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O Sopro de Deus

O Sopro de Deus

經過 Stephen Davey
系列: Romanos (Romans)
參考: Romans 1–16

O Sopro de Deus

Como Recebemos a Bíblia–Parte 3

Por Que Temos Convicção de que Ela é Verdadeira

Romanos 3.2

Introdução

Vamos fazer um resumo pessoal hoje. Você nem precisa abrir sua Bíblia agora. A única coisa que eu quero que você faça é pensar nas respostas para as perguntas que vou fazer agora.

  • Quantas horas, somente nesta última semana, você passou lendo o jornal ou uma revista? Você leu durante uns quinze minutos, uma hora, ou duas horas?
  • Quantas horas você passou assistindo à televisão ou vídeos, vendo filmes ou jogos? Você passou três, quatro, cinco horas?
  • Agora, quantas horas, nessa mesma semana, você investiu lendo e estudando a sua Bíblia?

Poderíamos debater sobre a importância do lazer, jogos esportivos, filmes e jornais e nunca chegar a um denominador comum. Na verdade, não estou de forma alguma sugerindo que essas coisas são negativas em si mesmas. Meu argumento não segue o raciocínio do valor inerente dessas atividades; minha preocupação é com a influência que essas coisas têm sobre a mente e o coração do crente. Tudo indica que estamos nos expondo a tudo neste mundo, menos à Bíblia.

Um autor escreveu recentemente que, se todas as Bíblias virassem pó simultaneamente, teríamos uma tempestade de pó que cobriria o sol por cerca de uma semana. Você se admira ainda com o fato de o crente saber muito sobre o mundo e pouquíssimo sobre a Palavra de Deus? Podemos:

  • discutir sobre os eventos no Oriente Médio, mas ainda não saber nada sobre os Profetas Menores;
  • identificar a última tendência da moda, mas não conseguir definir nossa fé;
  • defender nossas preferências políticas, mas não conseguir defender o evangelho;
  • citar os números da bolsa de valores, mas não conseguir citar nem sequer um verso bíblico;
  • saber decorado os nomes de atores e atrizes famosos, mas não os livros da Bíblia.

Será que somos pessoas do mundo ou pessoas da Palavra? O que o povo de Deus precisa hoje é um retorno à Palavra de Deus. É na Palavra onde aprendermos a orar, a nos relacionar com Deus, a andar no Espírito e é lá onde descobrimos como glorificar e agradar o nosso Senhor. Todavia, parecemos estar em todo os lugares, menos na Palavra.

À luz disso, considere o que o rei Davi escreveu sobre a Palavra de Deus no Salmo 19.7-10:

A lei do SENHOR é perfeita e restaura a alma; o testemunho do SENHOR é fiel e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do SENHOR são retos e alegram o coração; o mandamento do SENHOR é puro e ilumina os olhos. O temor do SENHOR é límpido e permanece para sempre; os juízos do SENHOR são verdadeiros e todos igualmente, justos. São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos.

Em outras palavras, se você deseja ver um reavivamento, um revigoramento, sabedoria e alegria; se você deseja perseverança e entendimento do que é realmente correto e do que é errado; se você quer algo melhor que o ouro no banco e mais doce que o mel, pegue a Palavra de Deus e a aprenda e a pratique.

Revisão

Em nosso estudo anterior, vimos o encorajamento de Paulo à nação judaica no fato de os judeus possuírem um distintivo incrível. Existem muitos distintivos, e Paulo irá mencionar uma longa lista de benefícios dos judeus em Romanos 9. Mas no capítulo 3, verso 2, Paulo menciona um que ele considera ser proeminente:

…aos judeus foram confiados os oráculos de Deus.

Na última meditação, também falamos sobre quatro perspectivas a respeito da Bíblia:

  • Ela é uma coletânea de fábulas;
  • Ela é uma combinação da Palavra de Deus e fábulas;
  • Ela é a Palavra de Deus, mas não a última Palavra de Deus;
  • Ela é a última e inerrante Palavra de Deus.

Agora, o cético diz que crer que a Bíblia é a Palavra de Deus simplesmente porque ela mesma afirma isso é um argumento circular. Deixe-me fornecer um exemplo disso. Todos nós concordaríamos que um réu no tribunal não pode simplesmente dizer: “Eu sou inocente porque sou inocente.”

