
Vida Passageira
Vida Passageira
Série Satisfeitos! – Parte 5
Tiago 4.13–17
Introdução
Na semana passada, li um artigo de jornal que chamou minha atenção. Ele apresentou uma campanha feita por uma organização de ateus chamada “Liberdade da Religião.” A expressão “liberdade de pensamento” tem se tornado mais popular do que “ateísmo” ou “agnosticismo” porque, obviamente, soa mais positiva e até mesmo mais sofisticada. Liberdade de pensamento significa basicamente a liberdade da ideia de um Deus Criador a quem um dia deveremos prestar contas.
A palavra “ateu” é um termo grego composto transliterado de theos (“Deus”) com o prefixo a (“não”). Atheos se refere a alguém que simplesmente não acredita que existe um deus.
Esse artigo anunciou uma campanha feita em outdoors. Curiosamente, ela se estende pelo mês de abril, o tempo em que a igreja celebra a crucificação e a ressurreição de Jesus Cristo, o Filho de Deus.
Eu pesquisei na internet e encontrei imagens desses outdoors. O que faz deles algo singular é que possuem uma foto enorme de uma pessoa incluindo seu nome e a cidade onde mora. O desejo dessas pessoas é justamente ficar conhecidas por sua incredulidade. A campanha inclui 12 outdoors. Deixe-me compartilhar alguns deles para você ter uma ideia.
- Algumas adolescentes disseram: “Colocamos nossa fé na ciência.” O que é uma contradição em termos, mas você entende bem o que estão dizendo.
- Uma mulher se identificou como dona-de-casa. Ela disse: “Eu não preciso de um poder superior para ter um propósito superior.”
- Outro outdoor tinha a foto de um homem dizendo: “Eu escrevo histórias de ficção; não acredito nelas.”
- Um caminhoneiro afirmou: “Eu fui salvo da religião.” Eu gostaria de dizer para ele que ninguém é salvo pela religião.
- Esta última declaração achei até engraçada. Um homem disse: “Razão acima do dogma. Sempre!”
“Razão acima do dogma. Sempre!” Essa declaração, por acaso, já não é por si mesma um tanto dogmática?
- Vou mencionar mais um só de um homem aposentado que disse: “Temos o mundo todo em nossas mãos.”
Essa afirmativa resume tudo, não é mesmo? Este é o meu mundo, não o mundo de Deus; o mundo está em minhas mãos, não nas mãos do Criador; o que significa que esta é a minha vida e a minha vontade, não a de Deus.
Liberdade de pensamento não é nada mais do que uma afronta, conforme descrito em Romanos capítulo 1, onde nos é revelado a aversão da humanidade a Deus. O pecador suprime a verdade de Deus e recusa reconhecê-lo e ser grato a ele pela criação. Ao invés disso, o pecador busca a especulação e se proclama sábio; como essa campanha, na qual eles dizem ter liberdade de pensamento. Mas, na realidade, como Paulo escreve, eles se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato (Romanos 1.21). Como o homem que disse em um de seus poemas: “Sou o mestre do meu destino, sou o capitão da minha alma.”
Mas, sinceramente, não tenho tanto problema assim com os ateus fora da igreja como tenho com os ateus práticos dentro da igreja. Podemos contrariar os incrédulos lá fora que dizem não crer na existência de Deus e, ao mesmo tempo, ignorar o número crescente de pessoas que dizem confessar Jesus Cristo como Salvador, mas não têm praticamente nada a ver com Cristo. Esses são os ateus na vida prática! Eles frequentam uma igreja que decidem gostar, casam-se com alguém que escolhem amar, selecionam uma vocação que parece ser interessante, constituem uma família, compram e vendem casas, carros e bens, expandem seus investimentos, aposentam-se e, em todo esse tempo, seguem a correnteza da cultura sem incluir Deus em seus planos.
