
Outra Queda do Céu
Outra Queda do Céu
O Anticristo e as Muitas Faces do Mal—Parte 2
Apocalipse 12.7–10
Introdução
Se você perguntar às pessoas em geral o que elas pensam sobre o diabo, haverá uma enorme variedade de respostas, incluindo desde uma criatura com chifres e um rabo que anda por aí espetando as pessoas com seu tridente, até a ideia de uma criatura onipresente que faz até o céu se preocupar quanto ao futuro do mundo.
C. S. Lewis, o autor de As Crônicas de Nárnia, Cristianismo Puro e Simples e outros livros excelentes escreveu outro livro profundo intitulado Cartas de um Diabo ao Seu Aprendiz. Nesse livro, Lewis imaginou uma série de cartas escritas por um demônio ao seu sobrinho—um demônio mais jovem que foi colocado a cargo de um “paciente,” um termo utilizado para o descrente a quem mantinha distante da verdade do Evangelho.
Nesse livro fascinante, C. S. Lewis deixou bastante claro que as pessoas em geral não levam o mundo demoníaco a sério o suficiente. Na verdade, em uma carta em particular, o tio demônio escreveu a seu sobrinho que seria melhor deixar seu paciente ignorante quanto à sua existência. O tio demônio escreveu: “Mantenha viva a imaginação moderna de que os demônios são personagens engraçados vestidos de roupas vermelhas.”
Então, teólogos liberais e certos círculos acadêmicos afirmam que existe muita ficção no ensino bíblico sobre o mundo demoníaco caído.
Vance Havner, um evangelista famoso do século vinte, disse: “Se o diabo viesse à nossa cidade em forma de corpo, você não o encontraria em um clube noturno ou em um cassino; mais provavelmente, você o encontraria em algum púlpito, ganhando um salário enquanto nega sua própria existência.”
A Bíblia nos apresenta a uma imagem do mundo demoníaco diferente da que o mundo pensa. Ao nos revelar as diferentes faces do mal em Apocalipse 12–14, o apóstolo João retrata Satanás como uma criatura predominante, literal, pessoal, maligna e assassina.
Quando comparamos Escritura com Escritura, descobrimos que Satanás, o anjo criado com posição mais elevada e que pecou em algum momento antes da criação de Adão e Eva (Gênesis 3.1), tem passado milhares de anos dividindo seu tempo em duas atividades principais:
- Primeiro, ele é incansável em suas tentativas de frustrar os propósitos soberanos de Deus na Terra.
- Segundo, ele é incansável em suas tentativas de prejudicar a posição segura do crente no céu.
Em outras palavras:
- Ele busca frustrar o plano soberano de Deus na Terra.
- Ele busca prejudicar a segurança do crente no céu.
Teologicamente, Satanás já está derrotado. Na verdade, o crente já está assentado com Cristo nos lugares celestiais (Efésios 2.6).
Na prática, Satanás anda em derredor, buscando alguém para devorar (1 Pedro 5.8). Apesar de Satanás já estar derrotado, Jesus Cristo o chama de “o príncipe” deste mundo (João 12.31) e de “o príncipe da potestade do ar” (Efésios 2.2).
Teologicamente, o crente não possui pecado diante de Deus, pois o sangue de Cristo apagou o registro de pecado. Paulo escreveu aos colossenses dizendo que o nosso “certificado de dívida”—todo o débito de pecado—foi encravado na cruz (Colossenses 2.14).
Isso é verdade teológica finalizada.
Todavia, existe a aplicação prática da verdade teológica, a qual acontece de ser o nosso desafio diário.
- O crente pode andar nas concupiscências da carne.
Esse é um dos motivos por que Paulo escreveu mandando os efésios pararem de viver em sensualidade, engano e na corrupção de seus desejos do passado e fossem renovados no espírito de suas mentes (Efésios 4.17–24).