Contudo, até mesmo o cético mais duro concordaria que o acusado deve ter pelo menos uma chance e oportunidade de buscar testemunhas para testemunharem a favor de sua defesa. Sim, elas precisam ser examinadas. Vamos descobrir se a história delas é consistente e digna de credibilidade. Onde estão as testemunhas? Daí, o júri pesará as evidências para ver se estão ou não dizendo a verdade. Será que a Bíblia seria aprovada após esse escrutínio?

Lembro-me de ler sobre quatro alunos do segundo grau que estavam muito atrasados para a aula. Quando chegaram, foram enviados para a sala da diretora a fim de darem uma explicação. Enquanto caminhavam para a sala da diretoria, eles concordaram em uma história e todos iriam contar a mesma história. Todos iam dizer que um dos pneus do carro havia furado. Quando chegaram à sala da diretora, eles contaram exatamente a mesma história - um pneu furou. A diretora imediatamente colocou cada um em um canto da sala de costas uns para o outro. Daí, pediu que cada um escrevesse em um papel qual pneu havia furado!

Uma mentira é algo terrível de se tentar defender. E é muito provável que, com o tempo, a mentira será revelada como mentira. Na realidade, quanto maior o número de pessoas envolvidas na mentira, maior a chance de um dos envolvidos soltar a língua e bagunçar a mentira!

Então, vamos deixar que a proporia Bíblia testemunhe a respeito de si mesma e se defenda. Ela possui quarenta autores e foi escrita dentro de um período de mil e quinhentos anos. E vamos deixar que essa evidência seja examinada. Permita que a Bíblia apresente as testemunhas da história, profecia, arqueologia, ciência, sociologia, filosofia e o registro do próprio Cristo.

No estudo anterior, falamos um pouco sobre os profetas. Na verdade, cinco profecias sobre Cristo que foram cumpridas com exatidão —desde Seu nascimento, Sua crucificação, até às palavras que Ele disse enquanto pendurado na cruz e Seu sepultamento com um homem rico. Em outras palavras, as palavras da Bíblia se cumpriram. E se a Bíblia provou ser verdadeira nas profecias a respeito do Messias, temos todo o motivo para crer, baseado em uma evidência objetiva, que ela também está falando a verdade sobre o futuro. Ou seja, se a Bíblia falou a verdade sobre a primeira vinda de Cristo, é muito provável que ela esteja dizendo a verdade sobre a segunda vinda de Cristo, como vemos detalhado no livro de Apocalipse.

Você consegue imaginar aquele dia futuro quando Jesus Cristo dará Seu testemunho sobre as Escrituras? Em Apocalipse 19.13, lemos sobre o momento em que Jesus Cristo volta a Terra: vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus.

Em Romanos 3.2, Paulo diz aos judeus: “Vocês receberam a ‘logia’ de Deus - os oráculos, a revelação, as palavras do próprio Deus Todo-Poderoso.”

E o que esses oráculos dizem a respeito de si mesmos? Será que eles consistentemente alegam ser a Palavra de Deus? Não existe dúvida alguma em relação a isso. Na realidade, mais de duas mil vezes, somente no Antigo Testamento, a Bíblia reivindica que Deus proferiu o conteúdo de suas páginas. De Gênesis a Malaquias, a Bíblia declara que sua fonte é Deus. No Novo Testamento, mais de quarenta vezes você lerá a expressão, “palavra de Deus.” Passagens no Novo Testamento incluem:

  • Marcos 7.13, onde o Novo Testamento é posto em igualdade com o Antigo Testamento;
  • Lucas 5.1, onde lemos que Jesus Cristo pregou o Antigo Testamento;
  • Atos 4.31, o qual revela os apóstolos pregando, “a palavra de Deus com ousadia;”
  • A Palavra de Deus foi a mensagem que os gentios ouviram, conforme Pedro pregou em Atos 11.1;
  • Também foi o conteúdo da proclamação de Paulo em suas viagens missionárias em Atos 13.18;
  • Paulo deixou bem claro aos irmãos coríntios em 2 Coríntios 2.17, bem como 4.2, que ele pregou a Palavra entregue a ele diretamente por Deus e que ele nada alterou;
  • Em Colossenses 1, Paulo afirmou que a Palavra de Deus era o fundamento e fonte de seu ensino e pregação.

