
Reacendendo As Chamas do Amor
Reacendendo As Chamas do Amor
Uma Encomenda Especial—Parte 4
Apocalipse 2.1–8
Introdução
Uma agência de propagandas lançou nos Estados Unidos uma campanha de outdoors que incluem dezessete mensagens de Deus. Um cliente anônimo pagou por essa campanha para enviar mensagens de Deus aos motoristas que dirigem pelas estradas do país. O outdoor é totalmente preto; a mensagem é escrita em letras brancas e seguida em baixo pelo nome “Deus.”
A primeira que eu vi dizia, “Vamos nos encontrar em minha casa domingo antes do jogo—Deus.” Outra dizia, “Você já leu o Meu livro?—Deus.” Vi ainda outra mensagem que dizia, “Gostei muito da cerimônia. Estou esperando agora o convite para fazer parte do seu casamento—Deus.”
Isso me fez perguntar o seguinte: se eu fosse Deus e quisesse transmitir uma mensagem singular a crentes em Manaus, Salvador ou Rio de Janeiro, que frase escreveria em um outdoor? Sem dúvidas, o Supremo Pastor deseja se comunicar com Sua noiva, especialmente com aqueles dirigindo pela BR-101 ou 116.
Dario, o imperador persa, se preocupou tanto com a necessidade de mensagens serem transmitidas rapidamente pelo seu reino que ele elaborou uma rede de estradas—pavimentadas e aplanadas—que conectava as principais cidades.
Posteriormente, os romanos aperfeiçoariam esse sistema de estradas com sua própria rede. O sistema rodoviário tornou-se tão extenso que o ditado “todos os caminhos levam a Roma” era verdadeiro.
Nos dias de Dario e do Império Romano, as pessoas comuns não eram autorizadas viajar pelas estradas, a não ser que pagassem pedágio. Se não pudessem pagar, teriam que viajar pelas trilhas mais baixas que corriam ao longo das estradas principais. Pelo fato de essas trilhas serem desiguais e difíceis de trafegar, as pessoas tinham que desviar de pedras e troncos de árvores que obstruíam o caminho. Conforme li, uma pessoa empurrando seu carrinho por essas trilhas demorava três meses a mais para percorrer a mesma distância que um viajante a cavalo percorria em apenas um dia.
A propósito, quando Jesus Cristo disse para Seus seguidores convidarem todos pelos caminhos e atalhos a participar do banquete do reino em Lucas 14.23, Ele estava quis dizer convidar tanto pobres como ricos. Tanto o influente como o pobre são igualmente convidados à mesa de Cristo.
Os persas também desenvolveram um sistema postal complexo, mas eficiente. O carteiro persa conseguia percorrer 400 km por dia. A cada 22 km, havia um posto dos correios onde ele parava para pegar um cavalo descansado e continuava galopando até seu último endereço.
Heródoto, o historiador grego, ficou tão impressionado com o sistema postal dos persas que cunhou a frase, “Nem neve, nem chuva, nem calor e nem a escuridão da noite impedem esses carteiros do término rápido de sua tarefa designada.”
Por volta do século primeiro, o sistema postal romano havia se desenvolvido de tal maneira que um carteiro viajava aproximadamente 800 km em 24 horas.
Nos dias do apóstolo João, havia sete distritos postais na província da Ásia. Em cada distrito havia uma igreja que estava prestes a receber uma carta singular e surpreendente de Deus.
Deus não ia escrever em outdoors. Sua mensagem seria entregue por meio da transmissão divina ao apóstolo João, o qual se encontrava exilado numa ilha, e depois seria enviada por um mensageiro para os distritos postais da Ásia Menor.
A ordem na qual essas cartas são escritas segue o caminho circular dos sete distritos postais do Império Romano do século primeiro. Todas essas cartas poderiam ser entregues às suas respectivas igrejas no mesmo dia.
Observações sobre as Sete Cartas
Antes de abrirmos a primeira carta para ler, permita-me fazer algumas observações sobre as sete cartas.
- Primeiro, essas são cartas abertas a todos.
