
Tudo O Que Precisamos É Amor (Verdadeiro)
Tudo O Que Precisamos É
Amor (Verdadeiro)
Aos Cidadãos do Céu—Parte 6
Filipenses 1.8–9
Introdução
Não sei você, mas eu tenho dificuldades para lembrar coisas que aconteceram 3 meses atrás, mas consigo me lembrar de coisas que aconteceram 30 anos atrás.
Ainda me lembro da primeira vez em que preguei; estava no meu primeiro ano na faculdade. Viajei com um amigo que estava realizando uma apresentação de música sacra numa igreja num sábado à noite. Eles pediram para ele pregar no domingo de manhã e ele sugeriu que eu pregasse no lugar dele. Eu preguei... não me lembro o nome da igreja, só sei que ficava no interior do estado.
Uma das coisas que lembro, de fato, é de como essa pregação foi terrível. Obviamente, eu não tinha nascido para pregar; e não importava, meu objetivo mesmo era ser professor de história. Mas eu tinha sido criado por um pai pregador e missionário, o que significa que eu sabia um verso ou outro.
Ainda me lembro de como essa congregação era pequena; havia um punhado de pessoas ali sentadas, confusas e desapontadas. Ficou evidente para elas que eu não era um pregador, pelo menos não segundo os padrões da região.
Após o culto, eu disse para o meu amigo da música: “Meu amigo, que experiência terrível!” Ele me respondeu: “Fica tranquilo, eles não estão acostumados a ensino bíblico e não faziam ideia do que você estava fazendo ali no púlpito.”
Daí, um homem caminhou até à frente da igreja onde eu e meu amigo estávamos—o templo estava já praticamente vazio. Ele tinha pouco mais de 40 anos, estava arrumado vestindo um terno e tinha um jeito cativante. Ele estendeu sua mão para apertar minha mão e disse algo de que não lembro, mas tinha a ver com ter gostado da pregação. Fiquei surpreso. Em seguida, ele olhou diretamente dentro dos meus olhos e disse algo que ainda posso ouvir 35 anos depois: “Veja bem: quero que você saiba que vou começar a orar por você todos os dias, pelo resto da minha vida.”
Ele se virou e foi embora.
Não sei qual era seu nome; nunca mais o vi novamente. Mas percebi que ele estava falando com toda a sinceridade de seu coração.
Talvez você teve uma pessoa assim em sua vida que orava por você fielmente. Quando ela morreu, você sentiu uma perda dupla—você sabia que seria menos uma pessoa levando a Deus suas necessidades em oração.
Minha sogra era assim, agora com o Senhor. Se ela dissesse que iria orar por alguém, ela iria de fato. Minha avó foi outra dessas pessoas—uma missionária viúva por várias décadas.
Ainda me recordo das vezes que ia dormir em sua casa quando era criança; lembro das xícaras coloridas e do fato de ela me deixar tomar café—uma grande coisa para um menino de sete anos. Até hoje, tomo café do mesmo jeito—um pouco de café e bastante açúcar. Chamo isso de “sobremesa na xícara.” Só bebo café assim.
Depois do café da manhã, ela se sentava do meu lado com sua Bíblia, escolhia uma passagem para ler e depois me explicava o que o texto dizia. Estou falando sério; ela realmente me explicava o texto.
Depois ela orava—a oração mais demorada que você possa imaginar. É por isso que ela me enchia de café. Ela orava ao redor do mundo inteiro... e depois orava por mim, sempre com lágrimas nos olhos. Se você me conhecesse na época, saberia por que ela estava chorando—eram lágrimas sinceras.
Já vivi o suficiente para contemplar a morte de fiéis guerreiros da oração, pessoas que cultuavam junto comigo em nossa igreja e que oravam fielmente por mim e minha família. Na verdade, quanto mais velho ficamos, mais percebemos como é significante e precioso conhecer pessoas que, quando dizem: “Vou colocar você na minha lista de oração,” elas falam com toda sinceridade e realmente vão levar você ao trono da graça.
A propósito, todo crente possui uma promessa incrível de que existe pelo menos uma pessoa orando por nós com profunda intensidade e amor. Essa pessoa é Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós (Romanos 8.34). Jesus ora por você neste exato momento.
Mas não é algo maravilhoso quando alguém deste planeta imita o Salvador; alguém do seu mundo, feito do mesmo material, que comete os mesmos erros e carece da mesma graça diz: “Vou orar por você... vou coloca-lo na minha lista de oração.”
