
Velhice, Um Tesouro
Velhice, Um Tesouro
Tito 2.1–2
Introdução
Van Morris escreve a respeito de três irmãs que viviam juntas há vários anos; elas tinham 92, 94 e 97 anos de idade. Numa noite, a de 97 anos decidiu tomar banho; entrou no boxe do chuveiro, mas esqueceu a toalha. Daí, ficou na dúvida: “Espere aí... eu estava entrando ou saindo do banho?”
A irmã de 94 anos gritou de lá de baixo: “Espere aí, vou subir para ajudá-la.” Então, saiu da cozinha e começou a subir as escadas. Quando já estava no meio das escadas, parou, pensou e se perguntou: “Calma aí... eu estava subindo ou descendo?”
A irmã mais nova, a de 92 anos, estava sentada na cozinha tomando uma xícara de chá e ouvindo as outras duas irmãs—uma presa no chuveiro e a outra presa nas escadas. Com um sorriso satisfeito no rosto, ela balançou a cabeça e disse: “Essas minhas irmãs... tomara que minha memória nunca fique ruim como a delas.” Daí, gritou alto: “Vocês duas, esperem um pouco; vou subir para ajudá-las assim que descobrir quem está batendo na porta da frente.”
Esse é o caminho de todos nós, e ele está cada dia mais perto.
Existem várias coisas envolvidas na velhice que ninguém gosta. Eu tenho um irmão mais velho que também é pastor. Ele me disse outro dia que, por causa de seu problema nos joelhos, o médico tinha mandado ele parar de correr e apenas caminhar. Mas, recentemente, o médico lhe disse que caminhar não era mais uma opção; ele deve encontrar outra forma de exercício.
Ninguém gosta das restrições que somente aumentam quando chega a velhice. Esses são os efeitos de se envelhecer. Na verdade, se você já se pegou entrando no quarto procurando seus óculos para, simplesmente, se olhar no espelho e ver que já está com eles no rosto, então, então sabe do que eu estou falando.
A verdade é que estamos numa cultura que desesperadamente nega essa realidade, e muitos pagam uma fortuna para manter a aparência de jovem. Você precisa ter uma aparência de jovem, permanecer jovem, vestir-se como um jovem e falar como um jovem. Então, a indústria do rejuvenescimento—que não é a indústria da saúde, mas dos produtos para reverter o processo de envelhecimento—já chegou nos Estados Unidos aos $100 bilhões de dólares por ano. Conforme um especialista disse, tudo por uma questão de paz para a mente.
A filosofia é que, seja o que for, quando você chegar na velhice, não tenha aparência de velho e não fale como velho; na verdade, nem aja como um velho.
De acordo com a Bíblia, a velhice é um tempo proveitoso quando podemos repassar à geração mais nova o conhecimento, a sabedoria, o discernimento e o equilíbrio que aprendemos com a verdade, a fé e a vida em si. Davi escreveu no Salmo 92.14: Na velhice ainda darão frutos.
Envelhecer de tal forma que se possa dizer, conforme o Salmo 37.25:
Fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado.
E para uma cultura amedrontada com a velhice, é hora de repensarmos não somente as oportunidades, mas também as obrigações pessoais e responsabilidades que vêm com a velhice.
A Bíblia não nos manda evitar a velhice ou resistir a ela; na verdade, ela dá boas-vindas à velhice e nos manda tirar vantagem dela. A Bíblia exalta o cabelo branco, equiparando-o à sabedoria. Salomão escreveu que, para os que andam com Deus, o cabelo branco é coroa de glória (Provérbios 16.31).
Ao mesmo tempo, a Bíblia desafia os idosos a maximizar essa sabedoria, suas experiências e fé provada para a glória de Deus e bem da igreja. Numa cultura que se recusa a agir de acordo com a velhice, estamos prestes a descobrir o que a Bíblia nos manda fazer com a velhice.
