
Permanecendo na Tarefa
Permanecendo na Tarefa
Jurando Lealdade—Parte 2
Romanos 13.2–4
Introdução
Em nosso estudo anterior, começamos uma série de mensagens no capítulo 13 de Romanos sobre a postura do crente ao governo. Citei alguns versos, dentre eles 1 Timóteo 2.1–2, onde Paulo diz a Timóteo:
Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito.
Estou convencido de que nosso problema não é que não entendemos essa passagem, mas que não a obedecemos. Com certeza não é fácil obedecê-la, assim como não é fácil para uma mulher casada com um descrente, como Pedro exortou, ganhá-la sem palavra alguma (1 Pedro 3.1).
Como isso é difícil! Que ordem inversa é essa?! Ganhar seu marido descrente sem tocar um CD com pregações ou ligar a rádio para ouvir um pregador gritando, “Arrependa-se, pecador!”, mas ganhá-lo sem palavra alguma.
Em Romanos 13, vemos o mesmo tipo de lógica invertida; e é verdade. Vemos:
- a origem do governo;
- a obrigação do crente para com o governo;
- e o funcionamento do governo.
Paulo começa dizendo nos versos 1–4 de Romanos 13:
Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal.
Princípios sobre A Conduta do Crente e Seu Relacionamento com O Governo
Em nosso último encontro, apresentei seis princípios gerais sobre a conduta do crente e seu relacionamento com o governo. Deixe-me revisá-los novamente usando uma linguagem um pouco diferente a fim de esclarecê-los.
- O crente deve obedecer a cada ordenança do governo, desde que não exija que ele abandone sua consciência, sua adoração a Deus e sua obediência às Escrituras.
Você pode dizer, “Mas, é claro que o crente tinha o direito naquela cultura romana corrupta de violar as leis justas do estado. É claro que o crente, que agora pertence a uma nova raça e a um novo reino, pode abandonar a cidade do homem e se recusar a obedecer ou mesmo participar nas coisas desta cultura.”
A Bíblia diz exatamente o contrário um pouco mais adiante em Romanos 13. Paulo dirá claramente que o crente deve pagar seus impostos, dar honra a quem de direito e seguir as práticas da terra, desde que elas não exijam que ele viole os mandamentos de Deus.
Daniel é um clássico exemplo disso. Ele foi levado a uma terra estranha e imediatamente determinaram que ele comesse a carne do rei e bebesse o vinho do rei. Uma vez que essa comida envolvia carne de animais impuros proibidos por Deus e que o vinho era oferecido como libação aos deuses antes de serem servidos ao rei, Daniel pediu permissão para comer apenas legumes e beber somente água.
Enquanto isso, o nome de Daniel também foi mudado de Daniel para Beltessazar. Isso fazia parte do programa psicológico elaborado por Nabucodonosor para transformar os judeus em babilônios. O plano envolvia eliminar qualquer lembrete constante das verdades teológicas em seus nomes ao trocá-los para nomes pagãos. “Daniel” significa, “Deus é meu juiz;” “Beltessazar” significa, “príncipe de Baal.” Toda vez em que alguém chamava por Daniel, ela lembrava de que Deus era seu juiz. Agora, quando o chamavam, as pessoas o chamavam de “príncipe de Baal.”
Daniel nunca recusou esse nome. Por quê? Nenhuma lei de Deus havia sido violada.
Nós, a igreja, obedecemos às ordens da nossa terra, não importa quão custosas e frustrantes sejam.
O segundo princípio que segue é este:
- Um governo de boa moral não é necessário para que a igreja seja fiel em sua missão.
Se fosse esse o caso, os apóstolos teriam claramente instruído a igreja sobre a importância de formar um grupo sólido de eleitores cristãos a fim de promoverem padrões morais na sociedade, bem como a necessidade de oficiais, governantes e magistrados públicos de boa moral a fim de a igreja ter sucesso. Ao invés disso, vemos um desafio completamente oposto.
