reino vindouro.

O pregador James Montgomery Boice escreveu:

Nesses versos, vemos um grande resumo da vida de Cristo e nos é permitido ver os propósitos majestosos de Deus. Esses versos ensinam a divindade de Cristo, Sua pré-existência, Sua igualdade com Deus o Pai, Sua humanidade verdadeira, Sua morte voluntária na cruz, a certeza de Seu triunfo final sobre o mal e a permanência de Seu reino.

A propósito, o que eu acabei de ler é uma lista de declarações inspiradas sobre o nosso Senhor—e Paulo a escreve cerca de 30 anos após a morte e ressurreição de Cristo.

Hoje em dia, falsos eruditos tentam convencer o mundo de que essas crenças foram inventadas por pessoas que não queriam perder seus empregos; ou seja, que são invenções na história de uma igreja que evoluiu lentamente. Contrário a isso, todavia, essas doutrinas não se desenvolveram com o passar dos séculos; nada evoluiu aqui. O que lemos é o mesmo que ainda cremos hoje, e os apóstolos começaram a pregar essas verdades imediatamente após terem visto Jesus subindo pelas nuvens de volta ao Pai.

Esse Everest de verdades tem permanecido firme de pé por cerca de 2000 anos! Alguns aspectos já se concretizaram, enquanto outros ainda ocorrerão no futuro.

Agora, apesar de eu ser tentado a separar cada uma dessas 11 declarações teológicas profundas, o que em oração decidi fazer foi seguir a intenção original de Paulo e explica-las em 3 pregações, se o Senhor permitir.

O interesse de Paulo não é dar uma aula de teologia, apesar de acabar fazendo isso. O que ele realmente deseja fazer é fornecer uma lição de humildade. Ele está desafiando a igreja de Filipos a permanecer unida em humildade.

Paulo descreve a humildade de forma bem clara a partir do verso 3 e no verso 4:

Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros.

Paulo implora para que os filipenses vivam em harmonia, deixem de lado todos os seus desejos egoístas e direitos pessoais, seu orgulho e desejo por atenção. Agora, seu último apelo aos filipenses surge quando ele aponta para a humildade do próprio Jesus Cristo.

Thomas Brooks, um pastor e escritor puritano do século dezessete, escreveu que exemplo é o mais poderoso argumento.

Jesus Cristo está prestes a ser apresentado como o mais poderoso argumento contra egoísmo e orgulho e como o exemplo mais incrível de humildade e graça. E grande parte dos teólogos concorda que Paulo aqui cita um hino.

Esses versos foram escritos em forma poética. Apesar de não termos a melodia original, esse poema pode muito bem ter sido um dos primeiros hinos que a igreja entoou sobre seu Senhor triunfante. Muitos creem, e por bons motivos, que o mártir Estêvão foi o autor desse hino de seis estrofes.

O que sabemos com certeza é que a letra desse hino teria lembrado a igreja, como veremos hoje em parte, do fato de que todas as pessoas um dia confirmarão o nome de Jesus Cristo e Seu Evangelho. Enquanto isso, para a igreja, humildade, autossacrifício, sofrimento e até mesmo a morte são momentos temporários na jornada para a vida eterna com o Rei ressurreto.

Com essa introdução a fim de organizar nossos pensamentos em preparação para escalar esse Monte Everest de verdades, gostaria de concentrar na questão principal aqui: a humildade de Cristo—o fato de Ele não haver defendido Seus próprios direitos; ao invés disso, Ele, de forma sacrificial, os colocou de lado por causa de pecadores como nós que não somos merecedores de tamanha bondade.

Ao começarmos nossa observação dessas estrofes, vou esboçá-las hoje em duas partes principais.

  • O primeiro direito que Jesus Cristo abnegou voluntariamente foi o direito de viver como Deus.

Veja os versos 5 e 6:

Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus

A fim de Paulo poder nos mostrar a incrível humildade de Cristo, ele nos conduz de volta à eternidade passada. Essa se transforma numa das declarações bíblicas mais poderosas quanto à divindade de Jesus Cristo disponíveis nas Escrituras.