Acho interessante que a solução de Paulo contra os falsos mestres e falsos ensinos na ilha de Creta não era somente enviar Tito a essas igrejas para estabelecer uma liderança de pastores qualificados, mas também envolver a família da igreja em tarefas especiais. E a tarefa da igreja está relacionada ou à idade ou à sua situação na vida.
Se você conhece um pouco sobre as epístolas do Novo Testamento—as cartas dos apóstolos, sendo Paulo o autor da maioria delas—, então sabe que Paulo geralmente se refere a grupos particulares de pessoas. Ele fala diretamente aos homens, às mulheres, aos maridos, às esposas, aos pais, aos filhos e outros. Essas são conversas de família.
Bom, ele está aqui prestes a mandar que Tito tenha uma conversa de família ao ensinar as congregações na ilha de Creta. E logo descobrimos que Tito desafiará, acima de tudo, os homens idosos. Abra sua Bíblia juntamente comigo no capítulo 2 de Tito.
Agora, quando Paulo escreveu essa carta, não havia divisões de capítulos. Os capítulos foram adicionados cerca de 400 anos atrás a fim de ajudar o leitor a localizar mais rapidamente alguma passagem. Na maioria das vezes, essa divisão ajuda; mas, às vezes, ela interrompe um pensamento que deveria fluir naturalmente.
Portanto, para entendermos a argumentação de Paulo no capítulo 2, é importante voltarmos um pouco ao final do capítulo 1, no verso 16, que diz:
No tocante a Deus, professam conhecê-lo; entretanto, o negam por suas obras...
Ou seja, eles não agem como se conhecessem a Deus.
...é por isso que são abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra. Tu, porém...
“Mas, quanto a você.” A ênfase está no “tu;” “Tu, porém...”.
Em outras palavras, isso é que os falsos mestres estão ensinando e assim que estão vivendo; mas você, Tito, fala o que convém à sã doutrina.
Aqui está aquela palavra novamente, “sã;” “hygaino,” da qual derivamos a palavra “higiene.” “Tito, ensine a eles coisas espiritualmente sadias, ensino puro, completo, doutrina limpa.”
A congregação deve receber de seu pastor instrução constante e cuidado pastoral sobre questões práticas da vida cristã e atitudes piedosas resultantes da fé e da doutrina sadia.
Agora, o surpreendente aqui é que pensaríamos que Paulo começaria a fazer uma exposição do que a sã doutrina é. Mas notamos que o capítulo 2 não é uma revisão das doutrinas da fé. Note a ordem no verso 1 mais cuidadosamente. “Tito: Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina.”
Ou seja, faça uma reunião com a família da igreja e lhes exponha o tipo de vida adequado do crente, apropriado à sã doutrina, que está em harmonia à doutrina sadia.
Então, o capítulo 2 de Tito não está relacionado a crenças, mas a comportamento. Tito não está preparando um teste-surpresa para eles nas questões doutrinárias; a ordem é ensiná-los sobre o caráter do crente. Paulo já expôs o caráter e vida dos cretenses. E, como você bem sabe, Paulo foi bem sincero e objetivo. Agora, ele prossegue e começa a expor o caráter e vida dos crentes.
E Paulo será tão sincero e objetivo com os crentes como havia já sido com os cretenses. Nessa conversa de família, Paulo falará sobre questões como ira, imoralidade, imaturidade, fofoca, substâncias abusivas, preguiça, prioridades, desonestidade, desobediência, palavras insolentes, insinuações e roubo.
E esta é a questão: se você deseja ser identificado pelos cretenses como um crente genuíno, existem atitudes que são coerentes com um Cristianismo genuíno e incontaminado. E Paulo começa essa conversa de família falando sobre os homens velhos.
Talvez você esteja se perguntando quem no texto é considerado “velho” ou “idoso.” Paulo dá seis características diferentes de um homem idoso piedoso.
- Temperante.