Podemos até não conseguir identificá-los imediatamente, porém ficam mais evidentes quando dão conselhos aos seus filhos: “Você precisa escolher uma profissão que paga bem; precisa conhecer um rapaz ou moça boa, fazer uma boa faculdade para conseguir um bom trabalho e morar num bom bairro próximo à família enquanto vive sua boa vida.”
Eles argumentam: “Claro, é isso que Deus deseja que você faça. Você nem precisa se preocupar em perguntar... tenho certeza de que é isso que Deus quer!”
Meu amigo, ateísmo prático é viver, pensar e tomar decisões sem nunca ponderar seriamente a Palavra de Deus, muito menos a vontade de Deus. Os ateus práticos enchem nossas igrejas aos domingos, cumprindo suas obrigações ao não se envolverem em problemas. Entretanto, nunca agonizam em oração perguntando a Deus:
- Senhor, estou realmente te agradando?
- Esta decisão que estou prestes a tomar é a decisão correta conforme a tua vontade?
- Por favor, Senhor, direcione meus passos hoje!
- Senhor, conceda-me sabedoria em meus estudos hoje. Desejo que meu relacionamento seja conforme a tua Palavra;
- Senhor, ajude-me neste exato momento a resistir às tentações que eu sei que me esperam hoje no trabalho: a tentação de mentir, fofocar, comer demais, paquerar, roubar, procrastinar, brincar, trapacear. Senhor, eu quero te representar bem hoje!
Isso é ateísmo prático e é seguido hoje por milhões de pessoas que enchem igrejas dizendo crer em Deus, mas não têm nada a ver com ele. Muitos entre esses são, sem dúvida alguma, ainda não regenerados, nunca correram à cruz em fé verdadeira e arrependimento. Para esses, o apóstolo Paulo traz o desafio: Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé (2 Coríntios 13.5).
Ao mesmo tempo, muitos podem até ser crentes genuínos, mas vivem vidas autocentradas e desobedientes. Pense nisto: será que é possível a um crente genuíno viver uma vida autocentrada? Será que é possível para um crente pensar mais em seu próprio prazer do que no prazer de Deus? É possível para um crente tomar decisões sem consultar o conselho de Deus?
Quando foi a última vez que você se olhou no espelho com alguma medida de honestidade? Bom, vamos fazer isso hoje. E o espelho em particular ao qual me refiro é um que foi endereçado a um grupo de crentes judeus; um espelho inspirado por Deus por meio do meio-irmão do Senhor; um espelho embalado em formato de carta.
Temos estudado Tiago capítulo 4. Tiago tem descrito, desafiado e convocado ao arrependimento crentes que não passam de ateus na vida prática. Ele escreve nos versos 13 a 17:
Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo. Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna. Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.
Conforme esses versos, o ateu prático faz pelo menos cinco escolhas sozinho sem consultar a vontade de Deus ou sem qualquer desejo de discernir a sabedoria ou propósito de Deus para a sua vida.
- Primeiro, o ateu prático faz sua própria agenda.
Tiago escreve no verso 13: Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos. A expressão vós que dizeis se refere a uma conversa, raciocínio e planejamento constantes e ativos. Não é uma atitude acidental ou casual.
Essas pessoas planejam cuidadosamente um empreendimento baseado apenas em seu raciocínio e planejamento de quando é a melhor hora para começar o empreendimento.
“Hoje; no mais tardar amanhã; agora é a hora perfeita!” “Mas você orou sobre o assunto?” “Por que me preocupar com oração? Deus quer que eu seja feliz, não quer? Tenho certeza de que ele não vai querer que eu espere até a próxima semana. Hoje ou amanhã é a hora perfeita.”
Se você é um crente antigo, então já descobriu a questão crucial do tempo. Existem muitas coisas boas que pode fazer, mas o tempo delas é importante. Então, você aprende a orar não somente pela coisa certa, mas pela hora certa; você quer não somente fazer a coisa certa, mas quer fazê-la no momento adequado:
- quando me mudo daqui?
- quando mudo de emprego?
- quando tenho aquela conversa?
- quando vendo ou compro aquilo?
