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Vivendo na Cidade do Homem  

Vivendo na Cidade do Homem  

系列: Tito (Titus)
參考: Titus 1–3

Vivendo na Cidade do Homem    

Série Cristianismo Extraordinário – Parte 1

Tito 3.1–2

Introdução

O planeta Terra é o lar de dois mundos reais, e o crente está em contato com ambos. Agostinho se referiu a esses mundos como “A Cidade do Homem” e “A Cidade de Deus.” A Cidade do Homem é o mundo físico ao nosso redor, o mundo com o qual nos envolvemos por meio de nossa visão, tato, olfato, paladar e audição. Mas, ao mesmo tempo, o crente está bem ciente de outro mundo, um mundo invisível, que é tão real quanto o físico; e, na verdade, é eterno. É um mundo com o qual nos conectamos não por meio de nossos sentidos, mas por meio do Espírito. Aquele que projetou e criou ambos os mundos é a mesma pessoa, o nosso Deus Criador.

Agora, a maioria das pessoas no meu mundo concordaria com o que eu acabei de dizer, exceto com a última declaração. Elas acreditam que existe algo a mais, mas não falam de um Ser Supremo Inteligente ou Criador Soberano.

William Erwin Thompson comparou o nosso mundo incrédulo com moscas que andam no teto da Capela Sistina, todas felizes, sem notar as formas majestosas, cores e arquitetura ao seu redor.

Alheias à realidade espiritual, as pessoas até a negam. Com certeza, o arrebatador ensino da evolução ganhou a maioria da opinião pública, asseverando que não existe nenhum Designer que pintou com criatividade o mundo ao nosso redor. Alguns até estudam os padrões complexos dessa pintura, mas negam que existe um Pintor, alguém fora de seu mundo de moscas e insetos que, de fato, projetou e pintou esse belo e incrível mural.

Professores buscam, com bastante empenho, retirar dos murais da história e ciência qualquer referência ao Criador. O crime politicamente incorreto de nossa geração é afirmar com um senso de certeza de que o Criador está ao nosso redor. Pior ainda é dizer que ele foi responsável pela pintura. Se você quiser ainda piorar as coisas, sugira que não somente a pintura é dele, mas também o teto, o chão, a terra e o universo. Temos observado, especialmente nas últimas décadas, os constantes esforços do nosso mundo de remover a assinatura do Pintor da tela do universo.

Semana passada, li um caso que foi levado à justiça. Foi numa pequena cidade no estado de Nova Iorque, Estado Unidos, que dava início às suas reuniões do governo com uma oração. Daí, pensamos automaticamente: “Ah, sabia que ia dar nisso.” Mas o que faz desse caso algo esquisito é que a cidade já havia tentando ser politicamente correta, uma vez que convidava representantes de diferentes religiões para orar. Eles tentaram, trouxeram até um ateu que, obviamente, não sabia nem para quem orar. Ainda mais, convidaram uma sacerdotisa de bruxaria a orar. Mas o tribunal concluiu: “A prática da cidade em orar produziu o efeito de afiliar a cidade ao Cristianismo.” Até mesmo o conceito de oração era muito cristão e teve de ser abandonado.

Se eu fosse Deus, não teria ficado quieto esse tempo todo. Teria começado a escrever mensagens no céu como: “Ei, estou aqui.” Eu faria com que a chuva ficasse cor de rosa ou faria chover M&M’s para admitirem que existe alguém lá em cima!

Evidentemente, Deus não é intimidado pela incredulidade, por ser ignorado ou desrespeitado. Mas nós somos. Na verdade, podemos ficar enfurecidos, ressentidos e amargurados. Um autor escreveu:

Como uma reação ao crescimento rápido e prejudicial de imoralidade e impiedade, os crentes têm ficado tanto entristecidos como enraivecidos. A hostilidade se intensifica ainda mais quando sabem que os seus impostos estão sendo usados para patrocinar ideias e práticas que, há poucas gerações, eram condenadas pelos homens mais seculares. Eles temem pelos seus filhos e ainda mais pelos seus netos por causa do tipo de mundo em que nascerão, serão educados e terão de viver.

