
Jogo de Espiões
Jogo de Espiões
Tornando-se Inconformado—Parte 4
Romanos 12.2b
Introdução
Se você lesse alguns livros sobre a vontade de Deus, como eu fiz nos últimos anos, se depararia com inúmeras opiniões sobre como descobrir a vontade de Deus. Semana passada eu li dois e ambos abordaram o assunto de ângulos totalmente diferentes.
Talvez você tenha descoberto, a partir de sua própria experiência, que, quando alguém fala sobre como descobrir a vontade de Deus, essa pessoa apresenta uma abordagem nova e singular que frequentemente envolve alguma experiência subjetiva ou testemunho estranho.
A história pode ser, “O telefone tocou exatamente às 10:30 da manhã e tocou três vezes. A ligação foi de uma das empresas onde eu tinha deixado meu currículo para trabalhar. Eu não sabia se deveria ou não aceitar o emprego, mas o número da empresa na rua é 1030 e fica na suíte 3.”
Certamente ajudaria muito receber um telefonema enquanto se está em dúvida, não é verdade?
Um dia após nossa aula para novos membros, uma senhora veio até mim e disse, “Pastor, tive um sonho ontem à noite e você estava discando um número. Quando eu perguntei para quem você estava ligando, você me respondeu, ‘Estou ligando para Deus.’”
Nós rimos e ela continuou, “Eu ainda me lembro dos três primeiros números: 862.”
Eu disse para ela, “Ei, quando você for dormir hoje à noite, tente conseguir o resto do número—preciso dele! Tente sonhar a mesma coisa de novo!”
Jamais esquecerei de uma resposta que recebi uma vez quando estava ainda na faculdade. Eu conhecia uma jovem moça que tinha acabado de noivar, e também conhecia seu noivo e que ambos se conheciam há pouquíssimo tempo. Fiquei incomodado com a decisão que tomaram de se casar e perguntei a ela, “Como você sabia que ele era o cara certo?”
Ela respondeu, “Semana passada estávamos no shopping olhando alianças e nos divertindo. Ele escolheu uma para eu provar. Então, disse em meu coração que, se aquela aliança coubesse em meu dedo, ele seria o homem certo. E a aliança coube!”
Eu pensei, “É, ele merece uma pessoa tão penetrante como você.”
E o que acontece se você perde a aliança antes do casamento, ou se ela dá alergia e você tem que comprar outra depois do casamento? E aí?
Muitos crentes esperam por um sinal ou sentimento, aguardam um acontecimento espetaculoso na vida—como entrar em casa, escorregar em uma casca de banana e cair sobre o mapa da China. Daí, pensam, “Ah, Deus me quer como missionário na China.”
Talvez Deus esteja simplesmente dizendo que você precisa levar o lixo para fora.
Acho fascinante que o apóstolo Paulo nunca manda o crente descobrir a vontade de Deus; ele apenas espera que o crente faça a vontade de Deus.
Todavia, Paulo também deixa claro que a vontade de Deus não surge em algum momento de revelação. Ela acontece de ser um estilo de vida de renovação no qual o crente é transformado em seu modo de pensar segundo o padrão das Escrituras. É isso o que temos aprendido em Romanos 12.
A Vontade de Deus Declarada
A Bíblia não fala que devemos descobrir a vontade de Deus—ela fala da vontade de Deus declarada. Ou seja, a Bíblia sobre aquilo que Deus já declarou ser Sua vontade.
Submissão ao controle do Espírito Santo
Um autor discorre sobre o que a Bíblia diz abertamente ser a vontade de Deus. Ele citou Efésios 5.15–17, que é uma ordem ao crente:
Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus. Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor.
Então, qual é a vontade do Senhor? O restante do capítulo declara essa vontade. Continue no verso 18: E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito.
