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A Estranha Oração de Um Mártir

A Estranha Oração de Um Mártir

系列: Apocalipse
參考: Revelation 1–22

A Estranha Oração de Um Mártir

Quatro Cavaleiros e o Furor Mundial Vindouro—Parte 5

Apocalipse 6.9–11

Introdução

Existe a estimativa de que mais cristãos foram martirizados nos últimos 50 anos do que nos primeiros 300 anos da igreja.

Hoje, segundo as reportagens vindas de todas as partes do mundo, grande parte da perseguição contra o Cristianismo se concentra em países de governo islâmico. De fato, aquele que afirma que o Islamismo é uma religião pacífica faz uma das declarações mais ingênuas do século vinte e um. O Islã crê que todos os que não seguem Alá são infiéis, colaboram com os demônios e são indignos da vida.

Lembro-me de receber uma lista de oração de uma organização missionária. Nessa lista, havia o pedido por um jovem crente no Irã que havia sido preso três semanas antes no sul de Teerã. Um evangelista diligente de pouco mais de trinta anos, esse jovem homem foi preso, levado à prisão e acusado de conspiração contra o governo iraniano e contra o Islamismo. Após três semanas tentando entrar em contato com ele, alguns amigos conseguiram falar com ele e seu maior medo foi confirmado. A tortura para que negasse a Cristo era horrível: uma perna e um braço haviam sido quebrados, unhas dos dedos das mãos arrancadas e sua cabeça havia sofrido tantos golpes que o rapaz já estava com dificuldades de enxergar. Os demais crentes não sabiam se ele seria solto ou não.

Outro jovem homem nessa mesma região e mencionado na mesma lista de oração também havia sido preso e lançado na cadeia. Sua esposa foi informada que ele passaria muito tempo preso. Esse crente fiel acontece de ser filho de um pastor martirizado.

Adicione-se a esses testemunhos o sofrimento e martírio em lugares como o Sudão, China, Coreia do Norte, Vietnã, Cazaquistão e Iraque, além de outras dezenas de países que matam cristãos. Eles multiplicam o número dos mártires.

Esse não é um conceito estranho ao crente do Novo Testamento. Jesus Cristo disse aos Seus seguidores:

...Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me (Mateus 16.24).

Seus ouvintes sabiam muito bem ao que estava se referindo. Eles sabiam que a cruz simbolizava uma morte humilhante, brutal e dolorosa.

Jesus não estava falando sobre pegar uma cruz de ouro e pendurar em nossa corrente no pescoço ou em um bracelete, ou mesmo no retrovisor de nosso carro. E certamente Ele não estava se referindo também às dores e dificuldades da vida. Ele tinha em mente o sacrifício final da nossa própria vida.

Talvez fizesse mais sentido em nossa cultura se Cristo tivesse dito, “Tome sua cadeira elétrica e siga-me,” ou, “Tome sua injeção letal e siga-me.” Foi exatamente isto o que Ele quis dizer, “Se você deseja me seguir, tome aquilo que simboliza sua própria execução e siga-me por aí com essa disposição aberta para morrer.”

De fato, Jesus Cristo predisse mais adiante aos Seus discípulos:

...vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto a Deus (João 16.2).

Essas pessoas pensarão estar prestando culto a Deus. A palavra para culto transmite a ideia de adoração. Ou seja, eles pensarão estar adorando a Deus ao matar os cristãos.

Podemos entender como isso talvez funcione. Sem dúvidas, perseguição como essa tem existido desde o nascimento da igreja, mas Jesus Cristo prediz que virá um tempo em que a perseguição será derramada de forma nunca vista antes.

Essa é a hora da ira despejada não somente por Deus sobre a terra, mas pelos descrentes sobre os que aceitarem a Cristo durante a Tribulação. Perseguição contra judeus e cristãos na Tribulação será inimaginável. De fato, esse holocausto vindouro será tão vasto que Apocalipse relata que o número de mártires mortos na Tribulação será impossível ao homem contar (Apocalipse 7.9).

Revisão

O furor mundial vindouro incluirá uma sede por sangue e assassinato a um nível jamais testemunhado antes no planeta.

Quando o período da Tribulação começar, como já discutido em estudos anteriores, quatro cavaleiros aparecerão um após outro. Em perfeito paralelo com os alertas de Cristo em Mateus 24, esses cavaleiros trovejam pelo planeta precipitando horrores globais:

  • O cavalo branco e seu paladino trazem uma falsa paz que, no fim, armará o palco para um engano mundial.
  • O cavaleiro do cavalo vermelho vem em seguida incitando tumulto e assassinatos pelo mundo.
  • Em seguida, surge o cavalo preto com seu montador que carrega em sua mão uma balança, representando uma fome mundial.