Concordo com Erwin Lutzer, que escreveu:
Nossa nação precisa de um antídoto muito mais radical do que o que a política é capaz de fornecer. A chamada guerra cultural é, na realidade, uma guerra espiritual. Nossos problemas não são, fundamentalmente, aborto, televisão e valores homossexuais. A raiz da deterioração de nossa cultura é primeiramente e acima de tudo espiritual; precisamos atacar a raiz dessa árvore corrupta. Nosso maior desafio é teológico, não político e cultural.
Isso me conduz ao terceiro princípio.
- A missão da igreja não é reformação moral, mas transformação espiritual.
Vou dizer algo que talvez soe estranho para você porque, nos últimos vinte e cinco anos de ativismo eclesiástico, nos esquecemos de qual é a missão do crente e da igreja. E ela é a seguinte:
O objetivo da igreja não é impedir que a sociedade mergulhe em perversidade.
Esse é o motivo por que nossa missão não é transformar pessoas más em boas.
Você já se esqueceu que pessoas boas não serão condenadas por Deus, mas já estão condenadas (João 3.18)?
Já nos esquecemos que um policial pode ir para o inferno do mesmo jeito que uma prostituta; que um juiz moralista está tão condenado quanto o bandido que ele manda para a cadeia.
Deixe-me dizer isso de outra forma:
A igreja, como um todo, e os crentes, individualmente, nunca receberam a responsabilidade de Deus para deter ou mesmo reduzir as práticas malignas de suas sociedades.
Será que isso significa que não nos importamos? Claro que não! Contudo, isso significa que buscamos mudar a sociedade—um discípulo de cada vez.
Isso parece ser algo antiquado, não é verdade? É um processo lento demais sugerir que a missão da igreja para impactar a sociedade é agir como sal e luz, a fim de que o mundo veja nossas boas obras e glorifique a Deus.
Entretanto, essa é a nossa missão! Nossa missão é reforma espiritual. Atacamos a raiz do problema, não os sintomas.
Até mesmo no Antigo Testamento, as ilustrações dos mensageiros de Deus continuam as mesmas. Jonas não tinha que ir a Nínive e influenciar o rei para longe da idolatria. Seu objetivo não era montar um partido político a fim de criminalizar os sacrifícios de crianças. Sua ordem não era reformar os ninivitas.
Jonas foi a Nínive como mensageiro de Deus com a mesma mensagem que nós temos para p nosso mundo e que Paulo teve para o seu mundo, “Arrependa-se… Deus não está de bom humor! Não se esqueça, o homem irá morrer uma vez e depois disso encarar o juízo.”
Adivinha o que Nínive fez? Arrependeu-se! Eles caíram com seu rosto em terra diante da mensagem desse Deus de justiça e paciência, o qual lhes dera tempo para se arrependerem.
Adivinha o que aconteceu com os sacrifícios de crianças? Cessou! Adivinha o que aconteceu com a idolatria? Acabou!
Avance para o ministério de Jesus Cristo. Ele estava mais preocupado com a corrupção entre o chamado povo de Deus do que entre os governantes dos sistemas civis de Seus dias.
Concordo com a análise que um autor fez do ministério de Cristo. Ele escreveu algo que precisamos considerar:
Jesus nunca convocou pessoas para reforma social ou política, nem mesmo por meios pacíficos. Ele jamais tentou cativar a cultura para a moralidade bíblica ou conquistar mais liberdade [para Seus seguidores]. Ele não veio para proclamar ou estabelecer uma nova ordem social ou moral, mas uma nova ordem espiritual—Sua igreja. Ele não buscou moralizar a velha criação, mas santificar Suas novas criaturas. Não houve esforço algum de Sua parte para eliminar injustiça social ou política, [apesar de Seus seguidores viverem vidas de pureza, integridade e compaixão que influenciariam a estrutura social nos 2 mil anos seguintes].
Meu amigo, a ferramenta mais poderosa de Deus no planeta terra não é um governo de boa moral, mas um crente piedoso. Oramos pelo primeiro—mas não o conseguiremos sem o segundo.
Nossa verdadeira batalha é contra o império das trevas que cegou as mentes do mundo para crer que Deus não o observa, que, Deus, na verdade, nem está por perto—“Que Deus?!”
Por esse motivo, nossa verdadeira batalha é espiritual e:
Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas (2 Coríntios 10.4).
