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O Outro Lado de Deus

O Outro Lado de Deus

經過 Stephen Davey
系列: Romanos (Romans)
參考: Romans 1–16

O Outro Lado de Deus

O Banquete das Consequências – Parte 1

Romanos 1.18

Introdução

Às vezes, a verdade da Bíblia é como uma vela que traz conforto e calor; outras vezes, é como um maçarico que corta até aço. Às vezes, ela é como uma lareira gentil; outras vezes, é como um incêndio selvagem. Às vezes a Palavra de Deus lança em nosso coração um traque que sacode nossa janela e nos desperta; outras vezes, ela envia tanques de guerra que invadem a sala de estar de nosso coração e mente.

A partir deste momento, Paulo declarará, desde Romanos 1.18 até à metade do capítulo 3, a verdade terrível e devastadora da ira de Deus e o perigo no qual toda a humanidade se encontra. Nesses versos, somos colocados face a face com a fúria de Deus.

Um Atributo Pouco Popular:
A Ira de Deus

Estamos prestes a ver não somente a natureza depravada da humanidade condenada que gostaríamos de nem saber, mas também descobriremos outro lado do próprio Deus que preferiríamos não mencionar. Iremos lidar com a verdade sobre a ira de Deus. Veremos a realidade de que, apesar de Deus ser um Deus que ama, Ele também é um Deus que odeia; apesar de ser um Deus de misericórdia, também é um Deus de justiça; apesar de Ele ter criado um céu eterno, Ele também criou um inferno eterno. Descobriremos também que a humanidade não é somente a tão amada criação de Deus; a humanidade também é a criação caída e condenada por Deus.

O apóstolo Paulo, sob direção do Espírito Santo, nos leva a um tribunal. E no decorrer dos próximos capítulos desta carta de Romanos, Paulo trará, diante da cadeira da santidade e justiça de Deus, quatro categorias diferentes de pessoas. Elas são:

  • O descrente que jamais ouviu o evangelho;
  • O moralista que pensa que impressiona Deus;
  • O judeu que pensa ter nascido já dentro do reino;
  • O gentio que pensa ser bom demais para entrar no reino.

Todavia, o martelo divino desce com violência e o júri da santidade de Deus apresenta o veredito: “Culpados!”

Somos ditos em Romanos 3.10,23:

…como está escrito: Não há justo, nem um sequer… pois todos pecaram e carecem da glória de Deus.

A humanidade inteira está condenada e indefesa diante da ira santa, ira justa e tremenda fúria de Deus. Portanto, é de se esperar que a ira é um atributo de Deus que não é muito popular, não é verdade?

Você já ouviu muitas pregações que dizem: “Deus realmente ama você,” mas você nunca ouviu uma que disse: “Deus está tremendamente furioso com você.” Não pensamos em Deus irado ou furioso. Eu creio que isso faz parte da estratégia de Satanás. Ele sabe muito bem que se as pessoas descobrirem essa verdade, elas possivelmente clamarão pela misericórdia e perdão de Deus.

Acho interessante que esse atributo da ira marca o início do ensino formal de Paulo em Romanos. Ele terminou sua introdução e concluiu suas colocações pessoais de profunda afeição para com os crentes romanos, bem como suas declarações de seu fervor pelo evangelho. Agora, ele começa em 1.18 o corpo de sua carta. E ele começa escrevendo palavras terríveis: A ira de Deus se revela.

Você pode pensar: “Que maneira horrível de se começar. Por que não começar com a graça de Deus? Dessa forma, Paulo desanimará todos os leitores. Não é assim que se começa evangelizando alguém. Seria melhor começar dizendo: ‘Deus ama você e tem um plano maravilhoso para a sua vida.’”

Recentemente, ouvi uma música no rádio que prometia: “Venha para Jesus e todos os seus problemas serão resolvidos.”

Contudo, essa é uma das estratégias do inimigo da igreja de Cristo. Ele busca silenciar a verdade da ira de Deus no púlpitos e ministérios.

Harry Emerson Fosdick foi uma das principais vozes da teologia liberal nos anos de 1920 e 1930. Ele pastoreou uma igreja muito grande onde era famoso por sua oratória inigualável. Ele escreveu livros que se tornaram best-sellers e influenciou seminários e pastores por todo os Estados Unidos com sua postura liberal.