Quando eu estava no seminário, consegui convencer minha esposa de que estava na hora certa de trocarmos de carro. O que tínhamos era uma ferrugem ambulante. Já estava na hora de conseguir um carro mais novo ou algum com uma quilometragem menor, menos rodado. Ela tinha um bom emprego, trabalhando no escritório de um advogado. Eu trabalhava meio-expediente como entregador enquanto fazia aulas no seminário.
O momento para um carro mais novo era perfeito e eu até tinha um amigo que estava pronto para me vender seu carro com baixa quilometragem. Será que orei por aquilo? Bom, estava no seminário; orava o tempo inteiro; minhas notas eram à base da oração! Mas ainda não tinha orado especificamente pelo carro.
Finalmente, compramos o carrinho e conseguimos encaixar as prestações em nosso pequeno orçamento. Duas semanas depois, soube de um emprego como entregador para uma imobiliária. O presidente da empresa e vários outros sócios eram crentes. Anos antes, eles haviam decidido contratar apenas alunos do seminário para o trabalho, não somente porque confiavam nos alunos, mas também porque queriam ajuda-los a conseguir um emprego desejado e necessário. Junto com o trabalho, eles ofereciam um carro novinho e completo para meu uso durante 7 dias da semana, 24 horas por dia, com todas as despesas pagas, incluindo gasolina e troca de óleo. O carro ficaria comigo enquanto eu trabalhasse na empresa.
Mas, agora, estou eu com aquele outro carro parado na garagem do nosso apartamento, fazendo, com bastante frustração, pagamentos enquanto o carro junta poeira parado. Além disso, não tinha considerado o fato de o carro não ter ar condicionado e nós estávamos no Texas, um dos estados mais quentes dos Estados Unidos. Depois de aproximadamente um ano, acabei vendendo o carro e perdendo dinheiro na transação.
Com bastante frequência eu penso naquela decisão. Se eu tivesse apenas orado por aquela decisão num período de duas semanas... Aquela atitude de ateísmo prático me custou caro e me serviu de uma lição da qual jamais me esquecerei.
Você se precipita à frente de Deus nas decisões? Já tomou uma decisão somente para depois perceber que nunca pediu o voto de Deus? Tiago segura o espelho da Palavra diante do rosto do crente: o ateísmo prático faz sua própria agenda.
- Segundo, o ateísmo prático escolhe seu próprio destino.
Tiago escreve: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal. Em outras palavras, “Eu já decidi para onde irei me mudar e onde irei morar.”
Você já orou a respeito do lugar onde morar? “Por que me preocupar?” é o que o ateu prático diz. “Esse é um bairro bom e o preço está ótimo. Pelo que mais iremos esperar? Por que Deus não permitiria isso? É perfeito!”
- Terceiro, o ateísmo prático escolhe seus direitos.
Tiago descreve no verso 13: e lá passaremos um ano. Literalmente, “vamos fazer um ano lá.” Isso sugere mais do que uma vida casual. O plano é usar o ano com bastante atividade. A presunção é a de que eles têm o ano inteiro à sua disposição para o usarem conforme desejarem. A construção que Tiago usa aqui sugere que esses ateus práticos já começaram a planejar o que farão no ano seguinte.
- E não ignore, em quarto lugar, eles escolhem sua própria ocupação.
Tiago adiciona ao final do verso 13: e negociaremos. A palavra negociaremos é o termo grego emporeysometha, da qual derivamos nossa palavra “empório.”
Um empório é um centro de negócios, um local que fornece oportunidades para comprar e vender—fazer negócios. Consideramos cidades como Nova Iorque, São Paulo, Xangai, Tóquio e Londres como grandes empórios; são cidades de negócios. Esses judeus crentes haviam escolhido um centro de negócios e já decidido todos os detalhes na realização de seus investimentos.
- Esses ateus práticos presumiam mais uma coisa: eles estavam determinando seus próprios resultados.
Note a última frase do verso 13: e negociaremos, e teremos lucros. Esse resultado era o objetivo final, o alvo final do empreendimento. Teremos sucesso. E por que Deus seria contra isso?