Promover avanço moral por meio de voto, medidas, influência, bajulação, petições e marchas é perder de vista completamente o alvo da igreja.
Erwin Lutzer ilustrou isso da seguinte forma:
Podemos argumentar com nossa cultura que a moralidade cristã é superior; podemos nos movimentar para limpar a cultura por meio de legislações e boicotes [e quaisquer outras coisas que chamam a atenção]. Mas nossos esforços serão como tentar enxugar o chão com a torneira aberta. [Por quê?] Porque tentamos convencer cidadãos da terra como se eles fossem cidadãos dos céus e eles não estão caindo nessa.
Essa não é a primeira vez na história em que a igreja precisa representar os crentes quando a sociedade como um todo abandonou Deus. E quando isso aconteceu, o ministério mais eficiente foi quando a igreja percebeu que ela não era um agente para confronto moral, mas um agente para reforma espiritual.
Tornar-se co-beligerante, conforme Francis Schaeffer definiu, nunca resultou em reforma espiritual. Unir-se a outros crentes para reconquistar terreno perdido nas arenas social e política apenas deteriorou o testemunho de Cristo, e diluiu e comprometeu a teologia e missão da igreja.
Desafio você a estudar a teologia de Cristo. Ele não chamou Seus discípulos para reivindicar nações, mas para ir às nações e pregar o Evangelho a reinos temporários, cujas fronteiras, tempos e existência já haviam sido pré-determinados pelo Senhor soberano.
Nossa missão não é salvar uma nação, mas pessoas, pecadores.
Meu último ponto é o seguinte—e vou falar de forma clara:
- Nossa ordem não é a de salvar uma nação, mas conduzir indivíduos de nossa e de outras nações à salvação pela fé em Jesus Cristo somente.
Nossa tarefa é a proclamação do Evangelho. Isso, sim, possui poder para transformar vidas, sociedades e nações. O Evangelho é o poder de Deus para salvação (Romanos 1.16).
Trocar o Evangelho por ativismo político, que parece querer que o governo se torne um aliado da igreja e adote os princípios morais cristãos, é sugerir que o Evangelho não é poderoso, eficiente e bom o suficiente. Ainda mais importante, isso negligencia nossa missão e, por fim, distorce o Evangelho.
Isso é o equivalente a um cirurgião cardiologista abandonando sua profissão para se tornar um maquiador de artistas e passar tempo dando melhorando a aparência das pessoas ao invés de salvar vidas. A missão da igreja não é mudar nossa nação—apesar de isso geralmente ser uma consequência e benefício de crentes que vivem vidas fiéis de ministério e pureza. A missão de nosso Cristianismo é nos untar ao Pai que busca aqueles que o adorarão em espírito e em verdade.
Você sabe o que isso significa? Isso significa que legislação quanto aos direitos homossexuais não é nossa missão; a eternidade do homossexual é.
O sucesso ou fracasso da legislação sobre aborto não é tão significante quanto as almas de mulheres que são enterradas em culpa por abortarem um filho.
Se teremos liberdade ou não para orar em escolas não é uma questão sobre a qual crentes precisam fazer abaixo assinados. A questão é sermos ouvidos como pessoas que explicam quem Deus é e como devemos nos aproximar dele em oração.
O que os tribunais decidem sobre eutanásia ou evolução, o que será ensinado nas escolas públicas e o que será permitido nos laboratórios médicos, não são questões tão críticas quanto o destino eterno de seres humanos.
Possuímos uma mensagem que somente nós podemos proclamar… ela deve ser ouvida muito acima do ruído de poder e posição política. Nossa agenda é inspirada por Deus… e ela é mais importante do que salvar [nosso país]; nosso objetivo é erguer a cruz de Jesus Cristo para que Deus salve [pessoas].
Esse era o fervor de Paulo—salvar alguns por meio do Evangelho.