Ou seja, apesar de elas terem sido escritas a igrejas individuais, cada igreja poderia se beneficiar das sete cartas. Cada igreja, na verdade, estudaria e colocaria em prática as verdades dessas cartas.
Isso ainda é verdade em nossos dias. Cada igreja local hoje verá si mesma em Éfeso, Pérgamo, Esmirna e Laodicéia. Podemos ser encorajados por essas cartas do século primeiro e devemos ser alertados por elas.
- Segundo, essas não são cartas anônimas.
Não há dúvidas de quem entregou o conteúdo ao apóstolo João. Cada carta começa com a assinatura de Cristo. Veja, por exemplo, Apocalipse 2.1b:
...Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro
Se voltarmos a Apocalipse 1, descobriremos, como já mencionamos antes, que esse é o Deus Filho. Veja Apocalipse 2.8b:
...Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver:
Novamente, Jesus Cristo assina Seu nome na carta.
Essas cartas não são acidentais; elas não são correspondências que expressam aborrecimento da parte de um remetente anônimo que lemos e das quais nos esquecemos porque não podemos responder.
Com frequência, recebo cartas anônimas que odeiam nossa igreja ou alguma decisão que tomamos. De vez em quando, recebo cartas de pessoas que não gostam de mim—se você consegue imaginar uma coisa dessas. Antes mesmo de abrir o envelope, já sei que será anônima. Geralmente, o envelope está em branco sem o endereço do remetente e a carta é sempre digitada.
Sou encorajado ao me lembrar que Charles Spurgeon, o famoso pregador de Londres nos anos de 1800, recebia do carteiro toda segunda-feira de manhã uma carta anônima criticando o sermão que havia pregado no dia anterior.
D. L. Moody, o fundador do Instituto Bíblico Moody e da grande Igreja Moody na cidade de Chicago, Estados Unidos, estava, certa vez, sentado no palco durante um culto de domingo quando um recepcionista lhe entregou um pedaço de papel. Quando abriu, ele leu a palavra escrita em letras grandes, “IDIOTA.” Ele dobrou o papel novamente e permaneceu sentado até que chegou a hora de pregar. Então, ele se levantou, abriu o bilhete e disse, “Acabei de receber agora de alguém um bilhete que simplesmente diz, ‘Idiota.’” A igreja suspirou diante daquilo. Daí, Moody continuou, “Com frequência, recebo cartas na qual a pessoa escreveu uma mensagem para mim sem assinar seu nome. Contudo, dessa vez, a pessoa assinou seu nome sem escrever uma mensagem.”
Em questão de vinte e quatro horas, essas sete igrejas receberão a carta de suas vidas—uma carta assinada pelo próprio Cristo.
- Terceiro, essas cartas seguem o mesmo formato.
O formato é o seguinte:
- Primeiro, todas começam com uma característica de Cristo;
- Segundo, Cristo faz um ou dois elogios;
- Terceiro, Cristo faz uma crítica;
- Finalmente, Cristo faz uma correção ou um desafio.
Podemos ver aqui basicamente o estilo de Jesus ao escrever cartas pessoais.
Esse é um formato ótimo a se seguir, a propósito, quando fazemos uma avaliação de empregados ou de nossos filhos. Use elogios antes de crítica, e não se esqueça de apresentar medidas corretivas claras a serem tomadas.
Vamos ver mais uma observação.
- Quarto, apesar de essas cartas serem destinadas a igrejas, elas servem para uma avaliação pessoal do crente em particular.
Após ler a carta à igreja de Éfeso, ao invés de dizer, “É, essa igreja realmente abandonou seu primeiro amor” deveríamos perguntar, “Senhor, será que as chamas de amor por Ti em meu coração apagaram?”
Após ler a carta a Sardes, nossa pergunta deve ser, “Senhor, estou dormindo ou cochilando?”
Após ler a carta a Laodicéia, devemos perguntar, “Senhor, será que fui absorvido pela minha cultura a ponto de me sentir confortável com o pecado?”
Essas cartas têm implicações tanto para a igreja em geral, como implicações para o crente em particular.
Veja Apocalipse 2.7a:
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas...