Essas são cinco decisões do ateísmo em geral que não acredita na existência de um Deus a quem se deve pedir algo; é um ateísmo prático também porque presume que a vida pode ser vivida sem a inclusão da sabedoria de Deus em seus planos.
Para resumir, Tiago descreve no verso 13 pessoas que dizem:
- Eu sei quando irei começar meus negócios;
- Eu sei onde irei morar;
- Eu sei quanto tempo morarei lá;
- Eu sei o que farei enquanto estiver vivendo lá;
- E eu sei o que irá acontecer a mim enquanto eu estiver morando lá!
O mundo lá fora vive, planeja, decide, avança e trabalha dessa maneira; e já deveríamos esperar isso, já que eles negam a existência de Deus. Mas Tiago não descreve o mundo incrédulo. Nós, na realidade, em termo práticos, podemos planejar e agir como o mundo também!
Agora, precisamos entender que Deus não é contra o planejamento! Paulo escreveu em Efésios 5, versos 15 e 16:
Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus.
Ele escreveu aos tessalonicenses que o trabalho e a indústria eram coisas honrosas e que se recusar a trabalhar quando existe trabalho disponível é algo desonroso (2 Tessalonicenses 3).
Salomão também escreveu:
Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio. Não tendo ela chefe, nem oficial, nem comandante, no estio, prepara o seu pão, na sega, ajunta o seu mantimento (Provérbios 6.6–8).
Tiago não repreende esses comerciantes por seus planos; na verdade, ele nem os condena por seu desejo de lucrar, o que é uma coisa boa quando você conduz um negócio. Tiago os repreende, não pela sua profissão, [ou antecipação,] mas pela secularização de seus corações e mentes. Eles não incluíram Deus em seus planos. Assim como o mundo, esses crentes estavam planejando como se Deus não existisse. Isso é ateísmo prático.
Agora, tendo descrito como o ateu prático pensa, Tiago passa a descrever o que o ateu prático ignora. Tiago revela “Duas Realidades Ignoradas pelo Ateu Prático.”
- A primeira realidade é: a vida é totalmente imprevisível.
Note o verso 14: Vós não sabeis o que sucederá amanhã.
No dia 11 de Março de 2011, um terremoto no Japão criou um tsunami com ondas que varreram vilas e cidades. Quatro trens, incluindo um trem de passageiros, desapareceram. O Japão possui um dos sistemas de alarme mais sofisticados do mundo e ele funcionou perfeitamente. Os moradores de Sendai, a maior cidade atingida pelo tsunami, não conseguiram ouvir o alerta. Mesmo que tivessem sido alertados, eles teriam apenas 15 minutos para fugir.
Eu lembro de assistir às filmagens ao vivo das paredes de água varrendo uma fazenda que ficava no litoral, carregando barcos, prédios e casas como se fossem brinquedos de plástico. Era possível ver, um pouco mais adiante da água, carros se movendo lentamente pelas ruas da vila e um homem numa moto desprevenido, alheio àquela parede enorme e violenta de água e destroços que vinha em sua direção.
15 minutos! Você já esqueceu que a vida é imprevisível? Tudo o que é necessário é um acidente, um diagnóstico médico, um revés financeiro, uma mudança no mercado e na bolsa de valores, um tornado, uma tempestade qualquer e tudo muda em instantes. Por isso, Salomão escreveu em Provérbios 27, verso 1: Não te glories do dia de amanhã, porque não sabes o que trará à luz.
Meu amigo, os quartos de emergência estão todos cheios hoje de pessoas que tinham vários planos. Quem entre elas acordou e disse: “Acho que vou quebrar minha perna hoje, ser levado para o hospital e ser ignorado o dia todo”? Os quartos de emergência estão lotados de pessoas que tinham planos; como também os cemitérios. As pessoas não estão no cemitério porque não tinham mais planos; elas tinham planos também!