- O crente pode se afastar e acabar saindo da batalha.
É por isso que Paulo escreveu aos coríntios para que permanecessem firmes e constantes, lembrando-lhes de que seu trabalho não era em vão (1 Coríntios 15.58).
- O crente pode se tornar uma presa da tentação e do pecado.
Esse é um dos motivos por que Jesus Cristo ensinou Seus discípulos a orarem, “livra-nos do mal,” que podemos traduzir: “livra-nos daquele que é mau” (Mateus 6.13).
Mas espere—nós já fomos livrados. Isso é verdade teológica. Contudo, ainda precisamos de um livramento e perdão diários. Essa é a aplicação prática da verdade.
Se estivéssemos além da possibilidade de distração, divisão e desvio, Jesus não nos teria ensinado a orar por livramento do mal e do maligno.
Sim, Satanás foi derrotado na cruz, mas sua sentença ainda não foi colocada em prática.
Satanás é como um criminoso culpado que precisa aparecer no tribunal para ouvir sua sentença, mas, enquanto isso, está livre com sua fiança andando por aí.
Esse é o retrato bíblico de Satanás. Ele é culpado e encara uma sentença, mas, enquanto isso, está livre. E ele vagueia por aí sem parar, continuamente lutando sua batalha já perdida contra Deus e o povo de Deus, até ser temporariamente encarcerado no abismo (Apocalipse 20.1–3) e, em seguida, permanentemente confinado no Lago de Fogo (Apocalipse 20.10).
Satanás não está no Lago de Fogo; na verdade, ele nunca foi para lá. Um dia ele será sentenciado diante do Grande Juiz do Universo, o qual o pronunciará culpado e merecedor de condenação eterna.
E a propósito, quando Satanás for lançado no Lago de Fogo após a batalha final depois do Reino Milenar (Apocalipse 20), ele não será o guardião do Lago de Fogo; ele não será o administrador daquele lugar, andando ao redor tornando ainda mais miseráveis as vidas dos que ali estiverem. Não, ele será o maior prisioneiro no Lago de Fogo, recebendo o castigo mais severo de Deus para sempre.
Esse que enganou o mundo, tentou frustrar o propósito de Deus e incitou blasfêmia contra Cristo pagará para sempre.
Na semana passada, eu estava dirigindo atrás de um carro com vários adesivos. Um dos adesivos dizia: “Ele morreu no ano 33 A.D.; supere.”
Que terrível blasfêmia e que descrença trágica.
O rosto por trás dessa imagem maligna em Apocalipse 12 é um dragão vermelho.
Revisão
No Apocalipse de João, ele nos fornece em alguns versos uma visão panorâmica da história da redenção. No capítulo 12, ele nos fala de uma mulher, que representa Israel, perseguida e sofrendo com dores para dar à luz um filho homem. A redundância de um filho varão serve para destacar o direito legal do primogênito de ocupar o trono.
João relata o nascimento desse filho—obviamente Cristo, o herdeiro do trono de Davi, nascido de descendência judaica.
O apóstolo também usa uma linguagem figurada de um dragão. Sabemos que João fala figuradamente por causa da palavra “sinal”—um sinal no céu—que é o símbolo de alguém ou alguma coisa.
Então, existe o sinal da mulher (v. 1), que é um símbolo de Israel, e um sinal do dragão (v. 3), que representa o império mundial de Satanás nos últimos dias.
No verso 4, veja que o dragão se coloca na frente da mulher para devorar a criança, destruindo esse herdeiro ao trono.
No verso 5, lemos que a criança nasceu em segurança e foi levada para Deus o Pai, que é o registro mais resumido do nascimento, vida, morte, ressurreição e ascensão de Cristo nas Escrituras.
Mais uma vez, a intenção de João nesses versos não é fornecer os detalhes do ministério de Cristo, mas uma visão dos esforços de Satanás no decorrer da história mundial.
