
A Lenda das Duas Cidades
A Lenda das Duas Cidades
O Armagedom e a Queda da Babilônia—Parte 3
Apocalipse 17.1–17
Introdução
Existem duas cidades na Bíblia que são mencionadas mais vezes do que todas as outras.
Jerusalém: A Cidade de Deus
Jerusalém é a mais mencionada, aparecendo mais de 800 vezes. A primeira vez em que aparece é em Gênesis 14 e a última é em Apocalipse 21. Por toda Escritura, Jerusalém é retratada como uma cidade especial no plano e propósito de Deus. Ela é, de fato, a cidade de Deus.
A raiz da palavra é o termo shalem, que forma a segunda parte do nome Jeru’salem. Uma tradução literal seria “alicerce da paz.”
Seria correto entender que a palavra sugere que a cidade de Jerusalém é o local da paz de Deus.
Essa cidade é, certamente, o lugar onde Deus fez um acordo de paz com a humanidade quando Seu Filho foi pendurado na cruz. Ao fazer isso, um tratado de paz foi feito com Seu sangue para todos os que creem. Paulo escreveu em Romanos 5.1:
Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.
Aos Colossenses, Paulo escreveu:
porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz... (Colossenses 1.19–20a).
A cidade de Jerusalém representa para o crente, verdadeiramente, o alicerce da paz.
Na atualidade, a cidade de Jerusalém experimenta de tudo, menos paz. Jamais chamaríamos Jerusalém de “a cidade da paz,” não é?
O motivo para a ausência de paz é que o Rei ainda não reina na cidade—como reinará um dia, conforme Apocalipse 19.
Babilônia: A Cidade do Homem
Enquanto isso, existe outra cidade proeminente que aparece no decorrer da história humana. A cidade da Babilônia é mencionada na Bíblia quase 300 vezes. Ela aparece pela primeira vez em Gênesis 10 e pela última vez em Apocalipse 19 quando é destruída.
Assim como Jerusalém representa os planos e propósitos de Deus, a cidade da Babilônia representa os planos e propósitos do homem.
A fim de entender a significância do surgimento e queda da Babilônia no último livro da Bíblia, temos que voltar às suas origens no primeiro livro da Bíblia.
O fundador da Babilônia foi Ninrode, o valente caçador que afrontou o decreto de Deus a Noé e sua família:
...Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra (Gênesis 9.1).
A propósito, no mesmo contexto, Noé recebeu a promessa de Deus concernente às forças da natureza, a qual, através de um dilúvio, tinha devastado a topografia da Terra. Deus prometeu não somente que nunca mais haveria um dilúvio universal, mas que os sistemas climáticos e os recursos naturais continuariam a sustentar a vida no planeta. Deus disse a Noé em Gênesis 8.22:
Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite.
Em outras palavras, pelo decorrer da duração da terra—isto é, até que Cristo crie um novo céu e uma nova terra (Apocalipse 21)—a terra continuará com suas estações e colheita, verão e inverno, e o ciclo normal de 24 horas com noite e dia.
Isso pode ser considerado como um apêndice adicionado ao nosso estudo anterior sobre aquecimento global e esfriamento global em Apocalipse 16.
Na promessa de Deus a Noé, existe um equilíbrio contínuo dos recursos naturais, do clima e até mesmo das estações.
O decreto de Deus a Noé após o dilúvio universal foi para que ele se espalhasse pela terra. Mas, daí, veio o bisneto de Noé, o primeiro tirano mundial, um homem chamado Ninrode.
Ninrode desafiou a ordem de Deus e tentou construir uma confederação unificada de nações.
Todavia, isso era muito mais do que movimento político; essa atitude foi, no fundo, um ato religioso. Ele se tornaria o fundador, juntamente com sua esposa, na criação de uma religião blasfema, idólatra e mundial.
Toda afronta política de Ninrode se manifestou na construção de uma cidade chamada Babilônia. Toda afronta religiosa foi expressada na forma da Torre de Babel. Gênesis 11.4 registra:
…Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra.