A propósito, não ignore o fato de essa revelação ser atribuída agora igualmente a Deus o Pai (1.1), Deus o Filho (1.18) e Deus o Espírito (2.7). O Deus Triúno está envolvido com Sua igreja.
No final de cada carta, o Espírito apresenta um convite. A frase Quem tem ouvidos, ouça aparece em todas as cartas (2.11, 17, 29; 3.6, 13, 22).
Essa é uma frase que soa estranho para nós falantes do português. Ela não diz, “Aquele que tem boa audição...” mas, “Aquele que tem ouvidos.”
Talvez você se apressa para ir à igreja, arruma as crianças, coloca todas no carro e, na metade do caminho, percebe que esqueceu sua Bíblia—ou se esqueceu de se barbear.
Domingo passado, eu me atrasei para me arrumar e, enquanto colocava o microfone, percebi que havia esquecido meu cinto.
Talvez você já chegou ao culto e percebeu que esqueceu seus óculos, lentes de contato ou até mesmo sua dentadura—provavelmente não.
Contudo, geralmente não esquecemos nossos ouvidos. Essa frase é a forma bíblica de perguntar, “Você está ouvindo?” Ela não é, “Você tem ouvidos?” mas sim, “Você está usando seus ouvidos?” Na realidade, ela nem se refere ao uso de sua audição física, mas de sua audição espiritual; ou seja, um coração submisso e uma mente disposta. Essas cartas testarão esse tipo de audição.
Toda carta terminará com a entrega de um desafio pessoal que eu e você devemos considerar, não somente por sermos membros de uma igreja local, mas membros individuais do corpo de Cristo. Essas cartas são uma encomenda especial enviada pelo sistema postal celestial e vinda do coração de Cristo ao nosso. Meu amigo, essa carta é destinada a mim e a você—e vem de Deus.
Elogios de Cristo à Igreja de Éfeso
Jesus Cristo começa fazendo quatro elogios maravilhosos à igreja de Éfeso. Antes de informar aos efésios como estavam errando, Ele diz o que têm feito de bom.
Seria bom seguir esse formato em casa, no trabalho e na sala de aula onde ensinamos—primeiro o louvor, depois a correção.
Deixe-me compartilhar as quatro coisas que a igreja de Éfeso estava fazendo corretamente.
- Diligência.
Cristo diz em Apocalipse 2.2a:
Conheço as tuas obras...
A igreja de Éfeso era energética e ativa; ela estava envolvida em muitas atividades. Sua dedicação correspondia à dedicação dos cidadãos de Éfeso à Diana, a deusa que adoravam.
O templo de Diana era uma das Sete Maravilhas do Mundo. Alexandre o Grande ofereceu todas as riquezas provenientes de suas campanhas militares só para ter seu nome inscrito em algum lugar no templo, mas até mesmo seu pedido foi negado.
O templo ficava sobre uma plataforma que media mais de 9 mil metros quadrados, o equivalente a aproximadamente um campo de futebol e meio. O templo era apoiado por mais de 100 colunas. Diferente da maioria das colunas da antiguidade, as quais eram construídas com vários blocos de pedra empilhados um sobre o outro para formar uma coluna, as 127 colunas do templo de Diana eram pedras individuais, cada uma com quase 17 metros de altura.
Em uma das pontas desse templo magnífico, coberto em ouro, joias preciosas e com entalhes complexos, estava um santuário no qual ficava guardada a estátua da deusa. Atrás dela ficavam cofres que serviam como o banco do mundo antigo.
Historiadores chamaram esse templo de O Banco da Inglaterra do Século Primeiro.
Tudo revolvia em torno do templo de Diana. Pessoas vinham de todos os lugares para comprar cartas de Éfeso—pequenos amuletos que acreditavam possuir poderes mágicos e espirituais.
Isso se equipara a pessoas de nossos dias comprando cristais e os pendurando no retrovisor de seu carro, crendo que possuem energia positiva fluindo por eles. Ou como aqueles que compram estátuas de santos e as colocam em suas casas a fim de protegê-los. As pessoas são tão supersticiosas em nossos dias como foram os efésios no passado.