É como se estivéssemos em um bote salva-vidas no mar da história humana, o qual está cercado, neste exato momento, por pessoas morrendo. Não devemos nos distrair em nossa missão, nem como igrejas, nem como indivíduos. Não lançamos às pessoas que se afogam livros sobre como nadar por mais tempo; não buscamos tornar a água mais confortável; não vendemos a elas roupas de banho; não as exortamos a tentar nado de costas; nossa mensagem é clara: o reino deste mundo está passando. Elas estão em perigo com o Criador do oceano; o salário do pecado é a morte e Deus determinou que não escaparemos da morte. Sua única esperança é Jesus Cristo.
Se realmente cremos que fomos chamados para proclamar o Evangelho de Jesus Cristo a cada pessoa de nossa cidade, em nosso tempo, nesta geração, e o proclamarmos, quem imagina qual será o impacto em nossa sociedade? Talvez nosso problema seja que temos mais fervor por causas sociais do que por Jesus Cristo.
Não em entenda errado. Devemos votar. Creio, como Daniel Webster disse, “O que faz de nós bons crentes também faz de nós bons cidadãos.”
Mas se nosso fervor, esperança, energia e foco forem em conseguir votos para uma causa, mesmo que seja boa, e não nos dedicarmos às coisas eternas, então nosso fervor está em governos mundiais temporários e transitórios e nossa missão eterna é negligenciada.
A Responsabilidade do Crente para com O Governo
Em Romanos 13, Paulo apresenta notícias chocantes aos crentes romanos.
- Submissão ao governo é uma ordem de Deus.
Concernente à obrigação do crente ao governo e ao funcionamento do governo, Paulo escreve em Romanos 13.1: Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores.
A palavra sujeito é um termo militar que significa, “estar debaixo da patente de um superior.” Ela se refere a obedecer aos mandamentos do governo como um soldado obedece às ordens de um oficial.
Isso é apenas uma questão de autoridade—não é uma declaração de valor. O soldado pode até ser mais honesto, mais justo e mais comprometido com o exército do que seu oficial. Não importa—ele se sujeita à autoridade com obediência.
Quando um policial rodoviário manda você parar seu carro no acostamento, o que você faz, como reage? Não sei você, mas eu digo logo, “Olá, senhor.” Quando ele pede parar ver minha habilitação e o documento do meu carro, eu não discuto com ele. Digo apenas, “Aqui está, senhor.” A despeito de toda e qualquer corrupção, devemos respeitar as autoridades superiores.
No caso do crente, reagir às autoridades civis com respeito e obediência é uma ordem de Deus, ao menos que tais ordens violem a consciência piedosa e princípios bíblicos.
- A instituição do governo é criação de Deus.
Enquanto a primeira parte de Romanos 13.1 está ligada à obrigação do crente para com o governo, a segunda parte do verso lembra o crente da origem do governo. Veja Romanos 13.1b:
…porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas.
Talvez você tenha notado que a palavra autoridade ocorre várias vezes nesse parágrafo. Duas vezes somente no verso 1.
Na língua grega, existem pelo menos duas palavras usadas para se referir a poder políticas e elas são totalmente distintas.
O termo kratos se refere a “governo” ou “poder de governar.” Ela é usada sobre alguém que possui o poder de decidir. Quando combinamos a palavra kratos com demos, que significa “pessoas,” temos o termo demokratos, ou “democracia.” Ela significa “poder de pessoas,” ou “governado por pessoas.”
O outro termo usado para falar de poder político é exousia, que significa, “poder delegado.” Esse é o poder concedido a alguém mais poderoso a um menos poderoso para agir em seu favor. É esse termo que Paulo emprega quatro vezes em Romanos 13.
A autoridade do governo é um poder delegado por Deus. Se Deus não cedesse autoridade a governos tanto piedosos como perversos deste mundo, eles jamais subiriam ao poder. Esses poderes procedem de Deus e é a Deus que eles devem prestar contas. Então, em uma palavra, vemos a legitimidade e a responsabilidade do governo humano.
A propósito, se você está preocupado pensando que os governos do mundo conseguirão de alguma forma escapar ilesos com a maneira com que têm governado, pense novamente. O encontro clássico entre dois reis aconteceu em João 19.
Jesus Cristo estava diante de Pôncio Pilatos acusado por traição porque, conforme disseram Seus acusadores, Ele dizia ser rei (João 19.12). Talvez você se recorde do encontro no qual Pilatos fez várias perguntas a Jesus, mas o Senhor recusou-se respondê-las. Finalmente, Pilatos disse em frustração em João 19.10:
…Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?
