
Você É Escravo de Quem?
Você É Escravo de Quem?
Série Transformando a Fé Numa Realidade na Terra – Parte 1
Tiago 1.1
Introdução
A Bíblia é composta por 66 livros inspirados por Deus. Pelo menos 30 deles são pequenos o suficiente para lermos em apenas 30 minutos.
O livro de Tiago é um desses livros curtos. É pequeno, facilmente lido em cerca de 20 minutos, mas contém verdades que transformam nossas vidas. Na realidade, são tantas verdades que é basicamente impossível esboçar esse livro. Ele corre rapidamente de um assunto para outro. Um autor listou aproximadamente 30 assuntos que Tiago aborda em sua carta. Mas Tiago discorre sobre cada um deles de uma forma muito prática, com uma linguagem bastante realista aqui na terra. E aqui está o motivo para isso: grande parte das epístolas do Novo Testamento desenvolve os princípios da fé; Tiago está mais interessado em desenvolver a prática da fé.
O apóstolo Paulo geralmente trata daquilo que cremos; Tiago discursará sobre como vivemos. E ele não irá deixar nada de fora. É como se ele estivesse determinado a tratar de tudo. Tiago não entra somente na sala de estar de nossas vidas, onde estamos já sentados porque esperávamos visitas; onde já tiramos o pó e passamos pano de chão; só não entre em nosso quarto. Não. Tiago entrará em cada cômodo e em cada gaveta. Ele irá se intrometer em nossas vidas particulares; ele terá até mesmo a audácia de investigar nossas finanças e provar como elas revelam nossas verdadeiras prioridades; ele ouvirá nossos pedidos de oração e comentará sobre o que estamos realmente buscando.
Por meio da epístola de Tiago, o Espírito de Deus realizará em nós algo como um exame físico anual. Quantos de nós não adiam exames médicos de prevenção? Eu mesmo adio quase todos os anos. Meu médico disse que já estava na hora de eu fazer outra colonoscopia.
Tiago nos conduzirá para o consultório divino a fim de ouvir nossos corações; ele nos mandará abrir a boca e dizer “ah” enquanto examina nossa língua; e ele ainda irá mais fundo e desvendará nossos motivos e explorará nossos pensamentos.
E basicamente todas as vezes que vamos ao médico, saímos do consultório com um pedaço de papel branco, no qual o médico rabiscou algumas palavras que não fazemos a mínima ideia do que significam. Daí, levamos esse papel ao farmacêutico que tem o dom de interpretação. Existe algo que precisamos tomar, algo a aplicar, algo a fazer.
Neste pequeno livro de Tiago existem 54 imperativos no grego; isso significa que existem 54 frases ou palavras que terminam com um ponto de exclamação. Um autor chamou o livro de Tiago de o livro do “Faça isso! Faça Aquilo!” E isso, quando levado com seriedade, afetará cada área de nossas vidas de forma bem dinâmica.
Tiago realmente deseja:
- transformar princípios em prática;
- transformar conhecimento em aplicação;
- transformar crença em comportamento; e
- ir além da exegese e adentrar a ética da vida.
Esse é o foco de Tiago. John Bunyan, em seu livro O Peregrino, escreveu: “A alma da religião é a parte prática.” John Wesley, o fundador do Metodismo, escreveu nos anos de 1800: “A maior de todas as dificuldades é aplicar o Cristianismo à prática.”
É por isso que temos 54 imperativos, ou 54 receitas do doutor Tiago. Enquanto grande parte dos exames médicos se preocupa com nossa saúde à medida que envelhecemos, Tiago está preocupado se iremos ou não amadurecer na fé.
Portanto, logo no início, precisamos dizer: “Senhor, oferecemos a ti a chave para abrir cada porta de nosso coração e cada cômodo de nossas vidas; não penduraremos nenhuma plaquinha, dizendo: ‘Não perturbe!’ Reconhecemos o teu direto de entrar em cada canto e analisar nosso armário; e pedimos que tu não permitas que permaneçamos os mesmos após o estudo desse livro transformador, o livro de Tiago.” E espero que você diga: ‘Amém.’”
