O Último Lançamento
de Roupas de Folhas de Figueira

É Religioso? – Parte 4

Romanos 2.25–28

Introdução

Se você abrir sua Bíblia no livro de Gênesis, irei mostrar a você o primeiro ato religioso na história da humanidade. Passarei pelo menos metade de nosso tempo hoje no livro de Gênesis, começando no capítulo 2, a fim de preparar o palco para o que Paulo irá dizer séculos depois em Romanos 2.

Satanás veio tentar Eva no jardim. Deus disse a Adão e Eva que eles não deveriam comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Adão e Eva foram ambos criados por Deus inocentes, mas receberam a capacidade de fazer escolhas, à qual nos referimos como o ato de um agente moral livre. Deus não criou robôs para O obedecer e amar sem a capacidade de escolha. Ele nos criou com a capacidade de obedecer ao maior mandamento dado à humanidade, a saber, conforme registrado em Mateus 22.37:

…amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento.

E uma das evidências do amor verdadeiro para com Deus é a obediência aos Seus mandamentos. Na verdade, em 1 João 2.3–5, nós lemos o seguinte:

E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele.

Você pode dizer: “Mas ninguém consegue guardar os mandamentos perfeitamente.” E isso é verdade. Todavia, o crente verdadeiro deseja guardar os mandamentos, enquanto que o descrente não tem nenhum desejo de fazer isso. e o crente genuíno admite sua culpa e vergonha, enquanto que o não redimido buscar encobri-los, se defender, se justificar ou talvez negá-los. A marca do crente não é uma vida perfeita, mas uma vida que deseja e escolhe obedecer a Cristo e andar conforme Ele andou.

Deus advertiu Adão em Gênesis 2.16–17:

E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.

Deus deu a Adão a escolha de obedecer ou não. Isso também nos informa que o homem era fisicamente imortal. Adão ainda não havia pecado, mas, conforme Deus o adverte nesses versos, se ele escolher pecar, o pecado trará a consequência da morte física. E a propósito, essa consequência existe até aos dias de hoje, conforme nos é dito em Romanos 6.23: Porque o salário do pecado é a morte.

Em outras palavras, uma das provas inegáveis de que nós temos a natureza de Adão e de que também escolhemos o pecado é que todos nós um dia experimentaremos a mesma consequência: todos iremos passar pela morte física.

O capítulo 3 de Gênesis começa com a serpente possuída por Satanás vindo tentar Eva. Ele revela a beleza e vantagens do delicioso fruto da única árvore que Deus mandou que eles jamais comessem.

Não é assim que a tentação acontece? Você pode experimentar de todas as árvores, menos uma; e adivinha qual você deseja? Fale para uma criança: “Ouça bem, você pode comer os doces deste pote e os M&M’s deste aqui, mas não toque nos biscoitos que estão em cima do balcão.” De repente, os biscoitos se tornam a única coisa na qual a criança se interessa; eles se tornam seu maior desejo.

Lembro-me de ter visto um programa de televisão no qual as crianças eram observadas ao serem tentadas. Elas eram trazidas, uma de cada vez, para dentro de uma sala, onde se sentavam em uma cadeira. O adulto colocava diante delas alguns doces e lhes dizia: “Tenho que sair por alguns minutos. Não coma nada. Quando eu voltar, deixarei você comer o quanto quiser.” Daí o adulto saía e a câmera registrava a batalha da criança com a tentação.

• Uma garotinha ficou olhando para o prato e começou a conversar consigo mesma em voz alta para conseguir vencer a sua tentação.
• Outra menina olhou para o prato, balançou as pernas, como se não conseguisse mais aguentar a tentação, e cobriu os olhos.
• Um menino olhou para os doces completamente inquieto em sua cadeira e começou a cantar alto para se distrair.
• Ainda outro se levantou, andou para o mais longe possível do prato e ficou murmurando consigo mesmo.

Essas soluções deram certo! Acho que a melhor de todas foi uma criança que se levantou e foi embora. Ou seja, você provavelmente não irá querer aquilo que você não vê!

O que o texto nos informa sobre Eva é que ela não deu as costas para a tentação, mas se entregou a ela! E completamente! Veja Gênesis 3.6:

E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.