- E isso me conduz à próxima realidade que o ateu prático ignora. Ele ignora não somente que a vida é totalmente imprevisível, mas também, segundo, que a vida é fisicamente insustentável.
Tiago fala sobre isso no verso 14, ao escrever:
...Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa.
Não podemos capturar o vapor da vida e interromper seu progresso. Não podemos impedir o vapor da vida de sumir no ar.
A verdade é que todos estamos vivendo, nestes corpos, uma vida passageira. Não podemos conservar nossas vidas numa garrafa e impedir que ela se desenvolva e, por fim, termine. Como o poema que diz:
Quando era uma criança, eu sorria e chorava;
O tempo engatinhou.
Quando era jovem, eu sonhava e conversava;
O tempo caminhou.
Quando me tornei adulto crescido,
O tempo correu.
Mesmo velho, eu ainda crescia dia após dia;
O tempo voou.
Logo estarei na minha jornada
E o tempo terá se passado.
A vida é curta!
Esta é a grande oportunidade para eu dizer a você: agora, o dia da salvação” (2 Coríntios 6.2). Por que hoje é o dia? Porque não temos o amanhã sob controle. E se ainda não sabe onde passará a eternidade, você se encontra em terreno perigoso. Você diz: “Mas ainda sou jovem; ainda tenho muito tempo!”
Li recentemente um livro que fez bastante sucesso intitulado 100 Coisas a Se Fazer antes de Morrer. Aos 47 anos de idade, esse autor caiu dentro de casa, bateu a cabeça e morreu. Um artigo contou que esse autor estava na metade das 100 coisas a fazer antes de morrer. Ele chegou a apenas metade de sua lista. Tinha 47 anos. Jovens pensam que ele viveu muito.
Li outro dia um artigo de jornal que contava a história de um time invencível de basquete de uma escola de segundo grau. Eles jogavam o último jogo da temporada. A estrela do time tinha 1,9 metro e pesava 98 kg. O jogo estava empatado e já nos acréscimos. Esse jogador estrela, diante de milhares de fãs, conseguiu fazer uma cesta imediatamente antes de a sirene soar, dando a vitória ao time e selando uma temporada de sucesso. Seus companheiros o colocaram sobre seus ombros e desfilaram com ele pela quadra em celebração. Segundos depois, o rapaz caiu no chão e morreu de um ataque cardíaco, surpreendendo todos ali. Ele era apenas um adolescente do ensino médio.
A verdade é que a vida é fisicamente insustentável, independente da sua idade. Nenhum de nós sabe ao certo se viveremos ou não para ver mais uma luz do dia neste corpo.
O ateísmo prático diz: “Meu amanhã já está todo planejado e eu viverei para ver tudo o que acontecerá; e tenho certeza de que o Senhor irá aprovar.”
Tiago nos relembra daquilo que ignoramos: a vida é uma neblina. A palavra para neblina pode ser traduzida como “vapor.” Ela pode se referir à respiração que aparece no ar gelado quando você expira ou ao vapor subindo de uma chaleira fervendo água.”
Agora, precisamos entender que Tiago não está ensinando que cessamos de existir. A doutrina do Aniquilacionismo usa esse texto como prova. Tiago, na verdade, usa os verbos de mesma raiz duas vezes, cujo significado é “aparecer.” O que Tiago diz é que nós aparecemos por um momento e, logo depois, desaparecemos; somos visíveis e, depois, somos invisíveis.
Nós não cessamos de existir, apenas mudamos de forma, assim como um vapor que ainda existe, mas numa forma que não mais conseguimos enxergar. Então, se você planeja alguma coisa, Tiago diz, planeje baseado numa vida curta. Não ignore a natureza imprevisível da vida e não ignore a brevidade da vida.
É interessante que empresários nos dias de Tiago e nos séculos seguintes escreviam na primeira página de seus livros contábeis a frase: memento mori. Essa frase latina significa “Lembre-se de sua mortalidade.” Em outras palavras, nunca se ocupe de tal maneira a esquecer que você não terá esse trabalho para sempre.