Então, com isso em mente, pegue sua Bíblia e abra no capítulo 1 da epístola de Tiago. Acompanhe comigo o verso 1: Tiago. Vamos parar aqui. Não precisamos nos apressar!
Nesta primeira palavra, já descobrimos a chave para colocar em prática o restante do livro inteiro de Tiago. Na verdade, somente quando aplicamos o que ele diz no verso 1 poderemos ousar dizer o que ele diz no verso 2. Não se pode ter o verso 2 sem o verso 1; não podemos ter os capítulos 2, 3, 4 e 5 se não entendemos bem a verdade do capítulo 1, verso 1. Então, ao olharmos o verso 1 hoje, desejo destacar três elementos:
- A Assinatura de Tiago
Primeiramente, desejo destacar a assinatura de Tiago.
Hoje, quando escrevemos uma carta ou e-mail, geralmente assinamos no final. Quando recebe uma carta, vai direto para o final da folha para ver quem a assinou. Mas o costume nos tempos antigos era assinar a carta logo no início.
O Novo Testamento menciona cinco homens diferentes chamados “Tiago” que viveram no século primeiro. Se você pesquisar cada um desses homens, terminará com apenas dois bons candidatos a autores desta epístola. Um deles é o apóstolo Tiago, irmão de João e filho de Zebedeu. Em Marcos 3, verso 17, vemos que eles receberam o apelido de “filhos do trovão.” Entretanto, o apóstolo Tiago foi o primeiro dos doze apóstolos a ser martirizado no ano de 44 a.d. Lembre-se de que Herodes Agripa deu a ordem para executá-lo, e isso o exclui como candidato a autor da carta.
Conforme o entendimento antigo, bem como o entendimento atual de grande parte dos estudiosos, Tiago, o meio-irmão de Jesus, escreveu esta epístola; e isso significa que algo dramático lhe aconteceu a ponto de transformar o coração e a vida do homem Tiago.
O Evangelho de Mateus nos informa que, quando Jesus começou seu ministério, nenhum de seus irmãos cria em sua declaração de ser o Messias. Na realidade, era muito mais do que incredulidade; eles ficavam ofendidos com essa reivindicação de Jesus. Mateus 13, verso 55, registra a visita de Jesus à sua cidade, Nazaré. Os judeus disseram a seu respeito: “Quem é esse cara dizendo ser o Cristo, o Messias?”
Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas?
Em outras palavras, as pessoas que ficaram ofendidas com a declaração de que Jesus era o Filho de Deus não foram somente aquelas da vila de Nazaré que conheciam José, o carpinteiro, pai de Jesus, mas os irmãos e irmãs de Jesus também; eles ficaram muito escandalizados com aquilo.
Na verdade, o Evangelho de Marcos nos informa que, quando os parentes de Cristo ouviram que ele dera início ao seu ministério público e chamara para si discípulos, seus familiares saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si. Podemos traduzir essa declaração como: “Eles pensaram que ele estava fora de sua mente.”
E eles, de fato, tentarão interromper o ministério de Cristo, dizendo às pessoas: “Desculpa aí, pessoal, mas está óbvio que o nosso irmão aqui perdeu a cabeça.” O Evangelho de João ainda adiciona: Pois nem mesmo os seus irmãos criam nele.
Agora, é evidente que, se cremos nas declarações claras desses versos de que Jesus tinha meios-irmãos e irmãs, irmãos nascidos de Maria e José, daí temos outra questão a considerar, não é? A Igreja Católica Romana tem se esforçado muito para redefinir as palavras das Escrituras, a fim de sustentar a doutrina da perpétua virgindade de Maria, a crença de que ela nunca teve mais filhos. Dessa forma, segundo a Igreja Católica, Tiago não poderia ser o meio-irmão de Jesus, o segundo filho de Maria e o primeiro entre Maria e José.