Talvez você se lembre das cooperativas de mercadores amotinando-se na cidade quando Paulo pregou o Evangelho em Éfeso e muitos se converteram. Um dos principais fabricantes de estatuetas de Diana, um homem chamado Demétrios, disse:
Não somente há o perigo de a nossa profissão cair em descrédito, como também o de o próprio templo da grande deusa, Diana, ser estimado em nada, e ser mesmo destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo adoram (Atos 19.27).
Isso deu início a um motim; as pessoas da cidade se reuniram no anfiteatro, no qual cabiam mais de 25 mil pessoas, e cantaram por duas horas,
...Grande é a Diana dos efésios! (Atos 19.28).
Eles estavam comprometidos com sua religião.
Daí, Paulo, que permaneceu em Éfeso por mais tempo do que em qualquer outra cidade, ganhou muitos para Cristo. Posteriormente, Timóteo liderou a igreja em Éfeso e o apóstolo João escreveu, conforme diz a tradição, o Evangelho de João enquanto pastoreava essa igreja antes de ser exilado na ilha de Patmos.
Esses novos convertidos encheram a igreja e eram tão comprometidos e dedicados a Cristo como antes haviam sido à deusa Diana.
Jesus Cristo louva a diligência desses crentes.
Daí, Ele os louva por um segundo motivo.
- Determinação.
Cristo também diz em Apocalipse 2.2a:
Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança...
O termo labor é a tradução da palavra kopos, a qual se refere não somente a trabalhar, mas a trabalhar a ponto do cansaço e exaustão.
Perseverança se refere a continuar firme sob circunstâncias difíceis.
Jesus Cristo diz, “Vejam bem, conheço muito bem as dificuldades que vocês têm enfrentado. Vejo a sua determinação para continuarem firmes em Mim e os louvo por isso!”
Em seguida, Cristo louva a igreja de Éfeso por disciplinar o pecador não arrependido e o falso mestre.
- Disciplina.
Continue lendo Apocalipse 2.2:
...e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são...
Paulo teria ficado muito feliz ao ouvir esse louvor de Cristo. A igreja havia mantido intactas suas verdades teológicas; os efésios guardaram sua fé da diluição e poluição.
Anos antes, Paulo havia advertido a igreja de Éfeso ao deixar a cidade um tempo antes de sua morte. Ele disse em Atos 20.29–31a:
Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles. Portanto, vigiai…
Agora, sessenta e seis anos antes, Cristo louva a igreja por disciplinar um homem imoral e charlatão. O depravado é removido por sua indisposição em se arrepender do pecado, e os falsos mestres são retirados por causa de seu desejo de ensinar coisas que as pessoas gostam de ouvir a fim de atrai-las para si mesmos.
Mais adiante nessa carta, o Senhor menciona outra atividade de purificação na igreja. Ele diz em Apocalipse 2.6:
Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.
Perceba bem que eles não odeiam os nicolaítas; eles odeiam as obras dos nicolaítas.
E quem eram os nicolaítas?
Alguns estudiosos acreditam que eles eram seguidores de Nicolau, um dos sete homens escolhidos para administrar a distribuição de comida em Atos 6. Ele esteve entre aqueles que supostamente foram os primeiros diáconos.
Qualquer que seja a origem, as crenças dos nicolaítas eram bem documentadas. Eles basicamente comprometiam a fé a fim de se deliciarem em práticas pecaminosas da sociedade de Éfeso. Eles defendiam que o crente podia se intrometer em idolatria—comprar os amuletos e visitar o templo, bem como praticar a adoração de César. Eles também permitiam atividade sexual fora do casamento.
Basicamente, os nicolaítas diziam ser crentes, mas viviam e agiam como o mundo.
Será que isso soa familiar? Você conhece alguém que diz ser crente, mas busca os ídolos de nossa cultura em sua lascívia por poder e coisas materiais, compromete sua fé e defende que a atividade sexual fora do casamento não é algo que sugere se é ou não salvo?
Nesse verso, Jesus Cristo louva a igreja por abominar esse estilo de vida; e Ele adiciona, as quais eu também odeio.
