
Resgatando O Evangelho
Resgatando O Evangelho
Vivendo com a Eternidade em Mente – Parte 3
Romanos 1.17
Introdução
Se você já viajou para a Europa, já teve a oportunidade de ver, como eu vi, algumas das catedrais que levaram gerações para serem construídas. Uma das mais famosas é a Catedral de São Paulo em Londres, na Inglaterra. Essa catedral é considerada uma das dez construções mais belas do mundo. Christopher Wrenn foi o homem que desenhou o projeto; ele era astrônomo e arquiteto.
Christopher Wrenn também recebeu a tarefa de projetar o interior de uma das principais construções num bairro chamado Windsor. Seus planos para essa construção incluíam colunas gigantescas trabalhadas e colocadas em lugares estratégicos para servirem de suporte ao teto da construção. Quando o projeto foi finalizado, os fundadores da cidade caminharam pelo prédio e se preocuparam com um elemento que consideraram ser um problema: aquelas pilastras. Eles estavam convencidos de que não havia pilastras suficientes para suportar o teto pesado. Apesar das fortes objeções de Christopher, os homens deram a ordem para ele adicionar mais quatro colunas imediatamente. E ele fez exatamente o que foi mandado: adicionou mais quatro pilastras.
As colunas, conforme li, permanecem até aos dias de hoje. Mas elas não são difíceis de ser identificadas porque Christopher as projetou de forma a comprovar que elas eram de fato desnecessárias. Essas quatro pilastras entalhadas com bastante beleza nem sequer tocaram o teto; elas não apoiavam nenhum peso; eram falsas. Ele as colocou simplesmente por questão de estética e para satisfazer os fundadores da cidade que não sabiam nada de arquitetura.
Até que a manobra de Christopher foi descoberta, o prédio havia sido provado ser uma estrutura sólida o suficiente para ficar de pé sem as colunas extras, mas elas foram deixadas no lugar. São pilastras muito bonitas, mas apenas ornamentais e servem de nada além de satisfazer os olhos. Na verdade, quando o assunto é suportar a estrutura do prédio, elas servem de nada mais que um quadro pendurado na parede.
Em 1 Timóteo 3.15, Paulo relembrou Timóteo que a igreja é “coluna e baluarte da verdade.” Em outras palavras, a igreja tem o dever de suportar a verdade, assim como uma pilastra de pedra ou ferro suportam um teto pesado.
Paulo escreveu que a igreja é coluna e suporte da verdade. Todavia, assim como aquelas colunas da construção de Christopher, a igreja tem servido apenas de ornamentação. Ela pode estar mais interessada em enfeitar as coisas para satisfazer os olhos do que na verdade bíblica para satisfazer a alma.
A igreja enfrenta a constante ameaça do inimigo; e não é tanto uma ameaça de destruição, mas de distração. E a verdade é que, se o inimigo da igreja conseguir distrair nossa atenção e foco, ele destruiu com eficiência nossa mensagem. Se a igreja hoje perdeu seu poder, então é porque ela já perdeu o evangelho. E ela perdeu o evangelho porque se distraiu e perdeu o Salvador de vista.
Os eruditos e especialistas em crescimento de igreja andam por aí dizendo que a igreja precisa investir em tudo, desde estratégias de telemarketing até programações de entretenimento. Um autor escreveu:
Simplesmente pregar a verdade de Deus é considerado hoje algo não sofisticado, ofensivo e ineficiente. Somos informados agora que podemos conseguir melhores resultados se primeiro divertirmos as pessoas ou darmos a elas dicas para sucesso e um pouco de psicologia popular, introduzindo essas coisas na programação. Quando elas se sentirem confortáveis, então estarão preparadas para receber a verdade bíblica em doses pequenas e diluídas.
Compasse isso com 2 Coríntios 5.11, onde Paulo escreveu: conhecendo o temor de Deus, persuadimos os homens.