No primeiro parágrafo de sua carta aos cidadãos do céu vivendo em Filipos, Paulo escreve com muita afeição sobre seu amor e preocupação por eles. Ele toma a atividade de intercessão de Jesus Cristo e a transfere para a realidade de carne e osso. A primeira coisa que ele faz em Filipenses 1.3 é dizer que ora por eles. Os filipenses estão na lista de oração de Paulo. No verso 3, Paulo informa que os filipenses estão em sua mente; no verso 7, ele diz que estão em seu coração.
É como se o apóstolo fosse a cada um desses crentes e dissesse: “Quero que você saiba que oro por você todos os dias, e farei isso pelo resto da minha vida.” E Paulo está falando sério.
Se observarmos o verso 8, veremos que Paulo faz algo raro e poderoso. Ele escreve:
Pois minha testemunha é Deus, da saudade que tenho de todos vós, na terna misericórdia de Cristo Jesus.
Paulo faz uma espécie de juramento—algo que ele raramente fazia. Ele deseja destacar a verdade de sua preocupação afetuosa e profunda pelos filipenses; então, ele convoca Deus como sua testemunha.
Com que nível de fervor Paulo ora por eles? Sua saudade é na terna misericórdia de Cristo Jesus. Ou seja, ele ora por eles com uma saudade que se compara à misericórdia de Jesus Cristo por eles.
A palavra traduzida como saudade significa “esticar-se.” Dwight Pentecost explica o contexto original dessa palavra. Ela ilustrava um atleta que se aproximava da linha de chegada. O corredor lidera a prova e a vitória parece que será sua; mas ele ouve algumas passadas logo atrás dele e outro competidor ameaça lhe roubar a vitória. Então ele esforça ao limite cada um de seus músculos, nervos e fibras de seu corpo, e se estica para alcançar a linha de chegada em primeiro lugar.
Esse é o nível de afeição de Paulo aqui—“Me estico com tudo o que sou por causa de vocês; invisto tudo o que tenho na oração por vocês da igreja em Filipos.”
Isso por si só já é algo incrivelmente encorajador; geralmente, um guerreiro de oração para por aí. Mas Paulo não.
A maioria dos missionários que enviam cartas de oração aos seus mantenedores saberá como orar por eles, e esse é um plano excelente. Mas Paulo envia para essa igreja que o apoia sua lista de oração para que saibam como ele ora por eles!
Paulo abre seu caderno de oração e lhes mostra o conteúdo: “Vejam aqui—estas são as coisas pelas quais oro que aconteçam entre vocês aí em Filipos.”
E a propósito, essas são as mesmas coisas que Deus deseja desenvolver em nossas vidas também. Se pudéssemos ler a lista de oração de Jesus Cristo, encontraríamos os mesmos elementos que Seu Espírito inspirou através do apóstolo Paulo. E Paulo deixa isso implícito no final do verso ao dizer que tem saudade deles na terna misericórdia de Cristo Jesus. Em outras palavras, meu anseio por vocês se origina em Jesus Cristo.
Deixe-me colocar da seguinte forma: se você alguma vez já se perguntou qual é o conteúdo da oração que Jesus faz por você, aqui está. A lista de oração que Paulo nos fornece é não somente sua própria lista pelos filipenses, mas representa o conteúdo da oração que Jesus faz a nosso favor.
Existem pelo menos 9 pedidos de oração nessa lista—tratarei de 3 hoje e dos outros 6 em nosso próximo estudo.
Encorajo que você ore essas mesmas coisas a favor de:
- Sua família e amigos crentes;
- Pastores e líderes;
- Diáconos, professores, líderes de jovens e voluntários no berçário;
- Por sua igreja como um todo, assim como Paulo faz aqui;
- E por si mesmo também.
Essa é a lista de oração inspirada que origina no coração de Jesus Cristo e flui através do intercessor de carne e sangue—o apóstolo Paulo.
- O primeiro pedido de oração está ligado à sua afeição na vida.
Veja o verso 9:
E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais...
O verbo traduzido como aumente é perisseyo. O tempo verbal pode expressar a ideia de um amor contínuo, abundante e em constante crescimento. Esse não é o tipo de amor sentimental; não é o frio na barriga que surge aqui e ali. Esse é o amor agape, aquele amor de um compromisso.
Ou seja, Paulo diz: “Oro todos os dias por vocês para que seu amor transborde das margens de seu coração e inunde sua vida.”
É interessante que a palavra agape, ou amor, não possui um complemento ou objeto nessa passagem. Paulo não diz: “Para que seu amor por mim aumente.” Ele também não diz: “Para que seu amor por Deus aumente;” ou, “Que seu amor uns pelos outros aumente;” ou, “pelo mundo, pela palavra, pela sua família aumente.”