- Lemos que Satanás tem perseguido, caçado e ferido o povo judeu desde que a nação recebeu a promessa de que um de seus descendentes seria o Messias, vv. 1–2;
- Lemos que Satanás manipulou os sete maiores impérios para tentar frustrar os esforços de Deus na Terra, v. 3;
- Lemos que Satanás ainda criará uma confederação de dez nações, a qual usará para lutar contra Deus e Israel, v. 3;
- Somos lembrados de que Satanás caiu do céu com muitos anjos, v. 4;
- Temos uma perspectiva interna da tentativa de Satanás de matar o Messias, v. 4;
- Somos lembrados de que Satanás não conseguiu destruir o Messias, o qual ressuscitou e voltou para o céu, v. 5;
- Finalmente, lemos que Satanás infligirá com grande perseguição o povo judeu e aqueles que seguem o Messias por um período de três anos e meio, v. 6.
Veja que somos informados no verso 6 que o dragão redireciona sua ira e horror para a mulher, a qual foge para o deserto, onde lhe havia Deus preparado lugar para que nele a sustentem durante mil duzentos e sessenta dias.
Podemos ter certeza de que essa mulher não é Maria, a mãe de Cristo, por causa da linguagem clara. Ela foge para um lugar onde se esconde da serpente por três anos e meio.
Certamente, Maria e José fugiram para o Egito para evitar o decreto de Herodes, o qual mandara matar os bebês machos de dois anos para baixo. Eles permaneceram no Egito e só voltaram alguns meses depois da morte de Herodes (Mateus 2.16–20).
Sem dúvidas, a igreja tem sido caçada e perseguida pelo dragão, mas a igreja não foge e, obviamente, não tem se escondido nos últimos dois mil anos.
Veja os versos 13–14 para mais esclarecimento:
Quando, pois, o dragão se viu atirado para a terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão; e foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse até ao deserto, ao seu lugar, aí onde é sustentada durante um tempo, tempos e metade de um tempo, fora da vista da serpente.
Essa mulher será nutrida e protegida do dragão por três anos e meio.
Em nosso próximo estudo, veremos essa fuga em busca de segurança.
Nomes para a Antiga Serpente
A partir do início de Apocalipse 12, João descreve para nós as várias faces e forças do maligno por trás da rebelião global contra Deus durante a Tribulação.
- Primeiro e acima de tudo, Satanás é chamado de “dragão vermelho.”
Esse título se refere ao seu desejo sanguinário de assassinato.
- No verso 9, Satanás é chamado de “a antiga serpente.”
Esse título se refere ao seu agir astuto e enganoso. Esse é um dos meus títulos favoritos para Satanás—a “antiga serpente.”
A palavra antiga é o termo grego archaios, do qual derivamos o vocábulo “arcaico.”
É interessante que, em Gênesis 3, somos apresentados simplesmente à “serpente,” mas, agora, milhares de anos depois, João não consegue resistir e chama Satanás de uma antiga serpente.
Martinho Lutero, o reformador, estava certo talvez quando disse que Satanás, que ama ser adorado, fica furioso quando é ridicularizado e não pode ser zombado.
Nessa passagem, João parece fazer exatamente isso quando o chama de nada mais do que uma velha serpente.
- Mais adiante, no verso 9, João chama satanás de “o diabo.”
Esse nome vem do termo grego diaballo, que significa “difamar, caluniar,” também carregando a ideia de alguém que calunia visando separar.
Em outras palavras, um dos maiores objetivos do diabo é caluniar Deus de tal maneira para os crentes de forma a separá-los de sua confiança no amor e na redenção de Deus. Ele constantemente difama o caráter e a integridade de Deus diante do crente de maneira a roubar de Deus a devida adoração fiel de Seus filhos.