Por pior que as coisas já estejam, por mais devastador e terrível que isso seja, as coisas apenas pioram.

  • O quarto jóquei aparece montado em um cavalo amarelado e espalha tal pestilência que um quarto da população mundial é dizimado. Se você consegue imaginar isso, no curto espaço de três anos, vários bilhões de pessoas morrerão.

Se alguém deseja ficar rico nos dias da Tribulação, é só começar a fabricar caixões.

Tudo isso acontece nos primeiros três anos e meio da Tribulação em paralelo com o alerta de Cristo em Seu Sermão Escatológico de Mateus 24 e 25. Tudo acontece conforme a ordem que Ele predisse:

  • Primeiro, engano mundial;
  • Segundo, desordem mundial;
  • Terceiro, fome mundial; e
  • Quarto, pestilência e morte mundiais.

Nunca houve um período na história em que os resultados produzidos pelos quatro cavaleiros ocorreram simultaneamente e em sequência; nunca houve uma época na história em que um caos mundial como esse tenha sido experimentado um atrás do outro e nesse nível.

E isso é somente o começo. Os quatro cavaleiros representam os quatro primeiros períodos da Tribulação quando os quatro primeiros selos do livro são abertos.

O rolo ou o livro é desenrolado mais e mais à medida em que os selos vão sendo removidos. O futuro é revelado—essa é a revelação de Cristo e de Seu plano futuro.

Existem ainda três selos a serem abertos à medida em que o caos mundial se intensifica e aprofunda.

O Quinto Selo

Vamos dar continuidade ao nosso estudo em Apocalipse 6, onde o quinto selo está prestes a ser aberto. Veja o que ocorre em seguida no verso 9:

Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam.

Permita-me fazer e responder seis perguntas rapidamente:

  • Primeiro, quem são essas pessoas?

Esses são os mártires que já morreram durante o começo das perseguições durante a Tribulação. Um autor coloca isso da seguinte forma:

O Senhor [em nossos dias], pelo poder do Espírito Santo na terra, freia as paixões dos homens; contudo, espere até que a presença e o poder do Espírito sejam removidos, e a inimizade do mundo a Cristo e Seus seguidores irromperá na forma de perseguição ardente e amarga até a morte. Em outras palavras, é como se o inferno dominasse a terra após o arrebatamento da igreja e as nações não regeneradas agirão de forma sanguinária contra os que invocarem o nome de Cristo.

Alguns acreditam que esses são os mártires da era da igreja, e não somente os que morreram durante a Tribulação. A principal dificuldade com essa perspectiva é o simples fato de que, como veremos em instantes, esses mártires oram pedindo por justiça contra seus atormentadores que ainda estão vivos na terra.

Esses mártires estão em paralelo com as palavras de Cristo na predição de Seu Sermão Escatológico de que haverá mártires nos dias do princípio das dores, uma referência à Tribulação (Mateus 24.8–10).

Em outras palavras, a perseguição sobre a qual Jesus falou em Mateus 24 corresponde em ordem a esse quinto selo de Apocalipse 6. Essa é uma perseguição intensificada que começa na primeira metade da Tribulação e piora na segunda metade, após o Anticristo haver revelado todo seu poder satânico.

Essas almas no verso 9 pertencem ao primeiro grupo de convertidos executados por sua fé.

  • Segundo, o que, exatamente, são essas pessoas?

A palavra almas vem do grego psyche e nos dá a ideia de espíritos flutuando no céu.

A verdade é que o termo pode ser traduzido como “vidas;” vidas daqueles que foram martirizados.

O mesmo termo grego aparece novamente em Apocalipse 12.11 em referência aos mártires que mesmo em face da morte, não amaram a própria vida.

O fato de eles terem recebido mantos brancos (Apocalipse 6.11) indica algum tipo de corpo temporário e intermediário enquanto eles, e todos os que morreram em Cristo, aguardam a ressurreição e glorificação de seus corpos.

Quando o rico e Lázaro morreram e Cristo revelou o que aconteceu, o rico em tormento pediu que Lázaro molhasse a ponta de seu dedo em água e refrescasse a sua língua (Lucas 16). Lázaro tinha que ter um corpo a fim de ter um dedo. E até mesmo esse descrente falecido e agora atormentado tinha que ter um corpo a fim de possuir uma boca e língua para provar a água.