Se você está a bordo de um navio no momento em que ele começa a naufragar, a última coisa que você irá fazer é dar comida para a pessoa ao seu lado e puxar uma cadeira para ela se sentar.
Um pastor famoso fez uma resolução de ano novo que revelou estar sendo enganado pela moda de hoje. Ele escreveu: “Eu irei desperdiçar menos tempo com pregações longas e investir mais tempo preparando pregações curtas. Eu descobri que as pessoas perdoarão até mesmo uma teologia pobre desde que elas saiam da igreja na hora adequada.”
Em outras palavras, doutrina ruim é aceitável; um sermão longo não. A coisa importante não é servir de suporte para a verdade, mas liberar o povo na hora que eles querem.
O problema é que esse pastor não está sozinho nessa. Milhares de igrejas hoje, na verdade, fazem até pesquisas no bairro para determinar o que o descrente deseja e, então, prometer que, caso eles venham à igreja, receberão o que procuram. Se eles desejam se vestir com roupas informais, então podem se vestir; se querem cafezinho, terão café de graça; se é pregações pequenas, terão isso toda semana; se é ensino que não menciona pecado e santidade, mas cheios de dicas de auto-ajuda sobre família, finanças e auto-estima, eles terão essas coisas também.
Esse é o chamado “ministério orientado para o consumidor,” dando às pessoas o que elas querem. O público se tornou o soberano e Deus foi destronado. O suporte não é mais para a verdade do evangelho, mas para as vontades do consumidor.
Quando o assunto é suportar a verdade, como Paulo disse a Timóteo que a igreja deveria fazer, as pilastras hoje nem tocam mais o teto. Apesar de terem uma aparência impecável em nossa analogia, o teto está rachando e começando a ceder.
Paulo relembrou o jovem pastor Timóteo em 2 Timóteo 4.2-4:
prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.
Em outras palavras, “Pregue qualquer coisa para nós, menos Cristo; traga para nós notícias de qualquer coisa, mas não declare o evangelho; dá-nos nossa religião humana e um Messias que achamos melhor. Não venha com essa de cruz e Jesus Cristo.”
O Alicerce do Evangelho é Cristo
Contudo, o que sustenta o evangelho é Cristo. Veja Romanos 1.16-17:
Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.
Se você circular as palavras fundamentais nesses versos como, “poder,” “Deus,” “salvação,” “crê,” “justiça,” “justo,” “viverá” e “fé,” qual o significado delas a parte de Cristo? Nenhum. Essas palavras podem até soar bem em seu vocabulário religioso, mas sem Cristo, elas não fazem sentido algum.
Poder
- O que dizer da palavra “poder”?
Veja 2 Coríntios 12.9-10:
Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.
Veja também Colossenses 2.8-10:
Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo; porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade. Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado e potestade.
Paulo escreveu em Filipenses 3.10: para o conhecer e o poder de sua ressurreição.
Se você remover Cristo, não existe poder para perdão e nem mesmo para a vida diária.
Deus
- E o que dizer da palavra “Deus”? O que esse nome significa sem Cristo?
Veja João 1.1:
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Pule até o verso 14: E o Verbo se fez carne e habitou entre nós.
Platão lamentou: “Ah, se algum logos, alguma palavra, alguma explicação viesse de Deus.”
No princípio era o “logos,” a explicação; e a explicação estava com Deus, e a explicação era Deus... E a explicação se fez carne e habitou entre nós.
Se você perder Cristo, você perde a explicação sobre Deus e vinda de Deus.
Salvação
- Daí, o que significa “salvação”?
De acordo com Lucas 2.30, Simeão, já velho, tomou nos braços o bebê de Maria, olhou para o céu e disse: Porque os meus olhos já viram a tua salvação.
Também Atos 4.12:
E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos.
Se eliminarmos Cristo, eliminamos salvação eterna.
Crê
- E o que significa “crer” sem o Filho de Deus?