Em outras palavras, não fique sob a influência do vinho, mas escolha ficar debaixo da influência do Espírito de Deus. Algumas ordens aos crentes incluem:
- esposas, sejam submissas e respeitem seus maridos (5.22);
- maridos, amem suas esposas com amor sacrificial (5.25);
- filhos, obedeçam a seus pais (6.1);
- pais, orientem seus filhos nas coisas do Senhor (6.4);
- servos e empregados, trabalhem com dignidade e diligência (6.5–8);
- mestres e patrões, tratem os empregados com justiça e honestidade (6.9).
Tudo isso é possível quando você se submete ao controle dominador do Espírito Santo, que acontece de ser a vontade de Deus.
Busque uma vida santa
A Palavra de Deus também nos informa que a vontade de Deus inclui pureza sexual. Paulo escreveu em 1 Tessalonicenses 4.3:
Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição
“Prostituição” se refere a qualquer atividade sexual fora dos laços matrimoniais.
É um absurdo tanto um jovem como um idoso que vive em impureza sexual dizer, “Deus, mostre-me a Tua vontade para a minha vida profissional… meus estudos… essas escolhas.” Essa pessoa não está nem sequer praticando o que a Bíblia diz ser a vontade de Deus. Por que Deus deveria revelar Sua vontade sobre outras coisas?
Paulo amplia essa busca pela pureza ao escrever no final do parágrafo no verso 7:
porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação.
Portanto, a vontade de Deus declarada é submissão ao controle do Espírito Santo, busca por uma vida santa e, terceiro, obedecer às leis e estatutos de seu país, desde que tais legislações não violem a lei de Deus (falaremos mais sobre isso quando chegarmos ao capítulo 13 de Romanos).
Obedecer às leis e estatutos de seu país
O apóstolo Pedro escreveu em 1 Pedro 2.13–15:
Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano, quer às autoridades, como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem. Porque assim é a vontade de Deus, que, pela prática do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos
Esta é a vontade de Deus: obedecer ao governo.
Penso em quantos crentes não violam a vontade de Deus ao preencherem sua declaração de imposto de renda, uma exigência do governo.
Penso em quantos crentes obedecem às legislações de trânsito, como limite de velocidade. Semana passada eu mesmo violei isso e Deus usou um policial para apontar meu erro.
Como podemos dizer, “Senhor, quero seguir Tua vontade aqui,” se não seguimos a vontade dEle ali?
Passar por sofrimento e tribulação
Além disso, é da vontade de Deus que o crente passe por sofrimento e tribulação. Pedro escreve em 1 Pedro 5.10:
Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.
Ele também escreveu no capítulo 4, verso 19:
Por isso, também os que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem a sua alma ao fiel Criador, na prática do bem.
Paulo escreveu aos Filipenses no capítulo 1, verso 29:
Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele,
E é fácil ignorarmos a oração fervorosa de Paulo em Filipenses 3.10:
para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte;
Ter um espírito de gratidão
A vontade declarada de Deus também inclui ter um espírito de gratidão. Paulo escreveu em 1 Tessalonicenses 5.18: Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.
Se você fizer sua própria busca pela frase “vontade de Deus,” descobrirá ainda mais verdades declaradas, mas estas quatro são suficientes:
- submissão ao controle do Espírito Santo;
- busca por uma vida santa;
- aceitação do sofrimento;
- espírito de gratidão.
Concordo com um autor que escreveu que, se você, como crente, deseja fazer essas coisas, daí, numa situação em que você não sabe o que fazer ainda, mas precisa decidir—faça o que você quiser! Seu desejo é agradar a Deus e, quando isso é verdade, Deus realizará os desejos do seu coração. Então, em outras palavras, faça o que você achar melhor!
Você pode dizer, “Isso parece deixar as coisas em aberto; é arriscado; é libertinagem. Você não pode fazer o que quiser. Não diga isso aos meus filhos!”
Ou, “É claro que não posso fazer o que quero. Eu achava que fazer a vontade de Deus significa jamais fazer aquilo que quero!”
Ou ainda, “Na verdade, quando me deparo com duas opções, aquilo que gosto mais não é a vontade de Deus, correto? É um teste para ver se estou disposto a mortificar a carne.”