Sem dúvidas, o diabo também se ocupa em difamar e dividir a igreja. Contudo, estou convencido de que o diabo, na maioria das vezes, não busca destruir a igreja abertamente; ele geralmente se une a ela. Daí, ele encoraja divisão e alegremente fornece a munição para ambos os lados. É por isso que um dos desafios mais devastadores que uma igreja enfrenta nunca vem de fora, mas de dentro.
Esse foi exatamente o alerta de Paulo à igreja de Éfeso quando os advertiu quanto aos que surgiriam de dentro da igreja e prejudicariam o rebanho (Atos 20.29).
Um dos alvos primários do inimigo é distrair, enganar e dividir a igreja, destruindo, assim, não somente sua unidade, mas sua eficácia para o Evangelho.
- Outro nome atribuído por João a esse caluniador aparece no verso 9—“Satanás.”
Esse título diz respeito ao seu papel de adversário e opositor.
- Finalmente, no verso 10, Satanás é chamado de “acusador.”
Voltaremos a falar disso depois, mas é importante saber que o título sugere a intenção de nosso arqui-inimigo.
A palavra significa fazer uma acusação legal contra outro.
Somos informados no verso 10 que Satanás acusa os irmãos de dia e de noite, diante do nosso Deus.
Seu plano é fazer com que o Deus do céu vire Suas costas aos Seus filhos desviados, e Satanás os acusa porque existe base em suas alegações. Diariamente, oferecemos a Satanás mais munição para usar contra nós; é claro que Deus nos rejeitará—filhos pecadores, desobedientes, desviados e egoístas.
Entretanto, o acusador não tem sucesso. Paulo escreveu em Efésios 1.13–14 sobre a nossa segurança em Cristo:
em quem [Cristo] também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.
A Queda da Serpente do Céu
Agora, para a nossa surpresa, João nos revela uma batalha futura que acontecerá no céu que ocorre dentro do contexto da Tribulação. Essa é, provavelmente, uma das batalhas mais ignoradas no livro de Apocalipse, mas com grandes implicações. Veja os versos 7–8:
Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles.
Antes de prosseguirmos ao resultado final dessa batalha, perceba que acabamos de ser apresentados a outro anjo. Evidentemente, ele é o capitão da hoste do Senhor que guerreia contra Satanás. Seu nome é Miguel.
Permita-me pausar por alguns minutos a fim de fazer um comentário sobre esse nome. Acho incrível que Deus tenha dado nome aos Seus anjos—e sabemos que existem pelo menos 300 milhões.
Você teve dificuldades em dar nome aos seus filhos? Talvez você esteja pensando sobre isso agora, conversando com seu cônjuge sobre os nomes que combinam com seu sobrenome, qual membro da família deseja honrar, qual o significado de nome, o que rima, etc.
Imagine o cuidado e conexão pessoal do Deus Triúno com Suas criaturas pessoais, os anjos.
No verso 7, somos informados de que Miguel guerreou contra o dragão, e anjos e demônios se envolveram na peleja também. Lemos nos versos 8–9:
todavia, [o dragão e seus demônios] não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos.
Vamos fazer duas perguntas. Primeiro, quem é Miguel? Segundo, quando essa batalha aconteceu?
A priori, isso parece ser uma referência ao verso 4 quando Satanás e seus demônios foram expulsos do céu antes da criação da humanidade. Vou dizer a você por que esse não é o caso com essa batalha. Contudo, vamos primeiro responder a primeira pergunta.
- Quem é Miguel?
O nome “Miguel” vem do hebraico Mik-ay-el, que significa, “Quem é como Deus?” Que grande nome!
Lemos esse nome pela primeira vez no Antigo Testamento, no livro de Daniel. Miguel é chamado de o grande príncipe que protege o povo de Deus—especificamente, o povo judeu (Daniel 12.1).