Atos 16.30-31diz:
Depois, trazendo-os para fora, disse: Senhores, que devo fazer para que seja salvo? Responderam-lhe: Crê no Senhor e serás salvo…
1 João 5.13 nos diz:
Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus.
Justiça
- Outra palavra-chave no verso 17 é “justiça.” O que é justiça sem Cristo?
1 Coríntios 1.29-30 diz:
a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus. Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção
Veja também 2 Pedro 1.1:
Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco obtiveram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo,
A propósito, esse é um verso maravilhoso que fala sobre a divindade de Jesus Cristo e Sua igualdade com o Deus-Pai.
Não há justiça sem Jesus Cristo.
Justo
- Daí, a palavra “justo” aparece no verso 17. Essa palavra é simplesmente mais uma descrição de Jesus Cristo.
Veja 1 Pedro 3.18:
Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito,
Vive
- E o que dizer da palavra “vive”? O que é vida sem Cristo?
1 João 5.11-12 diz:
E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho. Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida.
Paulo escreveu em Gálatas 2.20:
logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.
Fé
- Finalmente, qual o significado de “fé”? Como fé se relaciona à pessoa de Cristo?
Hebreus 12.2 diz:
Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus...
E 1 Coríntios 15.17 nos diz:
E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.
O evangelho é Cristo e Cristo é o evangelho. Não cremos em um plano, cremos em uma Pessoa; não seguimos algum método humano, seguimos o Messias; não aderimos, nem nos submetemos e nem cremos numa religião; nós aderimos e nos submetemos e cremos no Redentor. A questão não é tanto no que você crê, mas em Quem você crê.
Se você eliminar Jesus Cristo, você elimina o evangelho!
A Explicação do Evangelho é Cristo
Agora, Paulo continua e explica o evangelho em Romanos 1.17:
visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.
O termo traduzido como “revela” vem de uma palavra grega que significa “tirar ou levantar o véu.” Fico sempre emocionado ao ver, em casamentos formais que eu oficiei, a noive descendo o corredor com o véu sobre o rosto. Faz muitos anos que ela sonha com aquele momento.
Minha filha de sete anos e eu estávamos na igreja outro dia caminhando no final da tarde; ela se virou para mim e disse: “Ah, é aqui que vou me casar.”
Eu pensei: “Não no que depender de mim! você vai ficar em casa com sua mãe pelo resto de sua vida.”
Mas aí vem a noive, descendo o corredor em direção à frente da igreja onde seu futuro esposo imerecidamente aguarda para recebe-la como esposa. Daí eu digo a frase que o pai da noiva passou a noite toda ensaiando para responder: “Sua mãe e eu... Sua mãe e eu...”.
Chega o momento e eu pergunto: “Quem entrega a mão desta moça em casamento a este homem?”
Ainda me lembro de certa vez um pai ter respondido: “Eu e meu cartão de crédito!”
Enfim, o pai da noiva diz: “Sua mãe e eu.”
Daí, ele levanta seu véu e a beija no rosto. É como se, naquele instante, ela já pertencesse a outra pessoa. Então, ela se vira, com rosto aberto de frente ao noivo, como se ela tivesse sido solta para a cerimônia; ela foi revelada para ele – o véu se foi.
A Justiça de Deus x A Justiça do Homem
A justiça de Deus esteve por um tempo escondida detrás de um véu como um mistério. Uma cortina grossa separava a humanidade do Santo dos Santos. Mas o evangelho, ou seja, a morte, o sepultamento e a ressurreição de Cristo Jesus retirou o véu. Na verdade, no momento em que Cristo, ainda pendurado na cruz, proferiu as palavras “Está consumado!”, o véu do templo de Jerusalém que separava o Lugar Santo das pessoas rasgou-se de cima abaixo, como se a mão invisível de Deus tivesse retirado o véu.
O evangelho nos revelou a pessoa de Deus por meio de Cristo. Paulo escreveu em 2 Coríntios 4.6:
Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo.