A propósito, para aqueles que dizem que Jesus Cristo foi apenas um homem bom e um bom mestre que ensinava verdades morais e nada mais, esses, evidentemente, não sabem quem Jesus reivindicou ser. Várias e várias vezes no Novo Testamento, Jesus declarou a encarnação e revelação da divindade; Ele declarou ser mais velho que Abraão; Ele afirmou ter criado o universo; Ele disse que tinha autoridade para perdoar pecados; Ele alegou poder conceder vida eterna às pessoas; Ele declarou ser o único caminho, e a única verdade, e a única vida. Se Jesus Cristo não estava dizendo a verdade, então, milhares de pessoas, desprevenidamente, têm seguido um mentiroso. Se Ele não era quem disse ser, então Ele não foi um bom mestre, nem um bom homem, mas Ele foi, na verdade, o maior enganador que já trilhou a face da terra.

Da mesma maneira, a Bíblia não é, de forma alguma, um bom livro, ao mesmo que, na verdade, ela seja o que declara ser: as palavras do próprio Deus. Se ela não é a revelação de Deus, sobre Deus, o homem e o universo, como diz ser; se ela não contém o segredo para a vida eterna, como afirma, então a Bíblia não é um livro bom, mas um livro corrompido, enganador e manipulados cheio de mentiras. Ela não pode ser boa em alguns aspectos e ruim em outros — ou ela é verdadeira, ou é o maior engano já impresso na história da humanidade.

Você não pode dizer: “Ah, a Bíblia é um bom livro!” —já que a Bíblia, inegavelmente, declara ser as palavras, os oráculos e a revelação de Deus.

Como a Humanidade Recebeu a Palavra de Deus?

Então, como que Deus entregou Suas palavras à humanidade? Será que Ele as escreveu no céu, as escondeu em alguma caverna escura, as revelou com mágica ou marcações estranhas em tabletes de pedra? Como a humanidade recebeu, do próprio Deus, as Suas palavras? Fico feliz que você finalmente me perguntou isso!

No livro de 2 Pedro, capítulo 1, verso 21, somos informados que os autores das Escrituras foram: homens movidos pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus.

A frase movidos pelo Espírito Santo traduz o verbo grego, “pheromenoi,” que significa, “ser conduzido por um poder externo.”

O mesmo verbo grego ocorre em Atos 27 quando Paulo se vê numa tempestade no mar e está prestes a naufragar. Ao narrar o evento, Lucas diz nos versos 14-15, e 17:

Entretanto, não muito depois, desencadeou-se, do lado da ilha, um tufão de vento, chamado Euroaquilão; e, sendo o navio arrastado com violência, sem poder resistir ao vento, cessamos a manobra e nos fomos deixando levar… e, levantando este, usaram de todos os meios para cingir o navio, e, temendo que dessem na Sirte, arriaram os aparelhos, e foram ao léu.

Assim como o barco foi conduzido e controlado pelo vento, da mesma forma os autores humanos das Escrituras foram movidos e controlados pelo Autor divino em seus corações e mentes.

Ainda mais fascinante é que o fato de Deus conduzir e controlar o coração dos autores humanos é comparado ao vento. Em 2 Timóteo 3.16, lemos que toda Escritura é inspirada.

A palavra inspirada é um verbo grego composto por duas palavras, “theos” e “pneustos.” Traduzido literalmente, o termo significa, “vento ou sopro.” Então, as Escrituras são o sopro de Deus! É como se sua fonte fosse a própria boca de Deus.

Essa é a mesma ideia que Paulo utiliza em Romanos 3.2. Ele diz que os judeus haviam recebido os oráculos de Deus —as palavras da boca do próprio Deus.

Mas a pergunta permanece: como autores humanos, sob o poder controlador do Espírito Santo, como vimos —receberam e registraram o sopro de Deus? Deixe-me fornecer três maneiras.

Por meio de acontecimentos ordinários

  • Primeiro, por meio de acontecimentos ordinários.