Paulo não especifica o objeto do amor, o que significa que tudo o que acabei de citar se aplica. Em todas as esferas da vida devemos demonstrar esse amor abundante, constante e sem limite. Conforme um autor escreveu, “Como um gêiser de amor a Deus e um dilúvio de amor que transborda para todas as demais pessoas.”
O antigo comentarista Bengel escreveu: “O fogo no apóstolo Paulo nunca diz: ‘Já basta.’ Paulo diz: ‘Mais amor, mais amor.’”
É comum ver as pessoas usando a palavra “amor” ou “amo” para falar de alguma cidade ou lugar bonito que visitaram. “Eu amo Paris... Veneza... Nova Iorque...;” ou, “Eu amo o Rio de Janeiro.” Essa expressão não passa de uma linguagem hiperbólica que busca expressar o quanto gostamos desses lugares. Podemos chamar esse tipo de amor de “amor turista.” Todavia, quando o assunto é a igreja, é impossível nutrir um “amor turista” pelos irmãos em Cristo.
Uma escritora escreveu sobre uma viagem que fez com seu marido para a Europa. Em 3 semanas e meia, eles visitaram 13 países. Ela escreveu:
Quando entrávamos num país, carimbávamos nosso passaporte, trocávamos dinheiro, aprendíamos algumas frases e palavras importantes e saíamos para os pontos turísticos. Daí, passeávamos por feiras, víamos os museus e experimentávamos a comida típica do lugar. Conversávamos com as pessoas, tirávamos algumas fotos, comprávamos alguma lembrancinha e íamos embora. Foi um tempo muito bom. Nossos corações não foram transformados de alguma forma significante, mas esse não era o objetivo—éramos apenas turistas.
Ela continua:
Tenho a impressão de que essa atitude representa o entendimento do crente em geral quando à igreja local. Será que é possível, num final de semana, que muitos turistas estejam dentro de igrejas? Eles entram e ficam por uma hora ou duas, cantam uma música ou duas e trocam palavras com as pessoas do local; experimentam a comida típica do lugar, compram um CD ou livro como lembrança da visita; em seguida, apressam-se para seus carros até o restaurante predileto para depois chegar em casa e assistir à televisão. Para muitas pessoas, a igreja não passa de um ponto turístico e nossa terra está cheia de igrejas prontas para receber turistas.
Paulo revela uma vida de oração que não se assemelha em nada a um ponto turístico no corpo de Cristo. Ele descreve uma igreja que se vê como peça fundamental no crescimento e desenvolvimento do crente e disseminação do Evangelho.
Paulo se refere ao tipo de amor fervoroso que se preocupa o suficiente para fixar residência. Amor agape é um amor que se muda para o local, constitui um lar, arregaça as mangas e suporta o calor do discipulado, do serviço e das disciplinas espirituais.
Agora, Paulo está ciente de que, se disser apenas que devemos aumentar nosso amor fervoroso—nosso compromisso com Deus e com o próximo—possivelmente sairemos com algumas concepções precipitadas.
Então ele adiciona outros pedidos à sua lista de oração que nos ajudam a definir mais especificamente a vida e o amor. Paulo ora não somente pela afeição do crente na vida, mas:
- O segundo pedido é pelo progresso na vida.
Paulo diz ainda no verso 9:
E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais [e veja bem] em pleno conhecimento...
A palavra que Paulo usa para conhecimento ocorre sem exceção no Novo Testamento para questões espirituais—o conhecimento de Deus, o conhecimento da verdade espiritual, o conhecimento de doutrina. Esse é o tipo de conhecimento que vem por meio do estudo da Palavra de Deus.
Em outras palavras, Paulo quer que o crente aprenda mais sobre Deus porque, quando aprende, seu amor por Ele fica mais profundo, mais rico e mais grato.
Paulo também está dizendo aos filipenses: “Meu desejo é que vocês desenvolvam seu conhecimento do amor—não somente daquilo que pensam que o amor é ou o que outros consideram ser o amor, mas do amor verdadeiro, bíblico e cuja origem é o espiritual.”
O que significa que o amor verdadeiro não é tão cego assim; seus olhos estão bem abertos.
A canção famosa dos anos de 1960 dizia: “Tudo o que você precisa é o amor” vendeu milhões de cópias. “Tudo o que você precisa é o amor... é ser aquilo que você deve ser... tudo o que você precisa é o amor.”