O verbo traduzido como subsistindo é uma forma mais forte do verbo “ser.” Paulo escolhe o verbo grego hyparcho para certificar de que seus leitores entenderão que ele descreve a essência de uma pessoa, algo que não pode ser alterado; essa é a parte de um ser que, independente das circunstâncias, permanece inalterado.

Essa é, portanto, a natureza da pessoa. Poderíamos traduzir o verso da seguinte forma: “Pois ele, existindo de forma imutável na natureza de Deus.”

Paulo diz, com efeito: “Olha, sei que estou dando o exemplo de Jesus Cristo se tornando homem, mas você precisa entender que Ele existiu na eternidade passada e continuará existindo na eternidade futura com a própria essência imutável da divindade.”

Essa é a natureza de Cristo.

E Paulo nos diz que a natureza imutável de Cristo era em forma de Deus. Mais uma vez, Paulo emprega uma palavra rica em significado. Jesus existiu na eternidade passada na forma de Deus. Essa é a palavra grega morfe e se refere à manifestação exterior de Sua natureza divina interior.

Aos Colossenses, Paulo escreveu que Deus o Filho é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda criação (Colossense 1.15). Infelizmente, muitas seitas surgiram por causa da expressão primogênito de toda criação sem levar em consideração o idioma grego.

A palavra grega protokokos, traduzida como primogênito, não se refere a alguém que foi o primeiro da criação a nascer; isso, de qualquer maneira, não faz sentido, já que Jesus nasceu no século primeiro de nossa era em Belém; muitas coisas já haviam sido criadas antes de Seu nascimento. A palavra grega significa que Jesus precedeu a criação e é o primeiro em tudo.

Então, o que Paulo diz aos colossenses é que Jesus Cristo é a imagem do Deus invisível, tendo a primazia sobre tudo o que foi criado e soberano sobre tudo. Portanto, o verso, na verdade, reforça a doutrina da pré-existência de Cristo, e não algum ensinamento falso de que Ele teve um começo em algum lugar no céu ou na terra quando nasceu.

Aqui em Filipenses, Paulo reforça essa verdade—Cristo pré-existiu eternamente em forma de Deus. Em outras palavras, Ele manifestou exteriormente uma realidade interior—a saber, a de que Ele era igual a Deus. Ou, podemos também dizer que Jesus Cristo possui interiormente e demonstrou exteriormente a mesma natureza de Deus.

Veja, agora, qual é o ponto principal de Paulo no verso 6:

pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus

A propósito, perceba que Paulo não defende o conteúdo dessas declarações incríveis; ele apenas as afirma.

A coisa mais maravilhosa para Paulo neste contexto não é que Jesus tenha existido na eternidade passada, mas que Jesus, o qual é a imagem de Deus, abre mão de todos os direitos e privilégios ligados à divindade.

Você consegue acreditar nisso? Apesar de Jesus haver pré-existido desde a eternidade passada como Deus o Filho, possuindo a natureza interior da deidade na forma exterior de Deus, Ele não se agarrou a esse tipo de glória, mas humildemente a deixou de lado por mim e por você. Essa é a coisa mais interessante para Paulo aqui—uma demonstração incrível de humildade na encarnação de Jesus Cristo!

Portanto, o que mais admira Paulo não é que Jesus Cristo seja o Deus Filho eterno, mas que o Deus Filho eterno se tornou escravo e morreu por mim e por você.

Veja o que ele diz no final do verso 6:

...não julgou como usurpação o ser igual a Deus

Mais uma vez, essa é outra declaração surpreendente que deveria remover todas as dúvidas de Cristo ser ou não igual a Deus o Pai. Paulo emprega a palavra grega isos para igual, um termo que expressa exatidão em equivalência.

Essa palavra aparece na matemática quando falamos de um triângulo “isósceles,” ou seja, um triângulo com lados iguais. O termo também é comum na química como “isômero,” uma referência a elementos químicos que diferem em determinadas propriedades ou estrutura, mas que são idênticos em seu peso atômico.

Semelhantemente, Jesus é distinto de Deus o Pai em Sua pessoa, mas é igualmente e eternamente divino.