A Igreja Católica não acredita que Maria foi uma mãe e dona de casa comum, mas uma mulher singular entre todos os seres humanos. De fato, em 1854, o papa declarou a doutrina da Concepção Imaculada; ou seja, Maria nasceu sem o pecado original e ela jamais pecou em sua vida inteira.
Todas essas crenças são necessárias, é claro, para que a Igreja de Roma possa exaltar a Virgem Maria à sua posição atual como co-mediadora imaculada e corredentora com Cristo, bem como exaltar o celibato acima do casamento. Mas, daí, chegam Tiago e outros 4 irmãos de Jesus! Então, a Igreja Católica oferece algumas soluções para esse problema.
A primeira resposta sugerida é que Tiago e os demais não eram literalmente irmãos de Jesus, mas primos. Eles dizem que a palavra “irmãos” é uma expressão de afeição e carinho usada na igreja, assim como nos referimos aos irmãos e irmãs na igreja hoje. O problema com isso é que os gregos eram inteligentes o bastante para ter uma palavra para se referir a irmãos e outra palavra diferente para se referir a primos. E a palavra “irmão,” ou adelphos, nunca é usada na Bíblia em referência a primos. Tenha sempre em mente que a igreja não conhecia nada sobre essa teoria até o século quarto, quando um líder da igreja chamado Jerônimo a produziu; e grande parte dos estudiosos concorda que Jerônimo a produziu com o intuito de promover a exaltação de Maria.
A segunda proposta da Igreja Católica é a de que esses eram ou primos de Jesus, ou que José havia sido casado antes e trouxe todos esses filhos para seu novo casamento com Maria. Mas não existe nem sequer uma fagulha de evidência em lugar algum para essa teoria. O fato de José desaparecer das narrativas dos Evangelhos e de Jesus na cruz entregar Maria aos cuidados de João é uma evidência de que José havia já morrido, ou de doença ou devido a algum acidente. Não existe a mínima evidência histórica de que José era um viúvo com seus filhos. Por outro lado, o retrato bíblico é bastante claro de que Maria não foi uma virgem perpétua e teve outros filhos além de Jesus.
A propósito, o motivo por que estou levando um tempo falando sobre esse assunto não é necessariamente para criticar a Igreja Católica, mas para você perceber por que a vida de Tiago e suas primeiras palavras registradas nas Escrituras após sua conversão a Cristo são tão incrivelmente dramáticas. Em Mateus capítulo 1, o anjo Gabriel vem até José e lhe garante que Maria não lhe foi infiel durante o noivado; ela está grávida do Espírito Santo. O verso 20 diz:
José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo.
Em outras palavras, Maria ainda é virgem; sua concepção foi uma obra milagrosa do Espírito de Deus. Isso significa que Jesus não terá um pai biológico terreno; e isso significa que ele não terá a natureza pecaminosa da raça humana que é passada de geração a geração.
Note o verso 24:
Despertado José do sono, fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher. Contudo, não a conheceu, enquanto ela não deu à luz um filho...
Não a conheceu, ou, “a deixou virgem até depois que deu à luz um filho...”.
Mesmo que você deseje transformar Tiago em um primo de Jesus, ainda assim terá um problema com a perpétua virgindade de Maria.
Agora, se formos até Lucas, capítulo 1, veremos outra palavra que informa bem claramente que existem mais crianças chegando. O capítulo 2 registra que José e Maria estão finalmente em Belém, num estábulo onde nascerá Jesus. Note os versos 6 e 7:
Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias, e ela deu à luz...
O que?
...ela deu à luz o seu filho primogênito...
Ela deu à luz o seu protokokos; ou, seu primogênito, seu primeiro filho; essa palavra grega nunca é utilizada para se referir a uma mulher que tem apenas um filho. Primogênito significa o primeiro filho a nascer daquela mãe.
Minha esposa pode dizer a você que, quando deu à luz os nossos filhos gêmeos, teve um que foi o protokokos, o primogênito. Por quê? Porque tinha outro filho vindo 2 minutos e meio depois que seria o seu segundo filho.