O véu foi retirado de forma que agora temos uma revelação de Des através da face de Cristo revelada a nós.
Mas o que foi revelado? Paulo escreve em Romanos 1.17:
...a justiça de Deus se revela no evangelho...
O Que Deus é e O Que o Homem Não Pode Ser
A justiça de Deus é diferente da justiça do homem. A justiça de Deus é o que Ele é! Deus é perfeita santidade e justiça sem pecado. O que Deus é, nós não podemos nos tornar.
Veja Romanos 3.9-10:
…pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; como está escrito: Não há justo, nem um sequer,
Deus é santo e justo e nós somos pecadores e injustos.
O Que Deus Tem e O Que O Homem Não Pode Ter
Além disso, justiça é não somente o que Deus é, mas o que Ele também possui. E o que Ele possui, nós não podemos possuir.
Veja Isaías 64.6:
Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam.
É de se esperar que Paulo escreveria em Romanos 3.23:
Porque todos pecaram e carecem da glória de Deus.
A justiça de Deus é o que Ele é e o que Ele possui. É o que nós não podemos ser nem ter.
A pessoa que pensa que a única diferença entre justiça humana e divina é o nível, ou seja, que temos menos justiça que Deus, ou o que temos é um pouco inferior, essa pessoa não compreende a revelação do evangelho.
A questão não é que Deus tenha mais justiça que nós e que, se trabalharmos diligentemente, teremos um pouco dela também. Isso é religião humana, esforço humano, antropocentrismo e deficiência humana.
As pessoas acham que elas um dia estarão diante de Deus com trinta por cento da justiça delas e dirão: “Veja bem, Senhor, estou precisando de setenta por cento. Preciso que o Senhor complete para mim aqui.”
Outros pensam: “Ah, não eu. Eu me colocarei diante de Deus e direi: ‘Senhor, tenho oitenta por cento de justiça. Preciso que o Senhor me dê apenas vinte por cento e estou dentro.”
Esse é o evangelho do homem, não de Deus, e ele não pode satisfazer ou trazer paz à pessoa que está ciente de seu pecado. A pessoa consciente de sua natureza pecaminosa sabe que jamais satisfará as justas demandas de um Deus santo.
O apóstolo Paulo, em um dado momento de sua vida, pensou que possuía o necessário para entrar na presença de Deus. Ele tinha sua herança, sua raça, sua educação, sua posição no Sinédrio, seu fervor para honrar o Deus de Israel, mas depois, quando conheceu o evangelho de Cristo, ele disse em Filipenses 3.8: “Considero todas essas coisas como refugo, estrume, lixo.”
E isso foi grande parte da agonia pessoal de Martinho Lutero em sua luta em um monastério Agostiniano no início dos anos de 1500 para guardar a Lei e de alguma maneira conseguir a misericórdia de Deus.
É impossível estudar Romanos 1.17 sem se encontrar com a agonia desse monge que posteriormente daria início à reforma da igreja e, por fim, ao que chamamos de Reforma Protestante. Martinho Lutero agonizava em sua alma, apesar de se considerar um monge impecável. Na verdade, seu desejo de ter paz com Deus era tão grande e seu medo de se colocar diante de Deus tão profundo, depois de ter escapado da morte por pouco quando um raio quase o atingiu, ele entrou para a vida monástica e cansou seus confessionários com confissões diárias. Ele passava horas e horas orando, confessando, observando os rituais da Igreja Católica Romana, bem como recitando a missa várias e várias vezes por dia.
Depois, quando Martinho Lutero conseguiu seu doutorado e começou a ensinar na Universidade de Wittenberg, deu início ao estudo no livro de Romanos. Foi esse verso, capítulo 1, verso 17, que o levou a ter grande ira contra Deus. Ele disse: “Eu sabia que a justiça de Deus era revelada na Lei, mas por que a justiça de Deus também é revelada no evangelho?” Ele escreveu:
É como se não fosse já suficiente que pecadores miseráveis serão amaldiçoados eternamente com o pecado colocado sobre eles pela Lei dos Dez Mandamentos, agora Deus ainda adiciona tristeza sobre tristeza e até mesmo por meio do evangelho traz justiça e ira a carregarmos. Tenho ira para com esse conselho com uma consciência feroz e perturbada.