Existe um antagonismo crescente ao governo; um pessimismo crescente em relação a instituições; existe um movimento crescente de isolamento entre crentes por meio do qual abandonam a cultura completamente e basicamente se escondem no mato. Eles dizem: “Essa Cidade do Homem está indo para o inferno. Então, darei toda minha atenção, tempo, dinheiro e energia à Cidade de Deus.”

Você já parou para pensar que o motivo por que Jesus Cristo não o levou imediatamente para o céu após a salvação é que ele deseja que você viva na Cidade do Homem revelando a Cidade de Deus? E quanto maior a diferença entre os dois mundos, mais evidente sua demonstração se torna.

E, a propósito, o mundo com o qual você tem ficado ressentido e enraivecido não é seu inimigo, mas o seu campo missionário. E ele não está fazendo nada que não já deveríamos esperar!

Então, o que fazer? Como vivemos na Cidade do Homem enquanto aguardamos pela Cidade de Deus? Os crentes na ilha de Creta devem ter se perguntado a mesma coisa. “E agora, Paulo? Tipo, você nos disse como agir na igreja em Tito 1; nos disse como nos relacionar um com o outro em Tito 2. E aí, acabou? Esse é o final de nossas responsabilidades e obrigações enquanto vivemos temporariamente na Cidade do Homem?”

Paulo está prestes a informá-los de que o Cristianismo não retira o crente da sociedade, mas transforma o crente num membro produtivo da sociedade. O Cristianismo não faz de você um cidadão isolado; ele faz de você um cidadão melhor. O Cristianismo não alivia você de seus deveres cíveis, ele os reforça.

É sério?!

Prepare-se. Na verdade, intitulei essa minissérie de Cristianismo Extraordinário porque iremos descobrir que o Cristianismo deve fazer de mim e de você referências extraordinárias na Cidade do Homem à medida que representamos de fato a Cidade de Deus.

  • E a primeira área na qual os crentes mostram distinção extraordinária é na maneira como reagem aos governantes.

Note o verso 1 de Tito 3:

Lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às autoridades; sejam obedientes, estejam prontos para toda boa obra.

Se você viajasse à ilha de Creta, encontraria pessoas que tinham uma reputação em todo o império de serem insatisfeitas e descontentes; elas estavam sempre envolvidas em algum tipo de motim ou conflito e odiavam o imperador romano.

Plutarco, o historiador do primeiro século que viveu na mesma época em que Tito servia na ilha de Creta, escreveu que os cretenses estavam sempre à beira de uma revolta. E grande parte da população judaica não hesitava dar uma mãozinha. Lembre-se, a ilha de Creta era um refúgio para piratas. Era uma ilha que se esbanjava num estilo de vida independente e egoísta, e que não gostava de dar satisfação a ninguém. Já vimos que a palavra “cretense” havia se tornado apelido para mentirosos, feras terríveis e ventres preguiçosos (Tito 1.12). Não era muito o tipo de pessoa que gostava de prestar contas às autoridades.

Paulo diz: “Então, Tito, lembre esses crentes de que eles não devem agir como seus antepassados. Podem até ter sangue de pirata correndo em suas veias, mas agora são novas criaturas em Cristo e devem se destacar como pessoas diferentes e notáveis na sua atitude para com as autoridades.”

Na língua original, Paulo usa dois infinitivos e dois substantivos. Então, podemos ler: “Sejam sujeitos, sejam obedientes às autoridades.”

Este é um pensamento radical: crentes não estão acima da lei. Não podemos dizer: “Ei, somos cidadãos da Cidade de Deus. Então, tchau para vocês, cidadãos da Cidade do Homem.” Na verdade, não.