Ou seja, as pessoas dos dias de Ninrode desafiaram a ordem de Deus de multiplicar e se espalhar pela terra. Ao invés disso, eles escolheram construir um império no qual Deus seria afrontado.
Agora, unidade política só funciona com algumas pessoas. Unidade política é algo sensível. Religião, por outro lado, é algo diferente e muito mais poderoso. Quando pessoas se unem em torno de uma causa religiosa, elas estão dispostas a sacrificar suas vidas pela causa e pelo vínculo da unidade. Quando causas políticas são entrelaçadas com causas religiosas, o resultado é uma nação ou um império mundial.
Posteriormente, Ninrode foi endeusado à posição de o deus principal da Babilônia—Marduque. Heródoto, o historiador romano, viajou pela Babilônia e viu uma estátua de Marduque que pesava 22 toneladas e era feita de ouro puro. Na economia atual, essa estátua valeria mais de 600 milhões de dólares. Que grande compromisso!
No texto hebraico de Gênesis 11.4, o verso vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus inclui palavras que os tradutores adicionaram para que o hebraico fizesse sentido no português. Todavia, essas palavras adicionais confundem o significado. As pessoas dos dias de Ninrode não estavam tentando construir uma torre alta o suficiente para alcançar os céus, mas uma torre cujo topo fosse dedicado aos céus. A palavra chegue não está no texto hebraico. Uma tradução literal seria, “Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope esteja com os céus.”
Em outras palavras, o topo dessa torre foi dedicado ao universo—o primeiro sistema de adoração dos céus. O Deus da criação foi rejeitado e a criação tomou o lugar de Deus.
Mais e mais, a geração de nossos dias crê na existência do universo como um ser poderoso capaz de nos conceder o que desejamos. O universo se tornou um deus. As pessoas creem que o sol, a lua e as estrelas dão vida e determinam o destino. Milhões de pessoas hoje são babilônios devotados religiosamente—elas creem que seu signo e os movimentos de suas estrelas têm algo a ver com seu propósito e destino na Terra.
Esse foi o primeiro sistema religioso da Babilônia. Na verdade, o símbolo do zodíaco foi originado na Torre de Babel. Abra qualquer livro de astrologia e sua história apontará para os caldeus, que é apenas outro nome para os cidadãos da Babilônia.
Os caldeus dividiram os céus em partes e deram significado a cada parte com base nas estrelas e constelações que observaram. O destino de uma pessoa era determinado pela parte ou signo no qual havia nascido.
No zigurate ou torre, os signos do zodíaco era pintado no teto ornamentado e nas paredes no topo, o qual representava um lugar santo de adoração.
Da Babilônia, a astrologia passou ao Egito, onde o animismo e o politeísmo foram adicionados. As pirâmides foram construídas com relações matemáticas com as estrelas. Esses túmulos bem elaborados dos faraós foram projetados para que se encaixasse no sistema de adoração do sol, da lua, das estrelas e do universo.
Portanto, a primeira confederação—a primeira Organização das Nações Unidas—foi uma sociedade construída a fim de unir a raça humana para exaltar o homem e rejeitar Deus.
A primeira tentativa de uma “religião unificada” findou deificando a criação e destronando o Criador—ou pelo menos tentou.
De fato, Ninrode ser tornará o protótipo do Anticristo ao ser considerado como um deus e honrado com uma estátua de ouro. Sua carreira foi como a do Anticristo, o qual colocará uma enorme estátua de si mesmo no templo de Jerusalém ao declarar ao mundo que ele é o deus vivo e que governa o mundo de sua cidade capital, Babilônia, conhecida como o portal de deus.
Conforme um autor, os deuses de Roma, Grécia, Egito e de todos os demais impérios mundiais basicamente surgiram das religiões do Império Babilônio. Os deuses apenas receberam nova roupagem e outro nome no decorrer dos séculos.