Lucas, por exemplo, escreveu para um amigo seu, um oficial romano chamado Teófilo. Lucas disse a ele em seus comentários introdutórios que ele havia feito uma pesquisa cuidadosa antes de escrever seu relato da vida e ressurreição de Jesus Cristo. Ouça as primeiras palavras de Lucas a Teófilo registradas em Lucas 1.1-4:

Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído.

Ou seja, Lucas pesquisou, fez anotações, registrou, entrevistou, desenvolveu e colocou em ordem cronológica os eventos que ele ouviu de testemunhas. E Lucas escreveu tudo ao mesmo tempo em que esteve sob a condução do vento do sopro de Deus que soprava a vela de seu barco.

Por meio de descrições ordinárias

  • Segundo, por meio de descrições ordinárias.

Deus conduziu esses autores humanos controlando o produto de suas penas, mas, ao mesmo tempo, concedeu aos autores a liberdade de escreverem em seu próprio estilo, usando suas personalidades singulares, e de acordo com suas próprias perspectivas dos acontecimentos.

Paulo escreve com sua mente legal, usando uma estrutura gramatical e um vocabulário complicados. Marcos escreve com seu entusiasmo jovem, usando gramática e vocabulário simples. E eles registram elementos bastante humanos. Ao escrever a Timóteo, Paulo escreve em 2 Timóteo 4.13: Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo.

Fico feliz em ver que Paulo se esquecia das coisas também; isso me dá um pouco de esperança!

Ao mesmo tempo, nenhum dos escritores humanos que contribuíram com a Bíblia escreveu: “Eu acho que estou certo quanto a isso, mas poderia estar equivocado…” ou, “Talvez você não concorde comigo nesse assunto, mas…”. Não! Eles escreveram: “Assim diz o Senhor.”

Por meio de revelação divina direta

  • Terceiro, por meio de revelação divina direta.

Houve tempos em que Deus falou diretamente ao homem. Moisés não se sentou um dia e disse: “Vamos ver, fico pensando como esse mundo passou a existir. Tudo indica que, no princípio, criou Deus os céus e a terra…”.

Não, Moisés não estava lá no princípio. Ele jamais poderia ter pensado naquilo sem que o registro de Deus fosse passado a ele no decorrer dos tempos e sem que o Espírito Santo revelasse a ele os pequenos e exatos detalhes envolvidos nas coisas criadas naquele dia.

Além disso, Moisés nunca disse: “Preciso de algumas leis para esse povo seguir porque, se não tivermos regras, jamais conseguirei controlar essa nação. Então, vou criar algumas aqui. Vamos ver… acho que vou elaborar dez mandamentos…”. Não.

Seria impossível a Isaías se sentar um dia, séculos antes do nascimento de Cristo, e registrar a profecia do capítulo 7, verso 14:

Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel.

Virgens não concebem e Deus não toma a forma de um bebê!

Deus falou aos profetas do Antigo Testamento da maneira como lemos em Deuteronômio 18.18, conforme Deus anuncia:

Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar.

A propósito, somos informados, na verdade, que os profetas nem sequer entendiam, às vezes, o que estavam escrevendo. Veja o que Pedro escreve em 1 Pedro 1.10-12:

Foi a respeito desta salvação que os profetas indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada, investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glórias que os seguiriam. A eles foi revelado que, não para si mesmos, mas para vós outros, ministravam as coisas que, agora, vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho, coisas essas que anjos anelam perscrutar.

O mistério da inspiração é a autoria dupla, ou seja, que Deus colaborou e controlou a humanidade para produzir um texto inerrante, a Palavra de Deus em forma escrita.

A propósito, esse mesmo mistério de colaboração da Palavra escrita é visto na Palavra Viva, o Senhor Jesus Cristo. Deus colaborou e controlou uma mulher chamada Maria e o Filho de Deus sem pecado se revestiu de humanidade.

Se você consegue entender a encarnação, você consegue entender a inspiração. Mas, possivelmente, assim como eu, você também não consegue nem começar a entender nenhum desses dois.