As Escrituras constantemente nos relembram dessa fato. Nossa vida é como uma flor do campo (Isaías 40), como uma folha diante do vento (Jó 13), como uma sombra (Jó 14). Uma oração de Moisés incluída nos Salmos encoraja o fiel a desenvolver um coração sábio ao contar os... dias (Salmo 90.12). Literalmente, contar os números de dias que já viveu e os que restam ainda.
Se esse tipo de exercício não conduzisse a uma sabedoria piedosa, Tiago não nos teria relembrado a respeito da brevidade da vida e Moisés não teria sugerido que vivêssemos à luz dessa realidade.
Se você é ou não sábio é indicado pela resposta à pergunta: com que frequência considero o fato de que não viverei muito tempo? Então, vamos fazer esse exercício. Suponhamos que temos bastante saúde e vitalidade. Vamos calcular que eu e você viveremos a média de 77 anos. Quantos dias ainda resta para você?
- Se tem 15 anos, você ainda tem 22,630 dias restantes. Parece muito; então, vamos pensar em meses. Se você tem 15 anos, então restam 744 meses, caso viva até os 77 anos;
- Se você tem 25 anos, restam ainda 624 meses;
- Se você tem 35 anos, restam 504 meses;
- Se você tem 45 anos, restam 384 meses;
- Se você tem 55 anos, restam 264 meses;
- Se você tem 65 anos, restam 144 meses;
- Se você tem 75 anos, restam 24 meses;
- Se você tem 80 anos, pode ficar sentado sorrindo; já passou da média!
Você pode viver como Charles Ryrie, um professor de seminário aposentado que ensinou algumas matérias em nosso seminário. Ele dizia que era tão velho que nem mais comprava banana verde.
Eu comprei um vaso de vidro e o enchi com bolinhas de gude. Cada bolinha representa um mês de vida que me resta, caso eu viva até aos 77 anos de idade. Decidi contar os meses que me restam. A cada mês que passa, tiro uma bolinha do vaso e isso me faz lembrar que aquele mês não volta mais. Será que investi aquele mês bem, com sabedoria, ou desperdicei todo aquele tempo?
Ontem contei as bolinhas para me certificar de que tenho o número certo. Eu deveria ter 289 bolinhas no vaso, mas contei apenas 251. Estão faltando 38; acho que alguém quer que eu morra antes do tempo!
Você sabe o que esse vaso faz? Ele me relembra de que estou perdendo as bolinhas... e mais rápido que imaginava! Bom, na realidade ele me relembra de algo que tenho o risco de ignorar: a brevidade da vida. Eu quero contar os meus dias porque Moisés disse que isso desenvolveria em mim um coração sábio. Quero lembrar da brevidade da minha vida porque Tiago disse que isso ajudaria a não viver como um ateu prático.
A propósito, o vaso e as bolinhas de gude também me lembram de outra coisa: a vida, como conheço agora, não é nada comparada à eternidade. Nada!
A imprevisibilidade da vida foi projetada por Deus para nos lembrar de que nossa perspectiva é limitada. Precisamos da direção de Deus; a brevidade da vida nos lembra de que vivemos uma vida curta; precisamos da sabedoria de Deus.
Portanto, Tiago continua e nos fornece duas atividades. Podemos chamá-las de “Atividades do Crente Praticante que Resistem ao Ateísmo Prático.”
- A primeira atividade é: verbalize sua submissão a Deus.
Tiago diz no verso 15:
Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo.
Em outras palavras, você não fala mais como se fosse o soberano. No verso 13: “Vamos fazer isso, viveremos lá, nos envolveremos nessa atividade durante um ano e teremos sucesso no final.”
Tiago diz: “Vocês precisam parar de falar como se fossem o soberano e começar a agir como pessoas submissas ao Soberano.” “Se o Senhor permitir!”, que é outra forma de dizer:
- O que o Senhor quiser!
- Deixe-me perguntar ao Senhor sobre isso;
- Vou ver com o Senhor;
- Vou primeiro consultar o Senhor Soberano porque a vontade dele é a que realmente importa.