Você imagina fazer algo e depois ouvir Cristo dizendo, “Eu odeio isso que você fez”?
Essa carta foi escrita para você—para você avaliar sua própria vida.
Clemente de Alexandria, um pai da igreja que viveu setenta e cinco anos depois que essa carta foi entregue à igreja de Éfeso, escreveu, “Os nicolaítas se entregam aos prazeres como bodes... vivendo vidas de autossatisfação.”
Jesus Cristo continua a louvar esse corpo de crentes. Ele os louva não somente por sua diligência, sua determinação e sua disciplina, mas os louva por um quarto motivo.
- Devoção.
João registra as palavras de Cristo em Apocalipse 2.3:
e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer.
Em outras palavras, “Vocês não desistiram.”
Por que?
“Por causa do meu nome—não por causa do nome de vocês. Não para que sua igreja fique famosa e outros digam, ‘Você faz parte daquela igreja. Você é a igreja fundada pelo apóstolo Paulo e pastoreada por Timóteo. E João é membro de sua igreja, e ele é o grande autor do Evangelho de João...’”
Vocês são a única igreja para a qual dois apóstolos diferentes enviaram cartas... vocês são a igreja do momento.
Não, “Vocês têm feito tudo isso por causa do nome de Cristo, Aquele que é o primeiro e o último, Aquele que foi morto, mas reviveu, Aquele que tem as chaves da morte e do inferno.”
Correções de Cristo à Igreja de Éfeso
Agora, após todo esse louvor à igreja de Éfeso por sua diligência, determinação, disciplina e devoção, Cristo diz em Apocalipse 2.4:
Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.
Isso é tudo que Cristo diz. O que isso significa?
Uma pista nos é fornecida em Apocalipse 2.5a, onde o Senhor fornece a correção:
Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras...
Em outras palavras, “Aqui está o que devem fazer; aqui estão três atitudes a tomarem:
- Primeiro, lembrem-se de onde caíram;
- Segundo, arrependam-se; e
- Terceiro, retornem à prática das primeiras obras.”
A palavra primeiras em primeiras obras está associada ao “primeiro amor.” Jesus diz à igreja, “façam as obras que fizeram no princípio e amem como amaram no princípio.”
Como foi a igreja de Éfeso em seus primeiros dias?
Paulo escreve aos efésios e os louva no capítulo 1 da carta aos Efésios dizendo,
Por isso, também eu, tendo ouvido a fé que há entre vós no Senhor Jesus e o amor para com todos os santos (Efésios 1.15).
A igreja primitiva de Éfeso era conhecida por seu testemunho, obra de fé e seu amor por Cristo e pelos irmãos.
Conforme uma igreja envelhece, mais difícil fica de dar passos de fé. Ela também pode esfriar em seu fervor e amor por Cristo e pelos irmãos.
Essa igreja de Éfeso tem agora sessenta anos de idade.
Um pastor chamado Ray Stedman pastoreou uma igreja por quarenta anos. Fiquei interessado em ouvir o que ele tinha a dizer sobre esse parágrafo. Ele escreveu:
Como é fácil com o passar do tempo se tornar mecânico... rotineiro... enfadonho. Você ouve a Palavra de Deus, ou um sermão poderoso, ou o testemunho de outro irmão e sente que já ouviu tudo aquilo antes. Você gera um espírito crítico para com as outras pessoas; se torna um murmurador; passa a selecionar mais suas amizades, escolhendo aqueles que pensam como você e são do mesmo nível e status. Suas necessidades se tornam cada vez mais importantes em seu pensamento e o resultado é divisão e cisma. Nós passamos a focar em nós mesmos, nossos próprios projetos, nossos próprios programas e interesses. O que mais assusta é que não há nada de peculiar nessa crise em Éfeso. Todos nos tornamos “efésios” em nossa fé num momento ou outro. E a luz da igreja pisca, falha e apaga.
Qual é a resposta?
Jesus Cristo fornece três verbos em Apocalipse 2.5.
- Lembra!
O problema começa quando nossas mentes se desviam da verdade. A batalha começa na mente. Lembre-se.