Se fôssemos à explicação mais completa de Paulo em Romanos 13, veríamos vários princípios transformadores relacionados à questão do governo secular. A primeira coisa que descobrimos tanto em Romanos como em Tito é que obediência aos governantes e às autoridades não é uma opção, mas uma ordem. Você não ora para descobrir se vai ou não pagar seus impostos, se adequar aos sistemas de construção e regulamentações de negócios, se vai pagar seus empregados o salário-mínimo, se vai ou não pagar o imposto devido no seu carro. Os crentes não ganham passe livre.

Paulo ainda nos informa de que a instituição do governo é uma criação de Deus. Ele escreveu em Romanos 13.1:

Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas.

Em outras palavras, todo poder político e cível foi designado por Deus. O apóstolo Pedro escreveu em 1 Pedro 2.13:

Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano, quer às autoridades, como enviadas por ele...

Enquanto nos envolvemos como cidadãos deste país, votando e agindo conforme a nossa consciência, podemos descansar em completa confiança que os propósitos de Deus jamais serão frustrados; ele possui cada ministério em seu controle; cada juiz é um ministro sob sua direção providencial e o coração de cada rei está na palma de suas mãos.

Não existe motivo algum para o crente entrar em pânico. Medo e ressentimento pela cultura ao nosso redor podem ser indicadores de que não pensamos que Deus está acompanhando tudo, que ele está deixando as coisas escaparem do controle. “O que Deus está pensando?! Vou desistir!”

Ah, não! Talvez você irá ocupar um ofício, ou deve escrever uma carta graciosa e informativa ao editor do jornal. Talvez você deva servir no ministério de educação ou se voluntariar em alguma área da sociedade. Pegue sua vela, leve-a até a sua sociedade e brilhe com uma luz na Cidade do Homem, revelando um Cristianismo extraordinário à medida que representa a Cidade de Deus.

E isso nos revela outro princípio sobre nossa reação aos governantes: o crente deve obedecer às autoridades cíveis a despeito da reação delas ao evangelho.

Não se esqueça de que, quando Paulo escreveu essas cartas, Nero estava no trono e a sociedade estava tão depravada como nunca. Não havia leis sobre sexualidade; heterossexualismo era considerado uma prática dos santarrões; o imperador era bissexual; pedofilia, adultério, idolatria, aborto, prostituição e vício em drogas não eram somente práticas vistas em todo o império, mas também eram legais e absolutamente aceitas. E esse foi o século em que Cristo Jesus plantou a igreja viva, e a igreja explodiu na sua existência. Por quê? Dentre outras razões, os crentes se destacavam como diferentes de todas as demais pessoas. Eles respeitavam as autoridades mesmo quando as autoridades odiavam o evangelho. Roma dava ordens aos crentes para se tornarem aliados da Cidade do Homem, Roma, ao oferecerem anualmente incenso e declarar: “César é senhor.” Crentes morreram como mártires ao invés de tentarem derrubar o imperador; eles simplesmente se recusaram a negar que Cristo era o único Senhor.

Então, será que é errado desobedecer à lei? Sim, desde que a vontade da lei não demande que você viole a Palavra de Deus. Devemos agir como os apóstolos, que foram ordenados que parassem de pregar o evangelho de Cristo e disseram: “Importa-nos mais obedecer a Deus do que aos homens.” (Atos 5.29)

Ao invés de organizar uma insurreição ou instigar uma levantada contra Nero, Paulo está, na verdade, levando aos crentes a notícia surpreendentes de que deveriam respeitar a autoridade na terra e seguir a lei, ao menos que ela seja contra o evangelho. Nesse caso, eles deveriam estar prontos a morrer pela fé.

E os crentes cantavam em seu caminho à execução; eles haviam servido à Cidade do Homem e sabiam que estavam prestes a entrar na Cidade de Deus. O mundo poderia somente balançar a cabeça, sem entender a atitude daqueles crentes extraordinários.

Qual é a sua atitude para com as autoridades na sua vida? Todos nós estamos debaixo da autoridade de alguém na Cidade do Homem. Qual é a sua atitude para com a autoridade de:

  • seus pais;
  • seus professores;
  • seus supervisores;
  • seus pastores e presbíteros;
  • sua prefeitura;
  • seu imposto de renda;
  • seu imposto de propriedades;
  • um policial que o para no trânsito.