Primogênito aqui significa que Jesus Cristo não foi o segundo ou terceiro filho, o que destruiria a doutrina do nascimento virginal do Senhor como profetizado por Moisés, Isaías e até mesmo pelo anjo Gabriel. Ele foi o primeiro filho a nascer de Maria.
Agora, em Mateus 13, verso 55, lemos os nomes dos meios-irmãos de Jesus que, conforme o costume, são dados em ordem de idade. Tiago é o primeiro da lista, o que indica que ele foi o segundo filho de Maria. Daí, vemos José, Simeão e Judas. Mateus menciona suas irmãs sem, contudo, nos fornecer seus nomes.
Então, temos quatro meios-irmãos e pelo menos duas meias-irmãs, o que significa uma mãe solteira criando, por vários anos, pelo menos sete filhos. Se ela teve um filho a cada dois anos, a filha mais nova ainda seria uma adolescente quando Jesus Cristo morreu em torno de seus 30 anos de idade.
Com essas verdades, minha admiração por Maria não diminui, só aumenta. Não acedemos à falsas doutrinas, mas apreciamos Maria ainda mais por causa das verdades bíblicas.
Acrescente a isso o fato de ela crer nas declarações de Jesus, apesar de não entende-las plenamente e apesar de nenhum dos demais filhos crer. Na verdade, o Evangelho de João nos diz que eles zombavam de Jesus. Em João 7, lemos que os irmãos acusavam Jesus de fazer o que fazia apenas para ficar famoso e juntar seguidores.
Entenda bem que esse lar foi, por vários anos, cheio de desordem por causa das declarações de Cristo; não havia nenhum momento de paz. Jesus Cristo não sabia o que era ser entendido e apoiado pelos membros mais próximos da família. Ele foi desprezado pelos seus próprios irmãos e irmãs.
Jesus já era um homem de dores e que sabia o que era padecer muito tempo antes mesmo de ir à cruz. Sua vida familiar havia sido marcada por tumultos e intrigas. Para agravar ainda mais a situação, sua família era pobre e José deixou pelo menos 7 crianças para a viúva Maria cuidar.
Talvez você se identifique com Maria e as pressões de ser uma mãe solteira com pouquíssimo dinheiro. Ou talvez, hoje, você esteja descobrindo que compartilha dos sofrimentos de Cristo por causa de sua própria família. Você faz parte de uma família que não crê no Evangelho e não aprecia sua fé nem um pouco; você não ouve nenhuma palavra de encorajamento, nenhum instante de compreensão; está sempre cercado de irmãos, irmãos e familiares, mas nunca da alegria de uma comunhão genuína com eles; a única coisa sobre a qual conversam é política, futebol e carnaval; logo que a conversa toma uma direção para o espiritual, ela é silenciada. Talvez você nunca ouviu o encorajamento de uma mãe, pai ou irmão em sua caminhada com Deus, seu amor para com a Palavra de Deus, seu desejo de agradar a Jesus Cristo; na verdade, eles também pensam que você perdeu a cabeça. Observe o lar de Jesus e encoraje-se, anime-se.
Então, como partimos de uma conversa sobre Tiago e os outros irmãos zombando de Cristo, pensando que Jesus havia perdido a sanidade, tentando interromper e tirá-lo de seu ministério público para protege-lo, como partimos disso tudo para o livro de Tiago e para o papel de Tiago que servirá como o primeiro pastor na igreja de Jerusalém, o primeiro mártir que, assim como o apóstolo Paulo, foi martirizado durante o império de Nero? Tiago não esteve presente nem mesmo na cena da crucificação de Jesus; nenhum dos irmãos ou irmãs estava lá; somente Maria e uns poucos mais. A família estava provavelmente em casa, dizendo: “Como eu queria que a mãe acordasse para a verdade; isso é ridículo, lá está ela naquela montanha e tem uma tempestade se formando! Jesus não era o Messias e aquela cruz é a prova eterna disso.” Era isso o que eles estavam provavelmente dizendo em casa.