Não, mas Deus, por meio das pressões e dores, trabalha em sua vida, amadurecendo-o e levando-o a mudar seu coração, de forma que você desejará aquilo que Ele deseja. Daí, você pode dizer com Davi: O Senhor é meu pastor, nada me faltará (Salmo 23.1).
Em outras palavras, “Não existe nada que eu desejo ardentemente que o Senhor não provê porque Ele é o meu pastor.”
Eu tenho o que quero nEle e confiarei nEle naquilo que Ele não me concede.
Encontrando a Vontade de Deus
Agora, como saber se o que eu quero é realmente a vontade de Deus? Encontrar a vontade de Deus para muitas coisas questionáveis não deve ser tão simples assim, não é?
O apóstolo Paulo nos deu algumas diretrizes que nos ajudam a garantir que o que queremos é sinônimo da vontade de Deus. Isso nós lemos em Romanos 12.2b. Vamos começar com o verso 1:
Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
Essa é uma descrição e uma declaração excelente da vontade de Deus, a propósito.
Entregue a Deus o seu corpo! Entregue a Ele sua vida! Entregue a Ele seu louvor!
Ou seja, não peça para Deus revelar Sua vontade para algumas coisas se você não está disposto a ser um sacrifício vivo a Deus. Isso é o imperativo positivo—aquilo que devemos fazer.
Daí, Paulo diz ao crente o que não fazer no verso 2a: E não vos conformeis com este século.
Isso é o oposto da vontade de Deus. Phillips traduziu esse verso da seguinte forma: “Não seja exprimido segundo o molde do mundo.”
Não siga o bando.
Jamais confunda a vontade da maioria com a vontade de Deus.
Agora, aqui está o imperativo positivo, no verso 2b: mas transformai-vos pela renovação da vossa mente.
Essa é a mente que se encontra no processo de ser refeita com novos padrões de pensamento—não segundo a sabedoria do mundo, mas segundo a sabedoria de Deus.
Veja o que acontece no restante do verso 2: para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
O verbo experimenteis é o termo grego “dokimazo,” que significa, “aceitar como aprovado após teste.”
Significa determinar no laboratório da vida que a vontade de Deus é, de fato, essas três coisas.
Contudo, preciso alertá-lo de uma coisa: chegar à conclusão de que a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita não ocorre automaticamente, mas requer uma condição anterior de:
- uma vida—não conformada ao mundo;
- uma mente—transformada pela Palavra.
Essas três descrições da vontade de Deus são, na realidade, três adjetivos usados como substantivos no idioma original grego para descrever a vontade de Deus. Podemos parafrasear e ampliar o verso a fim de destacar os significados desses substantivos:
…você saberá que encontrou a vontade de Deus porque ela aquilo que é bom, aquilo que é agradável e aquilo que produz maturidade espiritual.
Paulo não está falando sobre sairmos por aí a fim de descobrir a perfeita vontade de Deus, “Espero descobrir a perfeita vontade do Senhor!” Ele não diz que, se você for inteligente, perfeito e consistente poderá descobrir a agradável vontade de Deus, como se Deus a estivesse escondendo de todos, menos dos crentes mais espertos. Ele não diz que, se você for especial, então encontrará a boa vontade de Deus.
Paulo está dizendo que, quando você faz ou decide algo, se esse algo for bom, agradável e o conduzir ao crescimento de sua fé, então você escolheu a vontade de Deus.
As palavras de Paulo removem todo o mistério a esse respeito. Isso não é algum tipo de jogo que Deus inventou que apenas alguns crentes conseguem vencer.
Talvez você tenha pensado secretamente em descobrir a vontade de Deus através de métodos como o de dados: você os lança em um jogo e torce para que eles caiam do jeito que você precisa para ganhar o jogo.
Ou você acha que precisa seguir certas pistas para entender a vontade de Deus: se for esperto e souber desvendar as pistas, você descobrirá tudo e vencerá o jogo.
Sinceramente, acho que a maioria dos crentes que busca fazer a coisa certa pensa que encontrar a vontade de Deus é como uma brincadeira que eu e meus filhos fazíamos quando eles iam tomar banho. Nós chamávamos o “Jogo de Espiões.”