Lembre-se de quem você é em Cristo; lembre-se do poder do Evangelho que o salvou; lembre-se de seu coração perverso e da necessidade de depender de Cristo. Lembre-se!
Esse é um conselho ótimo e sábio não somente para a igreja reacender as chamas do amor por Cristo e pelos santos, mas para um marido e sua esposa.
Esposas, lembrem-se de como a vida era sem ele. Talvez você esteja pensando, “Era uma paz!”
Lembre-se daquilo que chamou sua atenção; lembre-se de como ela foi um presente de Deus; lembre-se de como vocês dois perseveraram juntos durante aqueles tempos em que tinham centavos.
Lembre-se daquilo que era mais importante.
- Arrependa-se!
Pare de divagar; volte suas costas para o pecado; pare de chamar o pecado de outra coisa, como faziam os nicolaítas.
Recuse ignorar o orgulho ou justificar sua lascívia. Abandone suas buscas materiais de sua cultura efésia.
Tire as mãos da porta. Abomine qualquer pensamento de divórcio; pare de paquerar com o adultério.
Pare de trapacear em suas provas ou relatórios de despesa no trabalho.
Arrependa-se, o que significa caminhar na direção contrária.
- Volta!
Faça as obras que você fez no início.
Busque seu relacionamento com Cristo; faça dEle sua prioridade no pensamento; comece o hábito de conversar com Ele no decorrer do dia.
Volte a algumas atividades que faziam a diferença na vida de seu cônjuge ou família.
Essa é a advertência à igreja de Éfeso, e ela inclui as palavras trágicas em Apocalipse 2.5b:
…se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.
Simplesmente, “Se não tem amor, também não tem luz.”
O candeeiro representa o testemunho da igreja brilhando em sua comunidade.
Apesar de Cristo ter prometido que edificaria Sua igreja (Mateus 16.18), Ele não garante a congregações individuais um ministério permanente e eficaz. Hoje, existe pouco ou praticamente nenhum testemunho do Evangelho partindo da igreja de Éfeso.
Nós, também, no Brasil, temos milhares de cidades desprovidas de uma igreja eficaz pregando a verdade e alcançando a cidade com a luz do Evangelho.
Existem templos e congregações, mas nenhuma luz. Existem orçamentos e juntas de panela, mas nenhum amor por Cristo e Seu Evangelho, muito menos amor pelos irmãos.
Outras igrejas se reúnem semanalmente em sua cidade, em nosso país. Elas acenderão suas luzes, mas não haverá luz espiritual alguma; seu candeeiro foi removido algum tempo atrás.
- Talvez tenha sido em uma reunião de diretoria na qual o ministério de evangelismo foi removido por ser algo controverso;
- Ou talvez tenha sido uma reunião congregacional na qual os membros excluíram o pastor por pregar a salvação em Cristo somente;
- Talvez tenha sido por causa de um pastor que pregou que já era hora de abrir a membresia da igreja para homossexuais praticantes;
- Talvez tenha sido por causa de uma reunião das senhoras, nas qual elas se juntaram para fofocar sobre a família recém-chegada na igreja;
- Talvez tenha sido porque o pastor de jovens os levou para a praia em um retiro e todos beberam e se embriagaram.
Essas são algumas das situações bem reais que ameaçam a igreja, fazendo com que seu candeeiro seja removido.
- Talvez isso tenha acontecido com uma das 90% das mil igrejas entrevistadas. A pesquisa perguntou, “Qual é a missão da sua igreja?” 90% das mil responderam basicamente, “A igreja existe para cuidar da minha família e das necessidades da minha família.” Ou seja, “A igreja existe para mim.”
Nosso primeiro amor a Cristo se concentra, agora, no eu.
Nossas primeiras obras se concentram em nós mesmos.
Amamos nós mesmos e servimos nós mesmos.
Cristo diz, “Se você não se lembrar, se arrepender e repetir o que fez no início, virei e retirarei o seu candeeiro. Pode continuar sem Mim.”