Esses mártires receberão um manto especial—e não podemos pendurar um manto em um espírito flutuante. Um manto significa que receberam um corpo intermediário até que sejam revestidos de seu corpo final ressurreto.

  • Terceiro, onde estão esses crentes martirizados?

O verso 9 nos informa que eles estão debaixo do altar.

Será que eles estão se escondendo, agachados apertados meio que amontoados?

É importante entendermos que a palavra traduzida como debaixo não se refere a espaço, mas a relacionamento. Elas estão relacionadas ao altar (talvez próximo).

Então vamos fazer a próxima pergunta.

  • Quarto, debaixo de qual altar estão essas pessoas?

O termo grego usado no verso 9 para altar é sempre empregado em referência ao altar de incenso seguindo o modelo do altar de incenso do tabernáculo e do templo do Antigo Testamento.

Isso se encaixa perfeitamente. Por que? Porque as orações do povo de Deus são vistas subindo diante da presença de Deus. Nas Escrituras, as orações do povo de Deus são frequentemente simbolizadas por incenso.

O apóstolo João vê a personificação da oração mais adiante quando escreve:

Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono; e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos (Apocalipse 8.3–4).

  • Quinto, por que, exatamente, essas pessoas foram mortas?

O registro de João não deixa dúvida alguma. Ele escreve na última parte do verso 9:

...por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam.

Essas pessoas morreram porque não se retrataram de sua nova fé em Cristo somente.

Simplesmente, sua lealdade e amor a Cristo Jesus custaram suas vidas.

O que temos visto ao redor do mundo hoje é apenas o prelúdio de uma perseguição que será liberada na Tribulação; ela é apenas um sinal das coisas que estão por vir.

Recentemente, li a biografia de Tom Carson escrita por seu filho D. A. Carson, intitulada Diário de Um Pastor Comum. Tom Carson pastoreou no Canadá por anos, servindo fielmente como pastor missionário em uma igreja pequena que tinha em média de 20 a 30 pessoas. Em seu diário, Tom fez o comentário surpreendente de que, nos anos de 1930, 40 e 50, os pastores no Canadá que pregavam o Evangelho passavam, em média, oito anos na prisão. E isso foi apenas 60 e 70 anos atrás.

Em nosso país, talvez ainda não vemos tal ódio ao Evangelho que finda em perseguição e prisão para os que pregam a verdade—pelo menos ainda não.

Por que o ódio contra o Evangelho? Por que, até mesmo agora, o coração do homem tem um preconceito contra o Evangelho?

A verdade é que todo o ódio e preconceito contra o Evangelho voltam à natureza pecaminosa do ser humano; e a cura não é educação, mas a salvação.

Tente explicar por que as pessoas odeiam os judeus. Esse ódio só pode ser explicado pela influência satânica no coração dos não redimidos que os move a erradicar a etnia de Israel numa tentativa de anular a promessa de Deus de conduzir os judeus de volta à sua terra. O único motivo que explica o ódio contra os judeus é o ódio natural contra o Messias judeu.

No final da Segunda Guerra Mundial, após as atrocidades do holocausto terem sido reveladas por completo e os cúmplices de Hitler terem sido julgados e condenados por seus crimes contra a humanidade—especialmente seus crimes contra milhões de judeus—Adolf Eichmann, um líder nazista abaixo de Hitler disse, “Saltarei em meu túmulo, pois o pensamento de que tenho cinco milhões de vidas em minha consciência me é fonte de satisfação extraordinária.”

A única maneira de explicar o ódio e perseguição contra os cristãos, especialmente nos dias da Tribulação, é que o mundo não redimido soltará um ódio inspirado pelo demônio contra Jesus Cristo e milhões de Seus seguidores morrerão.

Portanto, esse selo é aberto e vemos a companhia dos mártires. Sabemos quem eles são, o que são, onde estão e por que estão ali. Agora, vamos indagar uma última coisa.

  • Finalmente, o que essas pessoas estão dizendo?

Veja Apocalipse 6.10:

Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?

Isso não parece ser um pedido de oração muito espiritual, não é verdade? “Até quando Senhor, até que Tu vingues os nossos perseguidores?”

É isso o que conhecemos como oração imprecatória, que significa invocar julgamento e calamidade sobre outra pessoa.

Davi transformou várias orações imprecatórias em música. Ele escreveu no Salmo 79.10:

Por que diriam as nações: Onde está o seu Deus? Seja, à nossa vista, manifesta entre as nações a vingança do sangue que dos teus servos é derramado.