Enquanto cada um entrava para tomar banho, eu ficava encostado na pia esperando os quatro terminarem. Eles escolhiam algo minúsculo, quase imperceptível, para que eu encontrasse. Eles queriam me vencer a qualquer custo!
Eu concordava em brincar e dizia, “Certo, mas vocês têm que me dizer se está frio ou quente.” Você sabe muito bem como é isso, não é?
Então, eu começava a olhar por todo lado para saber o que eles tinham escolhido, como um espião. Eles diziam, “Está frio!”
“É isso?”
“Ihh, está mais frio.”
“É esse aqui?”
“Papai, você está congelando.”
Então eu olhava do outro lado e começava a escolher coisas minúsculas e eles reagiam, “Está esquentando… esquentando… quente… ferveu!”
Daí, por fim, eles diziam, “Acabou o tempo!” E eles não em deixavam achar o objeto que tinham escolhido.
“Então quer dizer que vocês escolheram esse fiozinho de algodão grudado na cortina do boxe?”
“O papai não conseguiu achar! O papai não conseguiu achar!”
“Certo, e vocês vão ficar debaixo do chuveiro até a água ficar gelada agora.”
A verdade é que não existe verso algum mandando o crente sair como um espião em busca da vontade de Deus. Não precisamos seguir pistas escondidas ou ouvir anjos cochichando, “Está esquentando…”. Nenhum verso diz, “Jogue os dados e descubra.” Boa sorte!
O que Paulo diz em Romanos 12.1–2 é que a mente transformada enxerga a vontade de Deus como aquilo que é bom, agradável e perfeito.
Quaisquer que sejam as decisões que crentes precisem tomar, eles serão responsáveis pelo fato de que, se são de fato a vontade de Deus, elas terão essas três características provando que são a vontade de Deus para o crente. Sua decisão será boa, agradável e perfeita.
Características da Vontade de Deus
Vamos dar uma olhada mais de perto nessas três características da vontade de Deus.
A vontade de Deus é boa
Paulo escreve em Romanos 12.2: qual seja a boa.
Chamar a vontade de Deus de boa e escolher seguir a vontade de Deus como algo considerado bom exigirá de nós uma perspectiva divina. O motivo é porque a vontade de Deus às vezes parece tudo, menos boa. Ela exige a perspectiva da fé.
Gosto como Fred Whitman expressou isso, “Quando não conseguimos entender, cremos!”
Explique a vontade de Deus a José, o qual foi condenado por abuso sexual—tentativa de estupro. Ele tremia em descrença toda vez em que pensava nesse veredito. Ele era tudo, menos um criminoso sexual ou tarado. Na verdade, ele acabou indo preso porque se recusou ofender Deus em relação à promiscuidade sexual. Sua fidelidade a Deus custou uma prisão.
Anos depois, pela providência de Deus, José subiu na posição política no Império Egípcio e serviu como Primeiro Ministro. Sua sabedoria salvou o império da fome. Pessoas das regiões distantes do Egito também vieram em busca de comida; seus irmãos acabaram vindo, aqueles que antes o tinham vendido como escravo para se livrarem dele. Esse foi o início do que pensaríamos que seria uma jornada nada boa.
Quando José finalmente revelou sua identidade aos seus irmãos, eles esperaram o pior—vingança; mas ela nunca veio.
Ao invés disso, José trouxe seu pai para o Egito juntamente com toda sua família. O Faraó deu a eles terra fértil onde a família se multiplicaria no decorrer dos séculos de setenta para alguns milhões.
Entretanto, em Gênesis 50, lemos que Jacó morre. Mais uma vez, seus irmãos esperaram vingança, pensando, “Agora, com certeza, ele cortará nossa garganta.”
Eles vieram e se prostraram aos pés de José—o que foi, a propósito, o cumprimento de seu sonho de infância—e disseram no verso 17: Perdoa, pois, a transgressão de teus irmãos e o seu pecado, porque te fizeram mal.