Agora, pessoas já me perguntaram dezenas de perguntas sobre o assunto às quais jamais poderem fornecer uma resposta adequada se estivermos na esperança de chegar ao verso 3 de Romanos 3. Recomendo simplesmente que você leia um bom livro no assunto, ou uma teologia sistemática de um bom autor evangélico conservador sobre a doutrina das Escrituras.

Contudo, deixe-me apenas tratar de mais algumas questões pertinentes à doutrina da Bíblia, ou Bibliologia. Uma dessas questões é a da canonicidade.

O Cânon das Escrituras

O termo grego “kanon” significa “vara de medir.” Nos tempos bíblicos, uma vara era utilizada como uma medida. Então, a palavra passou a significar, no sentido metafórico, um padrão de medida.

Posteriormente, o termo “cânon” passou a se referir à lista completa dos livros entregues por Deus. Atanásio, o bispo piedoso de Alexandria no século quarto, se referiu aos vinte e sete livros do Novo Testamento como o cânon completo.

Antes dele, por volta do ano 170 A.D., Melito, o bispo de Sardis, alistou os livros do Antigo Testamento em seus escritos. Ele não incluiu nenhum livro apócrifo ou duvidoso.

Foi somente cerca de mil anos depois, no Concílio de Trento, que a Igreja Católica oficialmente declarou os Apócrifos como parte do cânon. Todavia, é significante saber que o Concílio de Trento foi uma reação da Igreja Católica aos ensinos de Martinho Lutero, o monge convertido, bem como ao Protestantismo que se espalhava com grande rapidez, ou Movimento Protestante.

O teólogo Wayne Grudem escreveu palavras perceptivas em sua Teologia Sistemática. Ele afirma que, ao incluir os livros apócrifos como parte do cânon, a Igreja Católica estava apenas reconhecendo livros que apoiavam suas doutrinas, como a oração pelos mortos e a justificação pela fé com ajuda das obras. Mais importante que isso, os líderes da Igreja Católica poderiam defender que a igreja possui a autoridade para determinar o que constitui as Escrituras, enquanto os protestantes advogavam que a Igreja não tem essa autoridade, mas apenas reconhece o que Deus já de fato revelou.

Grudem ainda forneceu uma analogia para ilustrar esse ponto. Ele disse que, em uma investigação, um policial consegue reconhecer dinheiro falso e dinheiro genuíno. Contudo, o policial não pode transformar dinheiro falso em dinheiro genuíno, nem uma declaração de vários policiais transformar um objeto em algo que ele não é.

Hoje, quando usamos a expressão “cânon das Escrituras,” dizemos que os sessenta e seis livros da Bíblia compõem o registo completo da revelação divina. Ainda adiciono, concordando com meus antepassados protestantes, que nenhuma igreja ou concílio possui autoridade acima das Escrituras, mas as Escrituras é que possuem toda autoridade acima da igreja.

Como as Escrituras Verdadeiras Foram Identificadas?

Então, como os crentes identificaram as verdadeiras Escrituras?

Por meio da providência da proteção e preservação de Deus

  • Primeiro, por meio da providência da proteção e preservação de Deus.

Sabemos que Paulo, na verdade, escreveu mais cartas além das que Deus preservou. A Bíblia, contudo, diz que é suficiente para toda a boa obra. Isso significa que os crentes não descobrirão um dia que viveram milhares de anos sem algum livro do Novo Testamento escrito por Paulo ou outro alguém, um livro que precisávamos para viver uma vida obediente para a glória de Deus. Não, Deus preservou tudo o que precisamos.

Por meio do registro de autoria

  • A segunda maneira de identificar as Escrituras verdadeiras é por meio do registro de autoria. Um profeta ou membro da comunidade apostólica escreveu os livros do cânon.

Por meio do teste de conteúdo

  • Daí, existe o teste do conteúdo. E é aqui que fica óbvia diferença entre o que Deus soprou e o que o homem criou.

Por exemplo, o Pastor de Hermas alegou ser uma escritura sagrada, mas ensina a necessidade de penitência e um perdão imediato e automático por ocasião do batismo. Em outras palavras, é melhor você guardar um pecado grande para logo após o seu batismo, já que ele será automaticamente perdoado.