Não vejo Cristo falando com ira aqui. Ouço um tom de tristeza e dor em Sua voz. Fico imaginando por quanto tempo muitas igrejas funcionariam antes de perceberem que o Espírito Santo não está mais presente em seu ministério.
Hoje, não existe traço algum da igreja de Éfeso, a não ser a memória, uma carta e uma advertência.
Você tem ouvidos para ouvir? Você está ouvindo—seus ouvidos espirituais estão atentos para ouvir o Salvador?
Cristo termina a primeira carta em Apocalipse 2.7 com um lembrete: aqueles que O amam e se arrependerem se tornarão vencedores—um termo usado para o crente. Sua herança é o céu—o que inclui a nova terra; um retorno ao Jardim onde todos desfrutarão de uma comunhão íntima com Deus que Adão e Eva antes desfrutaram, e comerão da árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês (Apocalipse 22.2).
Conclusão
Permita-me fazer algumas observações finais para todos nós a partir dessa carta à igreja de Éfeso.
- É possível estar ocupado para Deus sem ser uma bênção para Deus.
Ou seja, é possível exibir esforços religiosos sem efeitos redentores; é possível ter atividade santa sem qualquer valor espiritual duradouro.
- É possível perseverar na ortodoxia sem o poder divino.
Paulo escreveu aos coríntios:
Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé... E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará (1 Coríntios 13.2–3).
Defenda a fé, agarre sua doutrina e saiba que, enquanto isso, o Senhor pode estar dizendo, “Estou vindo para remover seu candeeiro, não por causa do que você crê, mas por causa da forma como você vive—você vive sem amor.”
- É possível ter uma reputação prestigiosa fora da igreja sem relacionamentos amorosos dentro da igreja.
Ainda adiciono que é possível se esconder por trás de uma reputação e boas obras superficiais, mas Cristo começou essa carta com as palavras, “Conheço. Sei tudo sobre você.”
Achei interessante quando li alguns anos atrás sobre algo que aconteceu durante as celebrações de Ano Novo em um desfile de rosas televisionado. De repente, um belo carro alegórico parou diante das câmeras. Os artistas e trabalhadores haviam criado esse carro alegórico muito bem elaborado, preocupando-se com os mínimos detalhes meticulosamente, mas se esqueceram de um—gasolina no tanque. Todo o desfile parou até que alguém trouxe gasolina para resolver a situação. Milhões de pessoas viram tudo pela televisão.
A ironia nisso é que o carro alegórico representava uma empresa de petróleo. Lá estava ele, com o logo da empresa representando recursos incríveis, mas, ao mesmo tempo, o caminhão que carregava a alegoria faltou gasolina.
Nós representamos a luz esplendorosa da glória, a luz do mundo. Nós pertencemos à glória do Shekinah, mas nossa luz às vezes começa a piscar e apaga.
Será que isso é uma questão de salvação? Não. É possível ter uma alma redimida, mas uma vida desperdiçada. É possível que uma igreja tenha um passado eficaz, mas um presente improdutivo.
O que fazemos?
Lembre-se! Lembre-se da prioridade do seu amor. Reacenda as chamas que adormeceram pela falta de cuidado, disciplina e convicção. Lembre-se de onde as deixou.
Arrependa-se! Admita sua necessidade de reacender o fogo da devoção por Deus. Arrependa-se, livre-se das coisas que derramam água nas brasas do seu coração e fervor a Deus. Tome medidas hoje mesmo—queime algumas pontes em sua vida que poderão muito bem começar um fogo novamente em seu coração.
Volte! Comece novamente a partir do ponto em que você se desviou do caminho. Faça seu caminho de volta e peça a ajuda de amigos piedosos; rastreie as pisadas que o conduzirão de volta ao lar; e depois comece tudo de novo.
Achei interessante que Cristo não repreendeu a igreja de Éfeso por ter que começar de novo. Estou convencido de que a vida cristã é repleta de momentos em que começamos de novo.
Lembre-se, arrependa-se e volte.
Com isso, você pode muito bem acabar salvando seu casamento ou seu testemunho.
Isso pode muito bem salvar sua igreja.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 02/03/2008
© Copyright 2008 Stephen Davey
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