Depois ele escreveu:
Tenho grande desejo de compreender a epístola de Paulo aos Romanos e nada me atrapalhou, a não ser aquela expressão: “a justiça de Deus,” porque eu a entendi como a justiça por meio da qual Deus é justo e pune justamente o injusto. Apesar de eu ter sido um monge impecável, eu estava diante de Deus como um pecador com uma consciência perturbada, e eu não tinha nenhuma confiança que meu mérito satisfaria Deus. Portanto, eu não amava um Deus justo, mas, ao invés disso, odiava e murmurava contra Ele. Ao mesmo tempo, me agarrava no querido Paulo e tinha grande desejo de saber o que ele quis dizer com o evangelho revelando a justiça de Deus. Ponderei nisso noite e dia até que eu vi que a justiça de Deus é a justiça por meio da qual, por meio da graça e misericórdia, Deus nos justifica pela fé. Daquele momento em diante, senti que havia nascido de novo e entrado pelas portas do paraíso. A Escritura por completo tomou outro significado e, onde a justiça de Deus antes me enchera de ódio, agora se tornou para mim inexprimivelmente doce em grande amor. Essa passagem de Paulo se tornou para mim a porta para o céu.
Martinho Lutero aprendeu que Deus precisa intervir e nos dar algo que Ele é e nós não temos. Deus precisa nos conceder algo que Ele possui no qual nós jamais poderemos nos tornar, algo que nunca criaremos ou geraremos em nós mesmos.
O Que Deus Concede e O Que O Homem Precisa Receber
O evangelho revela que a justiça de Deus é não somente algo que Ele é e que Ele possui, mas para abrir as portas do paraíso, a justiça de Deus é algo que Ele nos concede. É algo que Ele fornece a pecadores falidos e tudo o que podemos fazer é receber.
Paulo escreveu em Filipenses 3.8-9:
Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé;
Portanto, a justiça de Deus não é somente algo que Ele possui, mas é uma justiça que Ele concede por meio da fé em Cristo somente. A redenção, então, é um tipo de matemática divina. Quando você deposita sua fé em Cristo somente, Deus subtrai o pecado de sua conta e adiciona a ela a justiça Dele. Tudo o que Ele retirou de sua conta foi pecado, e tudo o que você recebe da conta Dele é justiça.
No verso 17, a frase “de fé em fé,” pode significar várias coisas. Eu creio que essa é outra forma de dizer: “A justiça de Deus é revelada e recebida pela fé somente.”
A salvação é fé somente na obra de Cristo somente, conforme revelada nas Escrituras somente.
A Demonstração do Evangelho é Cristo
Mas Paulo continua para finalizar o clássico verso 17 de Romanos 1, dizendo: O justo viverá por fé.
Ou seja, o justo, ou o justificado, o redimido, viverá pela fé. Isso significa que fé salvífica se revela na fé viva. O que você crê afetará como você se comporta. O homem ou mulher justificado demonstra sua fé em Jesus Cristo em obediência aos propósitos de Cristo.
Se temos a esperança de resgatar o evangelho em nossa geração, será necessário nos recordar o motivo por que Cristo nos deixou aqui nesta terra. Precisamos nos lembrar do propósito da igreja. Não fomos deixados na terra para sermos entretidos, ou aceitos pelo mundo e ficarmos em conforto. Nós nos tornamos a igreja, a qual deve ser a coluna e baluarte da verdade para declarar o evangelho de Jesus Cristo ao mundo, para viver com a eternidade em mente. Devemos com muito fervor, dizer com o apóstolo Paulo:
Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 04/02/2001
© Copyright 2001 Stephen Davey
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