Mais adiante, no Salmo 94, Davi orou:

Ó SENHOR, Deus das vinganças, ó Deus das vinganças, resplandece. Exalta-te, ó juiz da terra; dá o pago aos soberbos. Até quando, SENHOR, os perversos, até quando exultarão os perversos? Proferem impiedades e falam coisas duras; vangloriam-se os que praticam a iniqüidade. Esmagam o teu povo, SENHOR, e oprimem a tua herança… pela malícia deles próprios os destruirá; o SENHOR, nosso Deus, os exterminará (Salmo 94.1–5, 23b).

Os mártires fazem a mesma pergunta, “Quando Tu agirás, Senhor?”

Em relação a que essas pessoas aguardam Deus tomar providência? Elas dizem no verso 10:

...ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro...

“Quanto tempo demorará até que Tu ajas com justiça, ó Senhor, e cumpras a verdade prometida em Tua Palavra?”

Evidentemente, eles leram a carta de Paulo aos tessalonicenses onde o apóstolo fala sobre esse dia futuro. Ele escreve:

se, de fato, é justo para com Deus que ele dê em paga tribulação aos que vos atribulam e a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder (2 Tessalonicenses 1.6–9).

Ao perseguir os cristãos, o mundo escarnece de Cristo, e o crente age em sabedoria ao alertar os descrentes de que eles um dia serão julgados por Cristo.

Ouça as palavras de um líder da igreja que nasceu somente 64 anos após o registro de Apocalipse por João. Este é o alerta de Tertuliano aos descrentes de seus dias:

Vocês gostam de espetáculos (referindo-se à arena onde cristãos eram mortos publicamente); esperem o maior de todos os espetáculos, o julgamento final e eterno do universo. Como apreciarei, como me regozijarei quando contemplar muitos monarcas orgulhosos e outros que se passaram por deuses gemendo no mais profundo abismo da escuridão; muitos magistrados que perseguiram o nome do Senhor derretendo em chamas mais ardentes dos que as que acenderam contra os cristãos; muitos filósofos corando em chamas vivas com seus eruditos iludidos; muitos poetas celebrados tremendo diante do tribunal de Cristo.

Como as coisas mudaram em nossos dias! Vemos pregadores se gabando porque não usam a palavra “julgamento” em suas pregações, muito menos “chamas do inferno.”

Como essa oração difere do Evangelho que tanto adverte quanto ganha pessoas. Como esses redimidos possuem uma perspectiva diferente, pois fazem apenas um pedido de oração, e ele é pela ira santa e justa de Deus sobre aqueles que odeiam, perseguem e matam Seus filhos.

Contudo, ainda tem mais. Esses mártires desejam ver Deus, o santo e justo, legitimado por toda eternidade—e esse é o grande desejo de todo crente verdadeiro.

É por isso que Davi cantou sobre isso, Paulo prometeu e agora os mártires oram por isso.

O tempo verbal do verbo clamaram indica que essa não foi uma ação repetitiva, mas uma oferta de oração uníssona que João testemunha.

Deus responde a esses mártires no verso 11:

Então, a cada um deles foi dada uma vestidura [stole, ou estola] branca...

O termo para vestidura, stole, se refere ao manto oficial romano comprido—parecido com uma bata de formatura—que indicava grande respeito, honra e posição social elevada.

Exatamente as coisas que essas pessoas perderam na terra ao serem humilhadas e maltratadas lhes são devolvidas em medida muito maior com esse manto especial.

Deus ainda lhes diz no verso 11:

…que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram.

Em outras palavras, Deus responde a oração desses mártires mandando-lhes desfrutar do céu e deixar que Ele mesmo se preocupe com o tempo de Seu julgamento do mundo.

Observações

Permita-me fazer algumas observações a partir dessa cena no céu. Fique pronto não somente para modificar algumas preconcepções sobre Deus, mas algumas sobre o céu também.

  • Primeiro, Deus não somente sabe sobre os que sofreram e morreram, Ele estabeleceu que mais pessoas morram por meio de sofrimento.

Deus disse a esses mártires, “Ainda existem mais irmãos a serem mortos assim como vocês foram.”

  • A segunda observação que segue é que é da vontade de Deus, evidentemente, que alguns morram em paz na fé, enquanto que milhões de outros morram violentamente por causa da fé.