Em julho de 1928, ele escreveu um artigo que abriu os portões para muitos líderes eclesiásticos ingênuos. Nesse artigo, ele repreendeu pastores por tentarem, na verdade, ensinar a Bíblia verso por verso. Ele escreveu:

Pregadores que escolhem textos da Bíblia e prosseguem fornecendo contexto histórico, significado logico dentro do contexto, posição na teologia bíblica do autor, com algumas implicações práticas no fim estão fazendo um terrível mau uso da Bíblia. Ninguém que fala ao público presume que o maior interesse das pessoas está no significado de palavras faladas dois mil anos atrás.

Ah, é mesmo? Mas as palavras da Bíblia são “mais doce que o mel e o destilar dos favos,” conforme Salmo 19.10. As palavras deste Livro são “úteis... para que o homem de Deus seja... perfeitamente habilitado para toda boa obra,” de acordo com 2 Timóteo 3.16-17.

Mas milhares de pessoas deram ouvidos a Harry Fosdick e o seguiram. Ele foi quem inventou na história da igreja moderna as “igrejas que buscam agradar a plateia.”

Nessas igrejas, o desejo de se identificar com o descrente ultrapassa o desejo de revelar culpa e ensinar doutrinas. A pregação nesse tipo de igreja começa com as necessidades da plateia ao invés de com o caráter de Deus.

No mesmo artigo, Fosdick escreveu palavras que revelam a terrível profecia do ministério que se tornou realidade até mesmo em igrejas que se consideram evangélicas. Ele escreveu:

Quem, sinceramente, acredita que uma dentre cem pessoas na congregação se importa com, para começar, o que Moisés, Isaías, Paulo ou João quiseram dizer naqueles versos. [Da mesma forma o pregador] não deve terminar, mas começar pensando nas necessidades vitais [sentidas] da plateia, e daí então deixar que toda a mensagem seja organizada em torno do esforço construtivo de suprir essas necessidades... tudo isso é bom senso e boa psicologia.

Aqueles que seguem a metodologia e pseudo-teologia de Harry Emerson Fosdick são maiores em número agora mais do que nunca. Na realidade, os métodos de crescimento de igreja popularizados hoje são nada mais que as ideias de Fosdick em novas roupagens.

Uma dessas novas roupagens é encontrada nos escritos de George Barna, um homem de grande influência. Em seu livro Fazendo Propaganda da Igreja, ele escreveu palavras que são não somente cridas, mas que convencem milhares de pastores em nossos dias a acreditar nelas como se fossem a verdade do evangelho. Não é muito difícil ouvir a voz de Fosdick ecoando nessas palavras. Barna propôs o seguinte pensamento:

É algo crítico manter em nossas mentes o princípio fundamental de comunicação cristã: a plateia, e não a mensagem, é soberana. Se a nossa propaganda irá fazer as pessoas pararem em meio às suas agendas agitadas e leva-las a pensar no que estamos dizendo, a nossa mensagem deve ser adaptada às necessidades da plateia. Quando produzimos [comunicação] baseada na proposição do pegar-ou-largar, ao invés de na sensibilidade às necessidades das pessoas, elas, invariavelmente, rejeitarão nossa mensagem.

Essa filosofia tem gerado uma miríade de técnicas e estratégias de ministério que não têm nada a ver com os exemplos e verdades das Escrituras.

Barna continua em seu livro e afirma:

[O apóstolo] Paulo foi um dos maiores estrategistas de todos os tempos. Ele estudou estratégias e táticas que o capacitariam a atrair o maior número de pessoas e efetuar o maior número de conversões.

Nada pode estar mais longe da verdade! Na realidade, o registro das Escrituras afirma exatamente o contrário. Paulo escreveu em 2 Coríntios 2.1-5:

Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus.

Em outras palavras, Paulo disse: “Quando eu fui até vocês, a coisa mais importante não foi vocês, mas Cristo; o que mais importava não era meu relacionamento com vocês, mas o relacionamento de vocês com Cristo. Na verdade, eu nem quis saber muito sobre vocês, mas quis que vocês soubessem muito sobre Cristo! E eu declarei a vocês a verdade do Cristo crucificado; i.e., Cristo que sofreu a ira de Deus por causa de pecadores; Cristo que pagou a penalidade do inferno a favor da humanidade pecadora.”