Entretanto, ainda existe mais nesse mistério político e religioso da Babilônia. Em Gênesis 11, a humanidade incrédula, já preparada para lendas anti-Deus e para a deificação do ser humano, se entregou completamente às religiões de mistério da Babilônia.
John Walvoord escreveu um bom resumo disso:
Segundo registro extra-bíblicos, Ninrode tinha uma esposa chamada Semiramis que criou rituais religiosos secretos dos mistérios babilônios. As lendas surgiram que Semiramis teve um filho, concebido sobrenaturalmente por um raio do sol. Ele era o libertador prometido da Terra e recebeu o nome Tamuz. Tamuz foi, com efeito, um cumprimento falso da promessa feita a Eva de um libertador nascido da semente da mulher—ou seja, concebido sem o envolvimento de um homem (implícito em Gênesis 3.15 e concretizado no nascimento de Jesus Cristo).
Podemos ver como Satanás, no princípio da história humana—na verdade, na primeira rebelião política e religiosa—semeou as sementes da mentira ao envolve-las em verdades.
Segundo a lenda babilônia, originada com Semiramis, Tamuz foi morto, mas, depois de quarenta dias de lamento de sua mãe, ele foi ressuscitado dos mortos.
A propósito, Satanás entendeu, obviamente, a implicação da promessa de Deus a Eva de que o Salvador nasceria de uma virgem e ele obviamente viu mais revelações proféticas sobre a vinda do Messias. Assim, ele falsificou essas verdades ao redor do mundo em religiões diferentes.
É incrível que a primeira religião falsa teria como foco a deificação do universo juntamente com a ideia da existência de deuses, sendo um deles em particular um deus-homem nascido de uma virgem.
A mãe Semiramis e Tamuz, seu filho concebido pelos deuses, se tornaram a primeira versão de uma religião em torno de uma rainha do céu com seu filho igualmente divino.
Os nomes foram alterados nas religiões de diferentes localidades, mas a história permaneceu basicamente a mesma. Na Fenícia, por exemplo, a mãe era Astarte e seu filho era Baal.
Esses nomes soam familiar para você? Israel creu na verdade da promessa de Deus por meio de Eva, mas caiu numa falsa religião e idolatria.
No Egito, a mãe era chamada Ísis e seu fiho Osiris. Na Grécia, ela era Afrodite e seu filho Eros. Na Assíria, o nome do filho permaneceu Tamuz, mas o de sua mãe mudou para Ishtar.
Essa religião é comum em todos os lugares. Tanto mãe como filho eram considerados igualmente divinos na Babilônia e, conforme foi se espalhando pelo mundo, a liturgia de adoração foi se definindo.
A mãe em breve passou a ser chamada de a Rainha do Céu. Seus quarenta dias de lamento passaram a ser comemorados nos quarenta dias da Quaresma, seguido pela celebração de Ishtar, na qual as pessoas presenteavam umas as outras com ovos, os quais simbolizavam nova vida. Para você perceber a influência disso em nossos dias, a palavra inglesa para “Páscoa” é “Easter,” que não passa de uma transliteração do nome da deusa Ishtar.
Nesses e outros rituais, a religião babilônia falsificou a promessa de Deus de que Seu Filho nasceria de uma virgem e morreria pelos pecados do mundo.
Não há nada de errado na celebração da Páscoa, desde que seja uma celebração da ressurreição de Jesus Cristo. Ele, contudo, não ressuscitou por causa das lágrimas de Sua mãe.
Além disso, não há nada inerentemente errado com ovos de Páscoa, desde que não sejam reverenciados como doadores da vida.
Você pode dizer: “Mas isso era parte do paganismo da deusa Ishtar.”
Assim como os seus tênis da Nike, cujo nome é em honra à deusa pagã que significava “vitória.”
Desde que sua fé não esteja ligada a um símbolo, mas focada no Salvador, não há problemas.