A ideia de que a vontade de Deus é que todos morram de forma saudável e próspera não é bíblica. A vontade de Deus inclui certa paz para alguns, mas, para muitos outros—agora e no futuro—haverá perseguição e dores verdadeiras.

Na semana passada, Benny Hinn veio à nossa cidade realizar uma cruzada, prometendo cura e prosperidade às pessoas. Uma revista ligou para mim perguntando se eu gostaria de falar o que achei disso. Respondi que sim. Sinceramente, considero essas coisas como oportunidades que Deus nos dá não somente para dizer a verdade, mas ajudar o repórter a entender o Evangelho. Então conversamos por uns dez minutos e lhe expliquei a verdade sobre a graça de Deus no sofrimento e sobre o dia futuro de incrível riqueza e saúde para os que estiverem no céu. Em algum momento de nossa conversa, eu mencionei que Benny Hinn era um falso mestre. O que você acha que acabou saindo na revista? Essa foi a única sentença que foi publicada—o que não tem problema, já que é a verdade.

Veja o relato de João, a testemunha ocular dessas pessoas que não morreram por falta de fé, mas por causa da sua fé! Essa observação é incrivelmente encorajadora a todos os que sofrem por causa de Cristo ao redor do mundo neste exato instante. Deus não somente sabe quantos têm sofrido, mas o número exato de mártires que ainda sofrerão. Ou seja, ninguém morre por acidente. O texto nos informa no verso 11: até que também se completasse o número dos seus conservos.

Isso é um testemunho do triunfo final dos filhos de Deus e da futura legitimação da ira de Deus.

Concepções Erradas

Agora, a abertura do quinto selo, que revela a estranha oração de um mártir, também desafia nossa perspectiva comum sobre os que estão no céu. Permita-me mencionar algumas falsas concepções.

  • A primeira falsa concepção é que estar no céu significa que jamais faremos perguntas—saberemos de tudo.

Isso não é verdade. Apenas Deus sabe todas as coisas sem precisar ter aprendido—nós ainda precisaremos aprender. A boa notícia é que teremos a eternidade para isso.

Os mártires perguntam a Deus:

...Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas... (Apocalipse 6.10b).

Eles não sabiam a resposta. Ser imortal não significa ser onisciente e conhecedor de tudo. Se fôssemos oniscientes, seríamos Deus.

Contudo, só porque não sabemos de tudo, nem mesmo no céu, não significa que não lembraremos de nada.

  • Isso me conduz à segunda falsa concepção sobre o céu: é a de que estar no céu significa que esqueceremos do que nos aconteceu na terra.

É mesmo?! Esses mártires lembraram de tudo. Apesar de estarem na presença de Deus, de terem uma audiência com Deus e receberem a ordem de desfrutar do repouso celestial, eles lembraram de como tinham morrido!

Você pode dizer, “Mas isso não vai estragar nossa experiência no céu?”

Um autor escreveu, “Esse texto argumenta contra a crença predominante de que lembrar de coisas desagradáveis automaticamente arranca toda a nossa felicidade no céu. Mas a alegria celestial não depende da extinção da nossa [memória], mas da renovação de nossa mente.”

Todos nós compareceremos um dia diante de Cristo no Bema para prestar contas de nossas ações (2 Coríntios 5.10). Parece que lembraremos, sim, do que terá acontecido em nossas vidas e através delas aqui na terra, certamente com a ajuda de Cristo.

Mais adiante, em Apocalipse 19.7–8, João escreve que, no novo céu e na nova terra, as roupas que vestiremos serão testemunho de nossas obras na terra que glorificaram a Deus.

Portanto, no céu, não esqueceremos daquilo que realizamos para a glória de Deus—vestiremos o testemunho de cada ato, obra e palavra executados para a Sua glória.

Por isso, Paulo escreveu, “Faço de tudo para correr e alcançar o prêmio” (1 Coríntios 9.24).

A alegria do céu não será estragada pela nossa lembrança. A alegria do céu se encontra numa perspectiva reformada, aperfeiçoada e imaculada; está em descobrir as profundezas da graça de Deus.

O céu não exige algum tipo de amnésia eterna. O próprio Jesus Cristo escolheu manter em Seu corpo glorificado as cicatrizes de Sua crucificação (João 20.27).

Será que isso estragará o céu para Ele? Ou será que estragará o céu para nós ao percebermos totalmente que foi o nosso pecado que fez aquelas cicatrizes?

Não. Isso tornará o céu ainda melhor ao entendermos completamente a profundeza da glória do perdão e da graça de Deus. Em Seu plano para o céu, Deus deseja nos lembrar de Sua graça para sempre!