Lemos em Daniel 10 que Daniel tem orado pedindo a Deus entendimento quanto à revelação divina a respeito dos dias finais da Tribulação. Após três semanas orando, ele recebe uma visita do anjo Gabriel. Gabriel o informa que teria chegado antes com a resposta de Deus, mas um príncipe demoníaco o atrapalhou por vinte e um dias. Deixe-me ler o que Gabriel diz em Daniel 10.12–14:
...Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e, por causa das tuas palavras, é que eu vim. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia. Agora, vim para fazer-te entender o que há de suceder ao teu povo nos últimos dias; porque a visão se refere a dias ainda distantes.
Que texto!
Por vinte e um dias, o demônio conhecido como aquele trabalhando no reino da Pérsia interceptou Gabriel e começou uma guerra. Em seguida, Deus envia outro anjo, Miguel, para ajudar Gabriel, algo que ele consegue fazer. Então, agora, Gabriel se encontra com Daniel. Nada além disso nos é dito.
Apesar de esse não ser o foco de nosso estudo, essa passagem exige uma rápida explicação. Permita-me fazer algumas observações.
- Primeiro, conflito entre anjos e demônios é uma realidade.
- Segundo, os demônios perdem.
- Terceiro, essa batalha envolveu dois anjos e um demônio, mas não incluiu Daniel.
Esse é um ponto fundamental de se entender a fim de desenvolvermos uma visão equilibrada do mundo demoníaco e do papel do crente na batalha espiritual. Muitos ignoram isso e se deixam levar por suas imaginações.
Não ignore o fato de que Deus não mandou Daniel orar pedindo por mais anjos. Na verdade, Ele nem mesmo deu a Daniel o sentimento de que um anjo carecia de ajuda, ou de que havia um outro a caminho. Além disso, Deus não mandou Daniel identificar o demônio pelo nome para poder amarrá-lo para, depois, Deus enviar ajuda.
Meu amigo, Deus não envolveu Daniel em parte alguma nessa cena de batalha. E apesar de Daniel ser um homem piedoso e um guerreiro de oração, ele soube sobre o conflito apenas depois que já tinha terminado.
Daniel 10 não é, de forma alguma, uma sugestão de que o crente precisa amarrar demônios territoriais, orar por mais anjos ou expulsar demônios de pedaços de terra. Em lugar algum na Palavra de Deus vemos a ordem de mandar demônios sair de territórios antes de influenciarmos nossos vizinhos, cidades ou mesmo outros países.
O nosso poder não está em nós mesmos ou em nossas palavras, mas no Evangelho, que é o poder de Deus para salvação (Romanos 1.16). Não existe em lugar algum na Bíblia a ordem de que devemos descobrir o nome do demônio e amarrá-lo para vencer uma batalha.
Sinceramente, muitas pessoas hoje preferem orar por trinta minutos contra alguma fortaleza demoníaca do que passar três horas estudando para dar uma aula. É muito mais interessante andar pela vizinhança expulsando demônios de territórios do que preparar e organizar uma Escola Bíblica de Férias para as crianças da vizinhança.
Nossa comissão clara dada por Jesus Cristo não foi para ir e amarrar demônios, mar para ir e fazer discípulos (Mateus 28.19).
A ordem não é para orar por mais anjos, mas orar por mais trabalhadores (Mateus 9.38).
Contudo, ao mesmo tempo, devemos estar cientes de que existe uma dimensão invisível e poderosa de uma batalha por trás da batalha visível—uma guerra que influencia, instiga e manipula as coisas que batalhamos.
A nossa verdadeira batalha é espiritual—a batalha real, por trás da batalha, é invisível. É por isso que Paulo nos lembra que o verdadeiro conflito não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes (Efésios 6.12).
- Uma última observação a ser feita é a seguinte: Satanás organiza suas forças demoníacas para obstruir os propósitos e planos de Deus.
Essas observações podem fazer você se sentir pequeno diante do método cósmico de batalha, o que, provavelmente, é uma coisa boa.