A propósito, nenhuma dessas falsificações pagãs de uma mãe e filho afirma que o filho da virgindade morreu pelos pecados do mundo para providenciar perdão de pecados. Todas essas falsificações foram criadas com uma mensagem anti-Deus, dando ao homem mais oportunidade para se justificar de seu pecado.
De fato, Samiramis, a mulher de Ninrode, originou a prática da prostituição religiosa como uma forma de adoração. Em outras palavras, vamos santificar o pecado. Então, eles fundaram uma ordem de virgens que eram tudo, menos castas, e que serviam no templo como prostitutas para os que iam adorar.
Quando lemos a história de Israel, vemos, vez após vez, os israelitas caindo na religião da Babilônia—as práticas cultuais da astrologia e da prostituição religiosa.
De fato, Ezequiel registrou o julgamento de Deus sobre eles porque clamaram a Tamuz, o filho de Semiramis (Ezequiel 8.14).
Jeremias condena seu povo por queimar sacrifícios à rainha do céu e derramar libações como ofertas a ela (Jeremias 44.17).
Talvez você se lembre da obsessão dos israelitas com Baal, outra versão de um deus-homem nascido de uma virgem. Lembre-se que, em 1 Reis 18, Elias derrotou os falsos profetas de Baal no Monte Carmelo.
Então, Deus julga a humanidade na Torre de Babel e confunde a linguagem de todos, consequentemente espalhando a humanidade para os cantos mais remotos da Terra.
O significado da palavra hebraica “babel” ou “Babilônia” é “confusão.”
O idioma dos sumérios a traduz como “o portal de deus.”
Contudo, quando as pessoas se espalharam com os diferentes idiomas pelo mundo, a religião da Babilônia, a adoração da criação e a combinação de pecado com sacrifício já havia se arraigado no seu DNA espiritual, e os pecadores ficaram sempre na busca por portais aos deuses fora da revelação do Deus verdadeiro.
É fascinante descobrir no decorrer das Escrituras que a cidade da Babilônia adoraria falsos deuses e entraria em conflito com a cidade de Jerusalém e com o Deus Criador. Não precisamos passar muito de Gênesis 11 para vermos o conflito entre as duas cidades.
A primeira guerra está registrada em Gênesis 14. Vários reis formaram uma coalizão que derrotou Sodoma e levou cativo seus habitantes.
Um dos cidadãos aprisionados foi Ló, sobrinho de Abraão, juntamente com sua esposa e duas filhas. Quando Abraão ouviu a notícia da captura, ele e seus homens se prepararam e foram à guerra. Com o auxílio de Deus, eles derrotaram a coalizão dos reis.
Um dos reis nessa coalizão acontece de ter sido o Rei de Sinar—uma região que incluía a Babilônia. Então, essa é uma batalha na qual Abraão, representando os propósitos de Deus, derrotou o rei da Babilônia, representando os propósitos do homem e energizado por Satanás, o maior anti-Deus.
O cenário fica ainda mais interessante quando Abraão volta da batalha. Ele se encontra com o rei e sumo sacerdote de Salém—a antiga Jerusalém. Esse rei, Melquisedeque, veio de Salém e alimentou Abraão e seus soldados com pão e vinho. Muitos acreditam que Melquisedeque prefigurou o Rei e Sumo Sacerdote de Jerusalém—Jesus Cristo. Talvez, nesse ato, Melquisedeque prefigurou o Senhor, o qual deu pão e vinho aos Seus discípulos como memorial de Seu sacrifício.
É-nos dito que Abraão reagiu a esse rei de Jerusalém dando-lhe, sem que lhe fosse pedido, o dízimo do melhor de seus espólios da batalha.
Esse foi o primeiro conflito armado entre as forças da Babilônia e as forças de Jerusalém.
De fato, desse ponto em diante na Bíblia, existe o que podemos chamar de “a lenda de duas cidades”—a cidade de Deus, Jerusalém, contra a cidade do homem, Babilônia. O conflito apenas se agravará entre a cidade da confusão e a cidade da paz.