Eu assisti a um programa de televisão um tempo atrás no qual crianças pequenas num dado momento foram colocadas numa sala com brinquedos e um prato de biscoitos. Enquanto estavam lá dentro, disseram a elas que não poderiam comer os biscoitos até que um adulto entrasse na sala. Daí, o adulto saía da sala e a filmagem começava; a agonia era terrível. Algumas crianças imediatamente iam direto ao prato e ficavam encarando aqueles biscoitos, e encarando... Algumas começavam a conversar sozinhas: “Não coma os biscoitos, não coma.” Uma criança foi para o canto da parede e ficou batendo sua cabeça contra a parede.

A verdade é que a câmera está filmando, pessoas provavelmente assistindo. Mas mesmo que não estejam, o que o seu espírito e coração comunicam em relação à sua atitude para com as autoridades?

“Certo, está bom, eu admito, a Bíblia é bem clara. Preciso, realmente, obedecer à lei.”

Muito bem, mas, preciso alertá-lo que o apóstolo Paulo está apenas começando. Você perceberá que ele não somente tem algo a ensinar sobre como se relacionar às autoridades, mas...

  • ...ele ainda adiciona como devemos nos relacionar com outras pessoas.

E a primeira coisa que ele diz sobre nosso relacionamento com os outros é que devemos, na realidade, andar uma milha a mais. Note a última parte do verso 2: estejam prontos para toda boa obra.

Em outras palavras, é muito mais do que simplesmente admitir, ceder à lei em relutância. Paulo diz: “Aqui está a maneira como revelar um Cristianismo extraordinário aí mesmo na ilha de Creta e em qualquer outro lugar: prepare-se, esteja pronto para sair de seu conforto e se submeter aos líderes de sua comunidade e ao povo que o cerca nessa Cidade dos Homens.” Estejam prontos para toda boa obra significa que o nosso Cristianismo não nos dá um passe livre em nossa sociedade.

Mais uma vez, lembre-se de que essa atitude seria completamente diferente do comum. A comunidade judaica na ilha de Creta, e, na verdade, em todo o Império Romano, incitava separação da cultura local. Os judeus ficavam juntos entre si e isolados das demais pessoas.

No primeiro século, os judeus que viviam fora de Israel formaram uma comunidade bem estrita na qual ninguém entrava e da qual ninguém saía. Eles eram relutantes para se submeter às leis e autoridade locais; achavam que estavam acima delas. Um autor escreveu que eles tratavam as pessoas ao seu redor com desdém aparente. Ao invés de viverem misturados com o povo e revelar o caráter e a glória de Deus, os judeus guardavam essa revelação para si mesmos e não se envolviam com o que eles chamavam de “sociedade secular.” Você não se mistura com pagãos!

Talvez você esteja pensando: “Bom, Paulo está mandando os irmãos de dentro da igreja realizarem boas obras entre si.”

Digo que, com certeza, esse é um princípio bíblico, conforme Gálatas 6.10:

Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé.

Mas em nosso texto de Tito 3, Paulo termina sua sentença no verso 2 com um esclarecimento um pouco mais adiante que diz: a todos os homens—não só os crentes.

Mas eu tenho que fazer isso?

O interessante é que, a qualquer momento nessa ilha movimentada, um soldado poderia tocar com sua lança as costas de um cidadão e esse cidadão, por lei, deveria carregar os equipamentos do soldado por uma milha. Todos tinham ódio dessa prática, especialmente a população judaica e, com certeza, crentes também que não queriam interromper suas atividades rotineiras para sair e ajudar os inimigos. Uma milha romana era o equivalente a mil passos. Então, sem dúvidas, a pessoa pegava os equipamentos do soldado e começava a contar: “1, 2, 3, 54, 76, 989, 999, 1000! Pronto! Toma de volta sua lança e seu escudo! Estou fora!”