Daí, José apresenta o resultado da perspectiva divina em sua vida nos versos 19 e 20: Não temais; acaso, estou eu em lugar de Deus?
Ou seja, “Não estou na vontade de Deus?”
Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem…
A vontade de Deus é boa! Isso, meu amigo, exige perspectiva divina.
É por isso que Paulo diz, com efeito, que a habilidade de chamar a vontade de Deus de “boa” está condicionada a ter a mente renovada—alterada radicalmente—pela Palavra de Deus.
A vontade de Deus é agradável
Paulo nos dá a segunda descrição em Romanos 12.2: a boa, agradável.
Essa característica exige alvos divinos. O que é agradável a Deus se torna o alvo do crente.
Se algo não agrada a Deus, então não é agradável ao crente, uma vez que o crente transformado não deseja realizar algo que desagradará seu Deus.
Recentemente, li sobre um crente que faz um levantamento a cada trinta minutos para se certificar de que está vivendo, pensando, fazendo, dizendo, planejando, sonhando e trabalhando de maneira agradável a Deus. Ele embutiu em seu dia-a-dia a pergunta, “Neste exato momento, nos últimos trinta minutos, tenho agradado a Deus?”
Esse crente jamais se perguntará, “Será que não entendi a vontade de Deus?” Ele está cumprindo a vontade de Deus, pois seu maior objetivo na vida é agradar a Deus.
A vontade de Deus é perfeita
Paulo adiciona a terceira característica da vontade de Deus no verso 2: boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
Enxergar:
- a vontade de Deus como “boa” exige perspectiva divina;
- a vontade de Deus de “agradável” exige alvos divinos;
- a vontade de Deus de “perfeita” exige sabedoria divina.
Precisamos entender que existem vários termos no grego que são traduzidos como “perfeito.”
Um deles é “akribos.” Outro termo se refere a algo apropriado a um fim específico, como a peça para terminar um quebra-cabeça. Contudo, a palavra nesse verso em Romanos é diferente. Ela é “teleios,” que transmite a ideia de algo completo e maduro.
Essa é a mesma palavra que Tiago emprega em Tiago 1 para descrever o resultado de provações. Ele escreve nos versos 2 a 4:
Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.
Perfeição espiritual, ou seja, maturidade, vem com as provações.
Precisamos de sabedoria divina para considerarmos isso como a vontade de Deus.
É claro que encontramos a vontade de Deus quando vivemos tranquilamente.
Imagine perguntar a Tiago, “E aí, Tiago, como você sabe que está dentro da vontade de Deus?” Ele responderia, “Porque estou sendo provado!”
Isso requer sabedoria—sabedoria divina!
Como você sabe muito bem, existe outro tipo de sabedoria disponível. Tiago 3 fala sobre a sabedoria terrena. Ouça a descrição dessa sabedoria nos versos 15 e 16:
Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes, é terrena, animal e demoníaca. Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins.
Essa é a sabedoria terrena. Ela diz:
- você tem o direto a qualquer desejo;
- você tem o direito a usar suas forças para conseguir as coisas do seu jeito;
- você tem o direito de usar as pessoas para atingir seus planos e objetivos;
- você tem o direito de acumular riquezas para suas próprias aquisições;
- você tem o direito de usar seus talentos e habilidades para satisfação pessoal;
- você tem o direito de ignorar a verdade da Palavra de Deus e até o próprio Deus.
Essa é a sabedoria da maioria! Você está cercado por essa multidão de conselheiros e adivinha o que? Estão todos errados! Deveria haver sabedoria na multidão de conselheiros, mas deixe-me alertá-lo: se sua multidão de conselheiros segue a sabedoria terrena, ela não fornecerá segurança, mas o conduzirá a um desastre.
Jamais confunda a sabedoria de Deus com a sabedoria da maioria.