A Babilônia aparece novamente numa cena vitoriosa sobre Jerusalém. O rei da Babilônia, Nabucodonosor, assolou Jerusalém no decorrer de três campanhas militares (2 Reis 24–25). Esse rei conquistador levou os utensílios do templo de Salomão para o templo de seus deuses, como que dizendo: “Meus deuses são mais poderosos do que os seus” (2 Crônicas 36.10). A Babilônia, foi, de fato, o verdadeiro reino do ouro.
Contudo, assim como Daniel profetizou de dentro das paredes do império, a Babilônia foi conquistada pela Medo-Pérsia; os persas foram conquistados pelos gregos e os gregos pelos romanos.
O último império mundial será uma confederação de dez reinos na forma do Império Romano restaurado, e sua capital será, é claro, a Babilônia. O conflito que iniciou em Gênesis atingirá seu clímax em Apocalipse.
Desde que construiu a Torre de Babel, Satanás tem desejado, trabalhado e orquestrado maneiras de conduzir a humanidade de volta à Babilônia para continuar a luta entre a cidade do homem e a cidade de Deus.
Meu amigo, a primeira guerra registrada na Bíblia envolveu Jerusalém e a Babilônia; a última guerra na Bíblia será entre Jerusalém e a Babilônia.
O curso da história humana é, praticamente, uma lenda de duas cidades e quem elas representam.
A história humana pode ser entendida como a tentativa de Satanás de conduzir o homem de volta à Babilônia. Ele deseja criar uma ordem mundial na qual a humanidade inteira—todos os impérios do mundo—digam novamente: “Vinde, edifiquemos um reino que afronte o Deus Criador.”
Satanás parece estar conseguindo.
Assim como Ninrode apareceu em cena no primeiro livro da Bíblia, o Anticristo aparece no último livro. Como Ninrode e Nabucodonosor, o Anticristo constrói uma estátua em sua honra. Da mesma maneira como Ninrode e Nabucodonosor da antiga Babilônia, o rei da nova Babilônia demanda que todos adorem a imagem de sua grandeza e a glória de seu novo império. Assim como os reis da antiguidade, o Anticristo será, no fim, derrotado na batalha. Esse conflito final é chamado de a Batalha do Armagedom.
Em nossos estudos anteriores, destrinchamos a verdade dessa batalha enquanto as forças inimigas que marcharam contra Deus foram derrotadas. O sangue que fluiu dos exércitos derrotados correu como um rio pelo vale de Jezreel.
As taças do julgamento de Deus foram, finalmente, esvaziadas—Cristo em Sua vinda gloriosa derrota os exércitos da Babilônia e do Anticristo.
O Julgamento de Deus Sobre a Babilônia
Enquanto o apóstolo João observava os cálices do julgamento de Deus sendo derramados sobre o planeta Terra—que é castigado com pedras de granizo e com um terremoto que altera sua topografia—ele ficou, sem dúvida alguma, admirado diante da visão do julgamento de Deus. Nesse momento, quando as coisas vão se aproximando do fim, um anjo vem até ele e o chama de lado. Veja Apocalipse 17.1:
Veio um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas
Agora, como já aconteceu várias vezes no livro de Apocalipse, os acontecimentos são passados rapidamente no monitor da história humana. Daí, um botão de câmera lenta é pressionado e vemos os detalhes e os bastidores dos eventos que se desenrolam.
Os capítulos 17 e 18 retratam em câmera lenta os detalhes da Babilônia em cores vibrantes. O capítulo 17 mostra o sistema religioso da Babilônia e sua queda; o capítulo 18 mostra a cidade real da Babilônia e sua destruição.
A propósito, existe mais informação sobre a Babilônia no livro de Apocalipse do que qualquer outro assunto ou acontecimento.
Existem 404 versículos no livro de Apocalipse. Desses 404, 44 falam sobre a Babilônia, o que corresponde a 11% do livro. Na verdade, mais atenção é dada à Babilônia do que ao novo céu e nova terra.