Existe aqui uma tentação tripla:

• uma atração física: “…aquela árvore era boa para se comer…”;
• uma atração emocional: “[a árvore era] agradável aos olhos…”;
• uma atração intelectual: “…árvore desejável para dar entendimento.”

Esse pecado faz o maior sentido do mundo!

No decorrer dos anos, tenho conversado com pessoas que possuem uma retórica lógica para defender seus pecados — raciocínio físico, emoções e defesas intelectuais: “Isso que estou fazendo só pode estar certo!” Isso apenas revela a seriedade de seu engano, pois eles têm sido cegados pelo deus deste século para não enxergarem que as consequências de seus pecados estão logo adiante.

Os Terríveis “Primeiros”
no Livro dos Começos

Você já deve ter ouvido que o livro de Gênesis é o livro dos Começos. Os começos, em sua grande maioria, são bons. Contudo, na passagem que estamos vendo hoje existem vários “primeiros” que não são nada bons.

Deus é desobedecido

• Essa é a primeira vez na história humana que Deus é desobedecido.

E isso não é tudo. Veja o verso 7: Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus.

Seres humanos experimentam a vergonha

• Essa é a primeira vez em que seres humanos experimentam a vergonha.

A inocência deles foi perdida para sempre. Eles estavam envergonhados por causa de sua nudez.

Essa passagem ainda continue e revela no verso 7: e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.

A humanidade tentou purificar a si mesma

• Essa foi a primeira vez em que a humanidade tentou purificar a si mesma.

Até esse ponto, tudo o que eles tinham havia sido providenciado por Deus. Mas agora, sabendo que haviam desobedecido a Deus, eles não iriam pedir que Deus lhes fizesse roupas para cobrir sua vergonha. Então, eles mesmos tecem suas roupas. Eles tentam esconder seu senso de culpa e vergonha que resultaram de seu pecado.

A humanidade realizou um ato religioso

• Meus amigos, aqui vemos o primeiro ato religioso por parte da humanidade.

Continue no verso 8: E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia

O que vemos aqui não é o som da voz de Deus, mas literalmente o barulho que o Senhor faz ao caminhar pelo jardim. Evidentemente, Deus tomava alguma forma física, manifestando-se de alguma maneira que Adão e Eva podiam reconhecê-lO. Os teólogos chamam isso de “Teofania” ou “Cristofania.” Deus literalmente ia até o jardim e andava com Adão e Eva em uma comunhão íntima e pessoal.

O verso ainda diz na segunda parte:

…e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim.

A humanidade se esconde de Deus

• Essa é a primeira ocasião em que a humanidade se esconde de Deus.

O que vemos aqui é a primeira vez em que a humanidade tenta escapar dos olhares de Deus.

“Mas eu achava que eles estavam vestidos com suas roupas de folhas de figueira.” Eles haviam, sim, lidado com sua vergonha e culpa ao fazerem roupas de folhas. Então, por que não simplesmente desfilar diante de Deus, dizendo: “Olha só o que nós fizemos?”

Vou dizer por que eles não fizeram isso. Por que, para eles, bem como para toda a humanidade de hoje, a religião parece fazer sentido, até que você se coloca diante da presença de Deus que conhece tudo a seu respeito. Conforme a Bíblia nos mostra, nada fica escondido dos olhos de Deus.

Veja o verso 9: E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás?

Deus buscou o homem

• Essa é a primeira vez em que Deus é visto buscando o homem.

O homem se esconde de Deus, mas Deus vai em busca do homem. Jesus Cristo disse em Lucas 19.10: [Eu vim] para buscar e salvar o que estava perdido.

Em João 4.23, lemos:

os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores.

Aqui em Gênesis, vemos a primeira vez em que Deus se envolve na missão de buscar e resgatar.

Continue no verso 10:

Ele [Adão] respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi.

O homem ficou com medo

• Você viu a confissão do homem? “Tive medo…”. Essa é a primeira vez em que o verbo “ter medo” aparece nas Escrituras.

Você pode dizer de novo: “Adão, você já está vestido com essas folhas. Você não precisa temer coisa alguma.”