Então, o que acontece com Tiago? Um verso diz tudo. Paulo está escrevendo o capítulo 15 de sua primeira carta à igreja de Corinto. Ele conta de forma específica sobre eventos relacionados à paixão de Cristo. Ele escreve nos versos 3 a 7:
Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E apareceu a Cefas e, depois, aos doze. Depois, foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora; porém alguns já dormem. Depois, foi visto por Tiago, mais tarde, por todos os apóstolos
Depois, foi visto por Tiago.
Você consegue imaginar como foi esse reencontro? “E aí, meu irmão! É verdade... tudo o que eu tinha dito a você é verdade. Eu Sou!”
Evidentemente, pelo que temos conhecimento a respeito de Tiago como crente, ele deve ter reagido como Tomé, que disse na presença do Cristo ressurreto: “Senhor meu e Deus meu!”
Nos tempos mais antigos da história da igreja, a perspectiva predominante era a de que o Senhor comissionou seu irmão ao ministério; e ele se tornaria o líder da igreja em Jerusalém. Esse mesmo Tiago se tornaria também o autor de uma pequena carta que introduzimos hoje, 2 mil anos depois, que encoraja todos nós a fazer de nossa fé uma realidade prática na terra. Esse mesmo Tiago também se tornaria um mártir por causa de seu compromisso à verdade que Jesus Cristo era mais do que o filho de um carpinteiro—ele era o Filho de Deus.
A propósito, para aqueles que gostariam de ter se convertido num estágio mais cedo da vida—para aqueles que se incomodam com o tempo desperdiçado—você consegue imaginar o nível de arrependimento de Tiago? Por vários anos, ele comeu à mesma mesa, compartilhou a mesma casa, brincou no mesmo quintal, dormiu no mesmo quarto, frequentou a mesma escola da sinagoga, fez o mesmo dever de casa em hebraico e observou o maravilhoso desenvolvimento de seu irmão mais velho que parecia nunca fazer algo errado. E ele desperdiçou tudo isso; ele desperdiçou o significado especial de todos esses momentos que havia passado com Jesus.
Veja bem: Tiago poderia ter passado o resto de sua vida amargurado. Mas a verdade é que a ressurreição de Cristo mudou tudo na vida dele, assim como na minha e na sua.
De fato, depois de Tiago ter conhecido a Cristo como seu soberano Senhor, ele passou a ser conhecido como um homem que se relacionou de maneira muito próxima com Jesus. Ele era conhecido pelo apelido de “joelho de camelo.” O primeiro historiador da igreja, Eusébio, que viveu no século terceiro em Cesareia, falou sobre os joelhos calejados que Tiago desenvolveu por passar muito tempo em oração.
E não ignore isto: Tiago orava ao meio-irmão que ele sabia ser o Deus encarnado, o Messias, o Senhor de todos, aquele que era, que é e que há de vir.
Portanto, não ignore o significado dessa assinatura que vemos em Tiago 1, verso 1. Ela simboliza a transformação radical de um homem que antes havia rido de Cristo, mas que agora vivia para Cristo. Que a nossa assinatura simbolize o mesmo. Onde quer que as pessoas lerem o nosso nome, que pensem em alguém que ama e vive para Jesus Cristo, o Filho de Deus ressurreto.
Agora, deixe-me mostrar a você não somente a sua assinatura, mas também sua posição em Tiago 1, verso 1.
- Sua Posição
Sua assinatura revela sua identidade; sua posição revela sua prioridade. Note no verso 1: “Tiago, o meio-irmão do Senhor.” Quer dizer: “Tiago, o presidente do Concílio de Jerusalém, que liderou a igreja na decisão para receber gentios de todas as nações!” E que tal: “Tiago, o homem que cresceu na mesma casa que Jesus, o Messias!”? Ou então: “Tiago, um dos poucos que receberam uma visita pessoal do Senhor ressurreto!” “Tiago, um apóstolo pessoalmente comissionado por Jesus Cristo!” Ou ainda: “Tiago, o pastor da maior igreja do mundo!” Todas essas declarações são verdadeiras, mas nenhuma delas é mencionada. Tiago diz apenas: Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo.