Essa não é uma ideia muito boa porque você pode querer amar a si mesmo mais do que outra pessoa e isso não é nada bom. Talvez você ame o dinheiro mais do que ama a lei; então, você investe sua vida roubando e falsificando dinheiro e isso não é algo bom. Você pode amar mulheres mais do que ama os valores morais; então, você destrói uma vida após outra e até mesmo um ou dois casamentos no meio e isso não será nada bom.
Tudo o que precisamos não é aquilo que amamos; o que precisamos é o tipo certo de amor. É por isso que Paulo insere amor abundante com a ideia de amor definido segundo o conhecimento bíblico.
Veja bem: não importa o que digam seus sentimentos—não importa o que sua cultura aprove, não importa o impulso—nenhum sentimento interior ou a paixão que o leva a desobedecer às Escrituras pode ser abençoado por Deus como amor bíblico.
O verdadeiro amor não discute com a verdade sobre o amor do Criador do amor. Em outras palavras, qualquer suposto amor que nega a Palavra de Deus não é amor. A Palavra de Deus claramente condena toda atividade sexual—até mesmo aquela feita em nome do amor—se for fora do contexto de marido e mulher, pois esse leito é imaculado (Hebreus 13.4).
O que vai além disso é uma farsa vestida de amor. E como sabemos disso objetivamente? Sabemos disso porque é um amor que ultrapassa os limites do amor ao qual Paulo se refere aqui:
- Ele pode ser o amor storge—o amor forte entre membros de uma família;
- Ele pode ser o amor phileo—um amor que compartilha afeição profunda e coisas em comum;
- Ele pode ser o amor eros—um amor conectado ao desejo sexual.
Esses eram termos bastante populares no século primeiro. Contudo, Paulo emprega o termo agape aqui nessa passagem—a maior forma de compromisso e fidelidade, a qual serve como limite para intimidade sexual permissível, compromisso familiar e afeições profundas.
Como você vê, Paulo sabia que a cultura filipense conheceria essas palavras e expressões de amor. A maioria das pessoas pensa que Paulo viveu num mundo primitivo que jamais entenderia o nosso. A verdade é que o nosso mundo está ficando cada vez mais parecido com o de Paulo.
Adultério, aceitação de traição, poligamia, pornografia, homossexualismo, promiscuidade, sexo com desconhecido sem compromisso algum, toda espécie de fornicação—todas essas formas de experiência sexual eram aplaudidas pelo Império Romano.
E Paulo não se esconde da questão. Ele sabia que sua geração precisaria aprender os limites de um novo tipo de amor—o amor bíblico.
É por isso que existe pouquíssimo uso da palavra agape por escritores seculares dos dias de Paulo, mas ela está dentre as mais usadas no Novo Testamento—mais de 300 vezes:
- Para descrever o amor de Deus pelo mundo—Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito (João 3.16);
- Agape é usado para descrever o amor de um marido por sua esposa e o amor de Cristo por Sua igreja—Maridos, amai as vossas esposas, assim como Cristo amou a igreja (Efésios 5.25);
- A palavra serve para descrever o amor de Deus pelo pecador—Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores (Romanos 5.8);
- E agape também é a palavra empregada para falar do amor de Deus pelo crente—Quem nos separará do amor de Cristo? E a resposta é: [nada] poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Romanos 8.35, 39).
A verdade é que nossa mente natural não sabe absolutamente nada sobre o amor bíblico. Tudo o que pensávamos que sabíamos sobre o amor precisa ser reaprendido, redefinido, reconstruído agora que fomos perdoados.
Muito do nosso perdão, quer passado, quer presente, é necessário porque amamos da maneira errada.
Por esse motivo, Paulo ora fervorosamente: “Oro com toda fibra de meu corpo para que o crente progrida em aprender a amar conforme o conhecimento bíblico.”
Relacionamentos formam grande parte de nossas vidas; então, cresça no seu aprendizado em como se relacionar com outros na vida com o amor bíblico.
Paulo ora não somente pela afeição e progresso dos filipenses na vida.
- O terceiro pedido de oração de Paulo é pela prática na vida.
Em outras palavras, como esses crentes em Filipos—e nós—devemos lidar com as questões e pressões diárias da vida de maneira bíblica?
Paulo escreve no verso 9:
E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção,
Aqui está seu terceiro pedido de oração: por discernimento.
Mas o que significa ter discernimento? Paulo emprega uma palavra que só ocorre aqui em todo o Novo Testamento. É a palavra aesthesis, que pode ser traduzida como “sensibilidade, perspicácia.” Ela se refere de forma geral à aplicação do conhecimento bíblico, algo que faz sentido na lista progressiva de oração de Paulo. Primeiro ele ora para que os filipenses aprendam princípios bíblicos e, a partir desses princípios, aprendam a prática bíblica.