A verdade é que, pregar a ira de Deus e ensinar a verdade da ira de Deus não atrapalha o evangelismo, mas o ajuda e o incentiva. Isso não leva a uma falsa conversão, mas a uma conversão genuína.

Para resumir, a ira de Deus é um atributo indesejado.

Indesejado pela natureza do homem

  • Primeiramente, é indesejado pela natureza do homem, a qual não deseja prestar contas ao ensino bíblico. Em outras palavras, as pessoas querem se comportar do jeito que bem desejam.

Quando se fala sobre julgamento, está implícita a existência de um juiz. Então, é melhor nem acreditar em um Deus, que é um juiz; doutra sorte, Ele pode fazer o que um juiz faz e pronunciar um veredito.

Ao invés disso, vamos falar somente sobre o amor de Deus. Vamos enfatizar as partes positivas da Bíblia. Vamos memorizar a oração do Pai Nosso. Mas não mencione Apocalipse 20.15:

E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.

Simplesmente, precisamos nos livrar de Deus. Se conseguirmos nos livrar de Deus como juiz, então não haverá nenhuma força contra o pecado. E se não existe nada contra o pecado, não haverá, realmente, nenhum padrão da verdade. E se não existe nenhum padrão de verdade, não haverá nada para discernir certo de errado. Então, você pode fazer o que achar certo, não importa o que seja.

Portanto, não precisamos nos surpreender que, quando a ira e santidade de Deus são abandonadas, os freios morais e físicos também são abandonados, não é verdade? E, como resultado, a natureza humana recebe um passe livre para agir como bem quiser.

Em 1950, apenas 170 adolescentes nos Estados Unidos foram presos por cometerem um crime grave – em todo o ano, apenas 170. Atualmente, existem cerca de 1600 adolescentes encarcerados.

Nas próximas vinte e quatro horas, mais de 35 mil pessoas contrairão alguma doença sexualmente transmissível; trinta milhões de pessoas por ano. Adolescentes contraem sífilis a uma média de 623 por dia.

Estamos presenciando a degeneração da sociedade predita pelo apóstolo Paulo em Romanos 1. Ler esse capítulo é ler a história de nosso país hoje e de qualquer país que pensou que Deus não é um Deus santo ou juiz justo.

Quando Paulo escreveu aos romanos, eles estavam se autodestruindo. A bulimia fazia parte da religião predileta deles, na qual eles adoravam em orgia e embriaguez e depois vomitavam para depois repetirem o ciclo.

Prostituição infantil floresceu e líderes políticos eram conhecidos pela prática da pedofilia. A bissexualidade era considerada uma posição equilibrada. O filósofo Sêneca escreveu que as mulheres da classe alta datavam os meses de seus calendários com os nomes de seus vários maridos.

A cidade de Roma estava coberta de trevas. Daí, chega a carta de Paulo e, como um míssil em fogo, ela atinge a costa da Itália. A primeira coisa que Paulo disse aos seus leitores foi algo que já havia sido falado pelos profetas e era uma mensagem que a Grécia e Roma já haviam zombado por gerações. Deus é um Deus de ira; Ele ama a justiça e odeia o pecado. Entretanto, Roma votou a favor das trevas.

Indesejado pela religião do homem

  • Segundo, a ira de Deus para com o pecado é um atributo indesejado pela religião do homem, a qual é independente da doutrina bíblica.

A natureza do homem não quer ouvir a respeito da ira de Deus porque ela deseja se comportar do jeito que quer. Da mesma forma, a religião do homem não deseja ouvir sobre a ira de Deus porque o homem quer crer no que achar melhor. Quer seja médiuns e astrólogos; seja o relativismo ou jornadas interiores; seja yin-yang ou os cristais; seja a yoga ou viagem astral. O homem deseja crer no que quiser sem ser corrigido e sem a presença de dogma algum.