O Evangelho de Tomé, o qual muitos argumentam fazer parte do cânon, termina com uma conversa meio estranha:

Simão Pedro disse a eles: “Deixe Maria partir para longe de nós, pois mulheres não são dignas da vida.”

Jesus disse: “Não, eu irei guiá-la, a fim de que eu a transforme em um homem, e ela também se torne um espírito vivente, espelhando os homens. Pois toda a mulher que se fizer como homem entrará no reino do céu.”

Por meio do teste de utilidade e crescimento espiritual

  • Um quarto teste antigo para autenticação das Escrituras era o da utilidade e crescimento espiritual.

Em outras palavras, o impacto das Escrituras na vida radicalmente transforma o estilo de vida do pecador.

Dennis Prager e um professor ateu chamado Jonathan Glover de Oxford, Inglaterra, estavam debatendo sobre a autenticidade das Escrituras. Dennis fez a seguinte pergunta: “Se você, professor Jonathan, ficasse encurralado à meia-noite em uma rua deserta na cidade de Los Angeles, e se, quando saísse de seu carro com medo e temor, de repente ouvisse pegadas vindo atrás de você, e você olhasse para trás e visse dez homens vindo em sua direção, faria ou não alguma diferença saber que eles haviam acabado de sair de um estudo bíblico?”

O mundo sabe que aqueles homens, que acabaram de sair de um estudo bíblico, estariam mais provavelmente planejando ajudar o homem, e não feri-lo.

Meus amigos, outros livros foram fornecidos para nossa informação. Este livro, a Bíblia, foi nos fornecido para a nossa transformação. Essa são palavras sagradas, o sopro do próprio Deus.

O Que a Palavra de Deus Realiza?

Vamos explorar esse pensamento um pouco mais a fundo. Simplesmente, o que a Palavra de Deus realiza?

Na vida da igreja

  • Primeiro, o que a Palavra de Deus realiza na vida da igreja?

Para começar, a Palavra é o diferencial entre uma igreja viva e uma igreja morta. Você alguma vez já entrou em uma igreja e sentiu morte ao invés de vida? Eu já. Você consegue cheirar morte. Não passa de um necrotério com aparência de igreja.

Em Apocalipse 3.1, o Senhor repreendeu a famosa igreja de Sardis que havia deixado a obediência às Escrituras, dizendo: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto.

Jesus Cristo repreendeu também a igreja de Laodicéia em Apocalipse 3. Ele disse que eles estavam cegos, ou seja, não conseguiam enxergar bem as coisas espirituais. Ele disse aos crentes laodicenses no verso 17: tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.

Essa não é uma lista de coisas que uma igreja deseja ser, não é mesmo? Jesus disse a essa igreja: “Vocês estão cegos.”

Isso se torna ainda mais significante se você entende que a cidade de Laodicéia era famosa pela produção de um remédio chamado “tefra Frígia.” Esse remédio era exportado em forma de tabletes e, então, moído e misturado com água e aplicado aos olhos. O pó frígio era reconhecido como um remédio maravilhoso para olhos fracos e doentes. E foi a essa igreja nessa cidade que Cristo disse no verso 18: Aconselho-te que de mim compres… colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.

Qual era a solução para essas duas igrejas? Era ouvir à advertência escrita, as santas palavras de Deus.

Na vida do mundo

  • Segundo, o que a Palavra de Deus realiza na vida do mundo?

Ela é o instrumento para conduzir o descrente à fé salvífica. Paulo escreveu em Romanos 10.17:

A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.

O apóstolo Pedro escreveu em 1 Pedro 1.23:

pois fostes regenerados… mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente.

Na vida do crente

  • Finalmente, o que a Palavra de Deus realiza na vida do crente?

A Bíblia é o recurso completo e suficiente para uma vida santa. 2 Timóteo 3.16-17 nos diz:

Toda Escritura é inspirada por Deus e útil… a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado…

O termo “habilitado” era usado para se referir a uma carroça completamente carregada para uma longa jornada. A Bíblia diz: “Ao viajar pela jornada da vida, carregue sua carroça com a Palavra de Deus —ela é tudo o que você precisa.”