Note o verso 2: Quanto aos homens idosos, que sejam temperantes.
A primeira palavra na lista é “temperante.”
Agora, não ignore a implicação desse verso: “Quanto aos homens idosos, que sejam...”.
Isso significa que é possível ser idoso e não ter essas características. Um crente velho não é automaticamente um crente piedoso. A idade não torna um crente velho mais fiel, mais satisfeito, mais piedoso e mais eficiente no serviço do Senhor. Pensaríamos que Paulo não precisaria recomendar nada aos idosos. Com certeza, a essa altura de suas vidas, eles já são o tipo de crente que devem ser!
Mas o fato que esses homens estão incluídos nessa conversa e colocados em primeiro lugar revela a natureza crítica de que esses homens, acima de todas as demais pessoas, devem crescer e amadurecer nessas áreas. E a primeira área é descrita como “temperante.”
Originalmente, a palavra significava “não misturado com vinho; sem vinho.” Ela passou a se referir a pessoas sóbrias, discretas, em controle de seus [desejos], palavras e ações.
A palavra, posteriormente, passou a se referir a um homem não indulgente, não descuidado, não entregue às paixões e emoções que se acendem tão rápido como se apagam. Um comentarista ainda adicionou que essa palavra também descrevia um homem livre de excessos, vícios e coisas destrutivas como pornografia e drogas.
Paulo já havia descrito os cretenses como homens velhos pervertidos, com mentes e consciência corrompidas (Tito 1.15). Agora, vamos consertar isso; você era um cretense também. Vamos mostrar a eles o que significa ser um cretense saudável, com uma vida proveitosa e incontaminada. Em outras palavras, vamos mostrar a eles o que significa ser um homem piedoso.
Mas na mente de Paulo, quem era considerado um homem velho, idoso? Com quem Paulo fala primeiro nessa conversa de família? Sabemos a partir da literatura grega que, nos dias de Paulo e Tito, a palavra usada no verso 2 para “homens idosos” se referia aos homens de cinquenta anos de idade. Se você já tem 50, está chegando lá ou já passou, então é um homem idoso! Não sou eu que estou dizendo isso; é Paulo.
Além disso, quando você chega nos cinquenta, não precisa mais negar nada. Sabia que estava ficando velho mesmo.
Eu li uma vez que você sabe que está ficando velho quando:
- reconhece a música no elevador e acompanha; e
- possui certas roupas há tanto tempo que elas já entraram na moda duas vezes.
Na mente de Paulo, que escreveu essa carta a Tito muito antes da invenção do elevador, se você tem 50, já está dentro!
Mas Paulo não para por aí. Ele adiciona outra característica:
- Respeitáveis.
Note o que ele adiciona à lista em seguida no verso 2: Quanto aos homens idosos, que sejam temperantes, respeitáveis.
A palavra “semnos” significa “digno de respeito.” Ela carrega a ideia de uma mente séria. Isso não significa que ele é o estraga-prazeres, um velho que não ri ou se diverte; longe disso. Ela refere-se ao homem que nunca ri da coisa errada, de piadas vulgares ou com insinuações impuras, ou com o sofrimento de outras pessoas. Simplesmente significa que ele não é superficial, mas profundo; ele possui um caráter de peso. A palavra “respeitável” pode se referir a um homem que amadureceu.
Os cretenses eram adolescentes. Quais são as atividades de adolescentes? Alguém que vive para si mesmo e seus próprios prazeres, que vê pessoas como peões a serem movimentados conforme sua vontade.
Os cretenses não queriam trabalhar, lembra? Eles queriam ser pagos e ter uma vida de luxo e independência e todas as suas necessidades e demandas supridas. Se não conseguissem as coisas do seu jeito, o mau-humor viria e todos sofreriam.
Os homens de Creta viviam deitados ao invés de trabalhando. Eles se recusavam a aceitar responsabilidades, se sacrificar e a ter uma ética no trabalho que fosse além de sua zona de conforto. Eles queriam viver na adolescência.