Jesus respondeu no verso 11—e imagine como este texto é confortador para a igreja perseguida nos últimos 2 mil anos ao compreender a grandeza da resposta de Cristo: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada.
Essa é a mesma palavra exousia que Paulo usou em Romanos 13. Em outras palavras, “Pilatos, o poder que você tem de governar, e até mesmo de Me entregar para ser crucificado, é um poder vindo do alto. Essa é uma autoridade delegada.”
Daí, Cristo continua dizendo: por isso, quem me entregou a ti maior pecado tem.
Em outras palavras, “Pilatos, você terá que um dia prestar contas de sua decisão política de Me entregar, mas, enquanto isso, pense no seguinte: sua decisão acontece de ser a vontade celestial.”
O que é a autoridade do governo? Será que ela se encontra em um distintivo policial? Será que ela está na toga dos magistrados? Será que está na coroa do rei? Não. Por trás desses símbolos de autoridade está a autoridade de Deus, pois, dentro de cada agência legal e autoridade civil, existe um senso de investimento divino.
Talvez seja essa a razão por que juízes corruptos, governantes cruéis e oficiais torpes são especialmente detestáveis a Deus. Eles violam o propósito ordenado por Deus e vindo de Deus, e eles um dia prestarão contas!
Essa não muda nossa missão. Apenas saiba que, se eles entregarem você, isso acontece somente com a permissão celestial!
- Desobediência ao governo resulta em consequências de Deus.
Em relação à submissão à lei justa, o crente não possui direito algum de se opor a ela ou de desobedecê-la. Paulo escreve em Romanos 13.2:
De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.
Em outras palavras, oposição ao governo é o mesmo que oposição a Deus. A palavra condenação pode ser entendida como “julgamento.”
O crente sofre dois tipos de disciplina: uma que vem do governo por haver violado a lei e outra do Senhor por haver violado Sua ordem.
Pedro escreveu em concordância em 1 Pedro 2.13–17:
Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano, quer às autoridades, como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem. Porque assim é a vontade de Deus… Tratai todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei.
Alguém pode pensar, “Você só pode estar brincando! Você sabe quem é o rei?”
A verdade é que os crentes devem ser modelos de cidadãos que respeitam a autoridade do governo. Não devemos ser aqueles que menosprezam, exigem, repreendem e empregam dezenas de outras táticas para conseguir as coisas do nosso jeito e ver nossos direitos cumpridos.
Imagine isto—honre o rei. Como? Reconhecendo que existe um Rei mais soberano, maior, eterno e divino que segura em Sua mão o rei terreno.
Portanto:
- Submissão ao governo é uma ordem de Deus.
- A instituição do governo é criação de Deus.
- Desobediência ao governo resulta em consequências de Deus.
Daí, Paulo fornece mais um ponto aos crentes.
- A justiça do governo revela o caráter de Deus.
Veja os versos 3 e 4 de Romanos 13:
Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal.
Note o contraste entre bem e mal… bem e mal. Até mesmo quando o governo se recusa reconhecer Deus, ele representa o caráter de Deus ao punir o mal e recompensar o bem.
A palavra vingador no verso 4 é um termo que significa “aquele que executa penalidade.” Existem penalidades por se praticar o errado. Esse é o propósito de Deus com o governo.
Até mesmo o descrente que diz não crer em uma verdade moral absoluta inerentemente sabe que existe diferença entre certo e errado.
Faça um experimento uma hora dessas com seu amigo ateu—roube o carro dele. Dirija com seu carro sobre o jardim dele e quebre o portão.
Ele vai dizer, “Ei, você não pode fazer isso!”
“Por que não?”
“Porque é contra a lei. A lei diz que você não pode roubar meu carro e invadir minha propriedade assim! Isso está errado!”
“Quem disse que é errado? Elas não me incomodam em nada.”
Você já entendeu.
O único fundamento para uma lei moral é uma moralidade pré-existente. Não importa para onde você vai no mundo, roubar ou causar danos à propriedade alheia são coisas erradas.