Ao ignorá-la, você não está perdendo apenas um livro de um profeta ou uma carta de algum apóstolo. Ela é tudo o que você precisa. A pergunta que devemos fazer então é: “Simplesmente, o que você está fazendo com o que recebeu?”

Meu amigo, sua resposta ao estudo bíblico nunca deve ser: “Vou pensar se irei ou não fazer o que Deus deseja que eu faça… talvez farei algumas coisas… vou pensar.”

Não. O verdadeiro estudante da Bíblia folheia suas páginas com a seguinte atitude: “Eu irei praticar essas coisas… eu irei crer em Cristo… eu irei lhe obedecer.”

Deixe-me contar a você uma história.

O presidente executivo de uma empresa deixou sua cidade e deu um aviso prévio de dois dias. Na verdade, apenas poucas pessoas da empresa sabiam que ele tinha viajado. Ele se ausentaria por várias semanas e ele sabia que os vice-presidentes e os demais membros de sua equipe não poderiam tocar os negócios por muito tempo sem a sua direção. Daí, quando estava de viagem, escreveu uma longa carta com diretrizes e ordens bem específicas. Nessa carta, ele descreveu projetos que gostaria que fossem terminados, vários clientes importantes com os quais ele gostaria que sua equipe entrasse em contato e os outros negócios normais que ele queria que dessem continuidade. Quando chegou em seu destino, enviou a carta para a sua empresa.

O presidente ficou distante por muito tempo. Na verdade, não somente semanas, mas vários meses se passaram até que ele retornou. Quando estava entrando no estacionamento, ele imediatamente percebeu que algo estava errado. O espaço físico de sua empresa não havia sido cuidado; nem sequer haviam cortado a grama da entrada.

Quando entrou no saguão, a recepcionista estava pintando as unhas e o telefone ao lado tocando. Ele se apressou e pegou o elevador para o andar executivo. Quando a porta do elevador abriu, ele ficou admirado com aquela cena diante de seus olhos. Os vice-presidentes haviam transformado o local de trabalho em uma academia enorme. Tinha de tudo, desde pesos até mesa de sinuca. A equipe estava vestindo roupas comuns, rindo e brincando. Quando o pessoal percebeu que o presidente estava ali em pé parado, todos calmamente se aproximaram dele. E ele simplesmente perguntou: “Vocês receberam a minha carta?”

E a resposta foi um choque: “Sua carta? Ah, sim, recebemos. E até fizemos várias cópias para que cada funcionário tivesse uma.”

Ele perguntou: “Bom, vocês leram carta?”

“Ler?” Dividimos a companhia inteira em grupos para estudarmos sua carta! Alguns até chegaram a memorizar parte dela e um memorizou tudo – ele recebeu o apelido de ‘Carta Ambulante.’ Outros funcionários fizeram músicas sobre a sua carta. O pessoal fez camisas e canecas com frases e citações.

Aquela carta que você escreveu foi algo bastante desafiador, encorajador e ajudou a levantar a moral de todos no trabalho. Estamos até pensando na possibilidade de separarmos uma hora por semana para que todos os funcionários se reúnam em grupos e discutam o conteúdo dela.”

A essa altura, o presidente já estava desistindo. Mas, ele ainda perguntou mais uma coisa: “Alguém fez o que eu pedi?”

“Fazer?”

“É, tipo, os clientes para os quais eu queria que vocês tivessem ligado, os projetos que deveriam ter sido terminados – alguém pelo menos fez o que eu pedi na carta?”

“Uh, não senhor. Sabe, ainda estamos no processo de desenvolvimento de novos métodos criativos de como estudar a sua carta.”

Meu amigo, o problema não é o que não entendemos na Bíblia; o problema é o que entendemos e decidimos não fazer. Todos nós fomos confiados com o sopro sagrado de Deus, a carta inspirada de Deus. O que iremos fazer com essa carta hoje? E o que você fará com ela amanhã?

Uma coisa é nós, o corpo de crentes, dizer: “Cremos na Bíblia!” Outra coisa é nos comportar de acordo com aquilo que dizemos crer. Que nossa crença e nosso comportamento sejam um e o mesmo para a glória de deus e em obediência ao sopro de Deus, Sua Santa Palavra.

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 20/01/2002

© Copyright 2002 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

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