Eu li um artigo uma vez sobre um homem chinês chamado Feng Shui. Ele prega que reorganizar os móveis de casa traz paz espiritual ao lar. Isso é baseado em uma filosofia chinesa de que os objetos emitem uma força de energia espiritual que pode trazer boas coisas, como saúde, prosperidade e sucesso. Esse negócio é uma versão diluída do Hinduísmo e encoraja as pessoas a redecorarem seus lares e escritórios segundo os padrões de templos pagãos. As pessoas têm que colocar as coisas em uma direção específica, certificar-se que as janelas estão abertas o dia todo e que o sofá fica de frente à porta de forma a não bloquear energias positivas quando as pessoas entram, etc.

O interessante é que esse artigo secular foi direto ao ponto no final. O artigo diz: “Decoração de casa exige bem menos introspecção que estudo religioso. As pessoas não terão que prestar contas de suas ações para os móveis. Você talvez tenha que comprar novas coisas, mas não precisará mudar nada em seu caráter.”

Esse novo estilo de religião, bem como outras semelhantes, é procurado com muito maior frequência que a “antiga” religião. O motivo é simples: a “velha” religião possui um Deus a quem os pecadores precisam prestar contas ao invés de simplesmente um sofá para você mudar de lugar.

Se formos voltar ao último reavivamento na história, teremos que ir até o século 18. Daí, você poderá ouvir um homem influente pregando um sermão que trouxe uma reavivamento poderoso. Seu sermão famoso teve como título: “Pecadores nas Mãos de um Deus Irado.” Jonathan Edwards pregou o seguinte para a sua congregação no nordeste dos Estados Unidos:

O poço já está preparado. O fogo já está aceso. A fornalha está agora quente, pronta para recebe-los. As chamas estão em intensidade extrema e brilham forte. A espada brilhante está afiada e levantada contra eles, e o poço abriu sua boca debaixo deles... Oh, pecador! Considere o perigo tenebroso no qual você se encontra.

Quando Jonathan Edwards pregou esse sermão, homens choraram e mulheres desmaiaram ao clamarem pela misericórdia e perdão de Deus. Eles foram colocados face a face com o outro lado de Deus e isso os levou a clamar para que Deus suprisse a maior de suas necessidades. Quando ficaram cara-a-cara com esse Deus por meio de uma descrição bíblica da ira de Deus, eles se arrependeram e a vida inteira para eles começou a revolver em torno de Deus ao invés de si mesmos.

Todavia, a natureza humana resiste essa verdade de um dia prestar contas a Deus porque o homem quer se comportar conforme bem deseja. A religião do homem resiste ser responsabilizada diante da verdade da Palavra de deus porque o homem crê no que ele quer. Portanto, o comportamento do homem e suas crenças precisam rejeitar a ira de Deus e a Palavra de Deus.

A humanidade consegue tolerar tudo, menos um padrão justo de santidade e as implicações que tal padrão traz para cada ser humano. Então, a santa presença de Deus deve vagarosa, mas completamente “apagada” da memória e prática da sociedade moderna.

Uma notícia que li outro dia ilustra bem esse processo de “apagar” da memória da sociedade a presença santa de Deus.

O acontecido foi logo após a Suprema Corte dos Estados Unidos ter decidido que fazer orações em escolas é algo inconstitucional. Os crentes têm reagido de diversas formas diferentes. O diretor de uma escola pública decidiu não obedecer a essa decisão da Corte; ao invés disso, ele aproveitou a oportunidade de um jogo na escola para relembrar seus alunos a importância da oração. Ele subiu no palco, pegou o microfone na sexta-feira,  dia 1º de setembro de 2000, e falou. Suas palavras foram captadas por uma imprensa local que as publicou. O diretor disse:

Tem sido o costume de nossa escola orar antes dos jogos e cantar o hino nacional para honrarmos a Deus e ao nosso país. Devido à recente decisão da Suprema Corte, fui informado que orar agora é uma violação à Lei Federal.