Nós gostaríamos de saber mais sobre o céu, não é? Por que essa disparidade? Talvez porque não conseguimos compreender muito sobre o céu, mas é melhor entendermos bem a natureza da Babilônia.
Deus sabia que o Seu povo em cada dispensação no decorrer da história humana estaria envolvido em uma batalha espiritual com a cidade da confusão—os reinos deste mundo com as falsas religiões da imaginação humana.
Deixe-me compartilhar com você seis características do sistema espiritual da Babilônia—a falsa religião—retratadas no capítulo 17.
Seis Características da Babilônia Religiosa
- Primeiro: sua influência.
Conforme lemos no verso 1, ela se acha sentada sobre muitas águas.
Pule para o verso 15:
...As águas que viste, onde a meretriz está assentada, são povos, multidões, nações e línguas.
Em outras palavras, haverá o crescimento de uma unidade religiosa que influenciará o mundo inteiro.
Veja os versos 1b–2:
...Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas, com quem se prostituíram os reis da terra; e, com o vinho de sua devassidão, foi que se embebedaram os que habitam na terra.
Imagine um mundo sem crentes. O arrebatamento já aconteceu e os crentes se foram. O pecado andará solto pelo mundo como nunca antes, pois os inibidores da impiedade não estão mais presentes.
A religião não terá diminuído. As referências à religião da Babilônia são retratadas com palavras de conotação sexual porque Deus sempre considera a idolatria e a falsa religião como adultério espiritual. O mundo ficará bêbado com o pecado e a idolatria.
Todas as religiões mundiais continuarão após o arrebatamento—Budismo, Islamismo, Mormonismo, Catolicismo Romano e muitas outras. Doutrina será deixada de lado e todas as religiões se unirão.
Quando o Conselho Mundial de Igrejas se reuniu em Amsterdam em 1948, um dos objetivos era unir todos os ramos do Cristianismo em uma só organização, incluindo Protestantismo, Catolicismo Romano e a Igreja Católica Ortodoxa. O sonho deles se tornará realidade quando as religiões do mundo se unirem numa Torre de Babel confusa.
Um autor escreve que ele espera ver mais e mais denominações se unindo e cada vez mais ênfase no ecumenismo—um termo que se refere ao esforço de unir todas as religiões mundiais numa religião apenas.
Um dia isso acontecerá. A noiva de Cristo desaparecerá e o mundo será deixado por um breve período de tempo sem o sal e a luz do Evangelho.
- A segunda característica da Babilônia espiritual é sua parceria.
Veja o verso 3:
Transportou-me o anjo, em espírito, a um deserto e vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres
Já aprendemos que o império do Anticristo será o sétimo império mundial—o Império Romano restaurado—e será constituído por uma coligação de dez reis. Como já falamos sobre o assunto antes, não entraremos mais em detalhes agora.
Contudo, tem um verso que gostaria de destacar—o verso 9:
Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada...
A referência aos sete montes tem levado alguns a afirmar que essa mulher—uma religião falsa—é o Catolicismo Romano, já que Roma senta sobre sete montes. Todavia, essa perspectiva é não somente limitada—já que o mundo inteiro abraçará essa mulher—mas ela também não tem o apoio da frase seguinte: São também sete reis.
Em outras palavras, os sete montes são sete reis ou reinos. Quem são eles? João nos diz no verso 10:
dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco.
Quando estudamos a história mundial, descobrimos que cinco impérios ocidentais chegaram e foram: Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Pérsia e Grécia.
Qual império existe? É fácil—pense na época em que João estava vivendo; trata-se do Império Romano. E qual ainda não chegou? Existe apenas mais um império a ser constituído: o império do Anticristo. Portanto, vivemos num tempo em que o próximo império mundial regido por um homem será o último de todos.
O fato de essa meretriz estar montada numa besta é a forma que João escolhe para dizer que ela possui uma parceria, talvez, até mesmo, no princípio, em controle da ascensão do Anticristo ao poder.