Tiago diz: “Você quer saber qual é o maior privilégio da minha vida? Sou um servo de Deus.”
O apóstolo Paulo se referiu a Tiago como irmão do Senhor em Gálatas 1.19, mas Tiago preferiu referir a si mesmo como servo do Senhor.
A palavra para servo é doulos, que significa “escravo.” A forma verbal significa “estar preso a.” Assim, Tiago está preso a Cristo como um escravo está preso ao seu mestre.
Para o mundo grego, esse era um termo degradante, mas não para o crente. Para os gregos, bem como para qualquer outra cultura, liberdade, autonomia e independência eram a grande prioridade e posição na vida. O sucesso na vida não era servir, mas ter servos.
Paulo se referiu a si mesmo e a Timóteo como escravos (Filipenses 1). Pedro se referiu a si mesmo da mesma forma em 2 Pedro 1, como também Judas o fez. Para o crente genuíno, a palavra já diz tudo. Doulos comunica posse, lealdade, dependência, sujeição e fidelidade.
A razão de muitos crentes não aplicarem a fé genuína encontrada no livro de Tiago é porque muitos têm substituído a ideia do crente se submeter a Jesus Cristo como mestre pela ideia de que, se você vai a Jesus Cristo, terá a melhor vida possível, será uma vida maravilhosa!
Um autor escreveu recentemente:
Jesus Cristo é agora um técnico com uma boa tática; ele é uma fonte de poder, um ajudante para os moralmente desanimados se tornarem melhores. Cristo veio para melhorar nossa existência e ele é a fonte para aquilo que já decidimos que queremos.
Então, vendemos um Cristianismo com a mensagem de que as pessoas realmente devem dar uma chance a Jesus, porque a vida será excelente com ele. Daí, pessoas buscam Jesus como mais uma tentativa, até que passam por dificuldades e dizem: “Ei, eu pensei que você tinha dito que Jesus tinha um plano maravilhoso para a minha vida.”
- Perder um filho durante a gravidez não é nada maravilhoso!
- Falência não é maravilhosa!
- Doença não é maravilhosa!
- Infidelidade conjugal não é maravilhosa!
- A morte de um filho não é maravilhosa!
- Perseguição e sofrimento por causa de Cristo não são maravilhosos!
“É, acho que Jesus não está funcionando.”
Como você vê, o motivo por que as igrejas pararam de estudar o livro de Tiago é que elas não conseguem passar do verso 2, que fala sobre alegria nas tribulações—“Que tipo de vida maravilhosa é essa?” E eles não conseguem passar do verso 2 porque não compreendem o verso 1.
Meu amigo, Cristianismo é um convite para se tornar um escravo de Deus, e ele será o seu Dono. Na verdade, os próprios ingredientes da salvação surgem da cultura escrava do século primeiro:
- Você foi escolhido (Efésios 1);
- Você foi comprado do mercado de escravos e não pertence mais a si mesmo (1 Coríntios 6);
- Você está sujeito à vontade e controle de Deus (Filipenses 2);
- Você é chamado para prestar contas (2 Coríntios 5);
- Você é frequentemente disciplinado e/ou recompensado por Deus (Hebreus 12);
- E um dia você ouvirá as palavras: “Muito bem, doulos bom e fiel—muito bem, servo bom e fiel” (Mateus 25.21).
O Evangelho é manipulado para se encaixar na autonomia do coração humano. A mensagem hoje é que o Cristianismo deve ser aceito porque é melhor do que qualquer outra aventura do planeta. A verdade é que precisamos proclamar a liberdade do pecado para os que estão escravizados ao pecado; por outro lado, precisamos declarar que o Cristianismo é um tipo completamente diferente de escravidão. Esse é o tipo de equilíbrio da mensagem do Evangelho que Paulo escreveu em Romanos 3, versos 16 a 22:
...nos seus caminhos, há destruição e miséria; desconheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos. Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus, visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado. Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que crêem; porque não há distinção,
Aqui está a verdade: saiba você disso ou não, todo mundo é escravo de alguma coisa; todo mundo serve a algum mestre. A questão é: Você é escravo de quem?