A implicação aqui no verso 2, então, é que é possível para um idoso ainda se comportar como um menino. Paulo está dizendo: “Mostre à sua cultura o que significa agir conforme sua idade.”
O adolescente vive em torno de suas reflexões superficiais—veja minha roupa, olhe meus músculos, meu dinheiro, minha namorada, minha casa, meu carro, meu emprego, olhe só as minhas cosas legais! Ou seja, “Respeite-me por causa daquilo que eu tenho.” Paulo diz: “Não, precisamos de homens idosos dignos de respeito por aquilo que eles são.”
A propósito, estamos enfrentando um grande desafio em nossa cultura. Na verdade, o mundo Ocidental como um todo está experimentando o mesmo fenômeno e os dados de relatórios vêm da França, Itália, Inglaterra para as Américas.
Li um livro recentemente que cataloga muito desse fenômeno. Ele foi escrito por um jornalista num período de dez anos. O livro é fantástico. Não foi escrito com uma perspectiva cristã, mas certamente se aplica ao desafio que a igreja enfrenta em nossos dias. O título é A Morte da Maturidade. É um dos poucos livros seculares que recomendaria a pais, pastores, líderes e professores em geral.
Pesquisas na Grã-Bretanha revelam que, hoje, 46% dos casais adultos na Grã-Bretanha consideram a casa de seus pais ainda como suas casas. Na Itália, quase uma dentre três pessoas de trina anos para cima nunca deixou a casa dos pais. Na verdade, um caso na Itália chamou minha atenção. Um homem jovem entrou com um processo na justiça para que seu pai se responsabilizasse financeiramente por ele, não porque ele era desempregado, mas porque não conseguia encontrar um emprego de acordo com seus objetivos e ambições. Esse homem tinha seu próprio apartamento, não vivia em casa e tinha mais de 30 anos de idade.
Nos Estados Unidos, cada vez mais adultos assistem a desenhos que a jornais. Em 1990, a média de idade das pessoas que jogavam videogame era de 18 anos; hoje, a média é de 30 anos.
A Academia Nacional de Ciências redefiniu o termo “adolescência,” aquele período que conhecíamos como iniciando na puberdade e finalizando na idade adulta. Agora, o termo foi oficialmente redefinido de forma que começa em torno dos 12 anos e termina por volta dos 30. Uma agência foi ainda mais além, afirmando que a idade de transição de um homem termina em torno dos 34 anos.
E existem muitas implicações nisso. Isso significa que desenvolvemos uma geração cujos pais são adolescentes, cujos objetivos na vida são em torno do EU e do MEU; agora, a próxima geração já levou as coisas para outro nível, tendo sua transição para idade adulta somente após os 30 anos.
E isso tem tido impacto no ministério nos últimos 10 anos. Pastores de hoje não querem mais ficar diante da congregação com aparência de adultos dignos. O motivo é simplesmente que a noção de idade avançada deve ser resistida e muitos, com isso, agem como crianças e adolescentes. Muitos evitam a dignidade da velhice e até mesmo da vida adulta.
Um autor escreveu: “Nossa civilização possui uma devoção religiosa à adolescência perpétua.”
E a solução não é instantânea. Na verdade, Paulo sabia que a solução seria desafiar primeiramente os homens idosos a começar a busca por essas características para, em seguida, se tornarem mentores e discipularem os homens mais jovens que nunca tiveram um pai. Ou (a verdade seja dita) jovens homens que tiveram um pai adolescente e que jamais tinha amadurecido.
Após ler sobre esse assunto, fui desafiado a focalizar no ministério de homens em nossa igreja de forma mais agressiva e firme neste aspecto: encorajar os homens mais velhos ou mais maduros espiritualmente a se tornarem mentores dos mais novos e imaturos na fé.