A propósito, isso piora ainda mais a experiência no inferno. Os que estiverem no inferno viverão com sua memória. O homem não arrependido que morreu e foi para o tormento não se esqueceu de sua família. Ele clamou que alguém fosse e alertasse seus cinco irmãos a não o seguirem para aquele lugar.

Adolf Eichmann também terá suas lembranças—e ele não saltará de alegria em seu túmulo.

Entretanto, para os redimidos, apesar de lembrar de muita coisa de nossas vidas aqui na terra, receberemos a perspectiva celestial e escolheremos não habitar em nossos pecados e dores que diminuem a alegria do céu.

Sinceramente, nada importará mesmo, pois nossa perspectiva será semelhante à de José que sofreu por anos simplesmente para ser promovido e abençoado incrivelmente. Daí, com uma perspectiva clara, José pôde se regozijar e dizer aos seus irmãos:

Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem... (Gênesis 50.20).

  • A terceira falsa concepção é que estar no céu significa que, se tivermos perguntas, teremos as respostas imediatamente.

Achei muito interessante que esses mártires oram para Deus agir. Eles têm um pedido de oração e a resposta de Deus é, “Esperem!”

Deus não dá uma resposta de fato. Ele simplesmente redireciona a atenção deles do julgamento para o descanso e alegria no céu.

Mas eles perguntam, e a resposta que recebem é, “Esperem!”

  • A resposta de Deus mina mais uma falsa concepção: a de que o tempo deixará de existir no céu.

A resposta de Deus a esses mártires no verso 11 é, ainda por pouco tempo.

É impossível esperar por pouco tempo se não existe mais o fator tempo.

O Budismo crê que a eternidade é a ausência de tempo e é um nada.

O céu, todavia, é totalmente diferente.

A árvore da vida dará frutos a cada mês. Como haverá mês se não existe tempo para passar?

Você então replica, “Como haverá mês se o sol e a lua já não existirão?”

A Bíblia também não diz isso. No novo céu e na nova terra, a terra será recriada com todas as suas qualidades—assim como no Jardim do Éden.

A Bíblia diz, sim, em Apocalipse 21.23, que a Nova Jerusalém, a cidade não precisa nem do sol, nem da lua.

O sol está brilhando agora além das nuvens, mas não precisamos dele dentro de casa porque temos outra fonte de luz.

Da mesma forma, na Nova Jerusalém, não haverá necessidade do sol porque a glória divina residirá ali.

No caso da terra recriada, haverá estações e meses, colheitas e fenômenos. Todos esses são elementos do tempo!

Na verdade, algo que vemos repetidamente acontecendo no céu é música, e música exige tempo.

Métrica, tempo e pausas—todos esses são componentes essenciais da música e cada um se relaciona ao tempo.

Ainda lembro de minhas aulas de piano e, pelo fato de ter dificuldades com matemática, também tinha problemas com o tempo—quantas batidas por nota, qual velocidade tocas as semibreves, mínimas, semínimas, semicolcheias, etc. Por causa disse, meu professor de piano pegava minha lição e ligava o metrônomo—um instrumento de tortura. Daí, eu tinha que tocar conforme o instrumento fazia tique-taque. Sei por experiência própria que é impossível haver música sem a progressão do tempo.

Agora, tempo é um inimigo. Ele mal passa quando estamos sentados na cadeira do dentista fazendo um canal, mas ele acelera quando estamos conversando com um amigo que mora longe.

No céu, o tempo nunca será nosso inimigo. Ele jamais acabará.

Conclusão

E o que dizer desses mártires que ouviram a ordem de ir e desfrutar de seu repouso no céu? Nós os encontraremos no próximo capítulo cantando grandes louvores a Deus.

Se pudéssemos entrevista-los hoje, o que eles nos diriam?

Certamente, eles nos apontariam para o nosso Deus que é santo, verdadeiro, gracioso, criativo e generoso; Aquele que preparou o céu para nós, os que crêem em Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo.

A propósito, se você ainda não colocou sua fé em Cristo, o tempo é hoje. Meu amigo, em sua vida, o tempo um dia acabará. O que você faz com Cristo agora determinará como você passará sua eternidade. Creio que esses mártires instariam a que você colocasse sua fé no Salvador eterno e cresse no Evangelho de Jesus Cristo.

Sem dúvida alguma, para os que já crêem, eles nos mandariam viver na terra tendo em mente o novo céu vindouro.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 07/092008

© Copyright 2008 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

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