Meu amigo, converse com a pessoa mais devota que você conhece e que não tem um relacionamento com Jesus Cristo. Converse com o homem ou mulher que faz tudo o que pode para as outras pessoas. Eles nunca perdem uma missa ou culto, sempre dão oferta, se voluntariam para servir, até mesmo ensinam na Escola Dominical em sua igreja. Eles fazem o melhor que podem. Pergunte a eles o que eles acham de se encontrar com Deus qualquer dia desses. Se eles forem pessoas honestas, dirão: “Tenho medo.”

E por acaso nós também não temos medo? Sim, de certa maneira temos medo. Então, como podemos nos aproximar de Deus com ousadia? Hebreus 10.19 nos informa que podemos entrar na presença de Deus com ousadia pelo sangue de Jesus Cristo. Quando o sangue de Cristo é aplicado aos nossos corações, ele nos fornece, conforme diz o verso 22, plena certeza de fé.

Meu amigo, se você não possui fé em Cristo somente para a sua salvação:

• você pode ir à igreja, participar de algum estudo bíblico ou até mesmo ensinar alguém, mas essas coisas são apenas folhas de figueira;
• você pode orar ou rezar todas as noites e manhãs, mas tudo o que você fez foi vestir seu avental de folhas;
• você pode dar dinheiro para a igreja ou dar tudo o que possui, mas você está apenas se escondendo por detrás de folhas de figueira.

Se você nunca resolveu o problema de seu pecado e está apenas tentando encobri-lo com obras de suas mãos, você pode ter uma roupa incrível e impressionante feita de folhas de figueira, mas quando Deus aparecer, a única coisa que você desejará fazer é correr e se esconder.

Veja Gênesis 3.11–12:

Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi.

“Ela me obrigou a fazer isso! E ela foi ideia sua, Senhor. Eu não pedi uma mulher; o Senhor que me deu uma. E ela me conduziu a comer o fruto.”

Posso até imagina Eva em pé ao lado de Adão enfurecida. O sangue estava subindo em sua cabeça. Aquela veia do pescoço estava dez vezes maior do que quando Deus  criou. Continue no verso 13:

Disse o SENHOR Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.

“Ah,” disse Adão, “você ficou irada comigo porque eu estava colocando a culpa em você, e agora está aí colocando a culpa na serpente!” E o casal começa a discutir: “Bla, bla, bla, bla, bla, bla.”

A humanidade experimenta falta de harmonia no casamento

• Tudo isso está registrado no original hebraico. Essa é a primeira indicação na história humana de que conselheiros de casais irão ganhar muito dinheiro. Esse é o primeiro momento em que vemos desarmonia no casamento.

Antes do nascer do sol aquele dia havia comunhão perfeita entre Adão e Eva e entre Adão, Eva e Deus. Não havia pecado algum para arruinar o paraíso. Mas agora, existe pecado, vergonha, medo, culpa e a primeira manifestação de religião humana para encobrir seu pecado na forma de roupas feitas de folhas de figueira.

Três Princípios que Revelam como Folhas de Figueira São Inadequadas

Isso, na verdade, não tem mudado. A religião humana sempre teve bastante coisa em comum com folhas de figueira. Deixe-me sugerir pelo menos três coisas que elas têm em comum.

Folhas de figueira são tentativas cerimoniais humanas de evitar ter que prestar contas diante de Deus

• Folhas de figueira são tentativas cerimoniais humanas de evitar ter que prestar contas diante de Deus.

O homem não quer admitir que existe algo de errado ou pecaminoso dentro dele. Então, ele simplesmente se encobre com cerimônias religiosas e rituais. Pessoalmente eu creio que existem muitas pessoas que tratam a igreja como se fosse folhas de figueira — elas se escondem dentro da igreja. E grande parte das igrejas diz: “Não tem problema; você pode se esconder aqui. Jamais iremos falar sobre Deus ou pecado ou redenção ou culpa… Você está seguro em nosso meio.”

Você é um desses que pensa que pode se esconder de Deus dentro da igreja? Você acha que pode se esconder de Deus? Davi disse no Salmo 139.8–12:

Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá. Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas não te serão escuras…

É impossível evitarmos ter que prestar contas a Deus por nossas ações. Você não poderá jamais se esconder por detrás de suas folhas de figueira.