Agora, já ouvi pessoas dizendo que Jesus não afirmou claramente que era igual a Deus o Pai. Eu respondo com uma pergunta: “Você já leu o Novo Testamento?” Os líderes religiosos queriam mata-lo justamente porque entenderam claramente quem Jesus dizia ser. Por exemplo, lemos em João 5.18:

Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.

Esta é a glória de Cristo—Ele é igual ao Pai. E Ele está prestes a revelar humildade incrível ao deixar Sua posição e lugar de glória e esplendor, descendo ao nosso planeta empoeirado. Ele abrirá mão do direito de viver como Deus. Jesus não agarra para Si esse direito à Sua glória—Ele abnega esse direito.

Falando a mesma coisa de outra maneira—Jesus Cristo tinha todos os direitos, honras e privilégios da Trindade, vivendo no esplendor inimaginável do Deus Todo-Poderoso. João descreve Seu trono sobre um mar de vidro com relâmpagos brilhando ao redor e anjos cantando: “Santo, Santo, Santo.” E Paulo diz aqui no verso 6: não julgou como usurpação o ser igual a Deus.

Ou, “Ele não se agarrou a esse direito.” Cristo não se agarrou, nem agarrou esse direito com Seus dedos. Ao invés disso, Ele abriu mão e deixou Seus privilégios saírem de Suas mãos.

O Filho, que tem direitos iguais aos do Pai, abnegará Sua posição favorável com Deus o Pai e Deus o Espírito numa atitude de humildade, descendo a escada do céu à terra. Nós queremos subir essa escada; Ele voluntariamente desceu.

Nunca me esquecerei de estar lendo um jornal quando ainda estava no seminário. A coluna principal naquele dia trazia a história de gênios e empresários automotivos, homens como David Buick—um homem que ficou multimilionário, mas que acabou perdendo todo seu dinheiro e morrendo em pobreza; e outros homens como William Durant, que fundou uma empresa conhecida como General Motors ao convencer David Buick e um piloto de carro francês chamado Louis Chevrolet a se juntarem a ele em sua empreitada automobilística. Dizem que outros 50 homens ficaram milionários ao entrarem na carroceria desse gênio criativo chamado William Durant. Mas, assim como David Buick, William Durant acabou perdendo o controle de seu empresa e fortuna e terminou falido. Por mais inacreditável que pareça, ele morreu aos 70 anos de idade trabalhando como gerente de pistas de boliche.

Que mudança incrível!

Essas mudanças, contudo, somem quando consideramos o esplendor de viver como Deus no luxo da eternidade, algo que Jesus Cristo largou ao deixar para trás as riquezas em troca da pobreza na Terra para viver e morrer pela humanidade.

E pense no seguinte: se nós fôssemos Deus e tivéssemos decidido descer para a Terra em humildade, pelo menos organizaríamos as coisas para descer num lençol limpo, não em palha numa manjedoura de animais. Teríamos, também, os melhores médicos para assegurar a saúde de nossa mãe; nossas testemunhas não seriam vacas e o fedor de estrume!

Cristo abre mão do direito de viver como Deus—o direito de viver com todos os privilégios, honras e glórias como o Deus Filho pré-existente, eterno e igual em divindade com o Pai.

Paulo quer que percebamos o seguinte: Jesus Cristo revelou humildade não ao agarrar, mas ao abrir mão.

  • Jesus Cristo não somente abnegou voluntariamente o direito de viver como Deus, mas Ele renunciou o direito de agir como Deus.

Paulo continua e escreve no verso 7:

Antes, a si mesmo se esvaziou...

Cristo Jesus se esvaziou. Isso é o que os teólogos chamam de a “kenosis ou o esvaziamento de Cristo,” derivando do verbo grego kenoo que significa “esvaziar.”

A pergunta que surge é a seguinte: do que exatamente Cristo se esvaziou? Será que Ele deixou de ser Deus temporariamente?

O significado do verbo kenoo nos ajuda a responder essa pergunta. Ele tem a ideia de “esvaziar sua mão.” Em todas as demais ocorrências no Novo Testamento, o verbo significa “esvaziar-se” no sentido de privar alguma coisa de seu uso.