- A terceira característica da Babilônia espiritual é a sua riqueza.
Veja o verso 4:
Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição.
Roupas de púrpura e escarlate eram as mais caras a se possuir. A fim de fazer essas roupas, milhões de caracóis marinhos que produziam uma tintura roxa tinham que ser coletados na região do Mediterrâneo. Nos dias de João, cerca de 30 gramas de tintura roxa custavam mais do que 450 gramas de ouro.
A religião que chama a atenção do mundo será incrivelmente elaborada, inspirando grande admiração e possuindo muita riqueza.
Acho interessante que essa mulher se destaca por possuir coisas que existem no céu em abundância: ouro, pedras preciosas e pérolas. Isso me lembrou mais uma vez que, comparadas ao céu, as religiões do mundo não passam de bugigangas.
- A quarta característica da Babilônia espiritual é perversão.
Veja o verso 5:
Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: BABILÔNIA, A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA.
Em outras palavras, tudo começou com a Babilônia! A fonte de toda rebelião, adoração da criatura, adoração do universo, devoção aos astros e idolatria demoníaca é a Babilônia. Ela é a mãe da prostituição espiritual—adoração que deveria ser dada a Deus é prestada a ela.
O verso nos diz que seu nome está em sua testa. É interessante notar que a prostituta do século primeiro—e na época já estava se tornando uma profissão legal—tinha seu nome escrito em seu cachecol em sua cabeça ou numa tiara colorida. Era assim que ela fazia sua propaganda, e era uma tentativa de ser lembrada e chamada pelo seu nome.
Então, a meretriz espiritual busca ser lembrada e desejada. Contudo, nada disso funcionará.
- A quinta característica da Babilônia espiritual é seu plano.
Veja o verso 6:
Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus; e, quando a vi, admirei-me com grande espanto.
Desde a antiga Babilônia até os dias de hoje, a falsa religião tem sido a causa de uma matança de cristãos após outra.
Na época da Tribulação, a mulher é retratada como bêbada—completamente inebriada com o sangue dos crentes.
- A sexta e última característica da Babilônia espiritual é sua destruição final.
Pule para o verso 16:
Os dez chifres que viste e a besta, esses odiarão a meretriz, e a farão devastada e despojada, e lhe comerão as carnes, e a consumirão no fogo.
De forma simples, a confederação de dez reis e o Anticristo não precisarão mais dela, já que o Anticristo revela sua imagem e profana o Lugar Santo.
A maioria dos estudiosos acredita que essa igreja mundial será substituída em torno do meio da Tribulação quando o Anticristo alegar ser deus e demandar que ele somente seja adorado.
Mas o que acontece com essa religião mundial e rica? Ela é roubada, devorada e destruída.
Mais provavelmente, ela reivindicará algum direito de governo e será, então, descartada pelo Anticristo que não precisará mais dela.
Onde está Deus nesses dias perversos de blasfêmias? Ele está no controle? Veja o verso 17:
Porque em seu coração incutiu Deus que realizem o seu pensamento, o executem à uma e dêem à besta o reino que possuem, até que se cumpram as palavras de Deus.
O retorno da Babilônia e da religião de Babel faz parte do plano de Deus. O conflito futuro final entre a Babilônia e Jerusalém faz parte do plano de redenção de Deus. Deus é o Autor da lenda das duas cidades.
De Gênesis a Apocalipse, os propósitos de Deus serão cumpridos; conte com isso.
Em sua vida agora, não importa quais sejam as lutas, o sofrimento, o caos ou as guerras, os propósitos de Deus para você serão cumpridos perfeitamente, na hora certa e com uma glória que não conseguimos imaginar.
Cristo, o herdeiro do trono de Jerusalém, virá e nós com Ele nesse conflito final entre a cidade do homem e a cidade de Deus. Essa batalha final será vencida quando a cidade de Jerusalém derrotar a cidade da Babilônia, e Cristo reinará no trono de Davi.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 14/06/2009
© Copyright 2009 Stephen Davey
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