Conforme entendo a lei neste momento, posso utilizar esse estabelecimento público para aprovar a perversão sexual e chama-la de estilo de vida alternativo e, se alguém ficar ofendido, não tem problema. Posso usar esta escola para incentivar a promiscuidade sexual ao distribuir camisinhas e chamar isso de “sexo seguro” e, se alguém ficar ofendido, não tem problema. Posso até usar esta escola para apresentar o lado positivo de se matar um bebê ainda não nascido como uma alternativa válida de controle de natalidade e, se alguém ficar ofendido, não tem problema. Posso designar um dia na escola como o dia da terra e envolver os alunos em atividades para adorar e louvar a deusa, a mãe-terra, e chamar isso de ecologia. Posso utilizar a literatura, vides e apresentações nas salas de aula que retratam as pessoas com convicções cristãs como indoutas e ignorantes e chamar isso de “iluminismo.” Contudo, se alguém usa esta escola para honrar Deus e pedir Suas bênçãos sobre nossas atividades, daí uma Lei Federal é violada.

Aparentemente, devemos tolerar tudo e todos, exceto Deus Seus mandamentos. Entretanto, como diretor desta escola, eu frequentemente peço aos funcionários e alunos a obedecerem a regras com as quais eles não concordam necessariamente. Se eu fizer o contrário, estarei sendo inconsistente. Por esse motivo, darei “a César o que é de César,” e me refrear de orar em uma atividade pública. Todavia, se você se sente inspirado para honrar, louvar e agradecer a Deus, e pedir a Ele em nome de Jesus para abençoar este evento, por favor, sinta-se livre para fazê-lo. Até onde eu sei, isso não é contra a lei – pelo menos ainda não.

Um Atributo Inegável
É Revelado dos Céus

Apesar de a ira de Deus ser um atributo indesejado, ele é, contudo, um atributo inegável.

Paulo continua no verso 18 de Romanos 1: A ira de Deus se revela dos céus.

Agora, você precisa entender a diferença entre a ira de Deus e a ira do homem. São dois mundos diferentes.

Existem duas palavras gregas primárias para “ira” no Novo Testamento. Uma é o termo “thumos,” da qual derivamos nossa palavra “termômetro.” Ela é raramente usada em relação a Deus e, de fato, Paulo nunca a utiliza para se referir à ira de Deus; e ele fala do assunto dez vezes somente no livro de Romanos.

A palavra “thumos” se refere à ira descontrolada. “Thumos” seria o termo para falar da ira sentida no trânsito. A raiz dessa palavra significa “apressar-se furiosamente.” Soa bem parecido conosco enquanto dirigimos, não é? Poderia ser traduzida, “estar em calor de violência.” A questão com “thumos” é que ela geralmente se refere a alguém reagindo a algo com fúria, com emoção descontrolada, até mesmo com insanidade temporária.

Ainda me lembro de um momento em que reagi com ira “thumos” em minha infância. Eu estava no quintal brincando com um menino que era pelo menos 40kg mais pesado e mais forte que eu. Não me recordo o que ele estava fazendo, mas o que quer que tenha sido, ele não estava me estimulando ao amor e boas obras. Eu me lembro de aguentar o máximo que pude; daí, fechei minha mãozinha. A próxima coisa de que me lembro foi de estar segurando o nariz dele que estava sangrando.

Naquele instante, vi o olhar dele e percebi que eu estava em apuros. Eu me virei e comecei a correr. Ele estava logo atrás de mim. O quintal era cercado com uma cerca de mais ou menos um metro e meio. A única coisa entre mim e uma infância feliz era a cerca. Eu nem sequer trisquei na cerca. Ele, por outro lado, bateu de frente nela e se atrapalhou todo; a essa altura, eu estava longe. Eu estava, enfim, correndo para a perspectiva maravilhosa de uma vida mais longa.

“Thumos” é um problema. A ira do homem geralmente é descontrolada e desastrosa. E dificilmente escapamos às suas consequências.

O termo que é utilizado para se referir à ira de Deus é “orge.” Ela se refere a uma “convicção segura.” Conforme John Murray escreveu, ela é uma “repugnância santa por Deus estar contra aquilo que está em contradição à Sua santidade.” É um constante ódio contra o mau; uma ira que nunca está fora de limites, mas motivada pela justiça santa.

O registro do Antigo Testamento

O Antigo Testamento registra esse aspecto do caráter de Deus. Por exemplo:

  • Salmo 90.11 diz:

 

Quem conhece o poder da tua ira? E a tua cólera, segundo o temor que te é devido?