A igreja precisa, ela tem que ser o lugar onde temos dentro de nosso círculo familiar homens idosos que podem ser para os homens mais novos a verdadeira figura de um pai maduro que nunca tiveram.
Homens idosos respeitáveis e dignos de respeito, não por aquilo que possuem, mas por aquilo que são.
- Sensatos.
Note, agora, o que Paulo adiciona à lista do verso 2: Quanto aos homens idosos, que sejam temperantes, respeitáveis, sensatos.
“Sensatos.” Essa é uma das palavras preferidas de Paulo para descrever a famílias. Esse é o único desses termos que ele utiliza não só para homens idosos, mas também para moças e rapazes, o que o conduz a instigar a família como um todo no verso 12 a viver de forma sensata.
Essa palavra se refere a uma mente e pensamento sadios que se revelam no estilo de vida autodisciplinado. Ou seja, você faz a coisa certa não porque alguém manda ou relembra a você, mas porque faz parte de seu desejo íntimo diário. Você se levanta pela manhã e diz: “Senhor, quero pensar corretamente, pensar biblicamente. Dá-me sabedoria para julgar as coisas corretamente.”
Homens idosos já viveram o suficiente para presenciarem muitas coisas. Eles já são velhos o suficiente para saber que o pecado promete mais que pode produzir. Homens idosos já lidaram com dinheiro o bastante para saber que ele não pode trazer felicidade; na verdade, ele possui asas como de um pássaro e facilmente voa embora. Homens idosos já possuíram coisas demais para saber que elas rapidamente se amontoam no depósito. Homens idosos já viram doenças e sofrimentos o suficiente para entender que a vida é frágil e imprevisível. Portanto, aproveite o agora. Eles já desenvolveram um pensamento equilibrado e com discernimento, que são características da palavra “sensatos.”
Paulo escreve: “Homens idosos devem ser sensatos;” em outras palavras, precisam ser maduros o suficiente para manter seus pés no chão.
- Sadios na fé, no amor e na constância.
Finalmente, Paulo adiciona ao final do verso 2 outra característica:
Quanto aos homens idosos, que sejam temperantes, respeitáveis, sensatos, sadios na fé, no amor e na constância.
Em outras palavras, eles são sadios—aqui está aquela palavra novamente—, completos e incontaminados na sua fé, no seu amor e na sua perseverança.
“Sadios na fé” descreve seu relacionamento pessoal com Jesus Cristo—sua confiança contínua nele. “Sadios no amor” descreve seu relacionamento pessoal com as outras pessoas—sua escolha contínua de demonstrar o amor ágape—a palavra usada por Paulo aqui—um amor sacrificial pelos outros. “Sadios na perseverança” descreve o compromisso do homem idoso em buscar esses relacionamentos independente das circunstâncias.
Agora, que tipo de homem crente não deveria se alistar para uma caminhada saudável com Deus e relacionamentos saudáveis com outros? Mas quantos se alistam para a perseverança necessária para buscar pureza na fé e no amor, independente das situações? Quantos homens não vivem em busca de um escape ou atalho? “Ah, pensei que o Espírito de Deus fosse aliviar as coisas para o meu lado quando comecei.”
Veja bem, a maior demonstração do poder de Espírito foi em Jesus Cristo não ter fugido da cruz, mas a suportado. Por quê? Para que ele pudesse voltar à sua comunhão com o Pai, tendo satisfeito a ira de Deus, a fim de ter um relacionamento de amor com os que creem nele. Ele perseverou. Apesar de ser plenamente Deus, ele era plenamente homem; e ele se tornou para nós o exemplo perfeito de Homem idoso que amadureceu mais rápido que seus anos de vida na terra.
O que a família e a igreja precisam, de acordo com Tito 2, é primariamente de homens idosos que vivem em busca de Cristo.
Em um livro que li, o autor conta a história de quando sua filha era apenas uma garotinha e lhe deu um saco de papel para ele levar consigo para o trabalho. Quando ele lhe perguntou o que estava no saco, ela respondeu: “Só umas coisinhas. Leve com você.”