Mas Jesus Cristo disse na sua pregação no Sermão do Monte, conforme registrado em Mateus 5.41: Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas.

Imagine a surpresa para o soldado romano ao chegar para um crente e esse crente lhe dissesse: “Ei, eu sei que já caminhei os 1000 passos, mas, por causa de minha obediência a Jesus Cristo, meu Salvador, estou disposto a carregar seus equipamentos por mais 1000 passos.” Esse soldado romano e todas as pessoas testemunhando o fato coçariam suas cabeças e diriam em voz baixa: “Esses crentes são pessoas diferentes.”

Você deseja demonstrar um Cristianismo extraordinário? Ande mais uma milha!

Paulo ainda adiciona no verso 2: Não difamem a ninguém. Com isso, ele nos mostra que a segunda coisa que devemos fazer em nosso relacionamento com as outras pessoas é policie o seu linguajar.

O verbo grego utilizado por Paulo aqui é “blasphemeo,” do qual derivamos nossa palavra “blasfêmia.” Mas, nesse contexto, a referência é à difamação a outras pessoas.

Note que Paulo não deixa nenhuma saída, pois diz: “Não difamem a ninguém.” Não existe nenhum “se.”

E essa ordem para o crente não poderia ser mais clara. Não podemos insultar com nossos lábios; não podemos depreciar ou ofender os políticos, irmãos crentes, colegas de trabalho ou membros de família, mas sempre honrar a reputação do evangelho. O motivo é simples: essas são as atitudes comuns na Cidade dos Homens; é um mundo do “cada um por si” e dos “mais fortes sobrevivem.” As pessoas sabem como usar da espada para trilhar seu caminho até o topo.

Um historiador do primeiro século disse que, em Creta, a difamação era praticada como uma arte refinada.

Esse verbo está subordinado ao verbo imperativo, o que significa que crentes estavam envolvidos nisso. Paulo, então, diz: “Tito, lembre-lhes de que Cristianismo extraordinário não pratica a calúnia e difamação contra outras pessoas.”

Tire de seu vocabulário palavras como “idiota,” “burro,” “otário;” você jamais impressionará alguém com o Cristianismo se xinga o motorista, seu professor, chefe ou colega.

Nunca me esquecerei de um homem com quem eu conversava uma vez após o culto. Sua família estava do lado de fora esperando por ele e não sabia onde ele estava. O templo já estava praticamente vazio quando seu filho de uns 13 anos nos viu, correu até ele e disse: “Estávamos procurando por você em todo lugar, seu idiota!” Eu comecei a ficar roxo. Pensamentos de pena capital começaram a vir à minha mente. Mas, fiquei lá quieto, admirando-me com o fato de aquele homem nem sequer corrigir seu filho verbalmente ou dizer o que meu pai teria dito: “Vamos conversar sobre isso quando chegarmos em casa.” Mas fiquei pensando depois... é bastante provável que aquele é o tipo de linguajar do pai dentro de casa e a ficha nunca caiu.

Acontece que estamos vivendo numa sociedade grosseira, vulgar e mal-educada, na qual podemos demonstrar nosso Cristianismo com distinção extraordinário.

Portanto, vá uma milha extra, policie o seu linguajar e Paulo continua com a terceira atitude para com as pessoas: não sejam altercadores.

“Não altercadores” significa “não briguentos.” Paulo era um homem lutador, mas não um homem briguento.

O Cristianismo extraordinário não revida. Mesmo que você tenha muitos motivos que considera “bons” para retaliação, não faça isso. Reflita no apóstolo Paulo enquanto ele escreve essa carta a Tito. Governadores romanos, por causa de orgulho e incompetência, haviam deixado Paulo na prisão por anos; autoridades romanas o haviam ilegalmente prendido, espancado com varas, tardado suas audiências e, quando as acusações foram apresentadas, o deixaram por vários anos numa prisão domiciliar. Se alguém tinha bons motivos para escrever uma carta, esse alguém era Paulo, e essa carta não seria para Tito, mas para o senado de Roma. Ele poderia ter resmungando para cada sentinela em sua guarda. Ele poderia ter exigido melhores cuidados por ser um cidadão romano livre. Mas Paulo se senta numa prisão chamada “Ninho do Rato” e escreve: “Em tudo dai graças.” Ele testemunhou o evangelho aos soldados e eles, com certeza, disseram entre si: “Aquele homem é absolutamente diferente. Não é possível, existe algo nesse seu Cristianismo.”