Folhas de figueira são tentativas humanas de aliviar uma consciência culpada

• Segundo, folhas de figueira são tentativas humanas de aliviar uma consciência culpada.

A verdade é que a humanidade, conforme Romanos 2, possui uma consciência que Deus criou dentro de cada um. E essa consciência sussurra no ouvido do pecador dizendo que ele é pecador e está nu diante de Deus.

O homem sabe que está nu e se enche de vergonha; e pensa: “Vou acender uma vela… unge-me com um óleo… lava meu corpo com água pura… vou dar dinheiro… Por favor, alguém me ajude a silenciar minha culpa!”

A religião é o método humano mais popular para silenciar uma consciência culpada.

Folhas de figueira são tentativas humanas egoístas para impressionar outros e ignorar a verdadeira piedade

• Terceiro, folhas de figueira são tentativas humanas egoístas para impressionar outros e ignorar a verdadeira piedade.

Avance a fita da história humana e você chegará ao primeiro século quando a religião, primeiramente inventada por Adão e Eva, floresce. Foi a religião de aparências e atividades piedosas sem a pureza de coração ou um relacionamento pessoal com Deus.

Jesus Cristo disse aos líderes religiosos de Seus dias, conforme lemos em Mateus 23.5–7:

Praticam, porém, todas as suas obras com o fim de serem vistos dos homens; pois alargam os seus filactérios e alongam as suas franjas. Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas praças e o serem chamados mestres pelos homens.

As palavras de Jesus Cristo corta os aventais de folha do orgulho e piedade religiosos. E Ele disse no verso 28 do mesmo capítulo: vós exteriormente pareceis justos aos homens.

Em outras palavras, “Todas as folhas estão em seu devido lugar!”

…mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade.

Aos olhos dos homens, a pessoa religiosa está muito bem. Se Deus se impressiona com alguém, Ele se impressiona com o judeu fiel. E Paulo forneceu as razões por que disso. Eles tinham orgulho da Lei, ou Torah, eram homens e mulheres de moral elevada, pessoas justas que falavam sobre Deus com toda a reverência e conheciam a vontade Dele. Eles ensinavam as verdades da Torah e leis morais a outras pessoas. Eles pareciam estar muito bem; pareciam ter descoberto um sistema religioso perfeito.

Mas Paulo, sob a direção sobrenatural do Espírito Santo, arrancou a máscara e revelou que seus lábios louvavam a Javé, mas seus corações estavam muito distantes Dele. E Paulo deduziu bem qual seria a reação deles. O judeu fiel ficou encurralado. Ele sabia que não amava a Deus; ele sabia que seu coração estava distante de Deus.

Paulo sabia que o judeu religioso utilizaria uma última defesa. Com certeza ele estava bem aos olhos de Deus, uma vez que ele possuía a marca da aliança. O judeu tinha sido circuncidado de acordo com os mandamentos da aliança e promessa de Deus a Abraão. Essa é a última carta do judeu; essa é a última esperança após ter sido exposto como pecador; essa é sua última folha de figueira.

Três Princípios que Revelam como Rituais Religiosos São Inadequados

Paulo apresentará três princípios básicos que revelam como a circuncisão não passa de mais uma folha de figueira.

Rituais religiosos não podem substituir vida justa

• O primeiro princípio é que rituais religiosos não podem substituir vida justa.

Veja Romanos 2.25. Novamente, Paulo antecipa a resposta do judeu religioso, que dirá: “Sou circuncidado!” Paulo diz então:

Porque a circuncisão tem valor se praticares a lei; se és, porém, transgressor da lei, a tua circuncisão já se tornou incircuncisão.

Em outras palavras, rituais religiosos, mesmo que sejam em si mesmos atos de obediência, não podem substituir uma vida piedosa.

Agora, rituais têm seu devido lugar e possuem valor. Paulo não está dizendo que rituais externos não valem de nada. Ele está simplesmente dizendo que um símbolo de obediência é inútil sem um estilo de vida obediente. Ele continua e diz no verso 26:

Se, pois, a incircuncisão observa os preceitos da lei, não será ela, porventura, considerada como circuncisão?