Deus instituiu o governo para refletir Seus atributos de justiça, equidade, imparcialidade, honestidade, etc. Isso significa que o governo deve se preocupar com questões morais porque as leis são baseadas na perfeição moral de Deus.
Todavia, isso não é o mesmo que dizer que o governo é capaz de desenvolver moralidade nos cidadãos. Ele pode prescrever penalidades; pode obrigá-las e, talvez, conter o mal; contudo, ele não pode mudar as pessoas.
A única coisa capaz de mudar pessoas é o poder de Deus atuando por meio do Evangelho. A verdade é: a solução para uma sociedade imoral não é mais leis. A humanidade já desenvolveu milhares de leis para tentar sustentar os Dez Mandamentos. É aí que a igreja entra.
Conclusão
Permita-se concluir nossa discussão com dois lembretes que ajudarão os crentes a permanecerem na nossa tarefa.
- Vamos lembrar de qual é nossa missão.
Devemos sair e fazer discípulos, seguidores de Jesus Cristo, aprendizes do Salvador.
Deus não nos chamou para transformar pessoas boas em melhores; Ele não nos chamou para moralizar as pessoas; Ele não nos comissionou para ir e produzir monoteístas.
Conforme Tiago escreveu, monoteístas morrem e vão para o inferno:
Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem (Tiago 2.19).
A missão da igreja não é ir e fazer mais convertidos; chegamos mais perto, mas ainda não é isso.
Nossa missão é ir e fazer discípulos.
Um discípulo influencia seu mundo, quer seja ele ou ela um advogado, político, vendedor, mecânico, médico ou dona de casa. Para todos nós, a missão é a mesma—a única diferença é nossa esfera de influência.
Cal Thomas foi um homem que atuou como peça fundamental em um movimento a favor da moralidade na sociedade americana nos anos de 1980. Esse movimento fracassou. Cal Thomas abandonou esse ideal e se tornou um jornalista, escrevendo até livros que retratam o raciocínio falho dos movimentos cristãos de ativismo político. Em um artigo que publicou alguns anos atrás, ele escreveu, “Para os crentes, a visão do poder mundano [e influência] não é um chamado, mas uma distração. Foi essa a tentação que Jesus Cristo rejeitou, não por ser perigosa, mas por ser trivial quando comparada à Sua missão.”
Vamos nos lembrar de nossa missão:
…e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra (Atos 1.8).
Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os… ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado… (Mateus 28.19–20).
Vamos lembrar de nossa missão.
- Vamos reafirmar nossa mensagem.
Veja 1 Pedro 2.9:
Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.
João escreveu que proclamamos a vida eterna (1 João 1.2).
Essa é a nossa mensagem!
Quantos políticos ouvem dos crentes sobre suas perspectivas, decepções, frustrações e ameaças? E quantos ouvem o Evangelho?
Um escritor foi entrevistado por um repórter que buscava entender os líderes cristãos e suas opiniões em várias questões. Ao final da entrevista, esse escritor perguntou ao repórter, “Alguém já compartilhou o Evangelho com você?”
O repórter replicou em total inocência e honestidade, “O que é o Evangelho?”
C. S. Lewis foi um apologista cristão que hoje é bastante conhecido pelos descrentes por causa de sua saga As Crônicas de Nárnia. Esse escritor crente brilhante impacta muitas pessoas com a verdade do Evangelho nesse filme.
C. S. Lewis falou com bastante discernimento e quase que profeticamente um dia ao escrever:
Se você ler a história, verá que os crentes que mais realizaram para este mundo foram apenas aqueles que pensaram de forma mais sublime sobre o próximo… Foi exatamente quando os crentes deixaram de pensar no outro mundo que se tornaram menos eficientes neste mundo. Tenha o céu como alvo e a terra “vem junto.” Tenha a terra como o alvo e você acabará sem nenhum dos dois.
Vamos permanecer em nossa tarefa; vamos lembrar de nossa missão; vamos reafirmar nossa mensagem. Vamos voltar à ação que fez a igreja crescer e promoveu honra e dignidade à causa de Jesus Cristo.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 20/11/2005
© Copyright 2005 Stephen Davey
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