Eu geralmente recomendo aos meus alunos no seminário uma biografia de Robert Chapman, que foi um pastor de uma pequena igreja na Inglaterra no século 19. Robert permaneceu solteiro sua vida inteira; pastoreou uma pequena igreja durante seu ministério inteiro. Contudo, fez um grande impacto em sua comunidade. Charles Spurgeon o chamou de o homem mais santo da Inglaterra.

Mas nem todo mundo gostava de Robert Chapman; um comerciante na vila o odiava. Ele ficou tão enfurecido com as pregações ao ar livre de Robert que, em várias ocasiões, passou por Robert e cuspiu nele. Por vários anos, esse dono de mercearia insultava Robert quando ele aparecia para comprar alguma coisa. Mas Robert nunca revidou.

Daí, numa bela ocasião, alguns familiares ricos de Robert foram visitá-lo. Já que Robert era solteiro, eles insistiram para comprar comida e cozinhar durante o tempo em que se hospedariam com Robert, e ele concordou. Eles perguntaram qual mercearia Robert lhes recomendaria para comprar uma carroça cheia de comida. Robert indicou a mercearia do homem que, há anos, o insultava. Os familiares não sabiam sobre a situação, mas Robert insistiu que eles fossem até o outro lado da cidade para fazerem as compras naquela mercearia específica. E eles acabaram comprando mais comida do que poderiam carregar e pediram para que tudo fosse entregue na casa do reverendo Robert Chapman. O dono da mercearia ficou surpreso e pediu que repetissem o endereço, dizendo também que haviam ido à mercearia errada. “Não,” eles disseram, “o Robert insistiu que viéssemos aqui.” Quando o dono da mercearia chegou com a entrega à casa de Robert, ele caiu em prantos e Robert acabou conduzindo aquele homem à fé no seu Senhor naquela tarde.

Esta é uma demonstração de um Cristianismo extraordinário:

  • Ele vai uma milha extra;
  • Ele policia o sue linguajar;
  • Ele não revida.

Em quarto, Paulo ainda diz que ele permanece firme em seu curso devido. Paulo escreve no verso 2: não difamem a ninguém; nem sejam altercadores, mas cordatos.

A palavra “cordatos” não consegue transmitir a profundidade de caráter que a expressão grega indica. Esse adjetivo é encontrado apenas 5 vezes em todo o Novo Testamento e se refere a alguém que é pacientemente firme, constante em seus objetivos. Refere-se a alguém capaz de se submeter a injustiça, desgraça e maus tratos sem ódio ou indignação, confiando em Deus a despeito de tudo.

Por esse motivo, Paulo diz em nossa linguagem de hoje: “Cristianismo extraordinário fica firme em seu curso devido;” podemos ainda adicionar: “com paciência.”

Fácil para Paulo dizer isso!

Novamente, Paulo usa essa palavra do interior escuro e frio do Ninho do Rato, a prisão designada para casos sem esperança, para prisioneiros que jamais veriam a luz do sol novamente. E ele escreve: Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens.

O apóstolo Pedro também usou a mesma palavra ao escrever em 1 Pedro 2.15–16a:

...estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor...

Como você reage quando é questionado, especialmente quando sua fé é ridicularizada e desafiada? Como reage a insulto e argumentações opostas?