Ou seja, o homem que vive uma vida piedosa e nunca foi circuncidado se encontra numa situação melhor que aquele que é circuncidado e que não se preocupa em guardar a Lei. Por que? Porque a circuncisão era uma marca física das pessoas que se dedicavam a Deus e Sua Palavra. Ela representava um coração de amor para com Deus e uma vida santa distinta. Mas o que é melhor? Possuir uma marca e não amar a Deus e ser desobediente, ou não possuir a marca e amar a Deus?

A reposta é óbvia. Conforme Deus mesmo falou por intermédio do profeta Samuel a respeito dos sacrifícios de animais em 1 Samuel 15.22:

Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar…

O plano de Deus não foi para que os homens pusessem a fé em alguma marca física, mas no próprio Deus. As pessoas começaram a acreditar que a marca já era boa o suficiente, mesmo que desprovida de um relacionamento pessoal com Deus.

Imagine que eu coloque um cravo branco no terno e diga a você: “Esse é o sinal da minha aliança que faço de amar minha família. Irei usar esse cravo como símbolo de meu compromisso e amor para com meus filhos e esposa.”

Daí, toda a vez que você me vê, você enxerga o cravo branco na minha roupa e pensa: “É, esse homem tem um compromisso sério com sua família.”

Agora, suponha que você depois me veja maltratando membros da minha família. Talvez eu esteja falando asperamente com seus filhos na igreja. Você vem até mim e diz: “Ei, essa sua grosseria não parece ser muito um ato de amor.”

E eu respondo: “Mas você não está vendo o meu cravo aqui no meu peito? Está bem aqui, olha. Você está cego?!”

E você reage: “Mas eu ouvi o que você disse para seus filhos agora mesmo.”

“Mas e daí?! Não se preocupe com minha família. Eu estou com meu cravo aqui e é isso que importa.”

Meus amigos, tudo o que eu fiz foi remover todo o valor do cravo que carregava comigo. Na verdade, eu o transformei em um símbolo de hipocrisia.

O judeu religioso estava dizendo: “Não se preocupe com a Lei; não se prenda ao amor de Deus; não ligue para obediência à Palavra de Deus. Eu tenho a marca da circuncisão e é isso que importa.”

Você percebe, agora, o que Paulo faz aqui nessa passagem? Tudo o que o judeu religioso tinha era seu ritual desprovido da realidade que ele deveria representar.

Confiança em uma atividade externa não exime o pecador da prestação de contas eterna

• O segundo princípio é que confiança em uma atividade externa não exime o pecador da prestação de contas eterna.

Paulo continua e escreve em Romanos 2.27:

E, se aquele que é incircunciso por natureza cumpre a lei, certamente, ele te julgará a ti, que, não obstante a letra e a circuncisão, és transgressor da lei.

Nos dias de Paulo, os rabinos ensinavam que nenhum homem circuncidado entraria no inferno. Um dos escritos judaicos afirma: “A circuncisão salva do inferno.”

Até mesmo a Midrash dizia: “Deus jurou a Abraão que nenhum circuncidado iria para o inferno.”

O judeu se sentia seguro, assim como o religioso de nossos dias se sente seguro em seu batismo e suas responsabilidades na igreja ou em sua reputação moral.

Você consegue imaginar um judeu ouvindo no verso 27 que eles seriam julgados por um gentio? A implicação lógica é que, se eles seriam julgados por gentios, que chance eles teriam diante do tribunal de Deus? Esse pensamento deve ter balançado com o pensamento deles e minado seu senso de segurança.

Raízes religiosas não garantem a aprovação de Deus

• O terceiro princípio é que raízes religiosas não garantem a aprovação de Deus.

Continue em Romanos 2.28–29a:

Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente…

Aqui está outra verdade chocante. Ser judeu era muito mais que uma simples marca na carne e um parentesco sanguíneo com Abraão. Ser judeu era uma questão do coração.

A religião sempre enfatizará as obras das mãos; o Cristianismo enfatiza a condição do coração. A religião sempre irá focar naquilo que fazemos; a aprovação de Deus foca no motivo por que somos aprovados.

Você ora? Por que? Você dá dinheiro para a igreja? Por que? Você jejua? Por que? Você vive uma vida com moral elevada? Por que?

A religião nunca pergunta por que fazemos o que fazemos; Deus pergunta. O profeta Samuel registrou em 1 Samuel 16.7: O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração.