Um linguista escreve que esse verbo é uma expressão vívida da renúncia pessoal de Cristo e de Sua recusa a usar o que possuía para vantagem própria. Portanto, Jesus Cristo abre mão do direito que possui de agir como bem quiser pelo fato de ser Deus. E é exatamente isso o que vemos acontecendo no registro da vida e ministério de Jesus visto nos Evangelhos.

Os milagres que Cristo realizou jamais foram para Seu próprio conforto, mas sempre para o benefício de outas pessoas. Na verdade, os milagres que realizava dificultavam ainda mais a Sua vida. E essa é a questão: Jesus Cristo abriu mão do direito de agir conforme Seus atributos para Seu próprio benefício.

Ele poderia ter marcado a história assumindo posição de importância quando bem quisesse. Cristo poderia ter manipulado as coisas conforme Seu desejo: “Ah, não quero me molhar na chuva hoje... já chega de neve por esse mês... está muito calor hoje... deixe-me mudar isso rapidinho.”

Pense nisto: por que labutar fisicamente numa carpintaria com um martelo e serra como filho de carpinteiro? Ele poderia muito bem ter apenas estalado o dedo e voilá! Um jogo de mesa prontinha com seis cadeiras. Eu teria feito isso! Pense como Ele poderia ter prosperado os negócios de Sua família. Apesar disso, Ele estava disposto a crescer como homem numa vila insignificante chamada Nazaré; Ele estava disposto a ser um carpinteiro desconhecido sem uma auréola na cabeça ou roupa de super-homem debaixo de Seu manto.

De fato, Jesus foi um homem tão comum que, quando anunciou quem Ele era, até mesmo Seus meios-irmãos e irmãs não acreditaram: “Você, Messias?! Tá bom... Você, Deus?! Duvido!”

Será que Ele defenderá Seu direito divino e eliminará todos os adversários, vindicando, assim, Suas alegações? Não. Conforme alguém escreveu: “A kenosis—a encarnação—foi uma privação voluntária para não viver conforme quem Ele era.”

Paulo continua no verso 7 e descreve o ato de humildade de Cristo:

Antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens…

A forma de servo—aqui está aquela palavra mais uma vez—morfe, que significa a essência e a natureza de um servo.

Como vemos, Jesus não somente assume a aparência de servo; Ele assume a própria natureza do serviço!

Paulo é bastante cauteloso aqui e usa suas palavras com cuidado para afirmar que Jesus não abriu mão de Sua natureza divina, mas adicionou outra natureza à Sua natureza divina eterna. Jesus Cristo terá tanto a natureza divina quanto a humana. Portanto, Ele não perdeu Sua divindade a fim de assumir humanidade.

Um comentarista escreveu o seguinte: “Em Sua encarnação, Jesus se tornou aquilo que nunca fora; ao mesmo tempo, Ele nunca deixou de ser aquilo que é eternamente.”

Que manifestação impressionante de humildade: na Sua concepção, pela primeira vez na história humana, o Deus Filho pré-existente se tornou um ser humano. Agora, Ele é tanto Deus como homem—o Deus-Homem.

Mais uma vez, esse não é o interesse principal de Paulo com o parágrafo. Jesus não se tornou homem simplesmente, mas Ele, o Senhor soberano, escolheu se tornar a classe mais inferior de homem. Como Paulo escreve, Cristo se tornou um doulos—ou seja, Jesus se tornou um escravo.

O soberano assume a posição de escravo.

Um doulos ou escravo não possuía direitos pessoais, mas vivia para realizar a vontade de seu mestre e senhor; o escravo não era dono de propriedade; tudo o que tinha pertencia ao seu mestre ou era emprestado.

A igreja de Filipos estava lutando com as questões comuns de fama, poder e primazia—coisas que agarramos e seguramos. O mundo teria dito: “É assim mesmo que se vive! A medida do sucesso é determinada por quantas pessoas o servem!” Ao contrário dessa filosofia mundana, Jesus Cristo mostra que a medida do sucesso se encontra em quantas pessoas você serve.