Aqui está um gostinho de nossa cultura de hoje. Um jornalista escreve:

O discurso racional está em perigo. Ele está dando lugar a agressões verbais; a grosseria é a metáfora dominante no... [diálogo]. Nossas trocas de ideias são em confronto, arrogantes e causam divisão. Equilíbrio e justiça são raridades em programas de televisão enquanto uma, duas, três, quatro vozes discutem simultaneamente desejando prevalecer. O volume alto e a teimosia são as novas virtudes cíveis.

A boa notícia é que o Cristianismo pode se tornar ainda mais extraordinário.

Mais uma ordem de Paulo a Tito inclui: não ajam em favoritismo. Ele conclui no verso 2: dando provas de toda cortesia. Deixe-me dar a você a tradução literal da palavra grega traduzida como “toda” em nosso texto. Preparado? Significa “toda.” Na verdade, sua ideia pode ser ainda mais expandida, significando “todo o tipo de cortesia.”

Independente de raça, religião, preferência política—mesmo que sejam esquerdistas e você sofre a tentação de dar-lhes um empurrão—independente de posição social, nível educacional, idade ou etnia. Seja humildemente bondoso e cordato para com todos os homens! Se existe a necessidade, não importa quem seja, esteja alegre e pronto para supri-la. Quer Cristianismo mais extraordinário do que esse?

George Whitefield, um líder espiritual dos anos de 1800, soube de uma viúva que tinha uma família grande e que teve todos os seus móveis levados pelo dono da casa porque ela não tinha dinheiro para pagar seu aluguel. Whitefield montou o cavalo e viajou uma longa distância com seu amigo até a vila dessa mulher. Eles chegaram à casa dela e, para a surpresa e gratidão da viúva, ele lhe deu cinco libras. Essa era uma quantia suficiente naquela época para pagar o aluguel dela e pegar seus móveis de volta. Nos dias de hoje, a oferta de Whitefield equivaleria a uns 500 dólares.

Quando estavam voltando para casa já ao cair da tarde, o amigo de Whitefield lhe deu uma bronca, dizendo que ele não tinha todo aquele dinheiro para dar à viúva. Whitefield respondeu: “Quando Deus coloca uma necessidade à nossa frente é para que a supramos.” Daí, os dois homens foram surpreendidos por um ladrão que vinha a cavalo e parou à frente deles, exigindo dinheiro. Whitefield, é claro, não tinha nenhum dinheiro, mas seu amigo tinha e o ladrão levou tudo. Depois que o ladrão foi embora, Whitefield virou o jogo para cima de seu amigo e o lembrou de como teria sido muito melhor se a pobre viúva tivesse aquele dinheiro ao invés de o ladrão.

Eles continuaram sua viagem, mas, de repente, o ladrão retornou e exigiu o casaco de Whitefield. Whitefield graciosamente concordou, mas perguntou se poderia ficar com o casaco velho e esfarrapado do bandido, uma vez que estava muito frio. O ladrão concordou e eles trocaram de casacos. Em seguida, o bandido foi embora novamente.

Depois de algum tempo, acredite você ou não, eles viram o ladrão galopando em direção a eles o mais rápido que podia. Dessa vez, temendo por suas vidas, eles deram com suas esporas no lado dos cavalos e, felizmente, chegaram a uma pequena vila antes que o ladrão os alcançasse. O bandido teve que dar meia volta e ir embora. Mas, certamente, ficou atormentando por causa do que havia se passado. Porque, quando Whitefield pegou o casaco esfarrapado do ladrão que havia colocado próximo à fogueira, achou no bolso do casaco as cinco libras de seu amigo e cem libras mais! Isso significa na economia de hoje que Whitefield deu à viúva 500 dólares e recebeu 50 mil de volta.

Esse é o tipo de Cristianismo sobre o qual estou falando!

Mas quantos de nós daria dinheiro a um estranho em necessidade? Estes são os atributos de um Cristianismo extraordinário:

  • Vai uma milha a mais;
  • Policia seu linguajar;
  • Recusa revidar;
  • Fica firme em seu curso devido; e
  • Não age em favoritismo.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 16/09/2012

© Copyright 2012 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

 

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