Já no seu trabalho, quando se sentou para almoçar, ele pegou aquele saco e despejou tudo sobre a mesa: dois lacinhos, três pedras, um dinossauro de plástico, um lápis já pequeno, uma conchinha de praia, batons usados, dois chocolates e 13 centavos. Ele deu um sorriso, terminou seu almoço, jogou tudo no lixo e voltou ao trabalho.
Quando chegou em casa àquela noite, sua filha lhe perguntou onde estava o saco. Ele disse: “Deixei no escritório. Por quê?” “Bom,” ela disse, “aquelas são minhas coisas e gosto muito de brincar com elas. Achei que você fosse gostar delas também, mas agora eu as quero de volta.” Quando ela notou seu pai meio hesitante, seus olhos se encheram de lágrimas e perguntou: “Você não perdeu o saco, perdeu?” Ele disse que não e garantiu que o traria de volta no dia seguinte. Quando ela foi dormir, ele voltou correndo ao escritório. Daí, ele escreve:
Minha filha havia me dado seus tesouros... tudo o que uma menina de sete anos tinha. E eu perdi. Não perdi simplesmente. Eu joguei tudo fora. Voltei ao meu escritório e esvaziei todas as lixeiras na minha mesa. O zelador veio e me perguntou: “Você perdeu alguma coisa?” “Sim, minha cabeça! Está por aqui em algum lugar!”
Quando encontrou o saco, ele o desamassou e colocou dentro dele novamente as coisas de sua filha: dois lacinhos, três pedras, um dinossauro de plástico, um lápis pequeno, uma conchinha de praia, batons usados, dois chocolates e 13 centavos. Ele os trouxe para casa, sentou-se com sua filha e pediu que ela lhe contasse a história por trás daquele tesouro. Ele escreve:
Para minha surpresa, minha filha me deu o saco novamente alguns dias depois; o mesmo saco, com as mesmas coisas dentro. Me senti perdoado. No decorrer de vários meses, ela ficou me dando aquele saco de vez em quando para eu levar comigo para o trabalho. Nunca soube por que recebia num dia e não no outro. Comecei a pensar nele como o “Prêmio do Papai.”
Com o passar do tempo, minha filha voltou sua atenção a outras coisas... ela cresceu. Num dia de manhã, ela me deu o saco e nunca me pediu de volta. Ele fica no meu escritório, ainda daquela época em que uma pequena criança me disse: “Toma; isto é o melhor que tenho; este é o meu tesouro; é todo seu.” Eu o perdi da primeira vez; mas, agora, ele é meu.
Por meio de Tito, Paulo convoca uma reunião de família. E ele começa essa reunião dizendo à igreja que o que precisamos, acima de tudo, é de homens idosos que sabem:
- o que devem jogar fora e o que devem guardar;
- o que devem ignorar e o que devem buscar;
- o que devem denunciar e o que devem ensinar.
Homens maduros e que, ao mesmo tempo, deixaram a adolescência e assumiram a maioridade.
Como você pode ter a certeza de que está fazendo a mesma coisa? Paulo desafia Tito a convocar uma reunião de família e explicar. Busque essas qualidades de caráter. E, a propósito, se você deseja ser esse tipo de homem idoso um dia, comece hoje. Vá em busca destas qualidades: temperança, respeito, sensatez, fé sadia, amor sadio e compromisso para, acima de tudo, perseverar.
Precisamos de homens idosos que descobriram a natureza do verdadeiro tesouro e são comprometidos com a busca pelo que realmente importa.
E ouça: os homens idosos que sabem qual é o verdadeiro tesouro se tornam o verdadeiro tesouro para a família de Deus e para todos os que têm o privilégio de conhecê-los, observá-los e segui-los!
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 13/05/2012
© Copyright 2012 Stephen Davey
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