 

  • Salmo 76.7-9:

 

Tu, sim, tu és terrível; se te iras, quem pode subsistir à tua vista? Desde os céus fizeste ouvir o teu juízo; tremeu a terra e se aquietou, ao levantar-se Deus para julgar…

 

  • Salmo 2.1-5:

 

Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o SENHOR e contra o seu Ungido, dizendo: Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas. Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles. Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor os confundirá.

 

Pule para os versos 10 a 12:

 

Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir, juízes da terra. Servi ao SENHOR com temor e alegrai-vos nele com tremor. Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam.

Estude, em algum momento, as ilustrações da ira de Deus no Antigo Testamento. Observe a narrativa do jardim e o julgamento de Deus sobre Adão e Eva e toda a criação em Gênesis 3. Estude também o dilúvio em Gênesis 6 e 7, no qual Deus afogou a raça humana inteira, salvando apenas oito pessoas que creram em Sua palavra e entraram na arca. Daí, estude em Gênesis 19 a fúria de Deus derramada sobre as cidades pervertidas, Sodoma e Gomorra.

No Antigo Testamento, existem mais de vinte palavras que se referem à ira de Deus. Na verdade, existem seiscentas passagens no assunto da ira de Deus. Isso levou Arthur Pink a fazer uma observação que, se você olhar em sua concordância bíblica, encontrará amis referências nas Escrituras à ira de Deus do que ao Seu amor e misericórdia.

J.I. Packer disse certa vez: “Uma das coisas mais incríveis na Bíblia é a força com a qual ambos os testamentos enfatizam a realidade e terro da ira de Deus.”

O registro do Novo Testamento

Então, no Novo Testamento, a ira de Deus é um fato inegável, assim conforme revelado no Antigo Testamento. Por exemplo:

  • João escreve no seu evangelho, capítulo 3, verso 36:

 

Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.

 

  • Paulo escreveu em Efésios 5.3-6:

 

Mas a impudicícia e toda sorte de impurezas ou cobiça nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos; nem conversação torpe, nem palavras vãs ou chocarrices, coisas essas inconvenientes; antes, pelo contrário, ações de graças. Sabei, pois, isto: nenhum incontinente, ou impuro, ou avarento, que é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. Ninguém vos engane com palavras vãs; porque, por essas coisas, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.

 

  • Novamente, aos Colossenses 3.5-6, Paulo escreveu:

 

Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria; por estas coisas é que vem a ira de Deus [sobre os filhos da desobediência].

Você pode dizer: “Mas eu não vejo a ira de Deus sendo demonstrada contra o mau hoje. Parece-me que os homens maus fazem as coisas do seu jeito e a ira de Deus é uma verdade distante nos tempos do Antigo e do Novo Testamentos.”

Quer você consiga ver isso agora ou não, experimente isso ou não, a ira de Deus já veio, está vindo e virá um dia com terror horrível.

Donald Grey Barnhouse contou a história de um editor que respondeu com sabedoria a alguém que não cria na ira de Deus. E ele respondeu com apenas uma sentença.

Nessa história, os fazendeiros piedosos em uma comunidade ocidental ficaram muito chocados numa manhã de domingo na primavera ao dirigirem pela igreja pequena que ficava no interior onde moravam. Eles viram que o proprietário de 16 hectares do outro lado da igreja estava arando sua terra. As pessoas entraram na igreja, mas conseguiam ouvir o barulho do trator de um lado a outro na lavoura ao lado da igreja. Esse fazendeiro continuou trabalhando em várias de seus campos de lavoura durante a semana, mas sempre deixava o campo ao lado da igreja para ser arado no domingo a fim de demonstrar seu desdém para com a adoração a Deus.

Por toda a primavera, verão e parte do outono, esse fazendeiro arou, fertilizou e semeou seu campo aos domingos. Finalmente, naquele outono, ele colheu sua plantação de milho e, daí, escreveu uma carta para o editor do jornal semanal da região. Nessa carta, ele destacou que havia feito todo o seu trabalho aos domingos e, ainda assim, ele havia tido a maior colheita por hectare em toda a região. Ele entoa perguntou ao editor do jornal como os crentes poderiam explicar isso. O editor do jornal imprimiu a carta, mas a seguiu com apenas uma frase. O editor escreveu: “Deus não ajusta todas as suas contas durante o outono.”

 

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 11/02/2001

© Copyright 2001 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

 

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