Semana passada, conversei com um de meus filhos que está em seu último ano da faculdade. Ele está com dificuldades para tomar uma decisão e ligou para conversar conosco sobre o assunto. Após falar sobre sua agonia nas duas últimas semanas, ele disse, “Sabe, pai, percebi que estava indo a Deus em busca de respostas, mas na realidade tenho que ir a Deus em busca de sabedoria.”
Eu disse, “Rapaz, esse é um pensamento forte.”
Não buscamos a Deus por respostas; buscamos a Deus por sabedoria. Isso é verdade. De fato, o verso em seguida em Tiago 1 diz:
Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida (1.5).
Precisamos de uma perspectiva divina, de alvos divinos e de sabedoria divina. Por quê? Porque a vida não é um jogo; e nem a vontade de Deus é um jogo.
Aplicação
Deixe-me compartilhar dois pensamentos sobre a vontade de Deus para encerrar.
- A vontade de Deus não é uma questão de revelação, mas uma questão de submissão.
A vontade de Deus não aparece quando estamos andando pela vida e vemos um brilho forte no céu ou recebemos algum suposto espírito de revelação.
Não. Ela é geralmente a dificuldade e luta de caminhar pela vida submisso à disciplina diária de alinhar nossos pensamentos e ações conforme o padrão da Palavra de Deus.
A vontade de Deus não é revelação, mas reforma, relacionamento.
Gosto da forma como Martinho Lutero, o monge convertido de séculos atrás, disse:
Esta vida não é piedade, mas um processo de se tornar piedoso. Ela não é saúde, mas melhorarmos em algum momento; não é ser, mas tornar-se. E essa vida não é um local de descanso, mas de exercício. Não somos agora o que seremos, mas estamos a caminho.
- A vontade de Deus não é encontrada em um lugar, mas em uma Pessoa.
A vontade de Deus não brincar de um jogo de pistas e investigação, mas uma busca fervorosa pela Pessoa de Jesus Cristo.
A vontade de Deus também não é um jogo de espiões. Os anjos não estão nas nuvens gritando, caso seja inteligente o suficiente para ouvi-los, “Está frio… congelando… esquentando… quente.”
No fim, a vontade de Deus é a boa trilha, a atitude agradável e a escolha perfeita. Ela não é um brilho de revelação, mas uma vida de resignação. Não e ansiar por algum lugar, mas ansiar por Alguém.
Lembro-me de ouvir a história anos atrás sobre dois rapazes que eram cantores talentosos. Um deles era tenor o outro barítono. Ambos eram crentes e trabalhavam em uma rádio cristã cantando músicas. Não demorou muito para que o mundo secular descobrisse o talento desses jovens e ambos receberam propostas de contrato lucrativas. Um deles assinou o contrato e não quis investir seu talento para a glória de Deus; o outro não assinou o contrato e disse que queria usar sua voz para cantar sobre seu Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Nunca ouvi sobre o homem que escolheu a Babilônia. Contudo, o homem que escolheu cantar para Cristo canta para milhões de pessoas ao redor do mundo. Seu nome é George Beverly Shea, o agora senhor que viajou por sessenta anos com Billy Graham.
Não é ironia alguma que George Beverly Shea escreveu um hino que ficou muito famoso. O título é Jesus É Melhor. Creio que podemos dizer que esse hino resume bem o objetivo de sua vida e a decisão que tomou anos atrás: buscar aquilo que é bom, agradável e perfeito. Ou, com outras palavras, buscar aquilo que é puro para Deus, aquilo que é agradável a Deus e o que produz maturidade espiritual e recebe sabedoria de Deus.
Jesus é melhor, sim, que ouro e bens.
Jesus é melhor do que tudo que tens;
Melhor que riquezas e posições;
Melhor muito mais do que milhões.
Jesus é melhor que qualquer valor;
Amigo leal, no prazer e na dor;
Melhor do que tudo, Ele é pra mim,
Melhor que qualquer amigo, enfim.
Pode ser um rei com poder nas mãos,
Mas do mal escravo, sim.
Mil vezes prefiro o meu Jesus,
E servi-lo até o fim.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 17/04/2005
© Copyright 2005 Stephen Davey
Todos os direitos reservados
添加評論