Quando partimos do verso 2 e entramos no livro inteiro, a única coisa que irá nos desafiar a aplicar essas verdades é o fato de que somos categoricamente relembrados, logo no verso 1, de que não somos mestres de nossas vidas, mas que somos escravos de Deus.
Tipo, por que você permitiria Deus mudar a maneira como você fala, seus planos, a maneira como gasta seu dinheiro, seus sonhos, a forma como se relaciona com outras pessoas, ou a maneira como lida com as provações? Por que deixar Deus mudar tudo isso? Você não permitirá, a não ser que ele seja o seu dono. E isso não se encaixa no tipo de posição prestigiosa de nossa geração. Os crentes são escravos de Deus! Isso não atrairá a atenção de muitas pessoas. Pelo contrário, a propaganda que cativará as pessoas é aquela que oferece liberdade—“Você jamais será desprezado, mas será livre!” Tiago diz: “Aqui está a minha posição: eu não sou um homem livre. Sou um escravo de Deus! E é bem possível que serei desprezado pelo resto de minha vida.”
Agora, a quem, na realidade, Tiago pertencia? Já observamos sua assinatura e sua posição. Agora, vemos o seu Salvador.
- Seu Salvador
Esse breve livro começa com as palavras: Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo.
No Novo Testamento grego, Tiago não inclui nenhum artigo definido com essas palavras; ele simplesmente conecta esses títulos como um conjunto. Podemos traduzir mais literalmente como: “Tiago, servo de Jesus Cristo, Deus e Senhor.”
Esse verso se tornou uma das evidências mais fortes para descrever a unidade entre a Triunidade, bem como a divindade de Jesus Cristo. Ele é chamado por Tiago de Deus e Senhor. No século quarto depois de Cristo, Atanásio usou essa mesma passagem para defender a divindade de Jesus Cristo contra a heresia de Ário, o qual ensinava, entre outras heresias, que Cristo era apenas um Deus. Seu ensino recebeu novas roupagens em seitas como a das Testemunhas de Jeová e dos Mórmons. Atanásio usou exatamente Tiago 1, verso 1, contra as heresias que atacavam a divindade de Cristo!
Tiago escreve, como talvez o único meio-irmão de Cristo a escrever com tanta autoridade: “Eu cresci na mesma casa que Jesus e o vi amadurecendo e se tornando homem. Mas estou aqui para dizer a vocês que ele não é um mortal qualquer. Na verdade, eu sou um escravo de Jesus Cristo, que é Deus e Senhor.”
Com o verso 1 em mente, estamos, agora, prontos a nos render ao senhorio e ao plano de nosso Senhor que inevitavelmente nos conduzirá ao verso 2.
Conclusão
Hudson Taylor foi usado de forma singular e poderosa pelo nosso Senhor para levar o Evangelho ao interior da China nos anos de 1800. Ele era um homem calmo e despretensioso que andou com Deus e o serviu por 50 anos na China. Quando estava na Austrália, Hudson Taylor foi convidado a falar numa grande igreja e, ao chegar, viu que o templo estava lotado, sem mais nenhum assento disponível. O líder o apresentou como um homem idoso eloquente, usando frases bem selecionadas para descrever as poderosas realizações de sua obra missionária. O anfitrião terminou de apresentar Hudson Taylor dizendo que ele era o “convidado ilustre.” Calmamente, Hudson ficou lá de pé por alguns segundos e depois disse: “Queridos amigos, sou apenas o servo de um Senhor ilustre.”
Ele fala de forma bem parecida com Tiago. E espero que nós falemos como ele a cada dia que passa, à medida que recebemos a receita do Dr. Tiago sobre como transportar a teoria da fé para a vida prática.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no ano de 2010
© Copyright 2010 Stephen Davey
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