A verdade é que, ao menos que você creia de forma correta, você não se comportará corretamente.
Portanto, Paulo ora para que tomemos posse da verdade—conhecimento; em seguida, ele pede que alcancemos a prática da verdade—isso é discernimento.
O problema com o crente em geral não é que ele não conhece a verdade, mas que ele não quer aplicar a verdade que conhece. Então, a solução não é aprender mais, mas praticar o que sabemos com maior frequência.
Um autor escreveu: “Essa palavra para percepção se refere a um nível alto de discernimento bíblico, teológico, moral e espiritual, e pressupõe a aplicação correta da revelação de Deus, a qual, por sua vez, produz vida santa.”
A palavra percepção pode ser entendida como “sabedoria.” Talvez você esteja pensando: “Ah, queria ver uma ilustração clara de como essa palavra é aplicada.” Bom, a boa notícia é que, apesar de ela só aparecer uma vez no Novo Testamento, ela ocorre 22 vezes na tradução grega do livro de Provérbios no Antigo Testamento.
Invista tempo lendo esse livro. Ele tem 31 capítulos; leia um capítulo por dia e você será apresentado várias e várias vezes à sabedoria bíblica que produz uma conduta bíblica.
Um autor disse: “Uma pessoa com discernimento é aquela que aprende a viver para coisas que valem a pena e duram.”
Quando John Wesley foi estudar em Oxford em junho de 1720, sua mãe piedosa Susanna escreveu com sabedoria em uma de suas cartas ao seu filho jovem: “Qualquer coisa que enfraquece seu raciocínio, atrapalha a sensibilidade de sua consciência, obscurece seu senso de Deus ou desvia seu prazer das coisas espirituais, qualquer coisa que deposita mais autoridade a seu corpo do que sua mente, essa coisa é pecado.”
Essa era a lista de oração por seu filho; esse é o começo da lista de oração de Paulo por mim e por você.
Vou concluir com uma entrevista feita com Joni Eareckson Tada. Após ter vivido 45 anos quadriplégica, ela ponderou sobre seu acidente de mergulho que mudou sua vida para sempre. Quando tinha 14 anos de idade, ela recebeu a Cristo como Salvador, mas reconheceu que havia “confundido a vida abundante de crente com o sonho materialista e consumista americano.” Joni disse:
Meu plano era perder peso, conseguir boas notas, me tornar a capitã do meu time de hóquei, ir para a faculdade, me casar com um homem lindo que ganhasse muito dinheiro e ter 3 filhos. Tudo estava focado em mim mesma: o que Deus pode fazer por mim? Eu basicamente pensava que tinha feito um grande favor a Deus quando recebi Jesus... Além disso, meu namorado e eu fazíamos coisas que sabíamos ser pecado.
Em abril de 1967, voltei para casa depois de um namoro imoral numa sexta-feira à noite e clamei: “Ó, Deus, estou manchando a Tua reputação ao dizer que sou crente e, ao mesmo tempo, fazendo uma coisa na sexta e outra coisa no domingo. Sou uma hipócrita; quero que Tu mudes minha vida; faça algo comigo que endireitará meu coração porque estou bagunçando a fé cristã e não quero isso. Eu quero Te glorificar.” Três meses depois tive o acidente de mergulho [que me paralisou do pescoço para baixo].
Joni contou ainda na entrevista que, imediatamente após o acidente, ela disse a Deus: “Jamais irei confiar outra das minhas orações às Tuas mãos!” Mas depois de sua angústia e ira—desejando morrer por causa de sua situação—Joni disse: “Finalmente, fiz uma oração curta que transformou minha vida: ‘Ó, Deus, se eu não posso morrer, mostre-me, então, como viver.’ Essa foi, provavelmente, a oração mais poderosa que já fiz em minha vida.”
É esse tipo de oração que Paulo faz a favor dos filipenses e de mim e de você. Ele ora para que:
- Transbordemos em amor;
- Progridamos em aprender a verdade bíblica sobre o amor e a vida;
- Pratiquemos o hábito de aplicar na vida o que aprendemos.
De forma simples, Paulo ora fervorosamente o seguinte: “Senhor, ensine-os como viver e ensine-os o que precisam saber para que saibam como devem viver.”
Com amor, conhecimento e discernimento, vivendo, no fim, com mais amor por Ti, ó Cristo, mais amor por Ti.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado dia 12/10/2014
© Copyright 2014 Stephen Davey
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