Nós não somos o Soberano; somos escravos do Soberano e nossa vontade é fazer a vontade dele. E, de acordo com o verso 16, o que passar disso é prepotência maligna e arrogante. Portanto, verbalize sua submissão ao Senhor. Aprenda a dizer: “Se o Senhor quiser...”. Era assim que o apóstolo Paulo pensava e falava. Ele escreveu:
- Virei a vocês em breve, caso o Senhor me permita (1 Coríntios 4.19);
- Espero permanecer com vocês algum tempo, se o Senhor permitir (1 Coríntios 16.7);
- Talvez agora, finalmente, pela vontade de Deus, consiga visitá-los (Romanos 1.10).
Assim como Paulo, verbalize sua submissão ao soberano plano de Deus em todas as coisas:
- Irei para aquela universidade, caso o Senhor permita;
- Me casarei com aquela pessoa, caso o Senhor permita;
- Terei filhos, caso o Senhor permita;
- Gastarei meu dinheiro hoje fazendo isso ou aquilo, caso o Senhor permita;
- Farei planos para realizar algo, caso o Senhor permita;
- Irei assumir aquele ministério, caso o Senhor permita;
- Vou pegar aquele emprego, caso o Senhor permita;
- Vou me mudar para aquele apartamento ou casa, caso o Senhor permita.
Os Puritanos gostavam muito dessa ordem bíblica e se referiam a ela frequentemente com a frase latina Deo Volente: “Se Deus quiser.” Deo Volente permeava seus discursos e cartas. Com bastante frequência, eles assinavam suas cartas no final com as iniciais “dv” para Deo Volente.
Tudo era realizado à luz da vontade de Deus. Eles não tentavam nada ou desejavam nada independente da vontade de Deus. A vontade de Deus era buscada para tudo e acima de tudo. Era muito mais do que um chavão religioso; essa era a paixão e fervor deles. Tiago diz: “Faça disso sua paixão e fervor também.” Verbalize sua submissão à vontade de Deus.
- Segundo, coloque em ação a sua adesão à vontade de Deus.
Tiago escreve no verso 17:
Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.
Esse verso geralmente é usado para descrever aquilo que chamamos de “pecado da omissão.” Em outras palavras, pecado é não somente fazer algo que não deveríamos, mas também não fazer algo que deveríamos.
Apesar de essa ser uma definição precisa de pecado, o contexto desse verso aponta para a ordem anterior de colocar tudo diante da vontade de Deus. Portanto significa: “Agora que vocês foram lembrados de que devem submeter sua vontade à vontade de Deus, então, façam isso!” Não digam simplesmente: “Seu Deus quiser!” Façam o que sabem que o Senhor quer que façam.
Você diz: “Mas eu não conheço a vontade de Deus para todas as áreas da minha vida.” Tiago responderia: “Quem conhece?!” Mas o que preocupa Tiago no momento como vemos no verso 17 é que aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando. O que você sabe ser a vontade de Deus? Então, faça! É isso o que Tiago busca com o texto.
Um discípulo de Jesus Cristo que é um praticante, está em crescimento e em progresso vive de tal forma que nunca diz: “Senhor, isso aqui não é da tua conta!” Ao contrário, ele desenvolve o hábito de dizer: “Senhor, tudo em minha vida é da tua conta.”
E deve ser mesmo! Por quê? Porque vivemos vidas passageiras! Na verdade, eu tenho apenas 289 meses restantes... talvez. Por esse motivo, Tiago diz aos que desejam viver vidas plenas e satisfeitas: verbalize e coloque em ação sua submissão à vontade de Deus. Deseje um aprofundamento no seu anseio pelo prazer de Deus à medida que ele revela sua vontade um dia após o outro, às vezes, um momento após outro. Um autor escreveu: “A vida é um presente de Deus. O que fazemos com ela é um presente de volta a Deus.”
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 10/04/2011
© Copyright 2011 Stephen Davey
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