Deus não precisou que Daniel vencesse o príncipe da Pérsia e, em Apocalipse 12, Ele não precisa que os crentes que já estão no céu ajudem a expulsar Satanás de lá. O anjo Miguel e alguns de seus amigos foram suficiente.
Entretanto, espero que essas observações o ajudem a descansar um pouco mais no controle soberano de Deus sobre o mundo invisível.
Pense no fato de que, quando Satanás é lançado no abismo por mil anos enquanto desfrutamos do Reino Milenar na Terra, tudo o que é necessário é um anjo não identificado para expulsar Satanás e prendê-lo no abismo.
Até mesmo Satanás, o grande dragão, será vencido e confinado temporariamente por um anjo anônimo, o qual acontece de receber poder da vontade e comando do nosso Deus soberano. Isso, somente, será suficiente para prender o dragão.
Da mesma forma, em Apocalipse 12, Miguel e alguns anjos derrotam Satanás e seus demônios, expulsando-os do céu.
E isso levanta outra pergunta.
- Quando aconteceu essa batalha?
Alguns afirmam que essa batalha aconteceu quando Satanás foi expulso de sua posição elevada na hierarquia celestial após cobiçar o trono de Deus.
Contudo, isso não se encaixa no contexto desses versos, pois Satanás é claramente expulso do céu e batalha contra Israel por três anos e meio. Veja o verso 13 novamente:
Quando, pois, o dragão se viu atirado para a terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão;
Alguns ainda dizem que essa é uma referência à derrota de Satanás quando Cristo morreu na cruz e ressuscitou. Sem dúvidas, essa é a base de nossa vitória, mas Satanás, desde a cruz, tem tido acesso ao trono celestial de Deus onde ele acusa os irmãos de dia e de noite.
Você se lembra do livro de Jó? Satanás subiu à presença de Deus e acusou o caráter de Jó. Jó não foi o primeiro e sem o último a ser acusado.
Está claro que essa guerra acontece na metade da Tribulação. Após essa batalha, Satanás é banido de seu acesso ao trono de Deus e não tem mais oportunidade de acusar o crente e cercar o trono de Deus.
Apocalipse 12.10 nos informa que somos acusados diante de Deus. Satanás e suas forças invisíveis exclamam suas acusações sobre nós na presença de Deus e sopra acusações sobre Deus a nós. Eles permanecem incansáveis e não cessam seu discurso contra Deus e contra nós, Seus redimidos.
Será somente na metade da Tribulação que Deus dirá: “Miguel, o tempo de acusação de Satanás terminou. Já basta!”
É por isso que uma grande voz exclama quando Satanás e seus demônios são banidos permanentemente de fazer acusações legais contra os crentes. Veja o que essa voz proclama em alegria com seu anúncio no verso 10:
...Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus.
O acusador dos redimidos foi exilado na Terra, para sempre banido do tribunal do céu; ele não pode fazer nem sequer mais uma acusação.
O último som a ser ouvido não é o de acusação, mas o de intercessão e defesa da parte de nosso Salvador, o qual, neste momento, nos defende e intercede em nosso favor. Como Paulo escreveu:
Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós (Romanos 8.34).
Um dia, ainda futuro e revelado a nós em Apocalipse 12, haverá essa pequena batalha e Satanás será derrotado.
Essa serpente que nos acusa—e com razão—de não sermos merecedores da graça e do perdão de Deus; que até mesmo hoje leva ao trono de Deus a notícia de nosso fracasso e pecado; que se gloria em nossa queda e desobediência e diz a Deus: “Você não está vendo... Sua graça não termina? Não há mais justiça?” coloca-se diante de Deus. Contudo, o nosso Senhor se levanta, com a marca de pregos nas mãos, para lembrar essa antiga serpente sem dizer sequer uma palavra. Pelas Suas feridas somente Ele testifica: já fomos julgados e perdoados nEle.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 07/12/2008
© Copyright 2008 Stephen Davey
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