No século primeiro, dentre outras responsabilidades, o escravo era obrigado a carregar o fardo de outras pessoas.

Carregar suas coisas, seus pesos, seus fardos—Jesus ainda serve a você e a mim hoje.

Mas vamos dar uma olhada mais de perto—será que Jesus realmente viveu como um escravo? Você já leu os Evangelhos? Jesus tomou emprestado:

  • Um lugar para nascer;
  • Um lugar para dormir;
  • Um barco para atravessar o Mar da Galileia;
  • Um animal para montar e entrar em Jerusalém;
  • Uma casa para dormir;
  • Um cenáculo para comer com Seus discípulos;
  • E um túmulo para ser sepultado.

Jesus tomou tudo emprestado! Ele foi a única pessoa a andar pela face da terra que tinha o direito a possuir qualquer coisa que quisesse. Contudo, Ele nunca tirou vantagem de Seu direito divino, nem jamais reivindicou privilégios especiais. Diferente disso, Ele abnegou o direito de viver como Deus e renunciou o direito de agir como Deus. Jesus envolveu-se com uma toalha e demonstrou na prática que tinha vindo para ser um Servo e para servir.

Agora, a última coisa que Paulo quer que a igreja de Filipos conclua é a seguinte: “Nossa, que atitude incrível de Jesus, hein?! Como Ele é incrivelmente humilde!”

Ele é, mas essa não é a aplicação. Volte ao verso 5 onde Paulo escreve:

Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus...

Essa atitude não é para Jesus somente, mas é também para mim e para você; ela é para a igreja inteira. É desta forma que todos nós devemos viver: voluntariamente abnegando nossos direitos por causa dos outros e para a glória de Deus.

Em um livro sobre amizade, o autor conta sobre uma mulher que revelou esse tipo de serviço altruísta, gracioso e amoroso. Seu esposo havia ficado paralisado já com certa idade. O autor incluiu em seu livro uma carta que esse homem paralítico escreveu para seu filho adulto descrevendo o exemplo do espírito servo de sua mãe. O marido paralisado escreveu:

Meu filho, poucos homens entendem o significado de receber apreço da esposa por levá-la para jantar, quando um simples jantar envolve tantas coisas, como é o nosso caso. Para nós, sair para jantar significa que ela precisa me vestir, me barbear, escovar meus dentes, pentear meu cabelo, me empurrar na minha cadeira de rodas e levar para a garagem; depois, recolher os pedais da cadeira, me colocar de pé, virar o meu corpo, me colocar no banco do carro e depois me ajustar para que eu fique confortável. Em seguida, ela precisa fechar a cadeira, coloca-la no carro, ligar o carro, dar ré para sair da garagem, sair do carro para fechar a garagem, entrar de novo no carro e dirigir para o restaurante. Quando chegamos no restaurante, ela tem que sair do carro, abrir a cadeira, abrir a porta, virar o meu corpo, me levantar, me colocar na cadeira, abrir os pedais, fechar e trancar o carro, me empurrar para o restaurante e recolher os pedais da cadeira para que eu fique mais confortável. Então, nos sentamos e desfrutamos de um delicioso jantar, o que significa que ela me dá a comida na boca uma garfada de cada vez por toda a refeição. Quando terminamos, ela paga a conta, me empurra para o carro novamente e realiza a mesma rotina entediante, só que agora ao contrário. Quando tudo termina e estamos de volta dentro de casa, ela olha para mim e diz: “Querido, obrigado por me levar para jantar.” Eu nunca sei o que dizer.

A verdade é que é difícil encontrar palavras em face ao serviço genuíno e altruísta.

Paulo diz: “Vejam bem, se Jesus Cristo pôde abrir mão de Seus direitos divinos incríveis, quem somos nós para nos agarrar aos nossos?”

Atitudes de altruísmo e humildade se transformam em atos altruístas e humildes de graça e amor. Dessa forma, crescemos um pouco mais segundo a imagem do Filho de Deus, nosso Salvador, Jesus Cristo.

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado dia 01/03/2015

© Copyright 2015 Stephen Davey

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