A religião está muito ocupada fabricando aventais de folhas de figueira; enquanto isso, Deus trabalha no coração.

Aplicação:
Como Nos Livrar dos Aventais de Folhas?

Então, o que fazer para nos livrar de aventais de folhas? Deixe-me sugerir três maneiras.

Precisamos reconhecer que folhas de figueira são totalmente inadequadas

• Precisamos reconhecer que folhas de figueira são totalmente inadequadas.

Para Adão e Eva, suas roupas de folhas foram uma boa ideia. Eles provavelmente pensaram consigo mesmos e disseram um ao outro: “Pronto, isso resolverá o problema.”

Mas não resolveu; era impossível. Tudo o que tinham a mostrar em suas aulas de costura foi culpa, mais vergonha e incerteza.

Folhas de figueira são incapazes de cobrir o pecado.

Precisamos trocar folhas de figueira por verdadeira confissão

• Precisamos trocar folhas de figueira por verdadeira confissão.

Recentemente, vi no jornal outra ilustração de falsa religião. Foi um artigo de uma igreja na grande cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos. A igreja tem milhares de membros. Um desses membros disse: “O culto nunca é tedioso, nem casa medo ou revela culpa.”

O repórter inteligentemente afirmou:

Numa era em que muitos dizem ser espirituais e darem as costas à autoridade e ao texto, essa igreja parece atingir seu objetivo em busca de conexão com as pessoas e celebração sem se preocupar com questões e detalhes teológicos ou demandas doutrinarias na fé e na prática. O assunto de condenação não está presente nessa igreja.

O pastor dessa igreja diz: “Não cremos que nascemos em pecado. Nascemos em bênçãos. Enquanto muitos buscam salvação, buscamos o que chamamos de ‘auto-elevação.’ E não é nenhum tipo de Nova Era. É apenas um ‘novo pensamento’ combinado com antiga sabedoria.”

E eu concordo — antiga sabedoria. Ela volta até Gênesis 3, onde duas pessoas inventaram sua própria religião que parecia ser sabedoria. Não houve nenhuma condenação lá; foi apenas uma maneira que encontraram para se sentirem melhor a respeito de si mesmos. E parecia ser algo sábio — até que Deus resolveu aparecer!

O problema com essa confusão religiosa é que, se você não toca no assunto do pecado, então você não pode ter um Salvador. E se você não fala sobre julgamento, então você fica sem o Redentor.

Você pode ser religioso e até chamar sua religião de igreja, mas você está apenas envolvido na criação do último modelo de roupa de folhas de figueira.

Precisamos substituir folhas de figueira com o substituto vicário de Deus

• Precisamos substituir folhas de figueira com o substituto vicário de Deus.

O primeiro ato religioso da humanidade foi costurar folhas de figueira. O primeiro ato repentino de Deus foi tomar a vida de um animal inocente, matá-lo, arrancar sua pele e fazer para esse casal uma roupa de couro de animal. Será que o único motivo para isso foi simplesmente porque couro é melhor que folhas?

Não. Foi uma questão de sacrifício. A fim de que eles vivessem, alguém teria que morrer. Para que você seja perdoado, Alguém precisa ser sacrificado em seu lugar; Alguém tem que morrer e tomar sobre si a condenação pelo seu pecado para que você seja libertado.

E logo nas primeiras páginas de Gênesis, vemos a imagem do futuro sacrifício Daquele que morreria pelos pecados do mundo.

Em um livro do Novo Testamento escrito especialmente para os judeus, intitulado “Hebreus,” o escritor disse no capítulo 10, versos 10 a 12:

Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas. Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia, a exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover pecados; Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus,

Veja também o verso 14:

Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados.

E versos 16–17:

Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei, acrescenta: Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniqüidades, para sempre.

Folhas de figueira jamais farão isso. Jesus Cristo e Seu sacrifício vicário fará essas coisas por mim e por você.

Portanto, se você ainda não fez isso, encorajo você a jogar fora aquilo que é o último modelo de roupas de folhas de figueira — retire de si essas folhas e entregue seu coração ao Senhor.

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 11/11/2001

© Copyright 2001 Stephen Davey

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